A plenária nacional da Fasubra, realizada nos dias 14 e 15 de setembro, concluiu, acertadamente, que, diante de um governo que elege a educação como seu principal inimigo – desde o ensino fundamental, básico ao último grau na escala acadêmica –, que retira dos trabalhadores direitos para uma sobrevivência digna, que anuncia a venda indiscriminada de empresas estatais e o fim dos serviços públicos, só nos resta reagir com muita firmeza e unidade.

O momento que se vive hoje é tão grave que, com certeza, entrará para a história do país. Por essa razão, o Sintufrj defende que a Fasubra assuma o protagonismo da construção de um movimento unificado da educação para a deflagração de uma greve do setor coesa e imbatível.

Olhar nacional

Por isso, consideramos um equívoco a orientação da Fasubra para que em cada universidade os técnicos-administrativos em educação decidam se querem greve, e que tipo de greve.

Nesta conjuntura seriíssima, é necessário que nossa direção nacional tenha uma posição firme que oriente a categoria a construir um movimento forte, coeso e unificado, capaz de enfrentar as possíveis retaliações do governo contra a luta deflagrada.

2 e 3 de outubro: a categoria vai parar
A direção do Sintufrj vai se articular com os outros movimentos da educação na UFRJ para construir, conjuntamente, esses dois dias de lutas.

Confira este novo convênio firmado pelo Sintufrj: Vida Mais/Clube Mais

Por causa da greve, Sintufrj solicita adiamento da escolha dos representantes para os conselhos superiores

Tomamos conhecimento do edital do Regimento Eleitoral para a escolha dos representantes titulares e suplentes dos técnicos-administrativos para os conselhos superiores da UFRJ, publicado pela Reitoria. Mas não o publicamos porque uma das datas (o dia 2) indicadas para a inscrição das chapas coincide com o início da greve nacional da educação de 48 horas (cuja adesão foi aprovada na plenária da Fasubra).

Neste sentido, estamos solicitando à Reitoria o adiamento no cronograma do pleito.

A greve é um protesto vigoroso contra o governo que transformou a educação pública em inimiga. E esta luta é PRIORITÁRIA para o Sintufrj.

Aproveitamos para reforçar a convocação para a manifestação do setor da educação nos dias 2 e 3 de outubro.

 

 

 

Professora e especialista em Segurança Pública da UFF, Jacqueline Muniz faz críticas ao governador

Jacqueline Muniz*

Para o jornal Brasil de Fato

Segundo pesquisadora, cada frase de Witzel “reforça a novidade já velha de que ele já perdeu o mando da segurança pública” / Antonio Cruz/Agência Brasil

A morte de uma menina de oito anos, atingida nas costas durante uma operação policial, no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, na sexta-feira (20), revoltou moradores e gerou comoção e indignação nas redes sociais contra o governador do estado, Wilson Witzel (PSC). Na tarde deste sábado (21), o caso ocupou o topo dos assuntos mais comentados do Twitter. A hashtag #ACulpaEDoWitzel esteve em primeiro lugar da rede social.

A menina Ágatha Vitória Sales Félix levou o tiro quando estava dentro de uma kombi com o avô. Ela chegou a ser levada para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Alemão e depois transferida para o hospital Getúlio Vargas, mas não resistiu. Moradores afirmam que agentes da Polícia Militar atiraram contra uma moto que passava próxima da kombi onde Ágatha estava.

Eleito com uma plataforma de segurança pública polêmica e bastante questionável, o governador Wilson Witzel vem colhendo muitas críticas de especialistas, pesquisadores e de organizações ligadas aos direitos humanos. Como comandante das polícias Civil e Militar do estado, Witzel levará em seu currículo o título de governador responsável por mais mortes de civis com autoria do Estado. Desde 1998, a polícia fluminense não matava tanto em operações. Até junho deste ano, quase 30% das mortes violentas no estado foram causadas pela polícia.

Uma das maiores especialistas em segurança pública no Rio de Janeiro, a professora Jacqueline Muniz escreveu um breve relato com críticas a Witzel. Segundo ela, o governador “perdeu o mando da segurança pública”. Abaixo, o artigo da especialista e professora do Departamento de Segurança Pública –  Instituto de Estudos Comparados em Administração de Conflitos (InEAC) da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Veja o artigo da professora Jacqueline Muniz:

Cada frase nova do governante do Rio, Wilson Witzel (PSC), reforça a novidade já velha de que ele já perdeu o mando da segurança pública. Todos os governadores que acreditaram no canto da sereia da repressão como um fim em si mesma e do boto policialesco da polícia que não policia e só dá tiro ostentação sem alvo e mira, tornaram-se reféns e rifados pela economia política do crime, que tem as milícias como expressão eleitoral e econômica de governo faz tempo.

Este é o problema de servir de animador de auditório de forças que desconhece, quando deveria governar as polícias. Governar polícias não é ser garoto propaganda de situações táticas. É comandar a política de polícia que delimita as estratégias de policiamento, as alternativas táticas superiores diante das possibilidades logísticas disponibilizadas.

Mas ele, o governante, que não sabe nada disso, e que ainda mistifica que conhecer de perto o código penal e de processo penal o gabarita a entender a economia política do crime, ilusão de principiante crente do dever-ser jurídico, foi rendido, desarmado e nu como se encontra, vítima de alisadores de maçaneta que o iludem dizendo que o tiozão do “tiro, porrada e bomba” é gostosão.

Ele parece não ver que se tornou algemado pelo que desconhece, restando-lhe obedecer o funcionário subalterno que cedeu o colete balístico para a foto ou ao servidor de nível abaixo do governador que serviu de tutor para que o eleito comandante em chefe das polícias, ao brincar de menino power rangers, virasse objeto de chacota policial.

Ainda dá tempo de tentar governar a segurança, governador e, com isso, se distanciar do governo miliciano!

*Jacqueline Muniz é professora do Departamento de Segurança Pública – Instituto de Estudos Comparados em Administração de Conflitos (InEAC) da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Edição: Eduardo Miranda

Será nesta segunda-feira às 17h

“Não pode ser normal, uma criança de 8 anos morrer executada pelo estado”, diz militante do coletivo Enegrecer, um dos responsáveis pela convocação do ato

Por Lucas Rocha / Revista Fórum

Depois de uma grande mobilização nas redes sociais, a revolta contra o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, promete ganhar as ruas e cobrar ações da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ) contra a política de extermínio empreendida pelo governador. Witzel é apontado como principal responsável pelo assassinato da menina Agatha Félix, de 8 anos, que morreu após ser atingida por tiro de fuzil enquanto voltava para casa com sua família.

“No Rio de Janeiro se acirra a implementação de um modelo de Segurança Pública baseado no confronto. Desde de 1 de Janeiro, quando Wilson Witzel tomou posse, estamos presenciando operações policiais diárias nas favelas e que até início de agosto matou 1075 pessoas pelas mãos do Estado”, diz evento puxado pelo movimento Enegrecer na próxima segunda-feira às 17h. “VIDAS NEGRAS IMPORTAM! Witzel a culpa é sua, tem sangue de crianças na sua mão”, completa.

Segundo Vitória Rosa, integrante do Enegrecer e diretora de combate ao racismo da União Estadual dos Estudantes do Rio de Janeiro (UEE-RJ), o objetivo do ato é denunciar para a população a insatisfação da juventude enquanto juventude negra sobre a política de segurança pública do estado. “Não pode ser normal, uma criança de 8 anos morrer executada pelo estado”, disse a estudante de Engenharia da UERJ à Fórum.

Vitória conta que o Enegrecer avalia o governo Witzel como racista. “Dizemos isso baseado no que apresentou na campanha e no que está apresentando até agora. Foram 1075 mortos pelo estado em 8 meses de governo. Foi pedreiro sendo assasinado, casa sendo derrubada, escola sendo alvejada e famílias sendo destruídas. Segurança para quem? Para quem serve essa política?”, denuncia.

A convocatória do evento, que também conta com a participação de entidades estudantis e outros coletivos, ainda aponta que “não é de hoje que os governantes do Rio de Janeiro tem declarado guerra às drogas, promovendo massacres, tirando a vida da população pobre e negra. Todavia, o facínora que ocupa o Palácio das Laranjeiras, não mede esforços em aprofundar a matança”.

O evento e o Enegrecer não pautam o impeachment do governador Wilson Witzel, que foi defendido pelo ex-ministro da Educação, Fernando Haddad. “O processo do golpe de 2016 nos ensinou o quanto é caro o voto. Precisamos denunciar o que essa política representa para que não elejamos de novo um representante de punho autoritário e genocida”, disse a diretora da UEE.

Reprodução/Voz das Comunidades

A conta de luz está muito mais cara para a população de cinco estados das regiões Norte e Nordeste do país, depois que o governo do ilegítimo Michel Temer (MDB-SP) aprovou a venda das distribuidoras de energia, no ano passado.

Em Roraima, o aumento foi de 38%, em Rondônia 25%, no Acre 21%, no Amazonas 14,9% e o Piauí 12%. Além desses estados, Goiás vem sofrendo com reajustes nos últimos dois anos, após a Enel Goiás ser privatizada. O valor da tarifa subiu 40% e a população tem ficado sem energia elétrica, em média, 26 horas por ano contra 13 horas de limite que a Anel considera um serviço ‘satisfatório’ para aquele estado.

A situação desses seis estados pode se estender para todo o país se Jair Bolsonaro (PSL) enviar ao Congresso Nacional a proposta de privatização da Eletrobras. A previsão do governo federal é que isto ocorra até o final deste mês.

 

Privatizar empresas públicas é vender o patrimônio nacional, causar desemprego, oferecer um produto de má qualidade e ainda a preços mais altos, afirmam sindicalistas e especialistas do setor quando convidam a sociedade a participar da luta contra a privatização das estatais.

O alerta é do engenheiro eletricista da Eletronorte e dirigente do Sindicato dos Urbanitários no Distrito Federal (STIU-DF), Íkaro Chaves. Além do aumento da conta de luz, dos apagões, como ocorreram nos governos Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso, na década de 1990, a população corre o risco de sofrer com acidentes como os das barragens de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais, causada pela empresa Vale, privatizada por FHC.

“Vender a Eletrobras é colocar em mãos estrangeiras 1/3 da produção de energia do país, 50% de nossas linhas de transmissão e 52% da água armazenada nos reservatórios. Uma empresa com todo esse poder vai poder ditar o preço da energia elétrica”.

Íkaro lembra que o projeto de privatização da Eletrobras diz que o valor do megawatts será o de mercado, hoje em R$ 250,00/ MWh enquanto a estatal vende a R$ 60,00/MWh o que vai encarecer as contas de luz de todos os brasileiros. Outra crítica ao projeto é que ao comprar usinas já prontas, dificilmente uma empresa privada vai fazer novas obras.

“É um absurdo porque as usinas antigas já foram pagas por nós, brasileiros, e vamos ter de pagar de novo quando a conta de luz chegar”.

O diretor do Sindicato dos Engenheiros do Rio de Janeiro e funcionário de Furnas, Felipe Araújo, critica a lógica do governo Bolsonaro em priorizar o acionista e não o papel social que o sistema Eletrobras tem no país: o de levar energia elétrica a um preço justo que a população possa pagar.

“A lógica da supremacia do acionista sobre bem estar social interessa apenas ao mercado financeiro. O acionista quer o dinheiro no final do ano. A Eletrobras nasceu com uma posição estratégica, de soberania nacional para gerar um resultado positivo para a sociedade brasileira a longo prazo e não para dar lucros a curto prazo”, ressalta o dirigente.

Além de aumentar o risco de falhas no sistema e de apagões de energia, a privatização também significa desemprego, afirma Felipe. De acordo com o dirigente, o quadro de funcionários já está no limite, e com menos gente se faz mais horas extras. Há aumentos de turnos e os trabalhadores têm de ficar de sobreaviso em casa, mesmo de folga, sem poder, sequer, passear com sua família. ”Isto aumenta o stress e os riscos de acidentes”.

 

Água não é mercadoria

Íkaro Chaves ressalta ainda a questão da comercialização da água. Ele diz que, além de produzir energia, as hidrelétricas do país são imensos reservatórios de água e definem o fluxo de muitos rios que podem ficar nas mãos de empresas estrangeiras.

“Imaginem o poder que terá em mãos uma empresa particular que só visa o lucro, sendo “dona” de um bem essencial para a humanidade, como é a água. Imaginem se essa empresa não investir em segurança, como aconteceu nas tragédias provocadas pela Vale. O estouro de um reservatório de uma hidrelétrica como, por exemplo, Furnas e Tucuruí, matará milhares de pessoas”, alerta .

O engenheiro acredita que, defender o sistema elétrico brasileiro é defender a soberania nacional. Ele diz que a importância da energia é tão grande para os norte-americanos que quem cuida do setor é o exército dos Estados Unidos.

De acordo com Íkaro, de cada 10 usinas no Brasil, nove têm a participação da Eletrobras. Não existe grande obra estruturante no setor sem a participação da empresa e nenhum país do mundo com grandes usinas hidrelétricas, com o potencial e a abundância que o Brasil tem, privatizaria o setor.

“Energia não é um produto qualquer. Não é banana, que se estiver cara na  feira, a gente compra outra fruta. A gente não pode deixar de consumir energia elétrica e, por isso, tem de ser um monopólio estatal”, diz.

Trabalhadores e trabalhadoras do setor já estão em luta contra a privatização

Os trabalhadores e as trabalhadoras do sistema conseguiram articular seis frentes parlamentares para manter a Eletrobras como estatal. São as Frentes Parlamentares em “Defesa de Furnas”, “Defesa da Chesf”, “Defesa da Eletrosul”, “Defesa da Eletronorte”, “Defesa do Sistema Elétrico” e “Defesa da Eletrobras”, que têm o apoio de mais de 400 deputados federais.

“Os parlamentares sabem que privatizar é perder voto. Eles sabem que a última pesquisa mostrou que 70% da população são contra as privatizações. Foi nossa luta que impediu que o relator José Carlos Aleluia, da fracassada privatização da Eletrobras, no governo Temer, fosse reeleito. Os trabalhadores e o povo não esquecem. Se votou, não volta”, lembra o dirigente do STIU-DF.

A proposta de privatização

O projeto de lei de privatização da Eletrobras do governo Bolsonaro prevê um aumento de capital, por meio do qual a União reduziria sua participação na estatal, atualmente em 60%, para algo inferior a 50%.

Para tentar aprovar a privatização, no projeto havia a criação de uma “golden share”, uma ação especial, que dá poder ao governo de tomar decisões independentemente de ter perdido o controle acionário da estatal. Mas, os técnicos do governo, temendo que esse tipo de ação inibisse os compradores, retirou a “golden share “do atual projeto.

Para Íkaro Chaves, a golden share é para inglês ver. Ele conta que no projeto de Temer, a ação especial dava poder apenas para que a sede e o nome da empresa não fossem mudados.

“Se a ‘’golden share’ não definir nada importante, ela não vale nada. Para mim, essa ação é um bode na sala, que eles podem tirar do projeto e colocar de novo, só para dizer que foram bonzinhos. Ora, fizeram o mesmo com a reforma da Previdência. Colocaram o BPC [Benefício de Prestação Continuada] no projeto e depois que todo mundo chiou, eles tiraram, mas tudo que é ruim para o trabalhador foi aprovado”, avalia o engenheiro da Eletronorte.

 

 

Além da questão ambiental, a defesa dos direitos trabalhistas e a luta contra a reforma da Previdência também farão parte das ações da Greve Global pelo Clima no Brasil

 

Escrito por: Érica Aragão e Vanessa Ramos/CUT Nacional

 

Desmatamento, queimadas, uso de agrotóxicos, aquecimento global, privatização, falta de investimento e de fiscalização ambiental. Todas essas questões serão levadas às ruas do Brasil e de outros países nesta sexta-feira (20), dia da Greve Global pelo Clima. Ao lado dessas pautas ambientais também estarão bandeiras em defesa dos direitos trabalhistas, da aposentadoria e contra o desemprego.

Esta foi a definição da CUT e demais centrais – CTB, CGTB, Intersindical, UGT e Conlutas -, da Coalizão pelo Clima – articulação que reúne quase 70 organizações da sociedade civil – e das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, nesta segunda-feira (16), na cidade de São Paulo.

Atos estão sendo organizados em vários estados, como Rio de Janeiro, Brasília, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Ceará e Pernambuco. Na capital paulista, as atividades estão programadas a partir das 13h, no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), com aula pública sobre aquecimento global e oficinas de cartazes. O ato terá concentração às 16h.

O objetivo principal é cobrar dos governos ações para barrar o aquecimento global, em defesa da vida e do planeta. No Brasil, além disso, a ideia é denunciar o governo de Jair Bolsonaro (PSL) que, como apontam os movimentos, está destruindo não só o meio ambiente, mas também a democracia, os direitos, os empregos e a Previdência Social.

Como aponta o Secretário-Geral da CUT, Sérgio Nobre, o país assiste o descaso de um governo não apenas em questões como a do desmatamento, que sempre constituiu atividade central da política ambiental, mas também em relação aos direitos trabalhistas.

“Os que estão destruindo a Amazônia são os mesmos que querem destruir a Previdência Social, os mesmos que estão acabando com a legislação trabalhista. Essas pautas estão todas interligadas e estaremos juntos contra o governo Bolsonaro. A orientação a todos os sindicatos é que os trabalhadores e trabalhadoras cruzem os braços na parte da manhã do dia 20 e se somem aos atos na parte da tarde”.

Além do dia 20, a CUT e demais centrais também farão protestos no dia 24 em Brasília, data em que será votada a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 006/2019, nome oficial da reforma da Previdência, no Senado. “Iremos receber os senadores no aeroporto pela manhã e depois vamos protestar no entorno do Congresso Nacional”, diz Sérgio.

ROBERTO PARIZOTTI (SAPÃO)Roberto Parizotti (Sapão)
Reunião da CUT, centrais, movimentos sociais e Coalizão Pelo Clima

 

Ações unificadas 

Representante da Coalizão pelo Clima, Marília Cyrne ressalta que esta unidade entre trabalhadores e trabalhadoras, movimentos sociais e a agenda do clima tem sido crucial para manter uma ampla ação, como ocorreu em outros momentos.

Assim como Nobre, ela também defende uma visão holística sobre a pauta do meio ambiente e dos direitos trabalhistas. “O capitalismo é a base do problema ambiental e também a base da questão da violência contra os trabalhadores, esta que acontece em vários níveis. A única solução possível será construída coletivamente e com as bases”, afirma Marília.

Exemplo desta unidade citada por Marília pode ser observado, segundo o presidente da CUT São Paulo, Douglas Izzo, com a parceira estabelecida entre a sua entidade e a Confederação Geral Italiana do Trabalho (CGIL). Neste mês, as duas centrais estão alinhadas e unidas na Greve Global pelo Clima, em ações conjuntas, entre outros espaços, nas redes sociais. No Brasil, a atividade será dia 20. Na Itália será dia 27.

Pelo Brasil, Izzo critica os cortes ofensivos que o governo de Bolsonaro tem feito nas políticas sociais e que vão gerar impactos também no meio ambiente. “O inimigo é um só. Os que estão do lado de cá condenam as queimadas, os ataques ao meio ambiente e a situação de miséria do povo brasileiro, que não tem acesso a direitos básicos, como a habitação, sendo obrigado a viver em áreas de risco, jogado nas periferias, próximos aos rios e córregos. Estamos falando de uma questão ambiental, mas que é também econômica e social”.

Para a secretária de Meio Ambiente da CUT-SP, Solange Ribeiro, “um desenvolvimento realmente sustentável deve incluir um ciclo virtuoso de respeito à natureza e de democracia plena promotora de dignidade econômica, igualdade social e redutora de impactos ambientais”.

Sociedade que queremos 

Pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Liciane Maria Andrioli defende que o debate sobre a questão ambiental esteja atrelado à discussão sobre o modelo de sociedade. “Nesse modelo capitalista, o meio ambiente é tido apenas como mera fonte de recursos e de matéria prima para a geração de riqueza, não importando o uso racional e a preocupação com a destruição, o lucro sempre está acima da vida”.

Para ela, o caminho se dá pela construção de um “projeto alternativo socialista de sociedade”. Neste modelo, diz ela, “o uso desses recursos, da água, energia, minérios, estão dentro de um projeto nacional de desenvolvimento, seu uso deve respeitar a autodeterminação dos povos que, nesse projeto, tem o controle popular desses recursos. Além disso, em primeiro lugar está o atendimento às demandas do povo, não se produz para o rentismo e a especulação”.

Ainda, Liciane lembra que, diante da atual crise ambiental, é fundamental reforçar o papel das transnacionais que, neste modelo econômico,  aumentam a exploração sobre esses recursos na tentativa de retomar suas taxas de lucro. “É por isso  que temos visto um aumento significativo nos últimos 10 anos dos crimes da Mineração como aconteceu nas cidades mineiras Mariana, Barcarena e Brumadinho e a devastação desenfreada da Amazônia”.

Neste sentido, para o militante do movimento negro de Pedreira (SP), Antônio Alves Neto, é preciso mostrar para diversos setores na sociedade o quanto é uma falácia a tentativa de o governo explicar que se preocupa em alguma medida com o meio ambiente. “Ele ataca de forma permanente os direitos dos povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, mas tenta dizer que ele é quem defende o meio ambiente”, diz.

Alves também avalia que a defesa do meio ambiente tem relação com a retirada de investimentos em outros setores essenciais para o país. “Este ataque tem tudo a ver com a educação,  por exemplo, já que o governo retira dinheiro desta área, não prepara a população para a defesa do meio ambiente e tenta descaracterizar esta luta pela terra e por nossas florestas”, acrescentou Neto, que também é dirigente da Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra).

 

Na sessão solene do Conselho de Coordenação do Centro de Ciências da Saúde (CCS) em comemoração ao jubileu de ouro do maior centro da UFRJ, nesta segunda-feira, 16, no auditório Rodolpho Paulo Rocco (Quinhentão), foram muitos os momentos de emoção para o público presente com as homenagens aos trabalhadores “invisíveis” que garantem as condições para a realização das aulas, das pesquisas e dos projetos de extensão, e a ex-decanos. O Sintufrj foi representado pela coordenadora-geral Neuza Luzia.

A solenidade foi aberta com a apresentação do projeto de extensão Sons do Silêncio, composto de músicos e coral, sob a regência do maestro e doutorando do CCS, Erivaldo Braga. O tom dos discursos da reitora Denise Pires, do decano Luiz Eurico Nasciutti, da dirigente do DCE Mário Prata, Juliana Junto, e do presidente da comissão organizadora do jubileu, Antônio Ledo era de protesto aos ataques às universidades públicas e à produção científica no país.

Homenagens

Ana Esteves que por 25 anos atuou na secretaria do Conselho de Coordenação fez parte da mesa da solenidade representando a categoria e foi uma das homenageadas. No seu discurso, ela  destacou o profissionalismo dos que “construíram e constroem o dia a dia do CCS, trabalhando nos bastidores, quase invisíveis para a maioria”, mas que garantem a infraestrutura necessária para as pesquisas, o ensino e a extensão. “Eles vestem a camisa do centro e carregam o piano, porque o espetáculo não pode parar. Essas pessoas que a gente não vê ajudam a construir o CCS que vemos”, disse a servidora, que concluiu a tarefa com uma saudação reverencial: “Namastê”.

Também receberam certificado de reconhecimento os servidores mais antigos: o marceneiro Nero José do Nascimento, o assistente em administração da biblioteca, José Carlos da Silva Paz, o mestre de ofício Jorge Pierre da Costa e o engenheiro do Escritório de Planejamento, Judas Tadeu Siqueira Rodrigues. E foram homenageados pela dedicação e excelentes serviços prestados ao CCS, o técnico de audiovisual Sylvio Petrônio Rocha Lopes e o administrador Sebastião Amaro Coelho.

Os ex-decanos receberam placas e um vídeo preparado pela comissão homenageou dirigentes e professores eméritos. Nasciutti e Denise Pires inauguraram a placa comemorativa do jubileu. O evento foi encerrado com a apresentação da Companhia de Dança da Escola de Educação Física e Desportos.

REITORA DENISE PIRES DE CARVALHO na solenidade que marcou os 50 anos do Centro de Ciência da Saúde

O DIA A DIA DO NOSSO TRABALHO

Sintufrj reivindica e Reitoria oficializa orientação a decanias e chefias de unidades sobre reorganização de jornadas

O Sintufrj reivindicou e na quarta-feira, 11, a Reitoria cumpriu o compromisso firmado com a entidade sindical, enviando ofício às decanias e às chefias de unidades orientando para que retomem a discussão com os técnicos-administrativos em educação sobre a reorganização da jornada de trabalho, onde “for pertinente”.

A implantação dos turnos contínuos com jornada de 30 horas, sem redução de salário e perda de benefícios, dificultará, inclusive, a imposição do ponto eletrônico

A Reitoria destaca que “a reorganização dos processos de trabalho dos técnicos-administrativos em educação, a partir do planejamento das rotinas que executam, se traduziria em mais benefícios para a instituição e os servidores”. Por essas razões, destaca o texto, a intenção é, “o mais rápido possível”, pôr em prática “esta almejada mudança de conceito institucional do fazer produtivo e o atendimento ao público”.

Para facilitar o trabalho das decanias e dos dirigentes das unidades, a Reitoria lembra que a Comissão Central Permanente de Reorganização da Jornada de Trabalho “está à disposição, por meio do e-mail trabalhoejornada@pr4.ufrj.br ou para ir às unidades, esclarecer dúvidas e colaborar com a discussão com a comunidade local”.

Reivindicação do Sintufrj

A direção sindical reivindica que os técnicos-administrativos recebam da Reitoria o mesmo tratamento dado aos docentes quando indagados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a forma como organizam seu trabalho e recebem como resposta que eles planejam o seu fazer por semestre.

Para isso os técnicos-administrativos têm que ter liberdade para organizarem e planejarem suas rotinas de trabalho em jornadas contínuas de 30 horas, onde for possível, sem redução salarial e perda de benefícios, como, por exemplo, auxílio-alimentação.

AUTONOMIA

Nas unidades em que as chefias se manifestam contrárias ao processo de reorganização das rotinas, fica óbvio que eles percebem que a reestruturação das relações de trabalho vai dar autonomia aos técnicos-administrativos, colocando um ponto final na subalternidade.

PONTO ELETRÔNICO

A reorganização do trabalho da categoria na forma reivindicada pelo Sintufrj dispensa a esdrúxula aferição da produção de cada um por ponto eletrônico. A UFRJ não é uma empresa privada; é uma instituição de ensino, pesquisa e extensão que para atender bem ao seu público-alvo e à população em geral, impõem a seus trabalhadores fazeres complexos, portanto, incompreendidos por mecanismos burocráticos como o ponto eletrônico.

ATITUDE

Se a mudança nos favorece, não se deve esperar por iniciativas outras para iniciar a discussão na sua unidade sobre o processo de reorganização das rotinas. O Sintufrj orienta que os técnicos-administrativos entrem em contato com a Comissão Central Permanente de Reorganização da Jornada de Trabalho e reivindique uma reunião no local de trabalho. O contato é feito pelo e-mail trabalhoejornda@pr4.ufrj.br.

O pró-reitor de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças Eduardo Raupp informou no Consuni que o bloqueio de verbas para a UFRJ foi de R$114 milhões. Ele desmentiu o ministro da Educação, Abraham Weintraub, que divulgou uma cifra menor, de R$ 98 milhões.

“Quando ele (o ministro) fala em R$ 98 milhões já é antecipando um novo cancelamento, porque o governo mandou um projeto de lei ao Congresso Nacional cortando mais R$ 14 milhões do nosso orçamento”, disse Raupp.

Esse corte, segundo o pró-reitor, ocorrerá para cobrir a distribuição de emendas entre os parlamentares para garantir a aprovação da reforma da Previdência no segundo turno da votação.

“Nós queremos trabalhar. Se nós pararmos – e já começarmos a parar –, quem está nos parando não somos nós”, disse a reitora Denise Pires, em relação ao vídeo do ministro produzido para  confundir a população sobre o custo da UFRJ para a sociedade.

Verbas

A última liberação que o MEC fez de 7% do orçamento de custeio de todas as universidades, no caso da UFRJ, de R$ 22 milhões, foi no dia 2 de setembro.

Desse valor, a UFRJ só pode utilizar R$ 5 milhões para pagamento dos contratos e serviços em geral. O restante está comprometido com a assistência estudantil, em rubricas que têm aplicação condicionada.

“O resultado disso é que hoje temos um orçamento de funcionamento zerado (há apenas uma reserva de R$ 700 mil para emergências), e empenhamos tudo que podíamos para tentar prorrogar o funcionamento dos serviços”, informou o pró-reitor.

A decisão da Reitoria foi de tomar algumas medidas de racionamento.

2020 será igual

Tudo indica que em 2020 a situação da UFRJ não será diferente: o orçamento será o mesmo de 2019 mas os contratos serão reajustados pela inflação, o que impõe uma perda óbvia. Além disso, 24% do orçamento estará condicionado à aprovação de crédito suplementar pelo Congresso. Só que isso valerá não apenas para o orçamento discricionário, mas também para o obrigatório (que envolve rubricas como pagamentos de salário e de aposentadorias, com consequência imediata logo no início do ano. “Imagina a tensão que vamos viver até o momento em que o orçamento (total) for aprovado”, disse o pró-reitor, lembrando que essa situação diz respeito a toda máquina pública e não apenas à universidade.