A PEC 32/20, a proposta de emenda constitucional do governo Bolsonaro que cumpre o papel de transformar o que é público em mercadoria e acabar com os serviços gratuitos e os servidores que trabalham para a sociedade, vem avançando no Congresso Nacional. 

Já passou pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados que aprovou sua admissibilidade – mesmo contendo inúmeras questões inconstitucionais – e agora está sendo analisada em comissão especial. O governo, em plena pandemia, tem planos de aprová-la esse ano.

O deputado Paulo Ramos (PDT-RJ), que integra a comissão especial e a Frente Parlamentar Mista do Serviço Público que empreende intensa campanha contrária à PEC, afirma que o governo Bolsonaro dentre os compromissos assumidos para se eleger e atender aos interesses dos liberais, do capital, e do mercado financeiro tem na reforma administrativa a menina dos olhos do seu projeto de desmonte do estado. 

E para além dela, ele prevê um banho de sangue no país com um possível golpe orquestrado por Bolsonaro. O parlamentar falou ao Sintufrj na manhã de 24 de junho, dia de São João Batista, Xangô, o santo da Justiça.

Último passo

Paulo Ramos alerta que a PEC32/20 ultrapassa as questões do funcionalismo, por isso é necessário mobilizar e pressionar de todos os modos, porque depois dela será terra arrasada para o que é público e socialmente referenciado no Brasil.

“A reforma administrativa é o último passo para o desmonte do estado. Depois dela vem o Banco do Brasil e no rastro tudo o que ainda tiver sobrado”, declara. “É preciso derrotá-la”, complementa.

No jogo de poder do toma lá da cá do governo, ele diz que há muita divisão entre os parlamentares e nesse momento é nebuloso traçar um panorama da correlação de forças na comissão. 

“Não temos como avaliar nesse momento a correlação de forças na comissão especial. Os integrantes são também servidores. E são pressionados pelas suas categorias. Está tudo muito dividido.”

Mesmo com a CPI e as denúncias de corrupção que vem sendo tornadas públicas e tem colocado o governo acuado, Paulo Ramos chama atenção que Bolsonaro está conseguindo aprovar tudo no Congresso pois tem maioria para a pauta do desmonte do estado.

“O governo está sendo acuado, mas a boiada está passando. Privatizou os Correios e a Eletrobras. A pauta do desmonte do estado está passando. O governo tem maioria para o projeto de desmonte do estado na área econômica para privatizar tudo. Paulo Guedes está atuando para beneficiar o capital”, atesta.

O deputado avalia que na discussão da reforma administrativa na Câmara a estratégia é protelar a votação exatamente por conta de o governo ter a maioria na sua base de apoio. Segundo ele, a facilidade do voto à distância facilita ainda mais a aprovação das propostas de Bolsonaro.

“Temos de adiar essa votação o máximo possível. A votação da Eletrobras começou as 14h e foi até a madrugada. Com o voto a distância todos os 513 votaram!”, relata.

Ele informa que a bancada do Rio de Janeiro tem 46 deputados e indaga se as entidades sindicais massificaram a votação de cada um na traição aos interesses da população.

“Como votou cada deputado na privatização dos Correio e na privatização da Eletrobras? Temos que dizer. Se manter no mandato no anonimato é fácil. Vai nas suas bases faz um belo discurso e na hora do voto trai. E a categoria e o povo não sabem como votou!”

Seminário no Rio

Paulo Ramos informa que está organizando a realização do seminário sobre a reforma administrativa na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro – seminários estaduais pelo país foram aprovados na comissão especial – e a mobilização e participação é fundamental para a campanha de pressão junto aos parlamentares.

“É ter mobilização nesse dia com todos os cuidados necessários para preservar a saúde. Pelo menos ter a presença dos representantes das entidades dos servidores”, sugere.

Com o raciocínio de que a resistência está nos servidores públicos – a reforma trabalhista dividiu os trabalhadores privados e enfraqueceu os sindicatos – que o deputado alerta para o empenho do funcionalismo. 

“Os celetistas perderam várias conquistas. Seus sindicatos perderam força. São 10 categorias trabalhando num mesmo lugar, não conseguem união. O servidor público ainda é um foco de resistência. Tem ainda estabilidade, carreira, concurso e agora pode perder tudo também. É o objetivo. A classe trabalhadora vem perdendo direitos desde o golpe de 64”.

 

 

 

Municípios, estados e União poderão nomear livremente se for aprovada reforma de Bolsonaro, que vai destruir o serviço público, segundo sindicalistas. Confira como lutar contra o desmonte e a corrupção

CUT – Publicado: 24 Junho, 2021 – 10h19 | Última modificação: 24 Junho, 2021 – 12h17 | Escrito por: Marize Muniz

Os municípios, os estados e a União podem ter mais de um milhão de cargos para livre nomeação, se a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 32, da reforma Administrativa, for aprovada pelo Congresso Nacional, segundo nota técnica da Consultoria de Orçamentos, Fiscalização e Controle do Senado.

As lideranças de sindicatos, federações e confederações da CUT vêm alertando há meses sobre os riscos dessa reforma para o Brasil e para os brasileiros, entre eles corrupção e a possibilidade de o povo ficar sem atendimento no serviço público. Alertam também que é mentira que a reforma vai acabar com privilégios, como diz o governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL). A reforma não atinge os altos salários, de juízes, militares e procuradores e, sim, a maioria dos  servidores, cuja média salarial é de R$ 2.727, segundo o Ipea.

E a nota técnica confirma essa possibilidade ao afirmar que “ao afrouxar a regra para ocupação de cargos de confiança, eliminando restrições constitucionais existentes, a reforma abre margem para indicações políticas de pelo menos mais 207 mil pessoas do que atualmente”. Ou seja, políticos poderão indicar um milhão de amigos e parentes para cargos de confiança e assessoria de PEC 32 for aprovadaConfira no final do texto como lutar contra a PEC 32.

Se a proposta for aprovada, os políticos poderão contratar quem eles quiserem para cargos comissionados e funções de confiança. Ninguem precisará ter vínculo com a administração pública  muito menos notório saber na área em que for atuar, ao contrário do que é regra atualmente.

“É um perigo para o país ampliar ao bel prazer dos governos de plantão os cargos de liderança e assessoramento”, vem denunciando desde o início da tramitação da PEC na Câmara dos Deputados o Coordenador-Geral do Sindicato dos Servidores Públicos Federais do Estado de Pernambuco (Sindsep-PE), José Carlos Oliveira.

“isso na realidade será a institucionalização das rachadinhas em larga escala”, diz o dirigente se referindo ao esquema montado pelo então deputado Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Rachadinha é a prática de confisco, por parlamentares, de parte dos salários de assessores de gabinete. E o filho do presidente foi acusado pelo Ministério Público do Rio de montar um esquema criminoso em seu gabinete. 

Para José Carlos, essa PEC acaba com a seriedade do processo seletivo de quem ingressa no serviço público e com o treinamento para que as tarefas sejam bem executadas.

“Veja só, quando as pessoas vão fazer concurso, fazem de acordo com suas áreas específicas, com os conhecimentos que possuem e têm grande qualificação para passar por esse processo. Além disso, são treinados para para prestar um bom serviço. Isso vai ser tudo destruído com a contratação de apadrinhados políticos”, diz o Coordenador-Geral do Sindsep-PE.

Ao liberar a contratação de apadrinhados por políticos para cargos de chefia e assessoria, a reforma, além de poder acabar com o serviço público, abre espaço para corrupçãocomplementou o  presidente da CUT-PE, Paulo Rocha, durante o ato contra a reforma realizado em Recife.

“Bolsonaro quer acabar com a proteção ambiental para favorecer os madeireiros, garimpeiros e o agronegócio. Para isso, precisa colocar gente dele nos órgãos ambientais.  Pessoas que tenham medo de ser demitidas e que fechem os olhos para a corrupção ou até mesmo que compactuem com ela”, disse o dirigente.

Ele “quer acabar com os hospitais públicos e repassar seus serviços para a iniciativa privada. Para isso, tem que demitir os servidores. Ele quer destruir o serviço público. E quem mais vai sair prejudicada é a sociedade que necessita das políticas públicas desde o momento em que nasce e durante toda a sua vida”, complementou o dirigente.

Só depois da nota técnica ser escancarada na imprensa, relator enxergou o óbvio

O relator da PEC 32, deputado Arthur Maia (DEM-BA), disse ser contra esse item ao ser confrontado com o levantamento dos técnicos do Senado, e afirmou que pretende mudar o texto do governo para manter a regra vigente hoje, segundo a Folha de S. Paulo.

“Essa questão que está sendo colocada na proposta de trazer para os cargos de chefia a condição de livre nomeação, eu me associo a todos aqueles que entendem que esse ponto deve ser modificado”, disse. “Não há razão para favorecer o aumento da intromissão indevida da política na administração pública”.

A proposta enviada pelo governo retira da Constituição a norma que reserva a servidores efetivos a nomeação para funções de confiança e estabelece que cargos em comissão serão preenchidos por servidores em percentuais mínimos definidos em lei —hoje, o patamar é de ao menos 50%, explica o jornal.

O texto da PEC se limita a dizer que esses postos “serão destinados às atribuições estratégicas, gerenciais ou técnicas”, sem menção à necessidade de ocupação por servidores.

Levantamento do consultor de Orçamentos do Senado Vinicius Amaral, segundo a Folha, mostra que o total de cargos e funções de confiança e em comissão hoje pode ultrapassar 1 milhão. São 175 mil na União, ao menos 180 mil nos estados e pelo menos 559 mil nos municípios, além dos trabalhadores em assembleias legislativas e câmaras de vereadores. Desse montante, ao menos 207 mil são hoje ocupados por servidores efetivos.

A nota afirma que após eventual aprovação da reforma, os servidores ocupantes desses postos poderão ser gradativamente substituídos por pessoas sem vinculação com a administração pública, diz a Folha.

“Tanto a doutrina jurídica quanto estudos econômicos associam a ocupação de cargos em comissão por pessoas sem vínculo com a ocorrência de corrupção. A PEC, ao ampliar as possibilidades de ocupação desses cargos e das funções de confiança por pessoas sem vínculo, tende, portanto, a fomentar a prática da corrupção na administração pública brasileira”, diz o documento.

Confira como lutar contra a PEC 32

Lideranças sindicais CUTistas convocam a população a se unir na luta contra o desmonte do serviço público, contra a porta que a medida abre para corrupção.

É hora de enviar mensagens para os deputados, dizem os sindicalistas, convocando todos e todas a enviar mensagens contra a aprovação para os deputados. “O prazo para emendas vai até a semana que vem – pressione deputados para que eles REJEITEM a PEC 32!”, alerta o texto da convocação.

Como pressionar

Veja abaixor a lista de parlamentares influentes para a produção de emendas de cada estado, clique nos links e envie sua mensagem:

Alagoas

Isnaldo Bulhões (MDB) – https://bit.ly/3gYWdR8

Amazonas

Capitão Alberto Neto (REPUBLICANOS) – https://bit.ly/3qn7PSn

Delegado Pablo (PSL) – https://bit.ly/2TWsxwe

Bahia

Arthur Oliveira Maia (DEM) – https://bit.ly/3gPfCVz

Ceará

Capitão Wagner PROS – https://bit.ly/3wRISk9

Goiás

João Campos (Republicanos) – https://bit.ly/3j7a36A

Mato Grosso

José Medeiros (PODE) – https://bit.ly/3x5sywB

Minas Gerais

Delegado Marcelo de Freitas (PSL) – https://bit.ly/2UmIifV

Lincoln Portela (PL) – https://bit.ly/3zUJgAk

Rodrigo de Castro (PSDB) – https://bit.ly/35PjOP8

Tiago Mitraud (NOVO) – https://bit.ly/3gYqFef

Paraíba

Efraim Filho (DEM) – https://bit.ly/2UzaFru

Hugo Motta (REPUBLICANOS) – https://bit.ly/3vWpDVf

Paraná

Ricardo Barros (PP) – https://bit.ly/2U2hMbq

Pernambuco

Fernando Monteiro (PP) – https://bit.ly/3vMq1G5

Santa Catarina

Darci de Matos (PSD) – https://bit.ly/3j7mNtT

São Paulo

Alex Manente (CIDADANIA) – https://bit.ly/2T0hrGf

Baleia Rossi (MDB) – https://bit.ly/3wS0wEH

Capitão Augusto  (PL) – https://bit.ly/3d9FoSf

Coronel Tadeu (PSL) – https://bit.ly/3j8FBcs

Kim Kataguiri (DEM) – https://bit.ly/3wRKla9

Com informações sobre a nota técnica da Folha de S. Paulo.

 

 

Pela segunda vez, o técnico-administrativo em educação Ivan da Silva Hidalgo foi pauta do Conselho Universitário da UFRJ (Consuni). Nesta quinta-feira, 24, o servidor recebeu, oficialmente, a homenagem pelos 50 anos de dedicação à instituição, onde iniciou sua carreira como servidor público aos 19 anos de idade.

A moção de louvor dedicada a Ivan Hidalgo, que desde 1997 ocupa o cargo de secretário-geral dos Órgãos Colegiados da universidade, destaca e agradece a trajetória exemplar do técnico-administrativo a serviço da comunidade universitária e da sociedade:

“O Consuni expressa os mais sinceros votos de agradecimento pelos seus 50 anos de dedicação a nossa universidade. Tenha certeza de que a sua incansável e relevante dedicação a nossa universidade contribui em muito para que ela hoje seja a melhor universidade federal do Brasil e para também ter galgado o tão almejado e seleto púlpito, onde se encontram as mais renomadas universidades da América Latina.

Ivan, você dignifica a Universidade Federal do Rio de Janeiro. É um exemplo de servidor público que tem direcionado as suas ações e a sua carreira para o bem. Parabéns!”

Veja, a seguir, a matéria produzida pelo Sintufrj e publicada no Boletim do Dia a Dia, em 10 de junho, quando pela primeira vez ele foi homenageado no Consuni: 

 

Dono da Precisa representa norte-americanos mesmo após Bolsonaro ter sido alertado de ilegalidades da empresa brasileira

O sócio da Precisa Medicamentos, Francisco Emerson Maximiano, fez uma reunião no Ministério da Saúde, em 28 de abril de 2021, para tratar da compra da vacina da farmacêutica estadunidense Moderna. O empresário está envolvido no suposto esquema de fraude na negociação de doses do imunizante Covaxin, produzido pelo laboratório indiano Bharat Biotech. A informação foi confirmada ao Brasil de Fato pelo governo federal.

Maximiano foi recebido por Rodrigo Moreira da Cruz, secretário-executivo do Ministério da Saúde, nomeado já na gestão de Marcelo Queiroga. Na agenda oficial do número 2 da pasta, a pauta do encontro é descrita apenas como “Moderna”. Por meio de contato telefônico, a assessoria de comunicação da pasta afirmou que o empresário “veio apresentar e falar sobre contratos da vacina” da empresa estadunidense. A reportagem questionou as duas empresas por e-mail, mas não houve retorno.

Agenda do secretário-executivo do Ministério da Saúde em 28 de abril / Reprodução/Ministério da Saúde

O encontro ocorreu mais de um mês depois do irmão do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), o servidor público Luís Ricardo Fernandes Miranda, chefe da divisão de importação do Ministério da Saúde, ter alertado o presidente Jair Bolsonaro sobre as irregularidades no contrato da Precisa com o governo federal para compra da Covaxin. Os irmãos se encontraram com o chefe do Executivo em 20 de março, quando relataram suspeitas em relação à atuação da empresa de Maximiano.

Na manhã de quarta-feira (23/6), o ministro Marcelo Queiroga se irritou ao ser questionado sobre a intermediação da Precisa na compra da vacina indiana e abandonou entrevista concedida aos jornalistas após a cerimônia de Abertura do Fórum Sobre Proteção Integrada de Fronteiras e Divisas.

Em 5 de março deste ano, a Saúde anunciou tratativas para compra de 13 milhões de doses da Moderna, mas não especificou se alguma empresa brasileira atuava na intermediação do acordo. Em depoimento concedido à CPI da Pandemia, Queiroga afirmou que o governo estaria “na iminência” de comprar 100 milhões de doses de vacinas contra o coronavírus desenvolvidas pela empresa norte-americana. A compra, no entanto, ainda não foi confirmada.

Escândalo da covaxin

A CPI investiga possível ilegalidade na intermediação da Precisa em contrato de R$ 1,8 bilhão para compra de 20 milhões de doses da Covaxin pelo governo federal. Uma das irregularidades seria o valor pago pelo Ministério da Saúde por dose, pelo menos 250% superior ao da Índia e quase 1000% maior que o preço estimado inicialmente pelo Ministério das Relações Exteriores.

A Precisa ainda aguarda uma licença da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para importar os primeiros 4 milhões de doses. A agência autorizou a importação do lote em 4 de junho, mas só autoriza a importação depois de liberação do Ministério da Saúde. Mesmo com a nota de empenho para pagamento publicada, o processo está paralisado.

As irregularidades foram reveladas publicamente na última terça-feira (22), em uma série de entrevistas concedidas pelo deputado Luis Miranda. Segundo o parlamentar, documentos que provam a fraude também teriam sido levados por ele e pelo irmão, pessoalmente, ao próprio presidente Jair Bolsonaro, no dia 20 de março. O encontro não consta na agenda do presidente, mas Miranda, em seu perfil no Twitter, publicou uma foto ao lado de Bolsonaro e afirmou que ambos trataram de “assuntos que são importantes para o Brasil”.

Ainda de acordo com o relato, além de encontrar com o presidente, Luis Miranda enviou mensagens a um assessor do presidente falando sobre um “esquema de corrupção pesado” dentro do Ministério da Saúde para a aquisição das vacinas. O deputado apresentou trocas de mensagens por WhatsApp com um assessor do presidente que continham o seguinte texto: “Tenho provas e testemunhas. (…) Não esquece de avisar o PR [presidente]. Depois não quero ninguém dizendo que implodi a República. Já tem PF e o c****** no caso. Ele precisa se antecipar”, afirmou o parlamentar nas mensagens. Logo depois, afirmou que “estava a caminho”.

Edição: Leandro Melito

 

 

A Revista Práticas em Gestão Pública Universitária (PGPU) é editada pela Pró-Reitoria de Pessoal da UFRJ e publica textos em 5 seções: (1) artigos; (2) relatos de experiência; (3) resenhas; (4) entrevistas; (5) vivências em gestão.

Maiores detalhes sobre as seções e acesso aos números anteriores através de https://revistas.ufrj.br/index.php/pgpu. Dúvidas através de revista@pr4.ufrj.br.

Prazo para enviar textos: 05 SET 2021.

Os textos recebidos e aprovados serão publicados, por ordem de aprovação, nas edições 2021.2 ou 2022.1

 

 

 

 

Um minuto de silêncio, lágrimas, vozes embargadas e muita tristeza pela perda recente de companheiros da categoria para a covid-19, entre as mais de 500 mil vítimas do vírus e milhões de pessoas enlutadas em todo o país, infelizmente foram destaques na assembleia do Sintufrj realizada nesta quarta-feira, 23, on-line.  

“Nos solidarizamos com todos os amigos pelas mortes desses companheiros guerreiros e lutadores, e é muito bom saber que temos uma militância aguerrida”, disse a coordenadora-geral do Sintufrj, Neuza Luzia. 

A pauta da assembleia foi análise de conjuntura e eleição dos delegados à plenária nacional da Fasubra dias 25 e 26 de junho, além de informes da base e da direção. 

Fora Bolsonaro!

As homenagens se intensificaram no ponto de avaliação da conjuntura, quando todos, sem exceção, se manifestaram pelo fortalecimento das manifestações de rua, mas com os cuidados necessários de segurança conta o vírus, para pôr fim, antes das eleições do próximo ano, ao governo do genocida Bolsonaro. 

“É necessário reiterar, na plenária da Fasubra, esforços na busca de uma unidade nacional para tirar Bolsonaro. Uma grande preocupação e consternação é que ainda tem servidores postando nas redes apoio a esse governo. A campanha Vacina no braço, comida no prato tem muito valor. O país se transformou em terra arrasada! Temos que desgastar Bolsonaro, Mourão, Guedes e tudo o que eles representam para a população brasileira, apontou Gerly Miceli, coordenadora-geral do Sintufrj. 

“Fomos para a rua no dia 29 de maio e 19 de junho, e foi um sucesso. Em contrapartida, Bolsonaro continua gastando milhões no Congresso Nacional para garantir a aprovação da reforma administrativa. 

“A gente tem que mobilizar, porque é com o povo na rua que vamos tirar o Bolsonaro. Não dá para esperar a eleição de 2022. Vamos tirar esse cara e vamos para a plenária da Fasubra com a intenção de quebrar o marasmo que ainda existe para pôr em prática essa decisão”, afirmou o coordenador do Sintufrj, Jesse Moura. “São mais de 500 mil mortes e milhões de sequelados em consequência da covid-19, e a eleição de 2022 está sub judice, porque o Bolsonaro vive dizendo que vai ter “fraude”, alertou Walmir Penedo.

“Bolsonaro está na defensiva e temos que estar nas ruas conversando com a população”, observou Igor Dantas. “O grande norte é fazer com que as pessoas que votaram contra o PT não voltem a votar no Bolsonaro”, acredita Juscelino, da Diseg. “A derrota de Bolsonaro tem que ser só um começo”, pontuou Rafael Raposo, acrescentando: “temos que voltar a questionar o sistema capitalista. A pandemia mostrou o fracasso das políticas neoliberais. Cuba, com todo o embargo econômico, conseguiu produzir uma vacina com mais de 92% de eficácia contra o coronavírus”.

“O movimento nas ruas está se tornando de massa e unificando estudantes e trabalhadores. Temos que aproveitar esse momento é fazer crescer a oposição à reforma administrativa do governo Bolsonaro”, propôs Francisco de Paula. 

Debate

Na opinião de Esteban Crescente, a realização somente no dia 24 de junho das próximas manifestações de rua por vacina para todos, auxílio emergencial de R$ 600 até o fim da pandemia, contra as privatizações e a reforma administrativa, em defesa da vida do povo negro e da educação pública, e por uma política de geração de empregos consiste em um erro de avaliação dos organizadores (Frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, movimentos sociais e centrais sindicais). Ele defende que a plenária dos movimentos no dia 10 de julho antecipe essa data. “Tem que virar moda ser contra o Bolsonaro. Vamos aproveitar o gás com as muitas postagens de artistas. Até Anita se manifestou contra o Bolsonaro”, lembrou.

Neuza Luzia é favorável a se intensificar a mobilização, apesar da cautela por parte da maioria das pessoas, mas ponderou que “tem que ser mantido o caráter de unidade” na tomada das decisões conjuntas:

 “Temos clareza da necessidade de ir para a rua, e a realização de atos em paralelo à CPI da Covid tem surtido efeito. As pessoas andam indignadas com as mentiras dos apoiadores do governo. Mas, em prol da unidade, a tentativa de antecipar essa data deve ser feito com muita cautela”, disse a dirigente. Ela propôs, se o dia 24 for mantido, que as entidades organizem pequenos atos até  lá. “O centro do debate Fora Bolsonaro tem que estar lincado com a Defesa da Democracia e da Vida”, concluiu 

Deliberações 

. Realização de agitação (com carro de som e/ou distribuição de panfleto explicando a situação atual da UFRJ, as consequências da reforma administrativa para o servidor e os serviços públicos e a situação em que se encontra o país por conta do governo Bolsonaro) aos candidatos a técnico-administrativo da UFRJ, no domingo, quando farão a prova do concurso público. A proposta é 

. Construir ações localizadas antes do dia 24 de julho.

Fasubra — Participarão da plenária da Fasubra nos dias 25 e 26 de junho cinco representantes da base do Sintufrj e dois da direção da entidade, eleitos em chapa única. 

Por aclamação, foram aprovadas as seguintes propostas a serem levadas para este importante fórum de deliberações da Federação: 

. A Fasubra deve organizar um dia nacional de luta da Educação, tendo como eixos o corte de verbas, a autonomia com democracia e não intervenções.

. A Fasubra deve incorporar o ato pelo piso salarial dos profissionais de saúde.

. A Fasubra deve defender a realização de um dia de luta em defesa do serviço público e contra a reforma administrativa, e uma campanha de reposição salarial. 

CONFIRA A ÍNTEGRA DA ASSEMBLEIA NO CANAL DO SINTUFRJ: 

 

 

 

Presentes nos três pilares da universidade – a pesquisa, o ensino e a extensão – o papel do técnico-administrativo na UFRJ é o foco da campanha que o Sintufrj está desenvolvendo e que contará com vídeos, cards eletrônicos, reportagens e banners expostos em alguns pontos dos campi da universidade.

Os vídeos “Os Essenciais – Quem faz a UFRJ” já começaram a ser exibidos nas nossas redes (Facebook, Youtube, Instagram) – com depoimentos de trabalhadores que compartilham suas experiências acadêmicas e administrativas nas múltiplas áreas de funcionamento da universidade.

Técnicas e técnicos expõem o investimento na formação e na dedicação que envolve construir o dia a dia na emaranhada e complexa engrenagem que põe a maior universidade da rede de instituições federais de ensino em operação.
A anatomia do trabalho técnico-administrativo na UFRJ mostra a transversalidade da atuação desses trabalhadores. Estão envolvidos em ações que abarcam o desempenho na rede de hospitais salvando vidas, nas secretarias acadêmicas dando suporte para a infraestrutura dos cursos, nos laboratórios, ações de extensão, enfim, um arco de funções cujo  reconhecimento institucional está longe de refletir.

Outra frente de atuação desse segmento da comunidade universitária reside na participação nos conselhos de unidades e de centros e nos conselhos superiores da universidade. Com a pandemia, a criação de grupos de trabalho (os GTs) organizados para discutir procedimentos na crise sanitária tem tido participação efetiva de técnicos.

O desenho do trabalho técnico-administrativo ganha ainda mais relevância nesses meses de tragédia sanitária. Os depoimentos que estão sendo expostos nos vídeos também captam o sentimento e as dificuldades trazidas pela pandemia.

Confira vídeos:

 

 

Esta quarta-feira, 23, foi dia nacional de mobilização contra a proposta de reforma administrativa de Bolsonaro e Guedes, a PEC 32/2020 que está em análise em comissão especial na Câmara dos Deputados. Várias entidades realizaram seus protestos sob diversas formas. Com paralisações, em atos nas ruas, nas assembleias municipais e legislativas, e nas redes sociais.

O Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), composto por 37 entidades, promoveu tuitaço, das 9h às 10h, com a hashtag #PEC32daRachadinhaNão. “Imaginem 90 mil Pazuellos no serviço público! O número de indicações políticas previstas pela reforma administrativa, somente no Executivo Federal. Diga Não a PEC 32!”, tuitou Rudinei Marques, presidente do Fonacate.

A Frente Servir Brasil não deixou por menos no tuitaço: #PEC32daRachadinhaNão ou até 1 milhão de cargos de liderança e assessoramento nos níveis municipais, estaduais e federal estarão nas mãos de governos para livre nomeação. Ex: Olavo de Carvalho poderá ser coordenador de uma Faculdade de Filosofia.

As entidades nacionais, estaduais e municipais das mais diversas categorias do serviço público reunidas no Movimento Basta – que reúnem confederações do setor público e privado e entidades representativas da segurança pública civil e militar (municipal, estadual e federal), entre elas o Fonacate, aproveitaram também a mobilização para em manifesto fazer um alerta à nação sobre a gravidade da PEC 32/2020.

No texto eles destacam que a proposta de reforma administrativa do governo não tem a finalidade de melhorar a qualidade do serviço público, mas atender a interesses de políticos, empresas e do mercado. 

 

 

 

Luis Miranda afirma que presidente não respondeu mais os contatos após apresentar denúncia

O deputado Luís Miranda (DEM-DF) apresentou pessoalmente ao presidente Jair Bolsonaro “provas contundentes” de irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin. Em entrevista à CNN, nesta quarta-feira (23), o parlamentar afirmou que o “presidente sabia que havia crime” no processo de aquisição.

O deputado é irmão de Luis Ricardo Miranda, chefe de importação do Departamento de Logística em Saúde do Ministério da Saúde. Segundo ele, Bolsonaro tinha conhecimento dos problemas e ficou “convencido”, após a denúncia de Luis Miranda, que se comprometeu a acionar a Polícia Federal.

O contato de Miranda com Bolsonaro foi feito no dia de 20 de março. Apesar de levar “provas documentais” da corrupção, Miranda diz que não recebeu retorno sobre o caso. No dia 24 de março, ele relata que foi novamente atrás do presidente, que não respondeu mais aos contatos. “Não tinha motivo para o presidente não ter gostado da informação, estou protegendo nosso país”, disse Miranda à CNN.

Mensagens

Ao jornal Metrópoles, o parlamentar encaminhou as mensagens enviadas a um secretário do presidente Bolsonaro, com os alertas de uma possível corrupção no processo de compras da Covaxin. A conversa mostra Luis Miranda insistindo na apresentação da denúncia a Bolsonaro, mas o integrante do governo enviava a bandeira do Brasil como resposta.

“Avise o PR (presidente da República) que está rolando um esquema de corrupção pesado na aquisição das vacinas dentro do Ministério da Saúde. Tenho provas e as testemunhas. Sacanagem da porra… A pressão toda sobre o presidente e esses FDPs roubando”, escreveu o parlamentar, no dia 20 de março.

Ele insistiu no assunto. “Não esquece de avisar o presidente. Depois, não quero ninguém dizendo que eu implodi a República”, escreveu Miranda, que novamente não recebeu uma resposta.

O deputado federal e seu irmão devem ser ouvidos pela CPI da Covid-19 na próxima sexta-feira (25). O requerimento de autoria do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) foi aprovado nesta quarta-feira (23), durante despachos da comissão.

Corrupção na compra da Covaxin

O Ministério Público Federal (MPF) identificou indícios de crime em compra da vacina indiana Covaxin pelo governo Bolsonaro. A aquisição feita pelo Ministério da Saúde foi de 20 milhões de doses da vacina indiana. O MPF pediu que o caso seja investigado na esfera criminal. Até então o caso vinha sendo apurado dentro de um inquérito que tramitava na esfera cível. O contrato para a compra da Covaxin totalizou R$ 1,6 bilhão, segundo reportagem do jornal O Globo.

De acordo com informações da Folha de S. Paulo, o servidor da área técnica do Ministério da Saúde afirmou, ao MPF, que “sofreu pressão atípica” da gestão do general Eduardo Pazuello para tentar garantir a importação dessa vacina mais cara. O funcionário declarou que o tenente-coronel Alex Lial Marinho era um dos responsáveis por pressionar a equipe. General da ativa do Exército, Marinho era homem de confiança do ex-ministro da Saúde, conforme a reportagem, e foi exonerado após a saída de Pazuello.

Em depoimento ao MPF, Luís Ricardo disse que o governo fez pressão para a compra da vacina indiana e para favorecer a Precisa Medicamentos, empresa que intermedeia o processo de aquisição do imunizante. Nesta quarta, estava previsto o depoimento do sócio-administrador da empresa, Francisco Emerson Maximiano, que intermediou a compra da Covaxin, mas a oitiva foi adiada após ele alegar estar cumprindo quarentena obrigatória em razão de ter voltado de uma viagem à Índia.

 

 

Salles alegou “motivos familiares” para deixar o cargo

Revista Fórum | Por Ivan Longo |

Ricardo Salles pediu demissão do Ministério do Meio Ambiente na tarde desta quarta-feira (23). Sua exoneração já foi publicada no Diário Oficial da União (DOU). Em seu lugar, assumirá como ministro Joaquim Alvaro Pereira Leite, ex-conselheiro da Sociedade Rural Brasileira (SRB).

Recentemente, Salles comprou uma casa em uma das regiões mais arborizadas e nobres de São Paulo (SP). Trata-se de um imóvel de dois andares na rua Honduras, no Jardim América, Zona Oeste da capital paulista, próximo ao Club Athletico Paulistano, frequentado pela elite da cidade. Na região uma casa como a do agora ex-ministro custa em torno de R$15 milhões.

Salles teria alegado “motivos familiares” para deixar o cargo, mas sua demissão vem em meio à pressão de investigações por corrupção que pesam contra ele.

Inquérito

Tido como o pior ministro do Meio Ambiente da história do Brasil, a gestão de Salles foi marcada pelo aumento do desmatamento, que atingiu níveis recordes enquanto esteve à frente da pasta.

Ele é alvo de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por atrapalhar fiscalização ambiental. Salles também é acusado de envolvimento com contrabando de madeira ilegal.

O inquérito, cuja abertura foi autorizada por Cármen Lúcia no final de maio, tem como base a notícia-crime apresentada originalmente pelo delegado Alexandre Saraiva, que foi exonerado do comando da PF do Amazonas após a denúncia.

“Defiro o pedido da Procuradoria-Geral da República e determino a instauração de inquérito em desfavor do Ministro do Meio Ambiente Ricardo de Aquino Sales pelos fatos descritos no pleito do Ministério Público, com o objetivo de apurar prática dos crimes tipificados no art. 321 do Código Penal (advocacia administrativa), no art. 69 da Lei 9.605/1998 (obstar ou dificultar a fiscalização ambiental) e no art. 2º, § 1º, da Lei 12.850/2013 (impedir ou embaraçar a investigação de infração penal que envolva organização criminosa)”, diz trecho da decisão da magistrada.

As acusações foram levantadas por Saraiva em razão da atuação de Salles diante da operação Handroanthus. Segundo o ex-chefe da PF no Amazonas, o ministro fez “críticas ferrenhas à investigação a que nem sequer teve acesso” e defendeu publicamente os madeireiros investigados.

Em pronunciamento no Palácio do Planalto logo após ser confirmada sua exoneração, Salles defendeu o agronegócio e afirmou que “experimentou”, ao longo de sua gestão, “muitas contestações, tentativas de dar a essas medidas caráter de desrespeito à legislação, o que não é verdade”.