A sede e subsedes do Sintufrj estão recebendo as doações para os desabrigados no município em consequência do temporal. Ajude!
Em 11 de janeiro de 2011 a Região Serrana teve a sua maior catástrofe em decorrência de uma forte chuva de apenas três horas. Água e lama desceram pelas encostas numa intensidade atípica, devastando cidades e matando famílias inteiras. Mais de 900 pessoas morreram.
Onze anos após a essa tragédia, na terça-feira, 15 de fevereiro de 2022, a aprazível Petrópolis, cidade do Museu Imperial, do Palácio de Cristal e do Quitandinha, sofre novamente um revés dessa magnitude.
Petrópolis registrou em apenas seis horas uma quantidade de chuva maior do que a média esperada para todo o mês, segundo o Centro Estadual de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemadem). A Cidade Imperial ficou sob lama e o Corpo de Bombeiros ainda não sabe precisar o número de vítimas.
Mortes e destruição
Ao menos 78 pessoas morreram com as fortes chuvas desta terça-feira em Petrópolis, além de inundações e queda de barreiras em diversos pontos do município. O número de mortos pode subir em razão de haver pessoas ainda soterradas em vários pontos da cidade. O imenso volume de água em apenas seis horas causou rapidamente o transbordamento dos rios Quintandinha e Piabanha. As regiões do primeiro distrito foram as mais afetadas, sendo o Alto da Serra uma das localidades mais devastadas e o Morro da Oficina o mais atingido. Sob ele calcula-se que há o maior número de vítimas. Mais de 370 pessoas foram acolhidas em abrigos improvisados. E no IML familiares das vítimas se concentram para identificar os corpos.
Logo no dia seguinte a devastação, quarta-feira, 16, o cenário era de terror. Morros vieram abaixo, carregando pedras do tamanho de carros; veículos ficaram empilhados com a força da correnteza; vias importantes foram bloqueadas por ônibus e carros abandonados, dificultando o acesso aos desabrigados. Os corpos de vítimas arrastadas pela enxurrada começaram a aparecer em ruas do Centro da cidade quando a água baixou. A Rua Teresa, tradicional centro comercial petropolitano, amanheceu sob muita lama, água, galhos e veículos arrastados pela enxurrada. Grande parte da cidade ficou sem luz e água. A Prefeitura decretou estado de calamidade pública e equipes de resgate trabalham na remoção dos escombros.
Corrente de solidariedade
A Defesa Civil informou que 25 escolas estão funcionando como ponto de apoio. Nesses locais, a população recebe o suporte de assistentes sociais, profissionais de saúde, educação, agentes comunitários, além da própria Defesa Civil. Numa forte corrente de solidariedade a população do Rio e de diversas cidades se mobiliza para ajudar as famílias que perderam seus entes queridos e estão desabrigadas.
O Sintufrj está junto nesta corrente de solidariedade, ainda mais que entre os moradores de Petrópolis encontram-se parentes e amigos de servidores da UFRJ. A sede e subsedes da entidade estão recebendo doações para serem levadas à Petrópolis.
Buscas desesperadas
Mulheres e homens usam pás e enxadas para revirar os escombros na tentativa de encontrar familiares. “Estamos chocados. Moramos aqui há três anos e vou retornar a morar no Rio. Não há mais condições de ficar por aqui. Amanhã, quinta-feira, levo meus netos para a avó materna e vou procurar um local para morar”, disse o administrador hospitalar do Instituto de Neurologia Deolindo Couto (INDC), Leonel Martins Júnior.
Ele mora no Bingen, bairro da zona oeste da cidade que não foi destruído, mas a força da água assustou a família. O Rio próximo a sua casa subiu quatro metros e suas águas misturaram-se às águas que jorravam do morro.
“No centro de Petrópolis, no Alto da Serra e em outros bairros foi um terror. Nesses locais precisam muito de ajuda, mas, para nós a situação só causou muita preocupação, inclusive pelos amigos que moram em outros bairros que foram muito atingidos. Estamos entregando doações e ajudando a quem podemos”, informou Leonel.
A aposentada da UFRJ Leila Castro, que mora há seis anos em Itaipava, distrito de Petrópolis, contou que, felizmente, a chuva não atingiu a região, mas a tragédia, segundo ela, deixou o coração de todos apertados. “Todos se lembram da catástrofe de 2011 e corroboram com a dor das famílias atingidas em Petrópolis”, lamentou a servidora.
“Estamos muito tristes. A situação é terrível. Tudo devastado. E a gente pensa como essas famílias vão sobreviver. Não sei como vai ser reconstruir tudo. O que me consola é que por conta do passado a mobilização para ajudar está sendo rápida. Temos muitos pontos de doações”, constatou Leila.