A comunidade viveu, nesta quinta-feira, dia 28, mais uma séria consequência do efeito dominó da asfixia financeira. Depois dos cortes do fornecimento de energia e água na semana anterior, com a suspensão de aulas, e a mira das empresas privadas LIght e Águas do Rio sobre os mais vulneráveis, como os moradores do alojamento e usuários do Restaurante Universitário, e prédios de aula, houve a séria possibilidade de paralisação de um enorme grupo de vigilantes da UFRJ diante da falta de salários.

A situação foi contornada – com o pagamento de uma mais uma parcela – a de setembro – por parte da UFRJ às empresas de segurança e a empresa (no caso, a Front) garantiu que pagaria os trabalhadores.  Segundo o pró-reitor de Patrimônio e Finanças, de fato no mesmo dia 28 a ordem bancária foi emitida com certeza para pelo menos as três maiores empresas: Front, Angels e Fênix. E hoje já deveria ter na conta das empresas para pagar os empregados. O que, de fato, aconteceu, como verificou a coordenação geral do Sintufrj.

Mas a situação foi contornada apenas por enquanto, porque pode ser que, de novo, no início de mês, conforme o atraso no pagamento se repita, as empresas aleguem que não tem como pagar, muita embora dentro do tal prazo contratual em que deveriam garantir o funcionamento..

O pró-reitor de Planejamento Orçamento e Finanças Helios Malebranche mostrou aos representantes dos vigilantes que estiveram em seu gabinete no dia 28, a gravidade da situação, apontando linha a linha de uma enorme planilha numa tela de computador.

Fotos: Renan Silva

O quadro se refere ao balanço de 13 de novembro e, para o fim do mês, a situação pouco mudou.

“Em amarelo estão algumas de nossas grandes contas e na parte verde do quadro estão em amarelo o início das pendências de empenho. Por exemplo, no caso da empresa Águas do Rio o último empenho se referiu ao mês de maio, tendo ocorrido em abril o último pagamento. Para as despesas deste ano precisamos de 166M (R$166 milhões), que somados a despesas de exercícios anteriores totalizam 186M (R$186 milhões). Na linha “ACUMULADO” verifica-se que desde março não temos condições de honrar com nossas despesas”, diz o informe da PR-3..

Veja os detalhes no gráfico a seguir:

Déficit de R$ 186 milhões e sem perspectiva de aumento do orçamento para 2025

O pró-reitor explicou que explicou que o projeto da Lei Orçamentária Anual (PLOA) para 2024, publicado nos sites governamentais, prevê basicamente o mesmo orçamento do ano passado, apenas corrigido. “Nós estamos preparando o detalhamento de como os nossos custos serão distribuídos no PLOA, para aprovação no Conselho Universitário agora em dezembro”, disse ele, esperando terminar até o final da semana uma proposta para encaminhar ao reitor na semana que vem. Sua ideia é apresentar a proposta na penúltima ou última sessão do Consuni do ano.

Como disse ao grupo de vigilantes e aos sindicatos que acompanharam a reunião, o problema da situação orçamentária da UFRJ não está na UFRJ: “Nós não somos donos do nosso orçamento”, disse, explicando que, apesar de tudo, as contas com a segurança, em termos de pagamento, são as que estão em melhor situação que todos os outros contratos, exceto o da alimentação estudantil, o único que está um mês a frente do contrato das vigilâncias. “Sobre toda essa situação caótica, nós somos sensíveis, mas está sendo gerada nesse momento pelas empresas. Nós estamos cumprindo as nossas obrigações contratuais. E solicitei o avanço de um mês para todas as empresas de segurança. Mas as empresas, assim como outras, não têm condições de suportar esse período previsto contratualmente. Se a gente para de pagar um mês, no mês seguinte, independentemente de qualquer contrato, ela não tem condição de funcionar”.

O reitor Roberto Medronho, constrangido pelo apelo dos vigilantes sem salários, não pretendeu, no Consuni, tirar a parcela de responsabilidade da UFRJ, mas reconheceu que parte é do governo federal, do Ministério da Educação que não atendeu a um pedido sequer de suplementação orçamentária. A não ser para a dívida com a Light, de R$ 35 milhões (e, diga-se, com uma parcela em breve a vencer da ordem de R$ 5 milhões): o relasse foi de R$ 1, 5 milhões. “É inaceitável esse tipo de dano à classe trabalhadora”, disse, retirando-se da presidência do Consuni para convocar a presença das empresas e tentar uma solução.

Na reunião, foi mais uma ves enfático: “Não é possível que continuemos sobrevivendo numa situação que os senhores não têm ideia do que é. Além de pensar a graduação, além de pensar a pós-graduação, além de pensar os avanços que nós temos, além de pensar um monte de coisas boas que estamos fazendo. Felizmente, chegamos a bom termo, mas não acabou. Nós ainda temos essa dívida”, comentou ao fim da reunião.

O coordenador do Sintufrj Esteban Crescente, no Consuni, alertou que o caminho dever ser o mesmo tomado quando dos ataques das empresas privadas Light e Águas do Rio, “Nessa ocasião, houve um chamado da Universidade e do reitor Roberto Medronho, para a resistência, contra esse ataque que nós vivemos. Chamou-se uma aula pública, nossos sindicatos e demais entidades que estão aqui na comunidade acadêmica atenderam ao chamado, e juntos resistimos, e eu queria saudar o reitor por essa iniciativa de resistência. Mas novamente, professor Medronho, a Universidade tem risco de não funcionar. Os trabalhadores que estão aqui hoje, estão há um mês sem salário, sem benefícios, Tem gente que está sendo despejada hoje. Porque não é só atraso desse mês, é a sequência de atrasos. Necessitamos de mais um chamado em defesa da universidade”, disse ele.

O coordenador da Fasubra Francisco de Assis apontou a necessidade de unificar a comunidade para enfrentar o problema, cuja raiz é mais profunda. “Muita gente não está se dando conta da gravidade. Temos que reunir forças e partir para o Congresso Nacional para enfrentar a questão do orçamento (o de 2025 ainda não foi aprovado) e os reflexos do arcabouço fiscal. Se a gente não ficar atento, vai errar na avaliação da conjuntura e nas ações a serem adotadas. Não se pode a todo momento ficar enxugando gelo. Este (o salário de outubro dos vigilantes) será mais um que a Reitoria vai enxugar. Daqui a alguns dias esse problema vai estar aí de novo”.

Médicos lideram a lista dos profissionais extraquadros demitidos do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) a partir deste sábado, 30 de novembro. Ao todo, foram 178 trabalhadores desligados e que exerciam diversas funções. Desse total, 45 são médicos.
As demissões no HU que passou ao comando da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) há alguns meses foi informada de forma lacônica: Prezados, por decisão da Reitoria, os funcionários EQ das duas listas acima deverão ser desligados até 30/11. A partir de 01/12 não fazem mais parte do quadro da UFRJ e não receberão mais pelos dias trabalhados além desta data”.
Como o texto informa, a comunicação veio acompanhada de duas listagens com o nome e a função dos profissionais.
Num desabafo, um assistente social expõe a situação: “Os caras criam o caos administrativo, dispensam vários extraquadros sem fazer concurso suficiente pra repor as saídas”, disse.
“Faltam gaze, luva, remédio para quimioterapia… E temos que fazer vídeo fingindo felicidade. Registro aqui o absurdo a que chegamos”, afirmou.
Os extraquadros são profissionais que exerciam funções sem vínculo empregatício regular e que tinham a expectativa de serem aproveitados pela Ebserh.

O LISTÃO
• 45 Médicos
• 21 assistentes de administração
• 13 técnicos de laboratório
• 10 farmacêuticos
• 9 assistentes sociais
• 8 técnicos de enfermagem
• 8 auxiliares de administração
• 7 nutricionistas
• 6 técnicos de radiologia
• 6 fisioterapeutas
• 6 enfermeiros
• 6 auxiliares de enfermagem
• 5 fonoaudiólogos

• 4 psicólogos
• 4 secretários 4
• 3 biólogos
• 3 sanitaristas
• 3 técnicos em radiologia
• 2 biomédicos
• 2 técnicos em farmácia
• 1 técnico de radioterapia
• 1 Auxiliar de laboratório
• 1 técnico em eletrocardiografia
• 1 técnico em medicina nuclear
• 1 técnico em necropsia
• 1 técnico em patologia clínica
• 1 técnico em perfusão

Placa da Ebserh no HU.
Rio, 03-09-24
Foto Elisângela Leite

 

 

“Engajados na vida universitária, nós, Professores Eméritos abaixo-assinados, não poderíamos nos calar diante dos recentes cortes de fornecimento de energia e água pelas empresas concessionárias, que tornaram visível a grave crise em que foi lançada a Universidade Federal do Rio de Janeiro, submetida a uma crescente asfixia financeira”, diz trecho do documento assinado por 70 professores eméritos da UFRJ sobre os cortes orçamentários que as universidades federais vêm sofrendo nos últimos anos, conforme informou o representante do segmento no Conselho Universitário Ricardo Medronho.

Veja a íntegra a seguir:

 

NOTA_PÚBLICA_Eméritos_UFRJ_28nov24

 

NOTA PÚBLICA DOS PROFESSORES EMÉRITOS DA UFRJ  À COMUNIDADE UNIVERSITÁRIA E À SOCIEDADE
Engajados na vida universitária, nós, Professores Eméritos abaixo-assinados,
não poderíamos nos calar diante dos recentes cortes de fornecimento de energia e água
pelas empresas concessionárias, que tornaram visível a grave crise em que foi lançada a
Universidade Federal do Rio de Janeiro, submetida a uma crescente asfixia financeira.
Na verdade, esta crise se arrasta há muito anos, desde os governos Temer e
Bolsonaro.

A UFRJ, assim como toda comunidade universitária e científica brasileira,
tinha a expectativa e, até mesmo, a certeza de que o governo eleito em 2022, pelos
compromissos por ele assumidos, disponibilizaria de maneira decidida e urgente os
recursos indispensáveis tanto para saldar dívidas pendentes como para sanar carências
acumuladas por esta universidade no que diz respeito à manutenção de prédios e
laboratórios, à assistência estudantil e tantas outras.

As expectativas se frustraram, e a crise se aguçou. Em 28 de setembro de 2023,
o Conselho Universitário aprovou uma moção, em que apelava para uma suplementação
orçamentária, uma vez que “mantido o atual orçamento proposto na PLOA, a UFRJ
fechará no ano que vem”. (https://consuni.ufrj.br/images/atas/CONSUNI_230928.pdf)
A situação, portanto, já era crítica e de conhecimento não apenas da comunidade
universitária, mas também das autoridades governamentais. Passado um ano, porém,
assistimos consternados ao agravamento de uma crise que esperávamos ver
definitivamente superada. A asfixia orçamentária nos levou a uma dívida com a empresa
concessionária de energia elétrica de R$ 31,8 milhões, decorrente de faturas não pagas
em 2024, além de R$ 3,9 milhões em parcelas não quitadas de um acordo firmado em
2020.

A isso somam-se as dívidas com a concessionária do serviço de abastecimento de
água e com várias empresas contratadas para prestação de diferentes serviços. A
degradação de nossas instalações é visível, a exemplo da Escola de Educação Física e
Desportos, cujas aulas tiveram que ser deslocadas após o desabamento de um muro,
sinalizando gravemente vários outros riscos ainda não sanados.
Diante da emergência decorrente do corte de fornecimento de energia, o
Ministério da Educação veio a público, demonstrando, no entanto, sua insensibilidade ou
sua total incompreensão em relação ao que efetivamente se passa.

Após culpar os governos anteriores, omitindo que o orçamento de 2024, diferentemente do de 2023, foi
elaborado pelo governo atual, insinua que as dificuldades não seriam decorrentes da falta
de recursos, mas, sim, de problemas de gestão interna: “A gestão orçamentária e
financeira das universidades federais é pautada pela autonomia garantida pelo artigo
207 da Constituição Federal. Assim, as instituições têm total liberdade para definir suas
prioridades internas, incluindo a alocação de recursos, a gestão de contratos
terceirizados e a execução de projetos, conforme suas necessidades e diretrizes
institucionais.”
(https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2024/11/12/ufrj-tem
corte-de-energia-eletrica-por-inadimplencia-diz-light.ghtml).

Lamentavelmente, repete-se a mesma tentativa do governo anterior de imputar à
“má gestão interna” os problemas que enfrentamos. Caberia perguntar: com os parcos
recursos disponíveis, quais seriam as prioridades? Pagar o fornecimento de eletricidade
ou as bolsas dos estudantes pobres? Pagar o fornecimento de água ou a alimentação
estudantil? Assegurar serviços de segurança ou de limpeza?

No momento em que o cumprimento do teto de gastos, imposto pelo
eufemisticamente chamado “arcabouço fiscal”, é exigido pela grande imprensa
corporativa e são anunciados novos cortes nas despesas e investimentos nas áreas de
saúde, educação e direitos trabalhistas, a crise da UFRJ apenas denuncia a
irresponsabilidade daqueles que pretendem impor à nação a continuidade de políticas que
corroem nosso Estado e nossas instituições públicas, as universidades entre elas.
Sabemos que não faltam recursos ao Tesouro para atender às necessidades
básicas, à educação, à saúde, à cultura, à manutenção de um meio ambiente equilibrado,
à assistência social e a outros direitos sociais garantidos pela constituição e pela legislação
vigente.

Afinal, cerca de R$ 600 bilhões são dedicados anualmente a pagar uma dívida
pública constituída, em grande parte, de juros acumulados. Isso para não falar dos
orçamentos secretos ou dos R$ 647 bilhões (5,96% do PIB) distribuídos com
generosidade, em 2023, sob a forma de subsídios (https://www.gov.br/planejamento/pt
br/assuntos/noticias/2024/julho/apos-dois-anos-de-significativa-expansao-subsidios
concedidos-pela-uniao-apresentam-estabilidade-em-2023).

Por essas razões, nós, Professores Eméritos da UFRJ, juntamo-nos às vozes e
lutas de nossa comunidade universitária e de todos aqueles que sabem que as
universidades públicas, gratuitas, de qualidade e comprometidas com as necessidades do
povo brasileiro constituem fundamento essencial de qualquer projeto nacional digno deste
nome. Reivindicamos, com firmeza, que o governo cumpra os compromissos assumidos
com a educação, a ciência, a cultura e com a produção e a reprodução do conhecimento,
convocando associações científicas, colegas de outras universidades, assim como toda a
sociedade, para defender a integridade da universidade pública, como garantia do
presente e do futuro do Brasil.

Rio de Janeiro, 28 de novembro de 2024

 

Adalberto Ramon Vieyra
Adelaide Maria de Souza Antunes
Ana Ivenicki
Ana Maria Ferreira da Costa Monteiro
Antonio Carlos Campos de Carvalho
Antonio Carlos Secchin
Antonio Giannella-Neto
Beatriz Becker
Carlos Aguiar de Medeiros
Carlos Bernardo Vainer
Carmen Lucia Tindó Secco
Celina Maria Moreira de Mello
Consuelo da Luz Lins
Dinah Maria Isensee Callou
Djalma Mosqueira Falcão
Edson dos Santos Marchiori
Eduardo de Faria Coutinho
Elba Pinto da Silva
Erasmo Madureira Ferreira
Fernando Garcia de Mello
Francisco Radler de Aquino Neto
Gilberto Barbosa Domont
Hatsaburo Masuda
Helio dos Santos Migon
Henrique Murad
Hilton Augusto Koch
Jorge Almeida Guimarães
Jorge Fernandes da Silveira
José Egídio Paulo de Oliveira
José Luis da Costa Fiori
José Mauro Peralta
José Paulo Netto
José Roberto Lapa e Silva
José Sergio Leite Lopes
Liu Hsu
Luiz Antônio Constant Rodrigues da Cunha
Luiz Bevilacqua
Luiz Felipe Alvahydo de Ulhoa Canto
Manuel Domingos da Cruz Gonçalves
Marcello André Barcinski
Márcio Tavares d’Amaral
Marcos Roberto da Silva Borges
Maria Angela Dias
Maria Antonieta Rubio Tyrrell
Maria Aparecida Lino Pauliukonis
Marieta de Moraes Ferreira
Marlene Soares dos Santos
Muniz Sodré de Araújo Cabral
Nei Pereira Junior
Nelson Francisco Favilla Ebecken
Nelson Maculan Filho
Nelson Velho de Castro Faria
Nubia Verçosa Figueiredo
Olaf Malm
Otávio Guilherme Cardoso Alves Velho
Paulo Alcantara Gomes
Paulo Mascarello Bisch
Raquel Paiva de Araújo Soares
Ricardo de Andrade Medronho
Rudolph Trouw
Sandoval Carneiro Jr.
Segen Farid Estefen
Sonia Gomes Pereira
Takeshi Kodama
Talita Romero Franco
Teresa Cristina Cerdeira da Silva
Vera Lúcia Rabello de Castro Halfoun
Volney de Magalhães Câmara
Willy Alvarenga Lacerda
Yvone Maggie de Leers Costa Ribeiro

 

A Rádio Sintufrj (sintufrj.minharadio.fm) vai se incorporar à rede de canais digitais que vão transmitir a live Tributo a Horácio Macedo III na manhã desta sexta-feira 29. Esta edição tem como tema ‘O legado das políticas públicas de um reitor que mudou a relação da UFRJ com o seu entorno”.
Nas lives anteriores a roda de conversas e depoimentos tratou da jornada que elegeu Horácio Macedo o primeiro reitor eleito pela comunidade universitária de uma universidade federal e da luta do professor pela autonomia universitária que acabou contemplada na Constituição.
Em 1985 faz 40 anos que o reitor comunista assumiu a direção máxima da UFRJ implantando procedimentos que revolucionavam os padrões adotados à época. Especialmente que nos anos anteriores a universidade viveu o impacto de uma ditadura de governo militar.
A live é coordenada e mediada por Francisco de Assis, que além de apoiador do atual mandato do Sintufrj, é coordenador da Fasubra.
Além da Rádio Sintufrj, o programa vai ser transmitido pelo canal oficial da UFRJ e pelos perfis do sindicato no Facebook, Instagram e Youtube.

 

A educação municipal está em greve por tempo indeterminado contra o Projeto de Lei Complementar (PLC) 186/2024 do prefeito Eduardo Paes que traz vários ataques aos servidores municipais. O movimento que exige o arquivamento do projeto foi deflagrado segunda-feira, 25, e já sofreu repressão com bombas de efeito moral e balas de borracha desferidos pelas forças de segurança municipal e estadual em protesto em frente à Prefeitura.
Já na terça-feira, 26, com manifestação na Câmara do Rio, os servidores conseguiram retirar de pauta essa semana a votação do projeto e arrancou reunião com os parlamentares. Nesta quinta-feira, 28, a categoria realizou vigília na Câmara Municipal pela manhã com ato na Cinelândia. Nova assembleia para discutir os rumos da greve acontece nesta sexta-feira, 29, na São Clemente.
Prejuízos
O PLC 186 estabelece novas regras para o Plano de Cargos e Salários dos profissionais da educação. Está sendo proposto a alteração da contagem das horas-aula dos professores da rede municipal prejudicando gravemente a categoria.
O PLC, que além de modificar o formato da hora-aula fazendo com que o professor trabalhe mais sem contrapartida salarial, acaba com a licença especial de todos os servidores e coloca em risco o formato atual das férias da educação, entre outros prejuízos.
Os professores e funcionários das escolas do município também exigem a revogação da Lei 8666/2024, que aumenta para até 6 anos os contratos temporários na rede.

O Sepe lançou uma petição on line em defesa da educação pública e em apoio aos profissionais da educação do Rio de Janeiro. Em menos de 24 horas, a petição passou de 17 mil assinaturas. O objetivo é alcançar 50 mil assinaturas para pressionar a Câmara Municipal.

ASSEMBLEIA lotada de professores define resistência a sequestro de direitos foto: Divulgação

 

 

Manifestação bem sucedida na manhã desta quinta-feira, 28, dos Vigilantes da Front, até então sem salários e organizados pelo sindicato da categoria (SindvigRJ}, com apoio do Sintufrj de estudantes e da Adufrj, conseguiu garantias do pagamento de salário e vale alimentação atrasados. Reitor Roberto Medronho saiu do Consuni apontando a indignidade da situação para convocar donos das empresas .

Na reunião entre Sindvig, Sintufrj, Adufrj, Fasubra, Reitoria, PR3 e empresas Front e Guarda Angel, foi firmado o acordo de pagamento de fatura de setembro pela  UFRJ às empresas, que por sua vez se comprometem a pagar amanhã. “Toda esta movimentação somente foi possível porque os vigilantes foram a luta”, avaliou o coordenador Geral do Sintufrj Esteban Crescente, destacando, no entanto, que a próxima semana será, mais uma vez de tensão, porque, apesar de garantido o pagamento atrasado,  há incerteza quando ao próximo. “Enquanto Sintufrj estamos alertas para a luta e solidários a nossos irmãos de classe”, declarou. Os representantes do Sindvig agradeceram fortemente o apoio do Sintufrj.

O pagamento atrasado ficou compromissado, mas incerteza quanto ao próximo mostra a fragilidade da situação, cuja origem, como lembrou o coordenador da Fasubra, é a enorme restrição orçamentária. Portanto, é preciso unidade e mobilização pública de toda comunidade, para a disputa por orçamento no Congresso e para enfrentar os limites do arcabouço fiscal que cerceiam a capacidade do governo de financiar a universidade. Caso contrário, situação de cortes de energia, água e outros serviços essenciais podem não só se repetir como inviabilizar a UFRJ. “Caso contrário, continuaremos enxugando gelo”, declarou.

Fotos e vídeos: Renan Silva

No final da atividade, dirigentes das entidades da UFRJ, Fasura e Sindvig comemoram o resultado, fruto  da unidade das categorias

 

Veja como foi

Trabalhadores da empresa de Vigilância Front, organizados pelo Sindicato da categoria no município do Rio (SinvigRio), com apoio do Sintufrj, vários militantes da sua base e de estudantes da UFRJ, realizaram manifestação, no início da manhã desta quinta-feira, 28, na entrada dos prédios das Pró-Reitorias, no Parque Tecnológico.

Sem salários há quase dois meses (não foi pago o de outubro, no início de novembro) e sem a certeza do pagamento deste mês, que deverá ser no quinto dia útil, somado a falta do auxílio alimentação, muitos deles não tem dinheiro sequer para o transporte, para comprar alimentos e há casos até de despejo entre 585 profissionais contratados pela empresa.

Representados pelo presidente do Sindicato dos Vigilantes do Município do Rio, Humberto Rocha, pelo vice-presidente Leandro Siqueira e alguns outros diretores, junto com o coordenador do Sintufrj Esteban Crescente e da Fasubra, Francisco de Assis, foram recebidos em reunião com o Pró-Reitor de Planejamento Orçamento e Finanças, Helios Malebranche.

O pró-reitor detalhou o caos financeiro da instituição e explicou que, em detrimento de outras dívidas, priorizou mais um pagamento de todas as empresas de segurança (o de setembro, embora destacasse que o atraso ainda estivesse dentro do prazo contratual de 60 dias dentro do qual a empresa deve manter o serviço). Ele informou por fim que o pagamento deveria ser feito no dia seguinte.

Ato no Consuni

O grupo pediu também que a UFRJ realizasse reunião urgente com as empresas sobre o atraso e o pró-reitor sugeriu que pudesse ser na próxima segunda-feira, dia 2. Insatisfeito sem a certeza da data do pagamento e sem a urgência que esperavam no tratamento da demanda, o grupo seguiu para o auditório onde se realizava o Conselho Universitário, ocupando o auditório no ato também que contou com apoio do Sintufrj, Adufrj e DCE, buscando inciativa por parte do reitor para garantir o pagamento.

Durante o expediente, Esteban pediu no colegiado que, assim como a Reitoria mobilizou a comunidade para uma aula pública diante do corte de luz e água inviabilizando aulas e prejudicando estudantes e trabalhadores, houvesse mobilização ainda mais eloquente em se tratando da manutenção da subsistência de centenas de trabalhadores. O presidente do Sindicato dos Vigilantes, Humberto Rocha, expôs aos conselheiros a dramática situação, mencionando que, a falta de solução poderia levar à suspensão das atividades e que os dirigentes ficariam acampados em frente à pR-3 até que houvesse uma solução.

      

 

Reunião emergencial com empresas

O reitor Roberto Medronho reiterou o grau de comprometimento das finanças da UFRJ, as enormes restrições orçamentárias, mas indignou-se com a falta de pagamento dos trabalhadores e, retirando-se da sessão do conselho que presidia, convocou pessoalmente os representantes da empresas para reunião emergencial, de volta ao gabinete da PR-3.

Na segunda reunião da manhã, desta vez conduzida pelo reitor com os donos da Front, e também da Angel`s Vigilância e Segurança (outra empresa com grande número de vigilantes atuando na UFRJ), foi compromissado, não apenas o pagamento da UFRJ da parcela de setembro, como o pagamento por parte da empresa amanhã mesmo aos vigilantes da Front.

O reitor Roberto Medronho na reunião com Esteban, Humberto Rocha (SindvigRJ), Francisco de Assis, os donos das empresas Front e Engel’s (sentados à frente), o prefeito Marcos Maldonado, o pró-reitor Helios Malebranche, diretores do Sindicato dos Vigilantes e demais profissionais da empresa.

Com uma pauta centrada na conjuntura e na finalização do acordo de greve assinado com o governo, cuja consolidação deve ocorrer até 27 de dezembro, os técnicos-administrativos em educação da UFRJ participaram na quarta-feira, 27, no auditório Quinhentão (CCS), da assembleia simultânea Fundão, IFCS e Macaé convocada pelo Sintufrj.
Uma das propostas aprovadas encaminhada pela direção sindical foi a realização de um grande ato público, no Rio de Janeiro, no Dia Internacional dos Direitos Humanos, em 10 de dezembro, pela necessária prisão de Jair Bolsonaro e punição rigorosa para todos os golpistas e pela aprovação do fim da escala de trabalho 6X1.
A assembleia deliberou pela delegação à plenária nacional virtual da Fasubra dias 5, 6 e 7 de dezembro.
Unidade e Mobilização
O coordenador-geral da entidade, Esteban Crescente, fez um resume da posição da direção sindical frente aos recentes acontecimentos políticos no país. “Para o ato no dia 10 a mobilização tem que ser conjunta”, afirmou. “O Sintufrj dialoga com sindicatos e outras entidades representativas da sociedade civil e centrais sindicais para organizar essa ação política no Rio. A sociedade brasileira tem que ser mobilizada contra os golpistas, que tinham planos de capturar e executar, com o envolvimento das Forças Armadas. O objetivo dos generais e seus asseclas era manter seus privilégios”, acrescentou.
O dirigente citou como exemplo o general Braga Neto (vice na chapa de Jair Bolsonaro, ministro da Defesa e interventor na Segurança Pública do Rio de Janeiro, em 2018, ano em que Marielle Franco foi assassinada), cujo salário chegou a R$ 100 mil no governo Bolsonaro.
No dia 10 de dezembro, também entrará na pauta o debate político de maior força no momento, que é a substituição da jornada de 44 horas semanais e 8 horas diárias de trabalho no país pela jornada semanal de 36 horas 4 dias de trabalho e 3 de folga, conforme propõe a PEC 6X1. “Atuar pela adesão total a essa campanha nacional é uma tarefa de todos nós. A essência do movimento sindical foi a mobilização contra a extenuante jornada de trabalho de até mais de 15 horas diárias”, lembrou Esteban. Ele também defendeu que essa agitação incorporasse a luta em defesa do mandato do deputado Glauber Braga, que está sendo perseguido no Congresso Nacional, por defender os interesses dos trabalhadores e se colocar contra o Centrão, que reúne a direita fisiológica, e a extrema direita.
Todos juntos pela UFRJ
A tônica dos próximos dias será também a continuidade da defesa intransigente da UFRJ. “A universidade ia fechar porque não tinha água e luz por falta de pagamento, mas o Sintufrj se reuniu a todas as outras entidades que compõem o movimento na comunidade universitária e com a administração central, e a instituição voltou a ter água e luz. Nossas diferenças são colocadas de lado quando se faz necessário”, reafirmou o dirigente.
Vigilantes e CIS
“No momento, cobramos da Reitoria uma solução para os vigilantes terceirizados da empresa Front, que estão sem receber salário e benefícios. Vamos na sessão do Conselho Universitário na quinta-feira, 28, com cartazes e muita agitação, porque esses companheiros precisam do nosso apoio nessa luta. A situação deles é análoga à escravidão e não podemos ficar alheios a isso. A outra cobrança é dirigida à Pró-Reitoria de Pessoal que teve uma postura muito ruim no processo de eleição para a Comissão Interna de Supervisão da Carreira (CIS). Reivindicamos uma mesa geral para discutirmos esse assunto e outras demandas, mas ainda não recebemos respostas”, informou Esteban.
Deliberações da Fasubra
Na reunião de direção, na terça-feira, 26, a Fasubra aprovou vários encaminhamentos, informou o coordenador de Comunicação da entidade, Francisco de Assis. “A federação decidiu pela elaboração de um documento sobre a decisão do STF de tornar não obrigatório a contratação de servidores públicos da administração direta pelo RJU e de pôr sob ameaça a nossa carreira e estabilidade, e fazer uma ampla aliança para garantir que o governo atual não implante o que o STF aprovou”.
Outra deliberação da Fasubra foi organizar um calendário de mobilização e chamar outra plenária – após a de 5 a 7 de dezembro – para análise e acompanhamento do encerramento do acordo que deve ser finalizado até 27 de dezembro. “No dia 10 de dezembro, coincidindo com a grande mobilização de rua, o governo pretende pôr na agenda uma reunião com a Fasubra e o Sinasefe para tratar dos pontos do acordo em aberto.”, antecipou Assis.
A reunião aprovou também incorporar a luta contra os golpistas e pelo afim da jornada 6X1.
GT Carreira Sintufrj
Marisa Araujo, uma das integrantes do GT Carreira-Sintufrj, com a colaboração do coordenador de Educação e Cultura do Sintufrj, Edmilson Pereira, fez um resumo do relatório já preparado, que demandou muito estudo e reuniões extras do grupo, que, oficialmente, se reúne às segundas-feiras, pela manhã, na sede do Sintufrj.
“Nos fixamos em quatro pontos: Desenvolvimento, Racionalização de cargos, Reposicionamento de Aposentados e Reconhecimento de Saberes e Competências (RSC)”, explicou Marisa.
PDI
Fernando Pimentel, da Pró-Reitoria de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças, atualizou a categoria presente na assembleia sobre a conclusão do Programa de Desenvolvimento Institucional (PDI). “Ainda há tempo para elaboração de propostas que tenham a ver com a categoria e a universidade. As contribuições devem ser enviadas pelo e-mail pdi@pr3.ufrj.br. O programa será levado ao Conselho Universitário em 2025 para aprovação até o mês de março”. Segundo o servidor, já foram realizadas quatro audiências públicas nos campi da UFRJ e uma consulta pública, que obteve 730 respostas.
Apoio às lutas dos vigilantes e da educação – A assembleia garantiu espaço para que a direção do Sindicato dos Vigilantes do Município do Rio de Janeiro expusesse a situação humilhante dos mais de 500 trabalhadores da empresa Front, cujos salários e benefícios não estão sendo pagos. E que fosse dado informes sobre a mobilização dos professores da rede municipal contra o PCL 186, em tramitação na Câmara de Vereadores, que aumenta a jornada de trabalho em sala e reduz o tempo destinado para planejamento das aulas e outras tarefas didáticas.

Propostas aprovadas na assembleia
1 – Sintufrj construirá ação unificada de luta pelo fim da escala 6×1, antes da audiência pública na Câmara de Deputados, em 4/12.
2 – Seminário do Sintufrj para construir propostas para serem levadas à Administração Central para o novo PDI 2025-2029. Até final de janeiro de 2025.
3 – Que o Sintufrj tenha maior participação na construção do PDI, nas propostas de acessibilidade como uma das prioridades para inclusão de servidores com deficiência.
4 – Cobrar no ato do Consuni quinta 28/11 que a Reitoria explicite a situação da UFRJ sobre pagamentos das contas de água e luz, e sobre o processo do Edifício Ventura.
5 – Criação de comissão de trabalhadores e trabalhadoras de hospitais.
6 – O Sintufrj deve articular com SGAADA e PR-4 para melhor formulação de estratégias de inclusão de servidores com deficiência na UFRJ. Levar para o Congresso Nacional pautas relacionadas a carreira e estratégias para a inclusão de servidores com deficiência. Cabe destacar que o movimento de pessoas com deficiência ainda não tem uma importante visibilidade, principalmente no serviço público. Desse modo, faz-se necessário proporcionar o protagonismo de servidores com deficiência através do fortalecimento do lema internacional “nada sobre nós sem nós” dando maior visibilidade ao mês de dezembro, devido ao dia internacional da pessoa com deficiência (3 de dezembro). Dentro da estrutura do Sintufrj pensar em estratégias para prover acessibilidade e inclusão
Agenda
Quinta-feira, 28/11:
8h, ato do Sintufrj com os vigilantes da Front.
9h, ato no Consuni em defesa do salário dos terceirizados e a CIS.
18h, ato unificado contra a perseguição aos lutadores convocado pelo Fórum Estadual em Defesa da Educação Pública, na Cinelândia.
Sexta-feira, 29/11:
11h, live III tributo ao reitor Horácio Macedo.
Segunda-feira, 2/12:
15h, recepção aos novos concursados.
Quinta-feira, 5/12:
Festa da Gratidão do Sintufrj
Quinta, 5, sexta,6 e sábado:
Plenária virtual da Fasubra.
Terça-feira, 10/12:
Protesto nacional contra os golpistas.
Segunda-feira, 16/12:
GT Carreira Sintufrj — finalização.
Delegação à plenária da Fasubra:
Foi referendada a chapa única, e os nomes serão indicados até sexta-feira, 29 de novembro.

 

O legado das políticas públicas de um reitor que mudou a relação da UFRJ com o seu entorno
Reserve na sua agenda: sexta-feira, 29/11
das 11h às 13h
Com convidados

Samba, teatro e poesia no Glauber Fica no Circo Voador reunião partidos, sindicatos e movimento social em solidariedade ao parlamentar ameaçado pela direita e pelo fisiologismo na Câmara Federal

Na véspera de completar 90 anos de idade e cumprindo o seu sétimo mandato consecutivo de deputada federal,Luiza Erundina (Psol-SP) emocinou os presentes na sessão da Comissão de Ética na manhã desta quarta-feira (27). A parlamentar lembrou sua trajetória política (vereadora, deputada estadual, prefeita de São Paulo) e disse que era como muita honra que estava ali, fazendo a defesa do mandato popular de Glauber Braga, cuja atuação, ela destacou, tem os interesses do povo como referência. A audiência desta quarta-feira deu seguimento ao processo contra o deputado movido por pressão do notório presidente da Casa, Arthur Lira (Progressistas).

Na noite da segunda-feira (25) o evento “Glauber Fica/Fora Lira” reuniu no Circo Voador representantes de partidos de esquerda, dirigentes sindicais (o Sintufrj foi representados por coordenadores e militantes apoiadores), lideranças dos movimentos sociais e grupos do movimento estudantil num ambiente ecumênico de solidariedade ao combativo parlamentar e de defesa da democracia.

Foi uma manifestação diferente, com a participação de vários artistas, com samba, teatro e poesia. Compositores e cantores como Moysés Marques e o pessoal da Casuarina, a Orquestra Voadora e o pessoal de circo se apresentaram. A noite foi encerrada com apresentação do Bloco Comuna que Pariu, do PCB.

O processo contra Glauber Braga foi admitido na Comissão de Ética numa ofensiva dos grupos de direita e fisiológicos e que tem os extremistas do Movimento Brasil Livre (MBL) e, pessoalmente, Fernando Lira, como incentivadores. O pretexto para o processo foi Glauber ter reagido à presença nos corredores da Câmara de um provocador do MBL
Há vícios, manipulações, armações de todo tipo na condução do processo. A relatoria , por exemplo, impediu o depoimento de testemunhas de defesa como Felipe Neto e Eduardo Moreira, criador do Instituto Conhecimento Liberta (ICL).
O Sintufrj – ao lado das forças progressistas que lutam em defesa da democracia – é solidário à luta pela defesa do mandato do deputado Glauber Braga.