FOTOS: RENAN SILVA

Às escuras e sem água. Esta é a triste realidade da maior universidade federal do país e a terceira mais importante da América Latina. Por falta de pagamento, a Light e a Águas do Rio cortaram o fornecimento de luz e água para parte da UFRJ, levando caos para a comunidade universitária por onde circulam, diariamente, entre servidores técnicos-administrativos e docentes, estudantes, terceirizados e prestadores de serviços, pelo menos cem mil pessoas.
A Light iniciou os cortes na terça-feira, 12, pelo prédio histórico da Reitoria, onde funcionam a Procuradoria, a Escola de Belas Artes e a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo; no Palácio do Museu Nacional, e no Horto Botânico, instalados na área da Quinta da Boa Vista, e no estacionamento da Coppead. Na manhã desta quarta-feira, 13, outra surpresa desagradável: a Águas do Rio interrompeu o fornecimento para todos os andares da Reitoria.
Segundo o reitor Roberto Medronho, a UFRJ precisaria de R$ 192 milhões para zerar todas as dívidas acumuladas ao longo dos últimos anos. O débito com as concessionárias de anos atrás soma R$ 65 milhões. Por ano, o gasto total de energia elétrica da universidade é de R$ 70 milhões, por conta dos equipamentos de ponta – “responsáveis pelas pesquisas que rendem bilhões de reais ao governo”.
Socorro do MEC – Medronho antecipou que para mostrar que não há má-fé por parte da UFRJ, estava sendo providenciado o pagamento urgente de uma das parcelas devidas à Light, de cerca de R$ 4 milhões. “Pegamos um pouquinho de cada lugar para juntar essa quantia”, disse. Mas, a expectativa era receber ainda nesta quarta-feira, um socorro do MEC de R$ 1,5.
“Ato arbitrário e ilegal”
Com a ajuda de um gerador portátil de pouca potência, o reitor reuniu servidores, estudantes e a imprensa no hall de entrada do prédio da Reitoria para “apresentar a situação orçamentária que é dramática. A água da Reitoria acabou de ser cortada”, iniciou Roberto Medronho.
“Esse prédio, por onde passaram Cândido Portinari, Oscar Niemeyer, Oswaldo Cruz, Carlos Chagas, Clarice Linspector, Ana Maria Machado, aria da Concenição Tavares, Carlos Lessa, entre outras figuras de destaque, e são feitas altas pesquisas não pode ficar na escuridão. Foi um ato arbitrário e ilegal. Já entramos com agravo regimental. A antecipação de tutela caiu e eles cortaram, explicou Medronho. “A situação vai de encontro a ciência e tecnologia e exige que todo o corpo social da UFRJ esteja unido na indignação”, afirmou o reitor.
Corte interrompido
Roberto Medronho informou que a energia elétrica do Palácio do Museu Nacional foi restabelecida. “Tiveram juízo e religaram”. Entre os vários acervos preciosos, o museu guarda o Manto Tupinambá, que tem que ser mantido sob condições especiais de preservação – “pertenceu a um ancestral de quase 400 anos”. No Horto Botânico localizado no pavimento subterrâneo ao lado do museu, está guardada uma coleção inédita de invertebrados.
“Onde cem mil pessoas circulam diariamente não pode ficar desprovida. Que chamem a força policial para nos prender, mas aqui não vão fechar”, garantiu o reitor, que conta para resistir e lutar pela sobrevivência da universidade com o apoio das entidades sindicais e estudantis, e toda a comunidade universitária.
Sintufrj e Fasubra
na defesa da UFRJ
O coordenador-geral do Sintufrj, Esteban Crescente, afirmou na coletiva: “Se o Teto de Gastos permanecer, se não houver uma recomposição orçamentária robusta para a UFRJ, com luta e com garra vamos levar esse movimento de defesa da universidade para as ruas”. O dirigente lembrou que na negociação da campanha salarial com o governo foi incluída na pauta recursos extras para a instituição, e essa ajuda, embora pouca, foi conquistada pelos trabalhadores técnicos-administrativos em educação.
Francisco de Assis, coordenador da Fasubra, complementou: “Essa universidade é maior que as nossas diferenças políticas com a Reitoria e entre nós. Arthur Lira (presidente da Câmara dos Deputados) é o grande orquestrador dos cortes. A luta é unificar todos os trabalhadores, incluindo terceirizados e estudantes, e a sociedade para um grande ato em defesa da UFRJ e contra esses cortes do arcabouço fiscal”.
O dirigente do DCE Mário Prata, Enderson Ramon, propôs a realização imediata de uma plenária estudantil para saber o que fazer daqui para frente. “Precisamos de respostas: quando vai chegar a luz no prédio e quando vai chegar a verba”.
“A UFRJ precisa ser referência para o mundo em ciência e tecnologia. A reconstrução orçamentária das Ifes tem que estar no centro da luta. A recomposição orçamentária tem que ser urgente. A UFRJ é muito grande e importante para a soberania nacional”, destacou Paula Coutinho, diretora da UNE,

FRANCISCO DE ASSIS, coordenador da Fasubra, na reunião de resistência em defesa da UFRJ
ROBERTO MEDRONHO coletiva de imprensa improvisada
REITOR EXPÕE A DRAMATICIDADE da situação da universidade
COORDENADOR GERAL DO SINTUFRJ, Esteban Crescente, na manifestação no histórico prédio da reitoria

 

O Supremo Tribunal Federal (STF) foi evacuado após terem sido ouvidas explosões, por volta das 19h30, na Praça dos Três Poderes. Uma pessoa morreu, segundo o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal. 

Em nota, o STF disse que foram “ouvidos dois fortes estrondos ao final da sessão e os ministros foram retirados do prédio com segurança”. “Os servidores e colaboradores também foram retirados por medida de cautela”, acrescenta. O público que participava da sessão que analisava ação sobre letalidade policial em favelas foi retirado às pressas. As explosões foram ouvidas após o encerramento da sessão.

Policiais militares e bombeiros foram acionados e estão no local.

Esplanada dos Ministérios fechada

O acesso a Esplanada dos Ministérios foi fechado após as explosões.

A Polícia Civil do Distrito Federal informou que já deu início “às primeiras providências investigativas e a perícia foi acionada ao local”.

Palácio do Planalto

A segurança foi reforçada no Palácio do Planalto, que fica no lado oposto ao STF, na Praça dos Três Poderes.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não estava no Planalto no momento das explosões. Ele deixou o local por volta das 17h30 em direção ao Palácio da Alvorada.

Fonte: Agência Brasil

Foto: Bruno Peres / Agência Brasil

“A exposição Arquivo Central foi desenvolvida pensando em marcar os 60 anos da Ditadura no Brasil, um dos períodos mais tenebrosos da história do nosso país”, diz diretor do SIARQ, Cláudio Roberto Leite

FOTOS: RENAN SILVA

Na batida dos eventos na UFRJ para marcar os 60 anos do golpe militar, o Arquivo Central promove a exposição “O Arquivo Central nos anos de chumbo: recortes documentais da UFRJ durante a ditadura civil-militar (1964-1985)”. A inauguração da exposição foi nesta quarta-feira, 13 de novembro, no hall do Edifício Jorge Machado Moreira (no prédio histórico da Reitoria da universidade), e permanecerá até 21 de novembro.
“A exposição Arquivo Central foi desenvolvida pensando em marcar os 60 anos da Ditadura no Brasil, um dos períodos mais tenebrosos da história do nosso país. É lembrar os 60 anos de 1964 para nunca mais acontecer. Embora os militares tenham desempenhado um papel central, o golpe contou com apoio de setores da sociedade civil, como políticos, empresários, membros da elite econômica e parte da mídia”, declara o diretor da Divisão de arquivos permanentes do Arquivo Central – SIARQ/UFRJ, Cláudio Roberto Leite.
Ele informa que a exposição reúne um conjunto de documentos da UFRJ relativos ao período, tais como processos administrativos abertos contra servidores, o documento que extinguiu a Faculdade de Economia, atas do Conselho Universitário registrando a expulsão de estudantes, etc. “Aqui na UFRJ tivemos a repressão atuando”, comenta Cláudio. Ele acrescenta que até faixas dos estudantes de 1963 fazem parte do acervo da exposição.
A imagem do card que ilustra a exposição que tem a frase “ESTUDANTES + POVO garantia das LIBERDADES DEMOCRÁTICAS” é uma dessas faixas de 1963. “É lembrar para não esquecer e para que não se repita”, frisa Cláudio.
O diretor da SIARQ destaca também que a exposição homenageia as 25 pessoas entre alunos e professores da UFRJ, mortos ou desaparecidos, que não retornaram para suas casas e famílias. “Essa exposição também será uma forma de homenagear esses alunos, professores e técnicos-administrativos que lutaram pelo retorno da democracia em nosso país”, afirma.

DOCUMENTOS DOS ANOS EM CHUMBO na exposição
EQUIPE DO SIARQ QUE SE ENVOLVERAM na organização dessa importante exposição que resgata a história que deve ser lembrada para nunca ser esquecida

Amanhã, dia 14/11, às 10h, nos reunimos no prédio da Inova Parque Tecnológico para o ato NÃO APAGUE A UFRJ em defesa da recomposição orçamentária da nossa universidade! Vamos juntos mostrar a importância da UFRJ e lutar por seu futuro. Participe e fortaleça essa mobilização! ✊

#NãoApagueAUFRJ #RecomposiçãoOrçamentária #DefendaAUFRJ

Numa ação com características de orquestração, a Águas do Rio, a empresa privada responsável pelo abastecimento da cidade, acaba de cortar o fornecimento de água do prédio da Prefeitura Universitária, do restaurante universitário e do alojamento estudantil. Na prefeitura, os funcionários da empresa estão acompanhados de força policial.
O prefeito Marcos Maldonado chegou a argumentar com os funcionários da empresa sobre as consequências da interrupção do abastecimento no restaurante e no alojamento. Não foi ouvido.
Cerca de 500 estudantes moram no alojamento. O restaurante universitário, conhecido como bandejão, serve cerca de 9 mil refeições por dia. Tanto o alojamento quanto o bandejão atendem especialmente boa parte do grupo estudantil que chegOU à universidade por ações afirmativas.
A crise orçamentária da maior universidade federal do país ingressou numa fase aguda (FOTO: RENAN SILVA)

DE CAMISA AZUL CLARA, o prefeito Marcos Maldonado que tentou evitar os cortes mas não foi ouvido

Por Mídia  Ninja

A Proposta de Emenda à Constituição que prevê o fim da escala 6×1 atingiu o quórum de assinaturas necessário para começar a tramitar na Câmara dos Deputados. O projeto é de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), que formalizou uma iniciativa do Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), do vereador eleito no Rio Rick Azevedo (PSOL).

De acordo com o jornalista Juliano Galisi do jornal Estadão, o texto conta com 194 assinaturas no sistema interno da Câmara no início da manhã desta quarta-feira, 13. Para que a PEC fosse protocolada, eram necessários ao menos 171 signatários.

Uma vez protocolada, a PEC começará a ser discutida na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara. No colegiado, haverá a designação de um relator para o texto, que poderá modificar o projeto por meio de um substitutivo, além de acatar sugestões de outros deputados federais. Aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça, a proposta seguirá para a apreciação de uma comissão especial. Somente após esse trâmite, o texto ficará apto a ser pautado no plenário.

A inclusão do texto na ordem do dia de votações, no entanto, não é imediata e, na prática, depende de um acordo entre o colégio de líderes da Casa, formado por líderes das siglas e de blocos parlamentares, como o bloco governista e da oposição. É por isso que, desde já, a deputada federal Erika Hilton sinaliza que vai discutir a medida com líderes parlamentares, como o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).

Editado · Agora

Cerca de 1.300 pessoas, entre trabalhadores da educação de dezenas de países, estudantes e ativistas sociais, estão reunidas na Universidade do Estado do Rio (Uerj) para o III Congresso Mundial contra o Neoliberalismo na Educação.
A abertura foi no dia 11 ao som da Internacional Socialista no Teatro Odylo Costa Filho. No evento, que tem 40 delegações de vários países, e vai até o próximo domingo, 17, estará em debate a resistência aos projetos de mercantilização da educação em âmbito internacional.
As entidades organizadoras do congresso Andes, Fasubra, Sinasefe, Sepe/RJ, Asduerj, Apeoesp, e Outras Vozes da Educação, que organiza internacionalmente a atividade, têm o objetivo comum de definir estratégias e traçar luta conjunta para barrar as ameaças à educação pública que vem sendo bombardeada pelas políticas neoliberais e pelo capitalismo selvagem.
O representante da entidade Outras Vozes na Educação, Luis Bonilla, afirmou que essa terceira edição é um reforço singular na América Latina e no mundo para se pensar a qualidade da educação nessa conjuntura difícil.
O Congresso segue com debates, painéis, oficinas, exposição e apresentações culturais. E está dividido em eixos temáticos abordando os ataques do capital à educação, a mercantilização do ensino e a luta em defesa da educação como parte dos direitos humanos.

Fasubra

O coordenador de Comunicação da Fasubra. Francisco de Assis, que participou da mesa de abertura falou que o congresso é um ato de resistência de seus participantes.
“Já somos resistência porque estar num evento como esse de caráter mundial, com companheiros de outros países, já demonstra o interesse de continuar essa luta e resistindo a extrema direita aqui no Brasil particularmente. Nós trabalhadores da educação precisamos além da resistência precisamos fortalecer as nossas estratégias para combater não só o neoliberalismo mais também todas as suas formas e vertentes. Não estamos convencendo a sociedade e esse ato de resistência é vigoroso para avaliarmos e construir e fortalecer essa luta.
O ato de resistência de cada um que está aqui tem que ecoar nas nossas bases, nas nossas salas de aula, no nosso círculo de trabalho, na associação dos moradores. Tem que ser um movimento e uma onda que possa realmente trazer a população para o sonho e a esperança de que o socialismo é possível. Esse é o nosso desafio e falo isso em nome da Fasubra que é uma entidade que sempre fez luta para defender a educação pública, gratuita e de qualidade”, completou o dirigente.
“Nesse momento nós estamos completando 40 anos de uma mobilização forte que nós fizemos no país, em que a gente resgata a memória para valorizar as ações que foram feitas. Falo isso da UFRJ, sou trabalhador técnico-administrativo da UFRJ. E uma das bandeiras de luta que inclusive é parte do nosso movimento é fortalecer a nossa luta pela valorização do papel técnico-administrativo. Quando lutamos por autonomia universitária há 40 anos lembramos do único reitor que tivemos na história desse Brasil, um reitor comunista que trabalhava com a população e que participava das nossas assembleias. Lembramos isso para resgatar a memória de que é possível construir sim e ter nossos camaradas que possam assumir a universidade comum viés democrático, com um viés de que a participação dos trabalhadores e dos estudantes na ocupação do espaço de poder nas universidades são fundamentais e importante para nossa luta de resistência. É ocupar os lugares de fala e ocupar os espaços de poder para que a gente possa conduzir as universidades com autonomia e com democracia”, finalizou Francisco de Assis.
A coordenadora do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica (Sinasefe), Laryssa Braga, reafirmou que o congresso é um ato de resistência e defendeu a união contra o avanço da extrema-direita no mundo. “Teremos tempos ainda mais difíceis. Especialmente para a educação no Brasil, com nosso orçamento cortado para servir o capital e a lógica neoliberal”, alertou.

Professores e estudantes

“Nós do Andes temos a convicção de colocar o nosso sindicato a serviço dessa luta com técnicos, estudantes e todos aqueles que seguem no caminho da resistência”, afirmou a 1ª Tesoureira do Andes, Jennifer Webb.
A presidente da Asduerj, Amanda Moreira, falou da necessidade de organização de trabalhadores e estudantes. Na Uerj, a comunidade tem resistido aos projetos de privatização da instituição.
“Somos uma universidade popular. Temos um perfil composto por filhos da classe trabalhadora. Precisamos e fato nos organizar enquanto trabalhadores e estudantes para enfrentar essa lógica neoliberal perversa. Construir essa contra hegemonia é uma tarefa que está posta para todos que estamos aqui.”
Do campo estudantil, há mais de 600 estudantes participando do congresso, a presidente da Une, Thais Raquel, frisou: temos de apostar na luta organizada para barrar o avanço do projeto neoliberal para a educação.

O Sintufrj se soma a mobilização nacional em defesa do fim da escala de trabalho 6×1, que é vigente na maior parte do setor de serviços e bastante comum no comércio e indústria.
A Proposta de Emenda a Constituição que propõe alterar a legislação precisa de 171 assinaturas de deputados a pressão popular já alcançou a assinatura de mais de 150, por isso assine também a petição https://peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=BR135067.
A luta pela redução da jornada de trabalho é uma pauta histórica da luta sindical. A jornada 6×1 se configura em uma superexploração da classe trabalhadora, garantindo os lucros dos grandes empresários, ao custo da vida do povo trabalhador, que é excluído do lazer, estudo e tempo com a família.
Vários países têm aplicado redução das semanas de trabalho em todo o mundo devido ao avanço das condições técnicas de produção. O grande entrave é político e de classe. Por isso, o Sintufrj reafirma seu compromisso com a luta de toda a Classe Trabalhadora por direitos e superação da exploração capitalista.

Aula pública esta quarta, no prédio antigo da reitoria, às 10h, debaterá crise orçamentária. Plano da empresa é de suspender o fornecimento de energia em 15 unidades. Sintufrj denuncia arbitrariedade

FOTOS E VÍDEOS: RENAN SILVA

Depois de suspender o fornecimento da iluminação no Museu Nacional, em São Cristóvão, na Editora da UFRJ (na Praia Vermelha), no antigo prédio da Reitoria (JMM), na Associação de Moradores da Vila Residencial e no estacionamento da Coppead, a Light partiu para desligar até a luz do Gabinete do Reitor Roberto Medronho no início da noite desta terça-feira (12). Pretendia também seguir para a sede da prefeitura universitáira mas, por ação da Procuradoria,  a operação foi suspensa por ora. Amanhã pode prosseguir porque plano era cortar a luz de 15 unidades. O prefeito Marcos Maldonado, no entanto, adianta que não pode permitir o corte de luz na via pública, no Alojamento e no Restaurante Universitário para proteção da comunidade.

A Reitoria convocou aula pública nesta quarta–feira (13)  às 10h, no prédio Jorge Machado Moreira, antiga reitoria. Roberto Medronho vai abordar crise orçamentária. Vai ser à base de um gerador porque o prédio que vai abrigar o ato continua sem luz. Sintufrj aponta importância da mobilização para evitar o desmonte, critica a arbitrariedade e denuncia os efeitos da privatização que visa o lucro em detrimento do funcionamento desta instituição essencial para a sociedade.

Caso repercutiu na mídia. Reitoria deve ir à Justiça.

Reitor discute com técnicos da Light sobre arbitrariedade da ação

Em nota sobre os cortes em várias unidades isoladas e do Fundão, a Reitoria afirma que em nenhum momento se negou a pagar a dívida (de mais de R$35 milhões), que vem solicitando suplementação orçamentária ao MEC, mas que a Light, depois de uma reunião sem consenso hoje iniciou corte em 15 edificações da UFRJ. “As atividades acadêmicas e de assistência à saúde realizadas na UFRJ são essenciais e a Reitoria já adotou medidas para reverter o mais rápido possível esse quadro”, diz o texto cuja íntegra está no final da matéria.

Um dia antes, em uma cerimônia de reconhecimento ao serviço prestado por quase 30 servidores com mais de 50 anos na UFRJ, o reitor Roberto Medronho alertava o público justamente sobre a asfixia que a UFRJ vem enfrentando há anos, injustificada diante da dimensão da maior universidade federal do país e da sua produção para a sociedade em ensino, pesquisa, extensão e assistência, apesar dos esforços nos ministérios por recursos suplementares.

Sintufrj defende importância da mobilização

“O sindicato sempre defendeu a importância de mobilizar toda a comunidade acadêmica contra a dramática situação dos cortes de gasto. Não à toa fomos linhas de frente na greve nacional unificada e convocada pelos técnicos ativos em educação que unificou os segmentos de várias universidades em todo o país. A situação de corte orçamentário é em nome de uma política de teto de gastos que alterou o nome e flexibilizou em pequeno percentual o investimento nos gastos primários com arcabouço fiscal. Essa é uma política de morte da universidade pública e dos direitos da população e esse acontecimento hoje só reforça isso”, declarou o coordenador geral do Sintufrj Esteban Crescente.

Ele argumenta que tudo isso mostra ainda o quanto a privatização é danosa para a garantia dos direitos da população. “Da população, que é a Light, de forma abusada, autoritária, atacou. Num espaço que é fundamental para o funcionamento da sociedade, onde se faz ensino, pesquisa, extensão. E para a vida de milhares de estudantes, de toda a comunidade acadêmica, seus trabalhadores, sem nenhuma preocupação com as consequências disso. O funcionamento dos hospitais tem que ser prioridade. O nosso repúdio a essa postura autoritária que só avisa o poder financeiro, o poder econômico atrelado aos proprietários dessa empresa que hoje é privatizada”, denunciou.

Esteban pondera ainda que o subfinanciamento produz outras consequências: diversos trabalhadores da limpeza e vigilância nesse exato momento encontram-se com salários atrasados: “O drama não se dá apenas na questão (do corte) da luz, mas com nossos irmãos trabalhadores e trabalhadores que estão sem salários”.

O coordenador da Fasubra Francisco de Assis, morador da Vila Residencial, prestou solidariedade à Associação de Moradores, organização que conta com vários projetos sociais, de extensão e importantes que a universidade desenvolve na Vila, promovendo a troca, através da atividade de Extensão, entre a comunidade local e a universidade. “Esse corte do fornecimento da energia por parte da Light vai trazer prejuízos tanto para a academia como para a comunidade “, criticou.

Veja o momento em que a luz é cortada na Reitoria

   

 

A crônica do corte anunciado, devido à vertiginosa queda no financiamento dos custeio da maior universidade federal do Brasil, se concretizou na tarde desta terça-feira, dia 12, com a ação da Light de suspender, no meio da tarde, o fornecimento de energia no Museu Nacional (unidades 1 e 2 ) e na Editora da UFRJ, Depois a Light partiu para o Fundão. Cortou o fornecimento do estacionamento da Coppead, da Associação de Moradores da Vila Residencial, do prédio JMM, antiga reitoria, que abriga a Escola de Belas Artes e a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e seguiria para o gabinete da Reitoria e para a Prefeitura, Alojamento e Restaurante Universitário e vias públicas. Foi suspenso por ação da Procuradoria e resistência da Prefeitura.

O prefeito da Cidade Universitária, Marcos Maldonado disse que, embora se soubesse da gravidade do problema, isso estava em negociação e a efetivação da medida absurda da Light contra a UFRJ pegou a todos de surpresa. “A Procuradoria tinha liminar determinados que determinados pontos não poderiam ser cortados”, disse ele, argumentando que não poderia permitir o corte até por conta da determinação do juiz, nas vias públicas, no restaurante universitário, no alojamento e na Prefeitura, onde está o centro de operações de iluminação, segurança etc.

Os cortes feitos, permanecem. E as consequências irão ainda mais longe que isso, se o corte permanecer.

A Pró-Reitoria de Planejamento , Orçamento e Finanças emitiu um compromisso de pagamento, para tentar evitar o corte e a Prefeitura informou os lugares em que o corte se tornaria perigoso para a comunidade. “Como os alunos vão circular na escuridão, como vão se alimentar ou ficar no alojamento?”, questionou ainda durante a tarde.

Diante da situação absurda, Maldonado lembrou das palavras do reitor Carlos Lessa que, quando assumiu atravessou uma situação parecida na Reitoria e disse que esta instituição de ensino é lugar de luz, não de escuridão. Contou que esta é também a posição do reitor Medronho, mencionando até mesmo a repercussão internacional que a crise pode ter, lembrando que no museu há acervo que deve permanecer em ambiente de temperatura controlada, como o Manto Tupinambá, valioso artefato indígena trazido da Dinamarca onde estava desde o século 17,

Veja a nota da Reitoria

Sobre o corte de energia elétrica em diversas edificações da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Reitoria esclarece que:

  1. Por restrições orçamentárias, a Universidade tem uma dívida total com a empresa de energia que soma R$ 31,8 milhões referentes a faturas vencidas entre março e novembro de 2024, além de R$ 3,9 milhões em parcelas não quitadas de um acordo firmado em 2020;
  2. Em julho de 2024, a Universidade recebeu uma notificação de corte no fornecimento de energia elétrica;
  3. Em nenhum momento, a UFRJ se negou a pagar a dívida, tendo solicitado suplementação orçamentária ao Ministério da Educação (MEC);
  4. Nesse período, a Procuradoria Federal, junto à UFRJ, conseguiu a antecipação de tutela para evitar o corte no fornecimento;
  5. A empresa de energia recorreu ao Judiciário e derrubou a antecipação de tutela;
  6. Depois de extensa reunião hoje (12/11), que terminou sem consenso, a empresa de energia iniciou um processo de corte de fornecimento em 15 edificações da UFRJ;
  7. As atividades acadêmicas e de assistência à saúde realizadas na UFRJ são essenciais e a Reitoria já adotou medidas para reverter o mais rápido possível esse quadro.

Rio de Janeiro, 12 de novembro de 2024

 

Na Associação de Moradores, corte interrompe diversos projetos sociais

Light corta luz na Reitoria

Para marcar o Mês da Consciência Negra, celebrado em novembro, o GT Antirracismo do Sintufrj preparou uma sessão especial com debates, apresentações culturais, danças e capoeiras. Verônica Caé, Vantuil Pereira e Mônica Santos são os palestrantes convidados. O grupo de capoeira Labcapo UFRJ e o bloco Afro Orunmila confirmaram presença na celebração na quarta-feira, 13 de novembro, a partir das 14h, no Espaço Cultura do sindicato.
Verônica Caé é Profa Adjunta do DME/EEAN/UFRJ, membro da Câmara de Políticas Raciais da UFRJ e de outros coletivos voltados para a questão racial.
Vantuil Pereira é Decano do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) e integra o Coletivo de Docentes Negros.
• Mônica Santos é advogada, membro da Comissão Nacional de Direito Social, palestrante, militante.