Espaço Saúde Sintufrj celebrou seus 15 anos de existência com muita alegria e emoção. A festa foi organizada por dois alunos, mas a maioria dos cerca de 600 frequentadores da academia  contribuíram financeiramente para que a comemoração fosse à altura do simbolismo da data. A direção sindical também deu total suporte à comemoração e esteve presente no evento. Foi uma sexta-feira (4 de outubro) especial para a comunidade universitária assistida pelo sindicato dos trabalhadores técnico-administrativos em educação. FOTOS: ELISÂNGELA LEITE

Leia matéria completa na edição do Jornal do Sintufrj 1442.

CELEBRAÇÃO. Equipe do Espaço Saúde e diretores do Sintufrj na festa de 15 anos da academia
BOLO EXUBERANTE para marcar a comemoração
15 anos do Espaço Saúde.
Rio,04/10/24
ESPAÇO CULTURAL serviu de cenário para a confraternização de equipe e frequentadores

Dia 10 de outubro, às 10h

Pauta
• Informes sobre Seminário Nacional de Carreira, e Plenária da Fasubra
• Indicativo de paralisação,
• Eleição da CIS/UFRJ

 

A Fasubra mandou novo documento ao Ministério da Gestão e Inovação (MGI) manifestando “profunda indignação e perplexidade” com as justificas apresentadas pelo ministério, em ofício enviado à federação no dia 2, em relação a supressão, na minuta do Projeto de Lei apresentada pelo MGI que será encaminhado ao Congresso Nacional, de pontos do termo de acordo de greve. A iniciativa visa pressionar a reinclusão das reivindicações no processo legislativo.

O documento enviado pela federação refuta ponto a ponta as justificativas do MGI. Leia a íntegra no link https://drive.google.com/file/d/1RnNY8q4sb3Wk6k-uI_iY8OIPtSr4DuRJ/view?usp=drivesdk

Veja os contra-argumentos da federação às justificativas para retiradas dos itens a seguir:

Regra de transição para a capacitação;

A justificativa de que “o projeto de lei a ser enviado ao Congresso Nacional em 2024 disporá sobre a matéria e remeterá para regulamento” não é aceitável. Ignora completamente o trabalho de regulamentação já realizado pelo próprio governo por meio da Comissão Nacional de Supervisão de Carreira (CNSC). Além disso, é incompreensível que o governo aceite as regras de transição para a progressão por mérito que permaneceu na minuta do Projeto de Lei, e retire as regras de transição para aceleração por capacitação, o que torna toda a argumentação incoerente.

Reposicionamento dos aposentados;

A justificativa de que o assunto precisa ser discutido em um Grupo de Trabalho (GT) para posterior regulamentação  também é inaceitável. O governo ainda não criou o referido GT, o que nos causa estranheza, considerando que já possui os cálculos de impacto e os dados necessários mas, até o momento, não os compartilhou com as entidades sindicais, ou mesmo com a Comissão Nacional de Supervisão da Carreira, no MEC. A demora, por parte do governo, na instalação do GT e na disponibilização dessas informações compromete o andamento das discussões e o cumprimento do acordo firmado.

Cargo Amplo de Auxiliar em Educação.

A origem da proposta de criação de cargos amplos é das Instituições Federais de Ensino (IFE), por meio dos Fóruns de Pró-reitores de Gestão de Pessoas, em conjunto com o MEC, sendo, posteriormente, incorporada às pautas da

categoria. Novamente, a justificativa do governo de que “este compromisso constará do projeto de lei em elaboração” e, ao mesmo tempo, retirá-lo do texto final do PL é incoerente e contraditória.

Reconhecimento de Saberes e Competências (RSC);

A alegação de que “será necessária a discussão em Grupo de Trabalho para posterior regulamentação” desconsidera totalmente o trabalho já realizado pela CNSC do MEC, que instituiu os Grupos de Trabalho para tratar do RSC, Desenvolvimento e Cargos,  em conformidade com o Termo de Acordo. Estas discussões estão em pleno andamento na CNSC/MEC e os trabalhos estão em etapa de finalização. Ignorar isso é inadmissível.

Fasubra alerta para paralisação dias 15 e 16

Além de explicitar o descontentamento com a falta de justificativas plausíveis por parte do MGI, insuficientes e que fomentaram a desconfiança na categoria, e posicionar-se contrária à retirada destes pontos do PL,  a Fasubra informa o indicativo aprovado na plenária nacional dos dias 28 e 29 de paralisação dias 15 e 16 de outubro, início da jornada de lutas pelo cumprimento de todos os pontos do acordo.

“Exigimos o cumprimento integral do Termo de Acordo no 11/2024 e solicitamos uma resposta imediata e objetiva por parte deste Ministério quanto à inclusão dos pontos suprimidos no Projeto de Lei. No que tange à instalação de Grupo de Trabalho nesse MGI, exigimos sua instalação imediata, já que o prazo que era de 180 dias, agora é de 84 dias, evitando, assim, atrasos no cumprimento do referido termo de acordo”, concluiu a Fasubra.

Coordenação anuncia paralisação dias 15 e 16

Veja a convocatória feita pelas coordenadoras-gerais da Fasubra (Ivanilda Oliveira, Cristina del. Papa e Loiva Marques) do Dia Nacional de paralisação pela manutenção do acordo no link:

https://web.facebook.com/Fasubra/videos/1042155797646122?locale=sw_KE

Torneio em dois dias (24 e 25 de outubro) nos campos da Prefeitura Universitária está sendo organizado pela Coordenação de Esporte e Lazer do Sintufrj

Momento é de lutar pelo encaminhamento de todos os itens do acordo de greve, mas também de derrotar a extrema direita nas eleições municipais de 2024, votando nas candidaturas do campo de esquerda e popular

A plenária nacional da Fasubra, dias 28 e 29 de setembro, em Brasília, debateu temas essenciais para a organização do movimento e que geraram um extenso plano de lutas e de resoluções. Além do balanço sobre a importante greve de 2024, e os desafios do próximo período, a plenária abordou as eleições municipais de 2024, a democratização das Instituições Públicas de Ensino, a crise climática, a luta contra a privatização das universidades estaduais do Estado de São Paulo, o conflito na UERJ, a necessária solidariedade ao povo palestino e ao mandato do Deputado Federal Glauber Braga, além da retomada do combate à Reforma Administrativa.

No plano aprovado, estão apontados os dias nacionais de luta – 15 e 16 de outubro próximos – pelo cumprimento do acordo de greve e inúmeras outras atividades, como a organização dos trabalhadores instituições públicas de ensino, para derrotar a extrema direita nas eleições municipais de 2024 com indicação de voto nas candidaturas do campo de esquerda e popular: PT, PCdoB, PSOL, PSTU, PCB, Unidade Popular, PDT, PSB, REDE.

Foi aprovada ainda campanha nacional pela democratização das universidades públicas brasileiras para exigir paridade nos conselhos deliberativos, nas eleições para as reitorias, que técnicos-administrativos em educação possam concorrer ao cargo de reitor.

Como também um programa de ações relacionadas ao combate da crise ecológica, que será elaborado no próximo período, para atuação do movimento.

Estão ainda incluídas no plano, a defesa das universidades públicas de SP e o apoio aos estudantes da UERJ, campanha nacional pelo rompimento das relações diplomáticas e comerciais do governo brasileiro com Israel e outra em defesa do mandato do deputado federal Glauber Braga, cuja cassação é um ataque a setores progressistas e democráticos, a além da luta em defesa do reposicionamento dos aposentados entre outros vários pontos.

Veja, a seguir, algumas destas análises:

Cumprimento integral do acordo

O ano de 2024 ficará marcado na história do movimento com a  vitoriosa greve de 113 dias. Teve a capacidade de mobilizar amplamente a categoria para fazer a disputa na agenda do governo federal que está comprometido com o Arcabouço Fiscal, e produzir assim importantes ganhos financeiros e políticos. O grande desafio para a Direção Nacional (DN) da Fasubra no próximo período se concentra na mobilização para garantir que o governo cumpra na íntegra os pontos constantes no Acordo de Greve 11/2024.

Precisaremos, de forma coletiva, e em conjunto com as entidades filiadas, pressionar parlamentares e canalizar energias para avançar na tramitação do Projeto de Lei que contempla parte das conquistas presentes no Termo de Acordo de Greve 11/2024. As mobilizações da categoria serão fundamentais para que a Federação consiga em 2025, obter sucesso na mesa de negociação com o Ministério da Educação sobre os temas que constam na cláusula décima terceira do Termo de Acordo de Greve.

A postura descompromissada do MGI (anunciando de que há pontos que não entrarão neste PL), embora ainda não represente quebra de acordo assinado ao final da greve, serve de alerta para nossa categoria sobre a necessidade de se manter mobilizada e preparada para a qualquer momento responder o governo Lula com a deflagração de mais uma forte greve.

A importância das eleições municipais

Nesse processo eleitoral as ideias da extrema direita ultraconservadora nos costumes e ultraliberal na economia disputarão com força os cargos executivos e legislativos. Setores populares disputam as eleições em menos de 51% das prefeituras do país; das 5.569 cidades nas quais ocorrerão eleições em 2024, as candidaturas do campo popular de esquerda (PT, PCdoB, PSOL, PSTU, PCB, Unidade Popular, PDT, PSB, REDE) estão presentes em apenas 2710 municípios.

Embora não se configurem como um instrumento capaz de transformar radicalmente a essência e a lógica da ordem imposta pelo Capital, as eleições são espaço de disputa de hegemonia e de forças que a classe trabalhadora precisa disputar.

As eleições municipais de 2024 se configuram como uma arena importante que merece uma atuação organizada do movimento sindical brasileiro. É papel da Fasubra e de suas entidades filiadas indicarem para os técnico-administrativos em Educação das Instituições Públicas de Ensino, a importância de eleger prefeitos e vereadores do PT, PCdoB, PSOL, PSTU, PCB, Unidade Popular, PDT, PSB e REDE, partidos sensíveis às reivindicações da classe trabalhadora, ao fortalecimento do serviço público, e da educação pública e democrática.

SINTUFRJ organizou debate entre candidatos a prefeito da cidade do Rio de Janeiro

A Plenária Nacional da Fasubra orientou paralisação de 48 horas – dias 15 e 16 – pelo cumprimento do termo de acordo de greve assinado entre a Federação, o Ministério de Gestão e da Inovação do Serviço Público (MGI) e Ministério da Educação

O MGI enviou à Fasubra resposta ao ofício da  entidade que cobrou explicações para a retirada de quatro itens – que constam do Termo de Acordo assinado com o governo – da Minuta do Projeto de Lei que será encaminhado ao Congresso: Cargo de Auxiliar de Educação, Reconhecimento de Saberes e Competências, Aceleração da Capacitação e Reposicionamento de Aposentados.

“Insuficiente”, resume assim, o coordenador de Comunicação da Fasubra, Francisco de Assis, sua avaliação sobre a resposta do MGI. “O governo poderia ter dado uma resposta com prazo para um novo PL (que o MGI menciona em sua resposta). É por isso que vamos reforçar a mobilização, mostrar a força da base na paralisação de dois dias. Acendeu a luz amarela”, disse ele, apontando que também haverá ação junto a parlamentares e sugerindo uma contagem regressiva dos dias que faltam para a conclusão dos encaminhamentos originados da negociação, segundo o termo de acordo (o prazo expira no final de dezembro).

Veja as respostas do MGI

  • Regra de transição para a capacitação

No Termo de Acordo consta: “A aceleração da progressão por capacitação se dará a cada 5 anos, e as regras de transição serão regulamentadas pela CNS/MEC”.

Justificativa do MGI: O projeto de lei a ser enviado ao Congresso Nacional em 2024 disporá sobre a matéria e remeterá para regulamento.

  • Reposicionamento dos Aposentados

No Termo de Acordo com: “O reposicionamento dos aposentados, por ocasião da criação do PCCTAE, e que foram enquadrados considerando o tempo de serviço público federal, será tratado e GT no MGI/MEC-CNS, com a participação das entidades representativas, para análise e levantamento de impacto, no período entre agosto e dezembro de 2024. Em se constatando a viabilidade, a medida será implantada em 2025”.

Justificativa do MGI: Necessária discussão do assunto em Grupo de Trabalho para posterior regulamentação, conforme previsão no Termo de Acordo nº 11/2024.

  • Reconhecimento de Saberes e Competências

No Termo de Acordo consta: “O Reconhecimento de Saberes e Competências – RSC será implantado para a carreira dos Técnico-Administrativos em Educação a contar de abril de 2026 e será instituído Grupo de Trabalho coordenado pela CNS/MEC, com a participação das entidades sindicais representativas da categoria e representantes do Governo (…)”.

Justificativa do MGI: Necessária discussão do assunto em Grupo de Trabalho para posterior regulamentação, conforme previsão no Termo de Acordo nº 11/2024.

  • Cargo Amplo de Auxiliar em Educação

No Termo de Acordo consta: “Será promovida a racionalização de cargos suspensos, vagos e a vagar (cargo amplo)”.

Justificativa do MGI: Este compromisso constará do projeto de lei em elaboração, conforme cláusula mencionada acima.

Encontro nacional de aposentados e ato no MGI

De 15 a 17 de outubro, a Fasubra vai realizar em Brasília (no auditório da Associação de Docentes da UnB) o XI Encontro Nacional de Aposentados, Pensionistas e Aposentandos das Universidades Federais e Institutos Federais de Ensino.

Na programação está prevista mobilização da categoria em frente ao MGI na manhã do dia 16, para cobrar o cumprimento do Termo de Acordo.

Na pauta estarão temas como PCCTAE, resultado da greve para aposentados, futuras lutas dessa parcela da categoria; Saúde e qualidade de vida pós-aposentadoria; Violências contra as pessoas idosas; Direitos dos aposentados e das pessoas idosas; Grupos de trabalho e apresentação de propostas pelos participantes.

Plano de lutas

O plano de lutas aprovado pela Plenária da Fasubra prevê rodadas de assembleia. A direção do Sintufrj reforça a importância da participação de todos na assembleia geral do dia 10, às 10h (em local a confirmar) que debaterá questões cruciais para o destino da categoria.

FRANCISCO DE ASSIS. Dirigente da Fasubra diz que resposta do governo à ofício da entidade foi insficiente

 

Inspiração surgiu com a Oficina de Ginástica que funcionava no Espaço Cultural

FOTOS: ELISÂNGELA LEITE

 

Há 15 anos o Sintufrj investe no bem-estar físico e mental das trabalhadoras e trabalhadores da UFRJ e seus dependentes ao criar o Espaço Saúde. No dia 29 de outubro de 2009, a entidade montou, em uma salinha, o embrião de uma academia de musculação. A inspiração veio da Oficina de Ginástica, que funcionava no Espaço Cultural com aulas de exercícios localizados e alongamento, às 7h, desde 13 de junho de 2000.

Em 2011, a direção sindical compartilhada fez a primeira grande transformação no Espaço Saúde Sintufrj. A academia foi ampliada e recebeu modernos aparelhos de musculação. Aos sindicalizados e seus familiares também começou a ser oferecidas terapias complementares. Em 2017 houve nova expansão e a inclusão de aulas de pilates, ritmos, circuito funcional, RPG, ioga, massoterapia, massagem relaxante, pedras quentes, meditação guiada, e natação e hidroginástica em parceria com o Cepe/Fundão.

“A promoção e prevenção da saúde do trabalhador são fundamentais para garantir o bem-estar físico, mental e social dos indivíduos no ambiente de trabalho. E o Sintufrj está fazendo a sua parte há décadas”, afirmou Carla Nascimento, coordenadora pedagógica e responsável técnica do Espaço Saúde.

Atualmente frequentam o Espaço Saúde 567 pessoas, a maioria servidores.  Quatro profissionais de educação física, três fisioterapeutas, cinco estagiários das duas áreas, uma secretaria e uma encarregada de serviços gerais atendem diariamente os alunos das 7h às 19h, de segunda a sexta-feira.

Aniversário festejado

Por iniciativa dos alunos, os 15 anos do Espaço Saúde serão festejados na sexta-feira, 4 de outubro, com almoço dançante, no Espaço Cultural do sindicato, a partir das 13. Segundo Carla Nascimento, a comemoração contou com a contribuição financeira de todos e não poderia faltar a Coordenação de Esporte e Lazer, responsável pelo Espaço Saúde, e integrantes das outras coordenações.

  • Matéria completa sobre o Espaço Saúde na edição do Jornal do Sintufrj 1442.
EQUIPE DO ESPAÇO SAÚDE associa dedicação e competência no cuiado da saúde dos trabalhadores
AULA DE PILATES estiumula a flexibilidade de movimentos e o equilibrio físico

Pesquisas mostram um nível alto de insatisfação e adoecimento mental relacionadas ao trabalho. Pesquisadora da Fundacentro, Maria Maeno, aponta alguns dos motivos prováveis para essas condições

TEXTO E IMAGEM PUBLICADOS PELO SITE DA CUT

A última pesquisa State Of The Global Workplace, realizada pela consultoria especializada em análise comportamental no Trabalho, Gallup, com 128 mil funcionários e funcionárias em mais de 160 países, revelou que no Brasil 46% dos trabalhadores e/ou trabalhadoras estão estressados, 25% tristes e 18% com raiva. Esse dado coloca o país em quarto lugar em sentimentos de raiva e tristeza, e em sétimo lugar em estresse na região da América Latina.

Outros números mostram que os índices de patologias relacionadas ao esgotamento e insatisfação no trabalho têm piorado ao longo dos anos. Dados do Ministério da Previdência Social revelam que 288.865 benefícios por incapacidade devido a transtornos mentais e comportamentais foram concedidos no Brasil em 2023, o que representa 38% a mais do que em 2022.

Além disso, de acordo com levantamento do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o número anual de afastamentos por Burnout aumentaram em quase 1000% em um década. A estimativa é de que cerca de 40% das pessoas economicamente ativas sofram de burnout.

Para entender quais são as causas para tais condições, o Portal CUT ouviu a médica, ativista em saúde no trabalho e pesquisadora da Fundacentro, Maria Maeno. Aspectos como o sistema capitalista, as relações ‘modernas’ de trabalho e precarização das relações aliada às retiradas de direitos nos últimos anos foram abordados pela especialista.

Ela afirmou que os motivos possíveis para tal realidade são os mais diversos. Desde a pressão por metas até a competividade, passando pela falta de expectativas e a realização de trabalhos que produzam prazer nos trabalhadores.

Independentemente das pesquisas, para Maria Maeno “é possível afirmar que vários aspectos da vida aos quais a classe trabalhadora vem sendo submetida afetam fortemente a saúde e, em especial, a saúde mental”, entre eles a inexistência ou precarização de vínculos como previdenciários trabalhistas, “cada vez mais tênues, o que resulta em insegurança de sobrevivência cotidiana”.

Milhões enfrentam situações perigosas, insalubres e penosas no trabalho o que os torna vulneráveis à ocorrência de acidentes e doenças entre as quais a da esfera da saúde mental

– Maria Maeno

Mas é realidade

Sobre o aspecto levantando pela pesquisa do Gallup, de que trabalhadores estão insatisfeitos ela explica que o trabalho é ponto central na vida das pessoas porque determina as condições de vida, o lazer, a cultura, os horizontes e desejos, determina horários, as divisões das 24 horas do dia. E pode-se afirmar, de acordo com a médica que, cada vez mais, um percentual mais alto desse tempo é dedicado ao trabalho.

“E em geral, não é um trabalho realizador, que dá prazer, mas sim, muitas vezes, sem sentido, em um contexto de trabalho fragmentado sob gestão opressora com exigência de produtividade que submetem as pessoas a situações extremas de violência psicológica”, afirmou.

No todo da classe trabalhadora, ela explicou, “se os formais sofrem um processo acelerado de precarização, os que sempre estiveram na informalidade vivem situações inimagináveis de violência à sua condição humana”.

E exemplificou que categorias como das trabalhadoras domésticas que, mesmo havendo uma lei que regulamente o trabalho no setor “no mundo real se deparam com trabalho análogo à escravidão, baixos salários, privação de liberdade, maus tratos, discriminação”, além de outros fatores que, nesse cenário, afetam fortemente a saúde mental provocando depressão, ansiedade, burnout, transtorno de stress pós-traumático e outras patologias.

Depressão e suicídio a serviço do capitalismo

As formas de adoecimento, ao longo da história, variaram de acordo com os sistemas econômicos e sociais sob os quais as pessoas vivem. Maria Maeno lembra que tivemos diferentes doenças infecciosas que acometeram a humanidade e até hoje surgem novos tipos.

Características do capitalismo contemporâneo, o desempenho e a produção são os atuais fatores que moldam a experiência de vida dos trabalhadores, em especial, no mundo ocidental e que provocam uma sobrecarga emocional sobre cada um de nós, levando-nos às condições de adoecimento mental.

“Se estivéssemos em uma sociedade teórica, em que o dia pudesse contemplar períodos grandes de atividades que trazem prazeres, com uso da criatividade e capacidade humana para construir coisas, ideias e reflexões ou simplesmente contemplar o mundo, certamente estaríamos conversando outras coisas que não o adoecimento psíquico, prevalente em vários segmentos de trabalhadores”, ilustrou a pesquisadora.

Em alguns setores o uso de medicamentos controlados, os ‘traja-preta’ é alto. Portanto, é uma sociedade doente em que o trabalho adoece e mata

– Maria Maeno

Injustiça social

Maria Maeno ainda reforça que o capitalismo, desde o século XIX, foi exacerbando a concentração de renda e poder a um grupo cada vez menor, espoliando quem produz, de fato, as riquezas.

“Como seria um mundo sem trabalhadores como garis, os da saúde, do serviço funerário, do setor de energia, de saneamento, os rurais, sem o transporte?”, ela questionou e ponderou que são esses que atendem às necessidades básicas das sociedade e, no entanto, são mal remunerados, mal tratados socialmente, desvalorizados e isso é aceito pela sociedade.

“É uma sociedade que naturaliza os acidentes e o adoecimento que o trabalho provoca”, observa a médica.

Reformas

As reformas Trabalhista e da Previdência foram marcos da retirada de direitos, mas o processo de retirada de direitos e desrespeito à legislação continua ‘diuturnamente’. Por vezes de forma silenciosa, mas por outras, percebida, suscitando reações insuficientes para vencer a máquina conservadora que se fortaleceu na sociedade, e que tem expressão nos que fazem as leis”, diz Maeno sobre o poder público

Novas relações de trabalho

Ainda como fator de adoecimento, há que se destacar as novas formas de atividades laborais que passaram a fazer parte da vida de um maior contingente de trabalhadores. Atualmente há significativa parcela da população em trabalho híbrido, remoto ou mesmo intermitente, em que não há uma constância na atividade.

Muitos preferem essa modalidade não presencial usando argumentos como ter mais tempo para questões pessoais, flexibilidade de horários e economia de tempo de deslocamento. Por outro lado, temos estudos mostrando que o remoto não poupa as pessoas das humilhações da pressão, dos prolongamentos de jornada. Pelo contrário, a exploração da força de trabalho é cada vez maior e a tecnologia da informação e comunicação tem sido usada para essas finalidades”, diz Maeno.

E sobretudo, pontuou que há uma questão que não pode ser negligenciada, a de que as pessoas que trabalham em suas casas distanciam-se cada vez mais do sentimento de ‘coletivo’ e até perdem o contato.

“Há pessoas que foram contratadas e não conhecem quem as contratou e tampouco seus colegas de trabalho. Esse isolamento por tempos prolongados priva a pessoa de convívio com colegas e amigos. Mas o tempo exigido de trabalho continua alto, assim como a produtividade”, exemplificou.

Tal realidade ainda impacta diretamente na organização e na luta por direitos.

“O trabalho passa permear a vida da pessoa e a da família. Os contatos passam a ser virtuais, quase exclusivamente. A distância física não poupa ninguém de avaliações de desempenho com critérios cada mais obscuros e arbitrários. Promove-se mais competividade e falta de solidariedade entre trabalhadores. Esse cenário promove solidão maior pois não há possiblidade de trocas com pessoas e construção coletiva de resistência, levando a sensação de impotência, adoecimento”, concluiu Maria Maeno.

Pesquisa Gallup

De acordo com o estudo, trabalhadores que não gostam de seus empregos apresentam mais stress e ansiedade, além de outros sentimentos negativos, o que se reflete no cotidiano desses trabalhadores

Em cada um dos países, a consultoria entrevistou cerca de mil pessoas. Quando questionados se vivenciavam estresse um dia antes da pesquisa, 46% dos brasileiros responderam positivamente. Em nível global, 41% dos trabalhadores entrevistados responderam que sentiram estresse um dia antes da pesquisa, 21% raiva e 22% tristeza.

A pesquisa ainda aponta que “nos últimos 10 anos, o número de pessoas expressando estresse, tristeza, ansiedade, raiva ou preocupação tem aumentado, atingindo seus níveis mais altos desde o início das pesquisas da Gallup.”