Sem lockdwon rígido em quase um ano e meio de pandemia de Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, o Brasil mal saiu da segunda onda de infecções e número alto de mortes e especialistas já observam uma tendência de terceira onda da doença que pode ser considerado um “tsunami” se nenhuma medida drástica for tomada pelas autoridades.
O país acumula 462.966 perdas desde o início da pandemia e os dados de segunda-feira (31) apontam que a curva de vítimas seguem com tendência de alta. No total, o Brasil acumula 16.547.674 de casos de Covid-19.
Epidemiologistas torcem para que não seja um tsunami entre junho ou julho no Brasil, com a chegada de nova variante indiana. Embora as situações variem muito entre as cidades, é possível observar uma tendência de alta de casos. Enquanto algumas cidades voltaram à normalidade, alguns estados, como São Paulo, já buscam ampliar leitos e soluções que afastem os hospitais do pesadelo da falta de oxigênio e de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).
Ainda com a vacinação lenta, no mês de abril foram em média 2.781 mortes diárias e 83.435 mortos. Cerca de 40% mais óbitos por Covid-19 em abril do que em março. É como se tivéssemos 7,4 aviões caindo todos os dias durante um mês inteiro, dizem os especialistas em artigo intitulado “Um tsunami se aproxima”, publicado naFolha de S.Paulo.
Eles dizem que uma terceira onda se aproxima porque a flexibilização precoce aumentou o número de pessoas nas ruas, em festas clandestinas e aglomerações, ampliando as chances do vírus ser disseminado.
Sul tem piora na pandemia
Essa onda parece que já chegou na região Sul. Curitiba registrou uma explosão de casos de coronavírus. Assim como ocorreu entre o fim de março e o início de abril, a prefeitura permitirá, até o dia 9 de junho, o funcionamento apenas de serviços essenciais.
Para enfrentar o tsunami de pacientes, a prefeitura de Curitiba fechou na segunda-feira (31) suas seis Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) para o atendimento geral.
Na segunda-feira (31), de acordo com os dados da secretária de saúde, Curitiba já acumula 215 mil infecções e conta com uma taxa de ocupação de leitos de UTI para Covid-19 de 104%. É um retrato semelhante ao visto em todo o Paraná, onde esse índice, na semana passada, chegou a 95%.
No estado do Paraná, o número de óbitos dobrou em 79 dias, em Santa Catarina, em 85 dias e no Rio Grande do Sul, em 97 dias.
O sistema de saúde desses estados terá pouco tempo para se recuperar do colapso, já que, segundo especialistas, a chegada do inverno, daqui a três semanas, provocará um novo pico da pandemia.
Mato Grosso do Sul tem piora na pandemia
Em Mato Grosso do Sul, a secretaria estadual de Saúde afirmou que o estado enfrenta o pior momento da pandemia de Covid-19. A média móvel de casos dos últimos sete dias atingiu 1.810, a maior de toda a pandemia. Já a média móvel de mortes subiu para 46,1 óbitos por dia, nos últimos sete dias. A taxa de contágio continua a crescer e atingiu 1,09.
O estado bateu novo recorde histórico pela segunda vez de casos confirmados de Covid-19 a cada sete dias. Na última semana, 11.942 pessoas testaram positivo para a doença, segundo o boletim epidemiológico deste domingo. Na semana anterior, foram 11.270 casos confirmados, uma diferença de 672 casos.
Belo Horizonte tem piora na pandemia
Em Belo Horizonte, a taxa de transmissão do coronavírus está em torno de 1, o que é considerada alta, e a ocupação de leitos se estabilizou em torno de 75%. A margem de manobra, portanto, não é grande.
Oitenta e quatro por cento (84%) dos brasileiros e brasileiras defendem maior tributação dos mais ricos para assegurar saúde, moradia e educação. Essa é uma das conclusões do levantamento sobre qual é a percepção da população do país sobre as desigualdades no Brasil, realizada pela Oxfam Brasil em parceria com o Instituto Datafolha.
A pesquisa foi realizada com 2.079 pessoas, em 130 municípios de pequeno, médio e grande porte — incluindo metrópoles e cidades do interior. O período de aplicação das entrevistas presenciais foi de 7 a 15 de dezembro de 2020. A margem de erro é de 2% para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%.
A pesquisa “Nós e as desigualdades”, em sua terceira edição (a série histórica foi iniciada em 2017), foi lançada em maio e apurou como a sociedade entende as desigualdades de renda, de raça, gênero e regionais, especialmente em um ano tão difícil como 2020, em que a pandemia causou tantas mortes e tristeza.
A Oxfam Brasil é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos e independente, criada em 2014. Faz parte de uma rede global, a Oxfam, que tem 20 membros que atuam em cerca de 90 países no total, por meio de campanhas, programas e ajuda humanitária.
Redução de desigualdade é condição para o progresso
O documento revela o que a equipe chama de uma foto da opinião pública no fim de um ano marcado pela pandemia e pelo segundo ano do governo Bolsonaro. Os resultados apontam para a importância da redução das desigualdades como condição para o progresso, percepção presente em quase nove em cada dez brasileiros.
E, a despeito do crescimento do discurso conservador que ganhou expressão política após as eleições de 2018, a pesquisa mostra uma sociedade com opiniões mais firmes e conscientes sobre o peso do machismo e racismo sore mulheres e pessoas negras. Há compreensão de que mulheres ganham menos por serem mulheres e de que a cor influencia negativamente na renda e nas chances de contratação, embora aumentem chances de abordagem policial e as diferenças no sistema de Justiça.
Porém, reduziu-se o sentimento de otimismo individual sobre o futuro com a percepção majoritária de que o Brasil não reduzirá desigualdades em um futuro próximo.
Mas há a consolidação do apoio da população para reformas tributarias justas e solidárias, capazes de reduzir impostos sobre bens e serviços. A pesquisa apresenta a percepção da sociedade sobre a desigualdade no contexto da pandemia do coronavírus com destaque para o papel de programas de transferência de renda com o auxílio emergencial instituto no primeiro semestre de 2020.
A importância do Estado
“Para enfrentar essa desafiadora realidade, além das medidas emergenciais de resposta aos efeitos da pandemia do coronavírus no país e a implementação do Plano Nacional de Imunização (PNI) com celeridade e efetividade, é necessário pensar e implementar políticas sociais fortes e inclusivas, financiadas por um sistema tributário justo e solidário, que garanta ao Estado condições de efetivar os princípios de redução das desigualdades sociais e regionais previstos na Constituição Federal de 1988”, diz a diretora executiva da Oxfam Brasil, Katia Drager, na apresentação do documento.
A expectativa, segundo ela, é que a pesquisa contribua para o debate sobre a importância do Estado no enfrentamento das desigualdades, “ainda mais em um contexto de desafios adicionais graças à pandemia, a partir da percepção da sociedade, fomentar o debate sobre a urgência da construção de um Brasil mais justo, solidário e humano”.
Resumo dos resultados
Saúde como prioridade:
62% dos brasileiros acreditam que “ter acesso à saúde” é uma das três principais prioridades para uma vida melhor, ao lado de “estudar” e “fé religiosa”.
73% defendem universalidade para atendimento em postos de saúde e hospitais, ante 72% em 2019.
Para 9,5, investimento público em saúde está entre as medidas prioritárias para a redução da desigualdade (nota média: 9,5 em uma escala de 0 (menos importante) a 10 (mais importante).
Apoio à tributação
56% concordam com o aumento dos impostos em geral para financiar políticas sociais, ante 31% em 2019.
84% concordam com o aumento dos impostos de pessoas muito ricas para financiar políticas sociais, ante 77% em 2019.
94% concordam que o imposto pago deve beneficiar os mais pobres.
Sem redução de desigualdades não há progresso
86% creem que o progresso do Brasil está condicionado à redução de desigualdade entre pobres e ricos.
85% concordam que é obrigação dos governos diminuirem a diferença entre muito ricos e muito pobres, ante 84% em 2019.
Otimismo individual em queda, ceticismo social em ascensão
64% acreditam que estarão na “classe média” ou “classe média alta” em cinco anos; em 2019, eram 70%.
64% não acreditam que as desigualdades diminuirão nos próximos anos; em 2019, eram 57%.
Mérito não resolve
60% duvidam que o trabalho sirva como equalizador das chances dos mais pobres, ante 58% em 2019.
52%não creem que a educação das crianças pobres equaliza suas chances de uma vida bem-sucedida; em 2019, eram 51%.
Gênero e raça impactam renda
67% concordam que o fato de ser mulher impacta a renda, ante 64% em 2019.
58% concordam que negros ganham menos por serem negros, ante 52% em 2019.
A cor da pele define
76% acreditam que a cor da pele influencia a contratação por empresas; em 2019, eram 72%.
84% acreditam que a cor da pele influencia a decisão de uma abordagem policial; em 2019, eram 81%.
78% concordam que a Justiça é mais dura com negros, ante 71% em 2019.
Transferência de renda e pós-pandemia
62% apoiam a manutenção, após a pandemia, do auxílio emergencial para as pessoas que têm direito hoje.
As principais prioridades para a redução das desigualdades
9,6 foi a nota média para “combater corrupção”; “investimento em educação”; e “garantir direitos iguais entre homens e mulheres”.
9,5 foi a nota média para “aumento da oferta de emprego”; “investimento público em saúde”; e “combater o racismo”.
A Pró-Reitoria de Pessoal (PR-4), por meio da Divisão de Desenvolvimento (DVDE) e da Coordenação de Políticas de Pessoal (CPP), abriu inscrições para o processo seletivo de formação de cadastro de Projetos de Cursos de Capacitação, visando o desenvolvimento dos servidores ativos da UFRJ, em 2021.
Podem se inscrever técnico-administrativos em educação e docentes do quadro de pessoal permanente da universidade e submeter propostas de cursos, exclusivamente na modalidade de Ensino a Distância (EaD) e compor equipes como coordenadores e/ou tutores.
Acesse e conheça as normas de submissão do Edital 2021.
Só em SP, mais de 80 mil pessoas foram à Avenida Paulista neste #29M pelo “Fora, Bolsonaro”, que ocorreu em 213 cidades brasileiras dos 26 estados e do Distrito Federal, e em 14 cidades no mundo
Publicado: 31 Maio, 2021 Escrito por: Redação CUT
As manifestações contra Jair Bolsonaro, pelo auxílio emergencial de R$ 600 e vacina contra Covid-19 para todos e todas, que levaram milhares de pessoas às ruas do país e em algumas cidades do mundo neste sábado (29), acuaram o presidente e sua tropa de choque. Bolsonaro não saiu do Palácio da Alvorada para dar os famosos passeios de fim de semana nem fez qualquer comentário nas suas redes sociais sobre os atos. Foram mais de 420 mil pessoas protestando em todo o país, só em São Paulo, cerca de 80 mil pessoas foram à Avenida Paulista, segundo estimativa feita pelo coordenador da Central dos Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim, um dos organizadores do protesto.
O #29M pelo “Fora, Bolsonaro”, que ocorreu em 213 cidades brasileiras dos 26 estados e do Distrito Federal, e em 14 cidades no mundo, reuniu trabalhadores, aposentados, crianças, artistas, como Renata Sorrah, Camila Pitanga e a atriz Mônica Martelli, amiga e parceira em filmes de Paulo Gustavo, humorista que morreu por complicações causadas pela Covid-19 – ele foi lembrado no cartaz carregado pela atriz -, além de donas de casa e milhares de pessoas enlutadas, parentes e amigos das mais de 462 mil vítimas da Covid-19 no Brasil.
Com receio de se contaminar com o novo coronavírus e contrair a Covid-19 e seguindo a orientação dos organizadores, quase 100% das pessoas usaram máscaras e tinham com álcool em gel nas mãos. Quem não tinha máscara podia pegar nas barracas ou das mãos de militantes que passavam oferecendo e orientando sobre como usar. Em locais como Brasília, os organizadores pediram para os manifestantes fazerem filas indianas, com distanciamento social.
Os atos foram pacíficos e em muitos locais a Polícia Militar (PM) se limitou a acompanhar de longe. Em Recife, porém, a tropa de choque resolveu, sem que nada houvesse ocorrido, atirar balas de borracha e bombas de gás lacrimogênio para dispersar o ato que se encaminhava para o final. Dois homens que passavam pelo local e nem participavam do ato foram atingidos e perderam um olho cada. A vereadora Liana Cirne (PT) se aproximou de uma viatura para dialogar com os policiais e tentar impedir uma tragédia ainda maior e foi atingida com spay de pimenta nos olhos. O governador Paulo Câmara (PSB) afastou o comandante da PM e os policiais envolvidos na operação e mandou abrir uma investigação.
O presidente da CUT-PE, Paulo Rocha, publicou um vídeo no YpuTube exigindo do governador apuração sobre esse ato “de extrema violência” e punição dos culpados. O Coletivo Nacional das Mulheres da CUT também divulgou nota exigindo punição exemplar contra os agressores da vereadora Liana Cirne.
Em Aracaju, divididos em fileiras, com distanciamento, usando máscaras, álcool em gel e com a devida segurança sanitária, cerca de 5 mil pessoas ocuparam as ruas na certeza de que o presidente do Brasil é pior do que o vírus da Covid-19 que já matou 459 mil brasileiros.
Em Brasília, a manifestação ocupou a Esplanada dos Ministérios e reuniu milhares de pessoas de máscaras e com distaqcionamento social recomendado pelos organizadores.
BENILDES RODRIGUES
Em Belo Horizonte, a Avenida João Pinheiro, no centro da cidade, foi tomada por manifestantes, que ocuparam a Praça da Liberdade até a Praça Afonso Arinos.
CAROL ANICE
Em Belém, capital do Pará, o ato reuniu milhares de pessoas. Centrais sindicais, movimentos, partidos, estudantes, religiosos e outras categorias de trabalhadores foram às ruas pelo “Fora Bolsonaro”.
BRANDA BALIERO
Em Florianópolis, cerca de 5 mil trabalhadores e e estudantes tomaram as ruas do centro da capital catarinense. A CUT e as entidades filiadas estavam na organização da mobilização, junto com outras centrais, partidos políticos de esquerda, movimentos sociais e estudantis.
Os manifestantes saíram do largo da Alfândega e caminharam pelas principais ruas centrais com faixas, cartazes e palavras de ordem das bandeiras defendidas. A presidenta da CUT-SC, Anna Julia Rodrigues, participou do ato e falou porque a Central está nas ruas: “Viemos para rua em plena pandemia porque esse governo genocida está matando mais do que o vírus. Estamos aqui hoje porque somos a favor da vida e lutamos por vacina para todos, auxílio emergencial decente que acabe com a fome e a miséria do povo brasileiro e pelo fim desse governo fascista”.
REPRODUÇÃO
Confira aqui os demais atos realizados em Santa Catarina.
Em Fortaleza, a carreata puxada pela CUT Ceará, CTB, CSP Conlutas, movimentos sociais e a Frente Brasil Popular reuniu mais de mil carros na tarde deste sábado (29). O ato também reforçou a campanha dos servidores das três esferas (municipal, estadual e federal) contra as privatizações e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 32 da reforma Administrativa do governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL).
TARCÍSIO AQUINO
Em Palmas, capital do Tocantins, manifestantes caminharam pela Avenida Jucelino Kubitschek e entoaram o grito de “Genocida!” contra Bolsonaro.
@Mauhashi
Em Porto Alegre, cerca de 30 mil pessoas tomaram as ruas na tarde ensolarada deste sábado (29) para exigir vacina já e o afastamento do presidente genocida. Houve também grandes manifestações em várias cidades do interior gaúcho. Em outros estados e em Brasília não foi diferente com atos gigantescos. Teve ainda protestos no exterior.
Usando máscaras de proteção, procurando manter distanciamento e carregando faixas e cartazes, a multidão soltou os gritos de “Bolsonaro genocida”, “Fora Bolsonaro” e “vacina no braço e comida no prato” na capital gaúcha. Os participantes pediram também vacina já para todos e todas, auxílio emergencial de R$ 600 para combater a fome e o desemprego, defesa dos serviços públicos e contra a reforma administrativa, e não aos cortes na educação e às privatizações.
LUIZ DAMASCENO
Em Porto Velho, o dia de luta pelo ‘Fora Bolsonaro’ reuniu estudantes em um ato em frente a Universidade Federal de Rondônia, que se encontrou com a carreata na Avenida 7 de setembro. Centenas de carros percorreram a região central, a zona sul e a zona leste da cidade.
Reprodução
Em Recife, o #29M pelo ‘fora, Bolsonaro’, um ato pacífico e bastante organizado do ponto de vista sanitário, com fila indiana, distanciamento social, álcool em gel e com a máscara sendo item básico e obrigatório, até máscaras PFF2 foram distribuídas por militantes e parlamentares, a fim de garantir maior segurança dos presentes, os gritos de “vida, pão, vacina e educação, fora Bolsonaro e Mourão!”,entoados por cerca de 5 mil pessoas na passeata que saiu da Av. Conde da Boa Vista foram interrompidos pela ação truculenta da Polícia Militar, que jogou bombas de gás lacrimogênio, atirou balas de borracha para dispersar a manifestação que estava quase no final. Dois homens perderam um olho ao ser atingido por balas de borracha.
JCMAZELLA/SINTEPE
Em Salvador, juventude e estudantes hoje foram ao bairro Campo Grande para dizer lutar pela universidade pública, por saúde e pela vida digna.
MÍDIA NINJA
Em São Luís, capital do Maranhão, milhares de pessoas caminharam e protestaram no 29M. Durante o ato, pessoas seguravam uma cruz preta em protesto às 450 mil mortes por covid-19 no Brasil.
INGRID BARROS
Em São Paulo mais de 80 mil pessoas foram a Paulista e caminharam em direção ao centro seguindo pela Avenida Consolação. Teve ato também em várias cidades do estado.
ROBERTO PARIZOTTI
Em Teresina, às ruas foram ocupadas por muitas vozes que clamam por auxílio emergencial digno, vacina para todos e todas, em defesa do SUS, pela vida, e por Fora Bolsonaro. Entre as pautas defendidas, também ficou marcado durante o ato a defesa da CHESF, e contra a privatização dos Correios.
A repressão à manifestação do último sábado (29) em Recife (Pernambuco) segue gerando reações condenando a ação truculenta da Polícia Militar. Ao final do protesto, o Batalhão de Choque agiu com violência e abuso de poder ao dispersar a população com bombas, spray de pimenta e balas de borracha.
O saldo foram quatro jovens negros detidos na Central de Flagrantes da Polícia Civil, uma parlamentar agredida, dois homens com perda de visão – que sequer participavam no ato. O pronunciamento do Governo de Pernambuco não esclareceu, até o momento, quem ordenou a ação do batalhão.
A violência da PM gerou indignação e foi repudiada através das redes sociais por parlamentares e pela sociedade civil. Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou através do Twitter que a ação causa imensa preocupação.
Movimentos populares e entidades sindicais também condenaram a ação truculenta da PM. A Central Única dos Trabalhadores (CUT), na representação do presidente Paulo Rocha, se pronunciou em vídeo, em que afirma que pronunciamento do governador é importante, porém inconcluso. Cita, ainda, outros episódios em que a polícia utilizou da força e violência contra a população, como o despejo de famílias em Amaraji (PE).
“Por quê a PM estava com Batalhão de Choque na Guararapes, quando o ato, inclusive, estava encerrando? O problema é de antes. É a forma como a Polícia Militar tem tratado o movimento social”. Paulo Rocha afirma que para além do pronunciamento de repúdio, é necessário também nomes de quem mandou e quem executou cada ação truculenta.
A Campanha Fora Bolsonaro também publicou nota em que questiona quem ordenou a violência policial. “Construímos um ato seguro com distanciamento social e demais cuidados de biossegurança, mas desde o início do ato fomos intimidados pela polícia”, diz a nota. Por fim, exigem imediata reparação da violência e apuração para destacar os responsáveis pela autorização.
Saldo da ação
Daniel Campelo da Silva, de 51 anos, vive na zona oeste do Recife e foi atingido no olho esquerdo por uma bala de borracha disparada por um policial do Batalhão de Choque. Daniel, que trabalha com adesivagem de carros, não estava na manifestação; passava pelo local para comprar material de trabalho. Apesar de ter sido socorrido e encaminhado para a Fundação Altino Ventura (FAV), Daniel acabou perdendo o globo ocular.
Daniel Campelo de Silva foi atingido por bala de borracha no olho e perdeu globo ocular / Foto: Instagram/@hugomunizzz
O outro trabalhador atingido por bala de borracha no olho foi Jonas Correira, de 29 anos. Jonas estava voltando para casa do Mercado São José, onde prestava serviço autônomo. Internado no Hospital da Restauração (HR), Jonas também está com a visão comprometida.
Pronunciamentos oficiais
No domingo (30), o Governo de Pernambuco determinou em nota pública que a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDHPE) acompanhe a assistência médica aos dois feridos graves. Afirmou ainda que a Procuradoria Geral do Estado foi acionada para iniciar o processo de indenização aos atingidos.
Ainda no sábado (29), o governador Paulo Câmara (PSB) fez um pronunciamento público em que afirma repudiar qualquer ato de violência e informou o afastamento do comandante da operação e dos envolvidos na agressão à vereadora Liana Cirne (PT), que permanecerão afastados enquanto durar a investigação da Corregedoria da Secretaria de Defesa Social. O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) também publicou a portaria nº 009/2021-7ºPJ-DH que instaura inquérito civil para investigar violações de direitos humanos.
O que diz a PM
O Brasil de Fato entrou em contato com a Polícia Militar para cobrar um posicionamento. A resposta, no entanto, se limitou à: “A Polícia Militar informa que não irá se pronunciar. O Governador Paulo Câmara já fez o pronunciamento”.
Antes, o torneio seria realizado na Colômbia e na Argentina. Porém, em 20 de maio, a Colômbia pediu para que a competição fosse adiada por conta da instabilidade no local, que passa por protestos. Mesmo com o pedido, a Conmebol decidiu excluir o país, e o campeonato continuaria a acontecer somente na Argentina.
No entanto, o governo argentino disse, no último domingo (30), que o evento estaria prejudicado na região, por conta do agravamento da pandemia. Sendo assim, até a manhã desta segunda, não existia uma nova sede. Porém, a Conmebol pediu que o campeonato fosse realizado no Brasil à Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que conseguiu a autorização do governo Bolsonaro.
Na Argentina, a imprensa local comentou o ocorrido. O jornal Olé, por exemplo, questionou se Manaus iria sediar a Copa América mesmo com a variante da região, que preocupa as autoridades científicas por todo o mundo.
Agência de notícias argentina repercute a decisão de se realizar a Copa América 2021 no Brasil / Reprodução
O Página 12 disse que existem motivos para a decisão rápida pelo Brasil como sede: “Por um lado, a necessidade de não perder o faturamento dos direitos televisivos do concurso, que já haviam sido vendidos em 2020, sem a chance de oferecer nada em troca. De outro, o fato de ter todas as estrelas que brilham na Europa no continente, sem competições com suas equipes”.
Edição: Vinícius Segalla
Reprodução de tela do jornal Página 12, com reportagem sobre a realização da Copa América no Brasil – Reprodução
Pela vida, por vacina, por auxílio digno para quem tem fome e contra os cortes na educação! Atos em mais de 200 cidades pelo país. Confira fotos do Rio. Sintufrj presente!
Repercutiu positivamente na sessão do Conselho Universitário (Consuni) desta quinta-feira, 27, a assembleia-ato comunitária on line realizada no dia anterior em defesa da UFRJ. A iniciativa foi do Fórum de Mobilização e Ação Solidária (Formas), que reúne as entidades representativas dos segmentos que compõem a comunidade universitária: Sintufrj, Adufrj, DCE Mário Prata, APG e Attufrj – em defesa da UFRJ.
“Em meio a ataques do governo Bolsonaro e de perdas de amigos e familiares para a covid, compartilhar hoje, neste espaço, um momento de alegria como foi o da assembleia-ato comunitária de ontem é importante. Estavam presentes todos os segmentos e a reitoria, e nos sentimos revigorados para continuar com a resistência e a luta não só pela UFRJ, mas por todas as universidades e pela educação pública”, disse a representante técnico-administrativa e coordenadora do Sintufrj, Joana de Angelis.
A dirigente sindical Joana também convidou a todos para o ato nacional do dia 29 de maio, em defesa das universidadres públicas, educação pública, do auxílio emergencial e de vacina para todos, presencialmente na Praça Zumbi dos Palmares, na Avenida Presidente Vargas, ou pelas redes sociais.
Para o professor Samuel Araújo o ato político comunitário foi uma “demonstração vigorosa em defesa da UFRJ e da universidade pública”, e parabenizou o Formas e as entidades sindicais pelo “magnífico evento”.
A reitoria Denise Pires de Carvalho também saudou a realização da assembleia comunitária e parabenizou o Formas pela organização do evento político em defesa da UFRJ. “Não podemos ficar inertes aos ataques às instituições de Estado”, afirmou.
Solidariedade à UERJ
O envio à Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) de projeto de lei de extinção da UERJ – pelo deputado Anderson Moraes (PSL) — também foi assunto do Consuni. O decano do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE), Flávio Martins, propôs uma manifestação pública da UFRJ em apoio à Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
Denise Pires de Carvalho considerou como “inadmissível o ataque à UERJ” e acrescentou ter a certeza de que o Conselho Universitário “era unânime no apoio e na defesa daquela importante instituição pública do Estado do Rio de Janeiro e uma das mais importantes do país, pioneira na implantação das cotas raciais”. Ela informou que a Reitoria divulgaria uma nota de solidariedade à UERJ em nome de toda a comunidade da UFRJ.
Não foi somente a UFRJ que teve seu orçamento cortado pelo governo de Jair Bolsonaro, mas, sim, todas as universidades federais do país. Em consequência desse ato insano, essas instituições de ensino, pesquisa e extensão estão com o seu funcionamento comprometido. Na Universidade Federal Fluminense (UFF), por exemplo, o corte chegou a cerca de 19%.
De acordo com a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), o orçamento destinado às 69 universidades federais é 18,16% menor do que o destinado no ano passado. Com isso, todas as instituições foram afetadas pelo corte. Isso vem acontecendo ano ao ano. Se comparado ao orçamento de 2010 para as despesas discricionárias houve uma redução de 37%.
Triste realidade
O atual orçamento da UFF só permite manter as despesas da universidade até o meio desse ano. O corte foi de aproximadamente 19% na Lei Orçamentária Anual aprovada pelo Congresso Nacional. Os recursos discricionários utilizados para gastos de custeio e de capital caíram de R$ 175,7 milhões de reais para R$ 142,9 milhões de reais. Ou seja, uma redução de cerca de 32,9 milhões. O bloqueio do MEC é de R$ 23 milhões.
“Esta é uma redução muito grave que ameaça a interrupção de boa parte dos serviços prestados pela UFF, bem como o pagamento de contratos essenciais, energia, água, limpeza, manutenções básicas etc. Mesmo com a aprovação de orçamento suplementar pelo Congresso conforme prevê a Lei Orçamentária Anual (LOA), ainda assim os recursos serão insuficientes para chegar até o final do ano. O atual orçamento só permite manter as despesas da Universidade até o meio do ano”, disse o reitor Antônio Cláudio Nóbrega.
Despesas
A UFF tem um custo mensal discricionário de R$ 11,7 milhões de reais, que inclui os contratos de prestação de serviços, mensalidades das concessionárias e parte das bolsas estudantis e que não inclui as despesas com obras de manutenção e conservação predial e de equipamentos. Os recursos cortados correspondem aos gastos da UFF no período de mais de três meses e os bloqueados, caso não sejam liberados, correspondem aos gastos para o funcionamento de outros dois meses.
“Não podemos aceitar passivamente a diminuição de nenhum serviço público. Em tempos de crise, valorizar a pesquisa, a ciência e a inovação são essenciais. As universidades federais possuem um papel fundamental para a garantia do desenvolvimento nacional, na formação de capital humano e profissional, redução das desigualdades e para o desenvolvimento social, econômico e tecnológico do país”, sustenta o reitor.
Obrigação do governo
Em nota, a UFF defende que o governo federal tem obrigação constitucional com o orçamento das universidades e que participa do movimento coletivo de defesa e valorização da universidade pública.
“É papel constitucional do governo federal prover o orçamento das universidades federais brasileiras. A UFF ressalta que, mesmo em cenário adverso de grave restrição orçamentária no cenário federal, tem trabalhado em diversas frentes para aumentar a eficiência e ampliar a captação de recursos extras para manter a instituição de portas abertas e estimular a comunidade interna a ampliar a execução de projetos e ações de ensino, pesquisa e extensão de alta qualidade.
A gestão da UFF mantém canais permanentes de interlocução em âmbito legislativo, liberando emendas parlamentares para despesas de capital e de custeio, bem como articulando soluções inovadoras com parceiros públicos municipais, sobretudo, até agora, em Niterói e Macaé, Campos e Rio das Ostras para a manutenção e construção de prédios e investimento em pesquisa e extensão.
É importante que nossa comunidade interna se mantenha atenta e informada sobre as movimentações e negociações que se desdobrarão na esfera federal. A Reitoria da UFF continuará exercendo uma atitude de responsabilidade e transparência, divulgando todas as informações referentes ao orçamento para 2021 no site e nos órgãos consultivos internos, construindo, assim, um movimento coletivo de defesa e valorização da universidade pública em nosso país.”
Pela primeira vez na história de lutas da comunidade universitária da UFRJ, servidores técnico-administrativos e docentes, trabalhadores terceirizados, estudantes da graduação e da pós-graduação e a Reitoria realizaram uma assembleia-ato comunitária online para defender a UFRJ.
O evento político nesta quarta-feira, 26, transmitido pelas redes sociais das entidades, também serviu para reforçar a convocação para a mobilização nacional do dia 29 de maio em defesa da educação pública e pelo Fora Bolsonaro.
A iniciativa foi do Fórum de Mobilização e Ação Solidária (Formas), que reúne o Sintufrj, Adufrj, DCE Mário Prata, APG e Attufrj. Mais de 100 pessoas, entre servidores e estudantes se inscreveram para falar na assembleia-ato, e outras entidades, como o Andes-Sindical, e organizações políticas participaram por meio de vídeos gravados.
“Hoje são mais de 400 mil famílias enlutadas por conta de uma desastre governamental. Nem 10% da população foi ainda vacinada contra a covid, um crime contra a humanidade deste governo genocida, que dirige o país por instrução normativa de forma truculenta e autoritária, e que destrói a soberania nacional ao atacar as universidades, onde se produz conhecimento”, afirmou a coordenadora-geral do Sintufrj, Gerly Micelli. “A gente vai lutar e a UFRJ não vai fechar. E a campanha do Sintufrj vacina no braço, comida no prato e Fora Bolsonaro está a cada dia mais viva”, destacou a dirigente.
“Este é o primeiro passo desta caminhada unida para que a UFRJ possa cumprir o seu papel de vanguarda. A luta é nacional em defesa das nossas universidades públicas e pelo direito de existir num Estado democrático de direito”, disse a presidenta da Adufrj, professora Leonora Ziller.
“A UFRJ parou o Rio de Janeiro para mostrar à sociedade brasileira que a universidade não vai fechar”, pontuou a dirigente do DCE Mário Prata, Antônia Velloso, referindo-se à manifestação do dia 14 de maio, “com muito álcool em gel e máscaras doados”–, a primeira mobilização de rua realizada pela comunidade universitária, sob a liderança da entidade estudantil, durante a pandemia do novo coronavírus.
“Somos uma categoria precarizada, embora responsável pela pesquisa no nosso país. Mas esse governo é muito menor que a nossa universidade centenária”, lembrou o representante da Associação dos Pós-Graduandos (APG), Jorge Marçal.
A reitoria Denise Pires de Carvalho confirmou que a UFRJ não tem orçamento para chegar até o fim do ano e agradeceu às entidades pela organização da mobilização na defesa da instituição e da educação pública. “Eles não vão tirar nosso oxigênio”, garantiu, e ao invés de citar os problemas que enfrenta por falta de recursos, ela listou o que a universidade produz e faz, cotidianamente, para atender as necessidades da sociedade, entre os quais, a produção de álcool 70 de qualidade; os mais se 140 projetos de pesquisa em curso; testes moleculares de padrão platino; oferta de leitos hospitalares para pacientes de covid.
“O orçamento atual da UFRJ corrigido pela inflação equivale ao de 2008, quando tínhamos a metade dos estudantes de hoje, quando não tínhamos a política de assistência estudantil que temos agora, quando não havia as várias inovações e descobertas científicas”, informou o pró-reitor de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças da UFRJ.