Nos dias 18, movimento sindical fará mobilizações em locais de trabalho para dialogar com trabalhadores sobre a realidade do país e, no dia 19, com os movimentos sociais, vai às ruas pelo ‘fora, Bolsonaro’

 Publicado: 10 Junho, 2021 Escrito por: Andre Accarini

A mobilização popular pela recuperação do Brasil, que está sendo devastado pelo governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) será reforçada na próxima semana. Com todos os cuidados necessários, como o distanciamento social, uso de álcool em gel e máscaras, os trabalhadores e trabalhadoras estarão mobilizados nos locais de trabalho e, outra vez, vão ocupar as ruas para levantar a voz exigindo o ’fora, Bolsonaro’, única maneira de o país voltar a crescer, salvar vidas, distribuir renda e gerar empregos. Os atos do dia 29 de maio demonstraram a insatisfação e a necessidade urgente de mudança no país.

No próximo dia 18, A CUT e demais centrais sindicais farão as mobilizações nos locais de trabalho para dialogar com trabalhadores sobre a realidade do país. E, no dia 19, com os movimentos sociais, vai às ruas pelo ‘fora, Bolsonaro’.

Na sexta-feira da semana que vem (18), os sindicalistas irão aos locais de trabalho dialogar com trabalhadores e trabalhadoras sobre a atual situação do país – de recessão, desemprego, pobreza, fome, inflação e, claro, de uma tragédia social jamais vista, provocada pela má atuação de Bolsonaro frente à pandemia, que levou o país a quase 500 mil mortos por Covid-19.

O presidente da CUT, Sérgio Nobre, explica que a mobilização deste dia tem foco na pauta trabalhista. “Vamos conversar com os trabalhadores, mostrar a eles o que está errado nesse país, o que este governo vem fazendo, e que provoca o desemprego e empobrecimento da população”.

De acordo com Sérgio Nobre, estão organizadas atividades em todo o país já nas primeiras horas do dia, em portas de fábricas e locais de trabalho, todas respeitando protocolos de segurança para evitar a disseminação do novo coronavírus.

“Vamos fazer panfletagens, assembleias, colocar faixas com as nossas lutas mais urgentes como o auxílio emergencial de R$ 600, a luta contra a fome que já atinge quase 20 milhões de pessoas, a carestia, a luta contra as privatizações que vão prejudicar ainda mais os brasileiros, além de exigir vacina já para todos, para salvar vidas”, diz o presidente da CUT.

Dia 18 faremos um diálogo direto com nossa base – os trabalhadores – sobre essa situação de tragédia que vivemos e o dia 19 será o dia do Fora Bolsonaro nas ruas- Sérgio Nobre

“Se queremos um país com mais empregos, com desenvolvimento, sem privatizações, um país em que os trabalhadores tenham direitos, tenham acesso à vacina e ao auxílio emergencial digno, temos que tirar Bolsonaro do poder”, completa o presidente da CUT.

E para reforçar o ‘Fora Bolsonaro’, a CUT apoia as manifestações que estão sendo organizadas pelas frentes Brasil Popular e Povo sem Medo para o dia 19 de junho, sábado da semana que vem. A CUT é uma das impulsionadoras da Campanha Nacional Fora Bolsonaro, por fazer parte das Frentes Brasil Popular, Povo Sem Medo e do Fórum das centrais sindicais.

Neste dia, movimentos sociais pretendem levar às ruas todas as bandeiras de luta mais urgentes, mas o foco, a bandeira principal, é impeachment do presidente – o “fora, Bolsonaro” -, exigindo que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), paute um dos mais de cem pedidos de afastamento, que estão engavetados no Congresso.

Para este dia, a orientação da CUT é que todos que se sentirem seguros para ir às ruas, que não façam parte de grupos de riscos nem tenham comorbidades, devem se cercar de todos os cuidados necessários, a exemplo do que aconteceu no dia 29 de maio, em que mais de 420 mil trabalhadores em mais de 210 cidades deram um exemplo de proteção à vida nas manifestações, todos usando máscaras, álcool gel e mantendo o máximo possível de distanciamento social.

Ao contrário das manifestações antidemocráticas de apoio a Bolsonaro, convocadas por ele próprio, em que seus seguidores ignoram qualquer medida de segurança – máscara principalmente – e demonstram um enorme desprezo à vida e à dor das cerca de 500 mil famílias que perderam entes queridos na pandemia.

Sérgio Nobre orienta aos trabalhadores que não se sentirem seguros para ir às ruas, que organizem outros tipos de manifestações mais isoladas como panelaços e carreatas. “O povo pode dizer o ‘fora, Bolsonaro’ de várias maneiras, como ir para as redes sociais e se manifestar intensamente, pendurar bandeiras na janela, fazer panelaços, participar de carreatas.”

Mas uma coisa é certa, ele diz. “Se queremos que tenha emprego, que tenha auxílio emergencial, que tenha vacina, que tenha direitos, se queremos que o Brasil seja um pais decente, tem que ser com ‘fora, Bolsonaro’”.

Por isso, o dia 19, Dia Nacional de Mobilização por ‘Fora Bolsonaro’, será uma data igualmente histórica para o Brasil –  mais um dia em que a maioria dos brasileiros mostrará que o país, “com Bolsonaro, não tem futuro”, completa o presidente da CUT.

Recomendações essenciais da CUT para as manifestações:

  • Participação nas atividades de rua, somente de quem se sentir seguro;
  • Quem não for para as ruas, poderá participar de forma virtual, colocando bandeiras nas fachadas, fazendo panelaços e outras ações;
  • Nas ruas, manter o distanciamento mínimo necessário, utilizar máscara adequada, álcool em gel;

Cuidados necessários:

– Quem não deve participar dos atos:

Pessoas que apresentam sintomas de covid-19 ou que tiveram contato recente com infectados o novo coronavírus, que possuam comorbidades ou que residam com alguém que as possua.

– Antes do ato:

Tomar cuidado redobrado com o transporte público. Evitar meios de transporte sem janela e que tenham muitas pessoas. É imprescindível sair de casa já utilizando máscara, preferencialmente do tipo PFF2 ou N95.

– O que fazer durante o ato:

Manter-se sempre ao ar livre e preferencialmente a uma distância de 1 a 2 metros de outras pessoas.

Retire a máscara apenas para trocá-la caso esteja úmida e neste caso, afastar-se das demais pessoas.

Limpar as mãos frequentemente com álcool em gel 70% e evite tocar mucosas dos olhos, nariz e boca sem que as mãos estejam devidamente higienizadas.

Não compartilhar objetos de uso pessoal e, se for possível, leve mais de uma máscara PFF2 ou N95 para distribuir para quem não as tem.

– Depois do ato:

Não confraternizar com amigos em bares, nem em casa, após a manifestação. No caminho de volta, são necessários os mesmos cuidados com o transporte público. Retire a máscara ao somente ao chegar em casa.

Edição: Marize Muniz

ARTE: EDSON RIMONATTO/CUT

 

 

 

 

Contemplado no Programa Aldir Blanc-Bahia, memorial foi lançado no dia 29 de maio

Fonte: Da Coalizão Negra por Direitos

Preservar história, memória, tradição religiosa e cultura negra do bairro Engenho Velho da Federação em Salvador, é um dos objetivos do “Caminhos da Sagrada Resistência: Histórias e Memórias no Território Negro do Engenho Velho da Federação”. 

O projeto propõe a criação de um site com registros de memória em fotos, vídeos, áudios e textos da “Caminhada pelo Fim da Violência e do Ódio Religioso, pela Paz!”. O memorial digital ressalta o compromisso político, social e cultural que a Caminhada possui ao longo de 16 anos no enfrentamento às diversas manifestações de violência sofrida pelo povo de Terreiro, e o engajamento das lideranças religiosas e sociais na organização do evento.

O acervo é composto por informações que contam a história do Engenho Velho da Federação e suas manifestações culturais, conteúdos ligados às temáticas abordadas em cada edição da Caminhada e registros das etapas de sua elaboração e realização. O projeto é realizado pelo Terreiro do Cobre através da Sociedade Flaviana Bianc, em parceria com os Terreiros Ilê Axé Omire Ojuire, Ilê Axé Mana Dandalunda Oya, Nzo Onimboyá, Zoogodô Bogum Malê Rundó, Ilê Axé Alarabedé, Pena Branca Jussara, Nzó Tanuri Junsara, Odé Mirin de Oxossi, Obá Tony, Centro de Caboclo Marujo, IIê Axé Opo Oya Omim,Tumbalagi Junçara, Ilê Axé Omadó Ny Osun, Ilê Oyo Bomim e Ilê Axé Awa Negy.

O memorial foi lançado dia 29 de maio, às 17h, numa transmissão ao vivo pelo YouTube (https://abre.ai/cHnb). O lançamento aconteceu na mesma semana em que se comemorava o Dia da África. A escolha da data representa um ato de resistência e valorização da ancestralidade.

Terreiros do Engenho Velho (Foto: Imagem retirada do site Coalizão Negra Por Direitos)

A Caminhada

Terreiros do Engenho Velho (Foto: Imagem retirada do site Coalizão Negra Por Direitos)

Em 2004, templos religiosos do Engenho Velho da Federação foram invadidos por adeptos de igrejas neopentecostais em ato de total desrespeito à história e tradição religiosa, símbolo desses espaços sagrados. Diante do contexto de extrema violência, lideranças e comunidades de Terreiros de Candomblé, Caboclos, Umbanda e de outras religiões afro-brasileiras, além da comunidade do bairro, vão às ruas todo os anos no dia 15 de novembro para denunciar o desrespeito às tradições religiosas de matriz africana e indígena, resultado dos efeitos danosos do racismo e da ausência ou violação de políticas públicas voltadas para a garantia da integridade dessas religiões.

O projeto tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Pedro Calmon (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.

 

Terreiros do Engenho Velho (Foto: Imagem retirada do site Coalizão Negra Por Direitos)

 

 

 

 

 

 

 

 

Não. O que o governo propõe, na PEC 32/2020, é a desorganização do serviço público, tirando do Estado atribuições fundamentais no atendimento à população e abrindo espaço a privatizações de áreas essenciais, entrega da saúde e da educação para Organizações Sociais, fim dos concursos públicos para grande parte dos cargos, apadrinhamento no preenchimento das vagas e quebra da estabilidade facilitando a perseguição política e a pressão das chefias para cumprimento de ordens indevidas ou ilegais.

A reforma é mais uma disputa pelo orçamento público, a exemplo da Emenda Constitucional 95/2016 que congelou o orçamento para os serviços públicos por 20 anos. Entre atender à população – com um projeto de ampliação e melhoria da educação, pesquisa e saúde – e destinar uma parcela maior do dinheiro público para empresários e bancos, o governo escolheu a segunda opção.

Com o golpe de 2016, o governo de Michel Temer (MDB) e depois Jair Bolsonaro (sem partido) aprovaram medidas que, segundo eles, fariam o Brasil voltar a crescer: teto de gastos (EC 95/2016), terceirização geral; reforma trabalhista; reforma da Previdência. Nenhuma delas resolveu; pelo contrário, aumentaram os ganhos dos mais ricos e empobreceram a grande maioria da população.

É certo que várias distorções foram criadas para acomodar os interesses das cúpulas dos poderes, não são poucos os casos de remunerações que ultrapassam em muito o teto do funcionalismo, mas essa reforma não mexe em nada disso. Ao contrário, tende a aumentar ainda mais a diferença entre os menores e maiores salários.

Com a PEC, serviços públicos como Saúde e Educação seguem sendo obrigação do Estado e direito da população?

Não. A PEC 32/2020, de Bolsonaro e Guedes, introduz entre os princípios da administração direta e indireta descritos no Art. 37 da Constituição Federal o da subsidiariedade. Ou seja, o estado passa a ser complementar ao que o setor privado não pode ou não quer atender.

Mesmo que seja apenas um princípio constitucional, nos planos do governo para a reforma já constam mais duas etapas para sua implementação onde esta mudança pode ser realmente aplicada. Portanto, esse princípio antecipa o objetivo de substituição de escolas, universidades, hospitais e postos de saúde públicos pela entrega de vouchers (vale-mensalidade, vale-educação, vale-creche, vale-saúde) ou mesmo a entrega da administração, contratações e compras para as chamadas organizações sociais lucrarem em cima do que deveria ser direito do povo.

A população precisa de mais e melhores serviços públicos, e não menos.

A reforma se aplica apenas aos servidores federais?

Não. A reforma se aplica a todo o serviço público do país: à “administração pública direta e indireta de quaisquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios” (art. 37 da PEC 32/2020). Todos os servidores serão atingidos. O Brasil possui cerca de 10,7 milhões de servidores públicos civis ativos e sua maior parte é constituída de servidores municipais, quase 6 milhões (62,4%), seguida de 3 milhões de servidores estaduais (30,8%) (IBGE, 2016).

 

 

 

As Frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular realizaram reunião na quarta-feira, 9, para avaliação do #29M e organização do #19J. Participaram cerca de 90 representantes de centrais sindicais, partidos (PSOL, PT, PC do B, PDT, UP, REDE, PCO, PSTU e PCB), Coalizão Negra por Direitos, Movimento Acredito,  entidades estudantis, entre outras representações da sociedade civil. 

Ficou decidido que a concentração do #19J será no monumento a Zumbi dos Palmares, na Avenida Presidente Vargas, mesmo local do #29M, a partir das 10h, e os manifestantes seguirão até a Candelária. As palavras de ordem continuam sendo Fora Bolsonaro! Vacina no braço, comida no prato e a luta é pela vida! 

Os organizadores da manifestação centrarão esforços para que as pessoas fiquem atentas em manter o distanciamento entre elas e também haverá mais organização no uso dos carros de som.  

Plenária nacional 

A reunião também orientou para que todos participem da 4ª Plenária Nacional de Organização das Lutas Populares da Campanha Fora Bolsonaro, que ocorrerá nesta quinta-feira, 10 de junho, às 18h. É necessário realizar inscrição pelo link: https://forms.gle/WgcYNw5QSoWA3spN8

 

 

 

 

Abaixo-assinado pedindo a suspensão da PEC 32 na pandemia foi entregue à Câmara pela Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público e a Frente servir Brasil 

A Câmara dos Deputados instalou na tarde de quarta-feira, 9, a comissão especial que irá analisar o mérito da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32/2020, a reforma administrativa de Bolsonaro que destrói os serviços públicos, avançando mais um passo na sua tramitação. 

A comissão, de maioria governista, foi instalada logo após a entrega do abaixo-assinado com mais de 130 mil assinaturas pedindo a suspensão da PEC 32 enquanto durar a pandemia. O documento foi entregue ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pela Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público junto com a Frente Servir Brasil e entidades do serviço público. 

Mobilização

A data da instalação da comissão foi mais um dia de mobilização dos servidores contra à proposta que, ao contrário do que diz o governo, acaba com direitos adquiridos da massa do funcionalismo e deixa de fora militares, juízes, desembargadores, procuradores, deputados e senadores. Pela manhã houve ato público em Brasília contra a reforma administrativa, em frente ao anexo II da Câmara dos Deputados com representantes de servidores de diversas categorias.

Na reunião virtual de instalação da comissão, o deputado Fernando Monteiro (PP-PE), que é empresário, foi eleito presidente do colegiado, enquanto a relatoria da proposta ficou a cargo de Arthur Oliveira Maia (DEM-BA), que já se pronunciou a favor da reforma administrativa. A comissão terá até 40 sessões do plenário da Câmara para emitir um parecer. 

O prazo para apresentação de emendas será de 10 sessões, contadas a partir de quinta-feira, 10. Cada emenda terá de ser assinada por 171 deputados. A comissão especial voltará a reunir semana que vem, 16, às 14h30, para a apresentação do plano de trabalho, deliberação de requerimentos e eleição dos vice-presidentes. O colegiado será composto por 34 integrantes titulares e 34 suplentes

O que eles pensam

Fernando Monteiro, afirmou ter um compromisso com o cidadão, “com o povo brasileiro”. Segundo ele, “a população está insatisfeita, os próprios servidores estão insatisfeitos, algo precisa ser feito”, sustentou. O deputado disse ainda que todos os atores serão ouvidos pela comissão durante a tramitação da PEC 32/2020. “Todos terão tempo para apresentar seus argumentos”, ressaltou. Segundo ele, não será aprovada a reforma administrativa ideal, mas a possível.

Já Arthur Maia afirmou que a Assembleia Nacional Constituinte cometeu “excessos” no trato com os servidores. E já mostrou a que veio:

“Teremos de debater temas que serão extremamente relevantes e atuais, temos sim de trazer para o debate a questão da cláusula de desempenho, temos sim de discutir se é bom ou não para o Brasil a estabilidade na forma como ela é hoje colocada. Temos sim de discutir como serão mantidos ou não mantidos os cargos de confiança e os cargos em comissão. Temos sim, portanto de fazer aqui um debate que bote o dedo na ferida e possa melhorar e qualificar o nosso serviço público”, defendeu.

Com Agências de Notícias

 

 

Energia elétrica foi o que mais pressionou o índice de maio, com aumento de 5,37%. Já as carnes, que subiram 2,24% e continuam a subir, acumulam aumento de 38% nos últimos 12 meses

Publicado: 9 Junho, 2021 – Escrito por: Redação CUT

Pressionada pela alta da energia elétrica, que subiu 5,37%, a inflação de maio chegou a 0,83%, a maior taxa para o mês desde 1996, quando atingiu 1,22%. O índice acumula alta de 3,22% no ano e de 8,06% nos últimos 12 meses, de acordo com dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta quarta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O gerente da pesquisa, Pedro Kislanov, explica a disparada no índice da energia dizendo que se deve a dois fatores:

1) Em maio passou a vigorar a bandeira tarifária vermelha patamar 1, que trouxe uma diferença grande em relação à bandeira amarela, que estava em vigor de janeiro a abril.

2) A série de reajustes que houve no final de abril em várias concessionárias de energia elétrica espalhadas pelo país.

A bandeira tarifária vermelha patamar 1 acrescenta R$ 4,169 na conta de energia a cada 100 quilowatts-hora consumidos.

Também subiram os preços de água e esgoto (1,61%), gás de botijão (1,24%), gás encanado (4,58%), gasolina (2,87%), gás veicular (23,75%), etanol (12,92%) e o óleo diesel (4,61%).

As carnes, que subiram 2,24% e continuam a subir, acumulam aumento de 38% nos últimos 12 meses.

Para Kislanov, o aumento das carnes é um dos fatores que explicam por que comer fora de casa ficou mais caro. A alimentação fora do domicílio teve alta de 0,98% em maio e, no mês anterior, havia subido 0,23%. As altas do lanche (2,10%) e da refeição (0,63%) contribuíram para o aumento. Em abril, os dois itens tiveram queda em seus preços.

Todas as áreas pesquisadas no IPCA tiveram inflação em maio. A maior variação foi registrada na região metropolitana de Salvador (1,12%), que foi impactada, principalmente, pelas altas nos preços da gasolina (8,43%) e da energia elétrica (10,54%).

Já a menor variação ocorreu em Brasília, que teve inflação de 0,27%, influenciada pela queda nos preços das passagens aéreas (-37,10%) e das frutas (-10,68%).

INPC sobe 0,96% em maio

Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de maio teve alta de 0,96%, acima do resultado de abril, quando havia registrado 0,38%. O resultado de maio é o maior para o mês desde 2016, quando registrou 0,98%.O índice acumula, no ano, alta de 3,33% e de 8,90% em 12 meses. Em maio de 2020, a taxa foi de -0,25%.

Kislanov explica que o impacto da energia elétrica é maior no INPC (0,28 p.p.) do que no IPCA (0,23 p.p.), o que pode justificar a maior variação do índice. “A energia elétrica tem um peso muito grande entre as famílias de menores rendas. Além disso, também pesou bastante o aumento da gasolina (0,15 p.p.) e das carnes (0,09 p.p)”, diz.

Os produtos alimentícios subiram 0,53% em maio enquanto, no mês anterior, haviam registrado 0,49%. Já os não alimentícios subiram 1,10%, após variarem 0,35% em abril.

Todas as capitais pesquisadas tiveram inflação em maio, com destaque para Salvador (1,25%), que foi impactado pelas altas da energia elétrica (10,63%) e da gasolina (8,43%). Já o menor índice foi observado em Brasília (0,41%), influenciado pelas quedas nos preços das passagens aéreas (-37,10%) e das frutas (-11,63%).

 

AGÊNCIA PT

 

Até março deste ano, quase 700 mulheres foram baleadas na Região Metropolitana do Rio de Janeiro

9/6/2021 em Violência contra MulherViolência Racial e PolicialFonte: Brasil de Fato

A morte de Kathlen Romeu, grávida de quatro meses, na última terça-feira (8) é a 8ª morte de gestante na Região Metropolitana do Rio de Janeiro desde 2017. Segundo a plataforma Fogo Cruzado, 15 mulheres grávidas foram baleadas no Grande Rio, sete delas morreram. Desses 15 casos, nove bebês não resistiram.

Segundo a Fogo Cruzado, apesar de todas terem sido vítimas da violência armada, as 15 grávidas baleadas no Grande Rio foram vitimadas de diferentes formas: 6 delas foram vítimas de balas perdidas, 4 foram vítimas de execução/homicídio, 3 foram baleadas durante roubo ou tentativa de roubo, 1 foi baleada com indícios de tortura e 1 não teve motivação identificada.

Até março de 2021, a plataforma, que compila dados de segurança pública no estado do Rio, registrou 681 mulheres baleadas na Região Metropolitana do Rio: 258 delas não resistiram e morreram.

Os motivos dos tiroteios que mais deixaram mulheres baleadas foram operação ou ação policial, que fez 194 vítimas ao todo (45 mortas e 149 feridas). Roubo e tentativa de roubo veio em seguida, totalizando 117 vítimas (34 mortas e 83 feridas). Homicídio e tentativa de homicídio (111 vítimas: 74 mortas e 37 feridas); execução e tentativa de execução (68 vítimas: 59 mortas e 9 feridas).

Vítimas mulheres em disputa entre facções/milícias somam 36, sendo 13 mortes e 23 feridas. Em apenas 10% dos casos, não foi possível identificar as circunstâncias dos disparos.

Quase metade das mulheres baleadas na Região Metropolitana do Rio foram vítimas de balas perdidas. Foram 314 mulheres atingidas que não tinham nenhuma participação ou influência direta nos tiros, mas que sofreram igualmente com os efeitos da violência armada: 59 delas morreram.

Chama atenção também que 12% das vítimas (85 mulheres) foram baleadas quando estavam dentro de casa: destas, 49 morreram. E outras 11 eram agentes de segurança: 7 morreram.

Ação da UPP

A designer de interiores Kathlen Romeu estava grávida de quatro meses e foi baleada na cabeça durante confronto na região. Ela estava caminhando na rua com a avó próxima à localidade conhecida como Beco da 14 quando teve início a troca de tiros entre policiais e criminosos. A jovem chegou a ser socorrida e levada por policiais para o Hospital Salgado Filho, no Méier, bairro da Zona Norte, mas não resistiu ao ferimento.

Em nota, a Polícia Militar informou que não estava sendo realizada uma operação, mas que fazia patrulhamento de rotina da UPP quando o carro foi alvo de tiros.

Em entrevista à TV Globo na manhã desta quarta-feira (9), o  pai de Kathlen disse que há um mês decidiu tirar a filha da comunidade, onde vive a avó, por conta da frequência de tiroteios no local.

“Noventa e nove por cento da comunidade são pessoas de bem. A mesma operação que tem constantemente na nossa área não tem na Zona Sul. Eu tirei ela de lá por causa da violência. Minha filha era a coisa mais especial da minha vida. Uma pessoa do bem, inteligente”, disse o pai de Kathlen.

Repercussão

Nas redes sociais, a hashtag #Kathlen foi um dos assuntos mais comentados em todo o Brasil, com repercussão entre políticos e artistas. Anielle Franco disse que lembrou da irmã, a vereadora Marielle Franco, executada em março de 2018, no Rio Comprido, região central do Rio.

“Não consegui dormir quase nada pensando na família da Kathlen. Fiquei pensando na primeira noite sem minha irmã. Depois pensei naquela ida fatídica ao IML (Instituto Médico Legal) que precisei fazer. Mari nutria sonhos. Kathlen carregava o seu. É sonho atrás de sonho sendo interrompido. Que dor!”, escreveu Anielle.

Protesto

Um ato em frente ao Palácio Guanabara, sede do governo estadual, em Laranjeiras, Zona Sul da capital, está marcado para esta quarta-feira (9), às 18h. O protesto é contra a política de segurança que vem sendo colocada em prática pelo governador Cláudio Castro (PSC) durante a pandemia.

A organização do ato recomenda que todos e estejam de máscaras e que levem álcool em gel para higienização das mãos. Na chamada para o protesto, os organizadores lembraram o governo vem desrespeitando decisão do Supremo Tribunal Federal que impede ações policiais em comunidades durante a pandemia.

“Leve sua vela, seu cartaz, sua dor e revolta! Encheremos o Palácio Guanabara com símbolos que representam a política de morte que este governo produz todos os dias em nossas favelas e periferias. O governador Cláudio Castro e sua polícia vem afrontando o STF e descumprindo a liminar de suspensão das Operações Policiais no Estado do RJ”, afirmam os organizadores.

Jovem de 24 anos estava grávida de quatro meses e foi baleada na cabeça, no Lins, Zona Norte do Rio – Reprodução

 

 

 

 

‘De acordo com o relatório de nossos representantes, já temos a apuração oficial do partido, onde o povo se impôs a esta façanha, a qual saudamos’, disse

REDAÇÃO OPERA MUNDISão Paulo (Brasil) 9 de jun de 2021

O candidato de esquerda Pedro Castillo se declarou vencedor das eleições presidenciais do Peru na noite desta terça-feira (08/06), com base em mais de 98% apurados e nas contagens paralelas feitas pelo Perú Libre, seu partido.

Em declarações em frente ao comitê de campanha, Castillo afirmou que “O povo falou”. “De acordo com o relatório de nossos representantes, já temos a apuração oficial do partido, onde o povo se impôs a esta façanha, a qual saudamos. Por isso, peço também que não caiam na provocação.”

Às 11h da manhã em Brasília, Castillo tinha uma diferença de cerca de 72 mil votos em relação à adversária, a ultradireitista Keiko Fujimori. Em números percentuais, a diferença é de 0,4 ponto. 

Veja como está a apuração das eleições no Peru:

Pelos dados divulgados pelo órgão eleitoral, não é possível saber com precisão quantos votos ainda faltam a ser apurados. Uma projeção aponta há pelo menos 177 boletins de urna ainda a serem contabilizados, mas não se sabe quantas cédulas estão computadas nelas.

A esperança de Keiko de virar novamente a apuração se baseava nos votos do exterior, que vinham em grande proporção a favor da candidata. Mesmo assim, à medida em que a apuração avançou, essa proporção, que chegava a ser de 80 votos para Keiko e 20 para Castillo a cada 100, já caiu para 66 contra 34. 

Contra as expectativas de Keiko, ainda há a questão da abstenção fora no Peru, que bateu 64% (dentro do país, foi de 23%).

Além disso, ainda faltam alguns votos em zonas rurais do país, em especial na região de Cusco, onde Castillo é muito forte (os votos para ele estão entrando na proporção de 83 a 17 a cada 100). Na região, 95,66% das atas já foram processadas e 95,2%, contabilizadas.

Nas áreas em que a candidata da Força Popular é mais forte, a apuração ou está muito avançada – caso de Lima, com 100% das atas processadas e 97,96% contabilizadas -, ou já foi concluída.

Existe uma diferença entre atas processadas e atas contabilizadas. As processadas são as recebidas pelo órgão eleitoral e checadas quanto à validade e outros problemas; as contabilizadas são aquelas que, efetivamente, entram na contagem dos votos.

 

Reprodução/Facebook

 

 

Negócio teve aumento de 25% durante a pandemia e faturou mais de R$ 100 mil em 2020.

Mulher NegraFonte: Por Marcelo Baccarini, do G1

Uma ex-professora apostou na diversidade ao lançar uma marca de artigos de papelaria e moda com temática afro. Mesmo com a pandemia do coronavírus, teve aumento de 25% na receita em 2020. Ela se reinventou e faturou mais de R$ 100 mil.

Ana Cláudia Silva era professora e, para complementar a renda, revendia bolsas para as colegas de trabalho, até que decidiu virar empreendedora. Com o valor do 13º salário – R$ 2,8 mil – comprou tecido, couro sintético e fez bolsas com estampa afro. Começou a vender e não parou mais.

“É possível começar com pouco, assim como eu comecei. Foi um investimento que fiz com um risco calculado, estudei o mercado, vi oportunidade, coloquei minhas poucas economias no que eu precisava e no que o mercado precisava e vi que o retorno seria possível”, conta a empresária.

Os produtos levam diversidade para alunos e professores. Além de bolsas, são mochilas, jalecos, cadernos e outros itens de papelaria.

“Você vai nas prateleiras de grandes papelarias, de armarinhos, e sempre vai achar os mesmos personagens. Mas você não vai achar nada que se identifique com o meu cabelo, com as tranças, com os dreads, com a pele mais escura”, diz.

Ana montou a empresa no começo de 2019 e vendeu muito durante todo o ano. Animada, investiu R$ 30 mil e fez um estoque grande no começo de 2020, mas a pandemia chegou. Quase 90% das vendas eram feitas em feiras e eventos, que pararam com o início da quarentena.

Em menos de um mês, Ana fez uma revolução digital na empresa. Chamou artistas negros, fez lives, alugou estúdio, tirou fotos de produtos, divulgou on-line.

Os produtos são criados pela empresária e a produção é terceirizada. Em 2020, o faturamento ultrapassou pela primeira vez R$ 100 mil. A empresária também colocou as contas em ordem, trocou fornecedores e reduziu os custos em 20%.

Para 2021, a expectativa é faturar R$ 150 mil e iniciar contatos para exportação.

Afra Design
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Ana Cláudia Silva (Foto: Reprodução/ Instagram @ ceoanaclaudia)

 

 

De cada quatro participantes da investigação, um informou ter adoecido por covid. Também preocupa a constatação de comorbidades entre os servidores da instituição, como hipertensão, diabetes e sobrepeso. Os resultados desse trabalho inédito realizado na universidade foram apresentados em primeira mão ao Sintufrj.

O estudo Epicovid UFRJ – levantamento realizado nos quatro primeiros meses deste ano – apontou que 26,5% da comunidade universitária da UFRJ (quase três mil pessoas) foram acometida pela covid-19. De cada quatro respondentes, um informou adoecimento pela doença. A pesquisa apontou também que a UFRJ refletiu o comportamento dos casos no Rio de Janeiro. 

“A estimativa de 26,5% pode estar superestimada, mas ao observarmos o padrão da curva epidêmica que foi semelhante à do Rio de Janeiro, é o que se refletiu e está refletindo entre nós”, explicou o coordenador da pesquisa, Antônio José Leal Costa, professor de epidemiologia do Instituto de Estudos e Saúde Coletiva da UFRJ (Iesc) e atual diretor do instituto.

Trabalho inédito 

“Esse é o único levantamento feito até agora sobre a covid-19 relacionada com o conjunto da universidade, a partir da participação voluntária em responder ao questionário do estudo, que permite descrever a ocorrência da pandemia na comunidade da UFRJ”, destacou o pesquisador.

Os resultados são preliminares e envolveram 11.250 pessoas, entre servidores técnico-administrativos e docentes, alunos de graduação e pós-graduação, pós-doutorandos, terceirizados, permissionários e aposentados. Os campi de Macaé e Caxias também tiveram participantes, mas a maior parte dos respondentes à pesquisa é oriunda da Cidade Universitária, na Ilha do Fundão, e da Praia Vermelha.

Fonte de consultas para uma política de saúde do trabalhador 

De acordo com o epidemiologista, apesar de a comunidade universitária em seu conjunto reunir cerca de 80 mil pessoas e a pesquisa abranger somente 11.250 desses integrantes, o estudo aponta estimativas e indicadores importantes em relação ao adoecimento por covid-19 e em relação à saúde em geral da comunidade universitária.

Dentre os servidores, responderam 1.857 docentes e 1.254 técnicos-administrativos, reunindo 27,5% do total. Os alunos de graduação – 5.675 e pós-graduação – 2.223 concentraram 70% da pesquisa. 

“Temos aqui estimativas que nos permitem, ainda que de maneira incompleta, termos um ponto de partida para pelo menos iniciar uma discussão a respeito da necessidade e da pertinência de políticas de saúde, que podem e devem ser pensadas internamente dentro da UFRJ, voltadas para a nossa saúde como comunidade acadêmica”, afirmou Leal Costa.

Na avaliação geral do professor, “por mais que possamos ter imprecisões, os resultados da pesquisa são de grande contribuição (para o estabelecimento de uma política de saúde na universidade)”. E acrescentou: “Porque permite não apenas se ter estimativas globais, como também estimativas por diferentes grupos que compõem a nossa comunidade. E, como já era esperado, identificamos desigualdades. Isso significa que a gente deve olhar para o conjunto da nossa comunidade e pensar políticas de intervenções que lidem com essas desigualdades”, propôs o diretor do Iesc. 

“Cabe pensar uma política global (de saúde) para a nossa comunidade, mas essa política de saúde deve atentar também para os padrões de desigualdades, tanto no que diz respeito ao adoecimento por covid e também em relação às condições crônicas de comorbidades que se mostram de forma diferenciada e desigual dentro da universidade. Precisamos entender essas desigualdades e atuar no sentido de pensar estratégias específicas para os diferentes grupos da nossa comunidade, com o objetivo de reduzir as desigualdades prevalentes entre nós”, complementa.

Planos futuros: “Esse estudo é uma contribuição importante. Estamos concluindo a análise e pretendemos divulgar os resultados para toda a comunidade universitária. Feito isso, pensamos na possibilidade de um segundo inquérito para continuar a pesquisa, não só para continuar acompanhando a frequência de adoecimento pela covid, como também os aspectos da vacinação, porque o estudo começou a ser feito no início da vacinação”. 

Sexo, idade e cor da pele

Os participantes da pesquisa foram divididos também por sexo, idade e cor da pele. 

Nos sexos masculino e feminino, as frequências de acometimento da doença foram as mesmas, em torno de 26%. Já o adoecimento pela doença foi maior entre as pessoas na faixa etária entre 25 e 39 anos, 28,8%. De 18 a 24 anos (26,5%) e de 40 a 59 anos (25,4%). A partir dos 60 anos diminui para 16%. 

Segundo Leal Costa, o resultado apurado está muito relacionado com a distribuição etária das categorias na comunidade universitária. Em relação, por exemplo, ao acometimento dos mais jovens, está ligado ao universo dos alunos. Já na faixa etária de 60 anos, a incidência da doença está entre os servidores, técnicos-administrativos e docentes. E, por último, a interpretação para a menor frequência do acometimento da doença pode estar ligada ao isolamento social e ao trabalho remoto.

Pardos e pretos foram os mais atingidos

A característica cor da pele autodeclarada – branca, parda, preta, amarela e indígena – mostrou algumas variações em termos da frequência de acometimento da doença. Para a amarela e a indígena, a estimativa é imprecisa devido ao número reduzido de respostas.

Entre os que se declararam de cor branca, a frequência da doença foi de 25%; já a parda chegou a quase 30% (29,6%) e a de cor preta, 28,4%. A análise segundo a cor da pele autodeclarada em estudos epidemiológicos é algo muito comum, explicou o epidemiologista.

“Nós utilizamos (a característica cor da pele autodeclarada) com o interesse principalmente de estudar as desigualdades sociais existentes entre os grupos. É como um marcador de condição social e econômica mostrando como ocorre nos estudos epidemiológicos algumas desigualdades com essas características. (A pesquisa) sinalizou frequências maiores do adoecimento para as categorias parda e preta, que estão associadas de forma geral à nossa população como um todo em situações de maior vulnerabilidade”, aprofundou o estudioso.

Ele observou que, “ainda que estejamos falando da comunidade da UFRJ, muito provavelmente essas características entre nós também são indicativas de algum grau de vulnerabilidade”.

“Esses resultados”, continuou, “nos permitem um olhar um pouco mais detalhado para nós mesmos no sentido de perceber como esses processos de saúde e adoecimento, no que diz respeito à covid, estão ocorrendo entre nós. Como esperávamos, não nos surpreende essas variações em termos de desigualdades no padrão heterogêneo de adoecimento.”  

Técnicos-administrativos

A pesquisa mostrou, com exceção da cor da pele, que as diferenças, quando analisados somente os técnicos-administrativos, são semelhantes às diferenças observadas para o conjunto da universidade. 

Com relação ao sexo, a diferença entre os técnicos-administrativos é pequena – 24,6% das mulheres e 22,9% dos homens referiram adoecimento. 

No que diz respeito à idade, há também uma pequena diferença. A idade mais acometida entre os técnicos-administrativos foi de 40 a 59 anos, 27,3%. 

“Pode também estar refletindo a própria composição etária do corpo técnico. Mas chama a atenção. A idade com maior frequência de acometimento – 40 a 59 anos (27%) – é uma faixa etária mais envelhecida em relação ao conjunto da universidade, que foi de 25 a 39 anos.”

Olhando somente para os técnicos-administrativos, a cor da pele também chamou a atenção. Nos que se declararam de cor branca, a frequência de adoecimento foi de 22,5%, mais baixa que o conjunto da universidade, que foi de 25%. E as diferenças em relação às categorias pardas e pretas foram mais acentuadas.

Entre os técnicos-administrativos que se declararam de cor parda, 26,7% referiram adoecimento por covid, e entre os que se declararam de cor preta, 30,2% referiram o adoecimento. “Então, entendendo as categorias cor da pele autodeclarada como marcadores de condições socioeconômicas ou desigualdades sociais entre os técnicos, está aí uma diferença mais evidente em termos de frequência de adoecimento para as cores pardas e principalmente pretas em comparação à categoria autodeclarada como branca”, observou o pesquisador.

Comorbidades: hipertensão e diabetes preocupam

A pesquisa levantou também as condições de saúde que implicam maior risco no que diz respeito à covid-19. Chamaram a atenção a hipertensão e a diabetes. Leal Costa repete que todo o levantamento foi feito com base nas respostas dos participantes sem solicitação de quaisquer exames, uma metodologia mundialmente utilizada em estudos epidemiológicos.

Do total dos pesquisados, informaram saber ter hipertensão 11%, ou 1.241 pessoas. Em relação aos 1.254 técnicos-administrativos participantes, o percentual sobe para 27%. Ambos considerados elevados pelo pesquisador.

No caso de diabetes, cerca de 5%, ou seja, 539 pessoas informaram saber serem diabéticos. Em relação aos técnicos-administrativos, 11%, ou 140 dos pesquisados, informaram saber da doença.

“Então essas prevalências de 27% com relação à hipertensão e 11% em relação à diabetes são frequências bastante elevadas e preocupam, considerando serem condições de risco para as formas mais graves de covid. Mas também preocupam por si só como morbidades que podem resultar em danos e limitações importantes para a saúde”, alertou o epidemiologista.

A composição corporal foi também outro indicador que chamou muito a atenção na pesquisa. Foram separados os com menos de 60 anos e os de 60 anos ou mais.

No conjunto da universidade, 28% informaram estar com sobrepeso. “Pedimos o peso e altura, e com isso calculamos o índice de massa corporal que é utilizado em estudos populacionais para indicar sobrepeso e obesidade.”

Estão com sobrepeso 35% dos técnicos-administrativos entrevistados, e 26% são obesos. Pouco mais de 60% dos técnicos-administrativos estariam na faixa de sobrepeso ou de obesidade. 

“Pode haver erro e pode de algum modo estar refletindo o efeito da pandemia devido ao comportamento sedentário, mas chama a atenção, porque são frequências muito elevadas”, chamou a atenção Leal Costa.

A partir dos 60 anos, 43% responderam estar na faixa do sobrepeso. Em relação aos técnicos-administrativos, a frequência sobe para 49%. Ambas as frequências são altamente elevadas.

“Por si só, independente da covid, esses resultados chamam a atenção, enquanto comunidade universitária, para pensar estratégias e meios de lidar com essas condições físicas crônicas, como sobrepeso, obesidade, hipertensão e diabetes”, avaliou Leal Costa.

Estado de saúde em geral

A última pergunta, comum em estudos epidemiológicos, se refere à saúde como um todo da pessoa. 

“Muito simples, subjetiva, porém de grande valor. É o que chamamos autoavaliação do estado geral de saúde. O que nos preocupa nas respostas são as avaliações tidas como negativas ou desfavoráveis. Em especial às categorias ruim e muito ruim”, disse o epidemiologista.

No conjunto da universidade, 2,1% (238 pessoas) responderam estar com a saúde ruim. Muito ruim, 21 pessoas (0,2%). “São referências relativamente pequenas, mas essas respostas são indicativas de um risco grande de adoecimento e até risco de morte. Isso por diversas condições e motivos de uma saúde física e mental deteriorada”, explicou.

O estado de saúde regular tende mais para uma avaliação negativa do que positiva. E as frequências são mais elevadas. Dos 19,5% do conjunto dos respondentes, 2.196 referiram um estado de saúde regular. E no caso dos técnicos-administrativos, 18,3% (ou 230) referiram o estado de saúde regular.

“Se juntarmos regular, ruim e muito ruim, temos para o conjunto da universidade de 21,5% e 22% referindo um estado de saúde de alguma maneira comprometido. Entre os técnicos-administrativos essa proporção fica em torno de 20%. Isso significa dizer que entre cada cinco, um está com a saúde comprometida.”

Segundo Leal Costa, nesse momento, ao avançar nas análises dos resultados, foi verificado que a resposta dos que disseram terem sido acometidos por covid coincide com suas respostas de avaliações negativas do seu estado de saúde. 

“Essas respostas sinalizam um acompanhamento de alguma forma para que a gente destine uma atenção para o conjunto da nossa comunidade no que diz respeito ao nosso estado de saúde. Especialmente nesse momento de pandemia. E que seja um esforço conjunto de toda a universidade e dos grupos que a compõem”, concluiu.

 

Antônio José Leal Costa coordenou a sessão – Fotos: George Magaraia/Abrasco