CALENDÁRIO DE LUTAS

 

Dia 20 de setembro (SEXTA):

Mobilização para o ato às 17h, na Candelária, como parte de um Calendário Internacional de Combate às Mudanças Climáticas e do Dia Nacional de Lutas em Defesa da Soberania, do Meio Ambiente, dos Direitos Trabalhistas e Sociais, da Educação Pública e Contra a Reforma da Previdência.

No desgoverno Bolsonaro estamos expostos a todo tipo de aviltamento e indignidade: retirada cotidiana de direitos, destruição dos serviços públicos e das universidades públicas,  desarticulação dos conselhos de participação social, reformas destruidoras da classe trabalhadora (como a Trabalhista e da Previdência), destruição do meio ambiente e das reservas naturais (nenhum combate às queimadas na Amazônia e no Centro-Oeste).  O governo só cuida dos interesses dos empresários, dos patrões, e pisa em quem constrói o país dia após dia.

SEXTA NÃO TEM PARALISAÇÃO

 

Dias 2 e 3 de outubro (QUARTA e QUINTA):

GREVE DE 48 HORAS, construindo uma ampla campanha em defesa da soberania nacional, da educação pública e contra as privatizações!

Vamos concentrar esforços para paralisar completamente as atividades nos dias 2 e 3 de outubro em defesa da UFRJ, do patrimônio brasileiro e dos nossos direitos!

 

Sintufrj – Gestão Ressignificar

 

Sintufrj – Gestão Ressignificar

A chapa 1, Ventos de Maio: Juntos pela Universidade. Não vamos parar nem voltar atrás, venceu a eleição para a diretoria da Adufrj. Foram 734 votos contra 477 votos da chapa 2, Adufrj em Movimento pela Base. Houve ainda 10 votos em branco e 18 nulos. A posse da nova direção será realizada em 15 de outubro.

A futura presidente da AdUFRJ, Eleonora Ziller Camenietzki (Faculdade de Letras), da Chapa 1, avaliou a campanha como positiva, embora tenha considerado o quórum baixo diante do quadro universo para a universidade.

.”Os docentes precisariam de quórum maior neste momento adverso. Andei muito pela universidade, foi bom ver como os professores estão determinados a defender o seu trabalho como docente e a sua produção científica, a defender a universidade”, declarou a presidente eleita ao site da Adufrj.

No próximo fim de semana (dias 14 e 15), a Fasubra realizará plenária nacional e a assembleia geral realizada nesta quarta-feira, 11, no Quinhentão, aprovou propostas e indicou quem irá encaminhá-las nesse fórum de discussões e deliberações da Federação, em nome de toda a categoria na UFRJ.

De acordo com a direção da Fasubra, um dos pontos centrais da plenária será a deliberação da categoria em relação ao projeto Future-se, apresentado há dois meses pelo MEC – neste período, várias universidades já se posicionaram contra.

A plenária será realizada no auditório da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias (CNTI), em Luziânia (Goiás).

A Resolução

O Sintufrj, em assembleia geral, resolve:

– Participar ativamente da construção das manifestações do dia 20 de setembro “Dia Nacional de Paralisações e Manifestações em Defesa do Meio Ambiente, Direitos, Educação, Empregos e Contra a Reforma da Previdência”;

– Indicar à Fasubra que faça um debate amplo com os sindicatos da base sobre o processo de desmonte das universidades federais e os ataques aos direitos dos trabalhadores, impulsionando um amplo calendário de debates e de mobilização do conjunto da categoria;

– indicar à Fasubra que convoque uma reunião com as demais entidades da educação e da área de ciência e tecnologia (Andes, UNE, ANPG, CNTE, SBPC e CONTEE) para discutir a organização de um Encontro Nacional em Defesa da Educação Pública, Gratuita e de Qualidade, construindo uma ampla mobilização nacional em defesa da educação e contra os ataques do governo Bolsonaro;

Que a Fasubra busque junto ao ANDES, SINASEFE e outras entidades a construção de um calendário unificado do serviço público em defesa da soberania e contra as privatizações, com indicativo de paralisação de 48h nos dias 2 e 3 de outubro.

– construir, em conjunto com o DCE, a ADUFRJ e a APG, uma campanha unificada em defesa da UFRJ.

        

Todos nas ruas contra a destruição do Brasil!

Ato na Candelária às 17h.

Nesta sexta-feira, 20 de setembro, trabalhadores de todas as categorias, servidores públicos e estudantes farão paralisações e atos nas ruas em defesa dos direitos trabalhistas e sociais, educação pública, soberania nacional, empregos, meio ambiente e contra a reforma da Previdência, em tramitação no Senado.

A adesão a esse Dia Nacional de Luta foi aprovada na assembleia do Sintufrj na quarta-feira, 11, no Quinhentão. Quem convoca é a Fasubra, Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), CUT e demais centrais sindicais e os movimentos sociais.

Greve Global pelo Clima

A data escolhida para os protestos no Brasil converge com o dia de mobilização internacional Greve Global pelo Clima, organizado pela Coalização pelo Clima, uma articulação composta por diversos coletivos que debatem e promovem ações de informações e combate às mudanças climáticas.

No desgoverno Bolsonaro estamos expostos a todo tipo de aviltamento e indignidade: retirada cotidiana de direitos, destruição dos serviços públicos e das universidades públicas,  desarticulação dos conselhos de participação social, reformas destruidoras da classe trabalhadora (como a Trabalhista e da Previdência), destruição do meio ambiente e das reservas naturais (nenhum combate às queimadas na Amazônia e no Centro-Oeste).  O governo só cuida dos interesses dos empresários, dos patrões, e pisa em quem constrói o país dia após dia.

                                                              Sintufrj

Um ano depois do incêndio do Museu Nacional, a primeira medida concreta de cuidados para combater incêndios acaba de ser anunciada pela gestão que assumiu o comando da UFRJ em julho. A reitora Denise Pires de Carvalho assumiu o compromisso com o Sindicato de institucionalizar as brigadas de incêndios, que ficariam vinculadas a seu gabinete.

A decisão atende a uma bandeira do Sindicato, e foi anunciada no encerramento da 1ª Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho (1ª Sipat) na sexta-feira 6, realizada pelo Sintufrj. A reitora informou que vem recebendo notificações em relação a risco de incêndio em prédios da UFRJ, não só por causa da presença de substâncias químicas, mas também devido à rede elétrica antiga e às dificuldades de reforma em prédios tombados.
Ela acrescentou: “A comissão que trata do combate ao incêndio vai deixar de estar associada à Pró-Reitoria de Pessoal e vai ficar diretamente ligada ao gabinete da Reitoria, para que a gente possa seguir neste olhar mais amplo para toda a universidade ”.

A semana

Durante uma semana a Sipat organizou oficinas de combate a princípio de incêndio, procedimentos de primeiros socorros, exercícios em rapel, manipulação de extintores e controle de estresse para evitar pânico.

Adesão espontânea

O Sindicato pretendeu sensibilizar a instituição para a necessidade de institucionalização de uma brigada de incêndio ligada ao gabinete da Reitoria. “Agora, depois da informação de que a brigada está no caminho da institucionalização, a coisa mais importante é que estas atividades – as oficinas oferecidas pelo Sintufrj durante a 1ª Sipat, como a de primeiros socorros – sensibilizem os trabalhadores de várias unidades para a constituição de brigadas espontâneas”, disse a coordenadora-geral do Sintufrj Neuza Luzia, comemorando o sucesso do evento.
A coordenadora agradeceu publicamente o apoio à Brigada Voluntária de Incêndio do CCS e do CT e aos profissionais do Destacamento do Corpo de Bombeiros na Ilha do Fundão. Eles foram homenageados com pequenos troféus pelo seu apoio ao evento.

Participaram intensamente do evento organizado com apoio do assessor de Segurança do Trabalho do SintuĨrj, Rafael Borher, o chefe da Brigada de Produtos Perigosos do CCS , Lucas Pinho, o chefe da Brigada de Incêndio do CCS, Chaleon de Oliveira, e os brigadistas do Instituto de Biofísica Ari Miranda e Charles Freitas, com apoio do cabo da Polícia Militar de São Paulo Nilton Corrêa, instrutor da empresa parceira na realização do evento Copaseg.

Neuza agradeceu o apoio fundamental ao capitão Rafael Barreto, comandante do Destacamento do Corpo de Bombeiros da Ilha do Fundão.

A cerimônia de encerramento contou com a parcipação do decano do CCS, Luiz Eurico Nascitti, da pró-reitora de Pessoal, Luzia Araújo, e do prefeito da UFRJ, Marcos Maldonado.

APAGANDO INCÊNDIO. No encerramento da Sipat, a reitora participa de um dos procedimentos com o uso de extintor e roupa de proteção

UFRJ: ainda pode piorar

MEC ameaça mudar a matriz de financiamento das universidades federais, a matriz Andifes, e substituí-la por indicadores de desempenho

A situação financeira da UFRJ que já está péssima ainda poderá piorar. O Ministério da Educação (MEC) anunciou que pretende  alterar a maneira como é feita a distribuição de recursos entre as 63 universidades federais do país até 2020. Os cálculos feitos para a matriz atual leva em consideração o número de alunos e a qualidade acadêmica. Mas o MEC, no entanto, quer estabelecer critérios de desempenho para a dotação orçamentária das instituições.

Governança, inovação e empregabilidade das instituições seriam os indicadores a serem levados em conta.

A reitora Denise Pires já se posicionou junto à Secretaria de Ensino Superior (Sesu) ao participar, no dia 19 de agosto, do congresso da Associação de Jornalistas de Educação: “Se esta é a regra, nos adaptaremos a ela. A UFRJ não tem nenhum problema com empregabilidade ou qualquer outro item que queiram avaliar. É uma universidade de excelência. Tudo que querem que a gente faça, vamos mostrar que já fazemos”.

Para este ano, o MEC ameaça utilizar como base o ranking de governança do Tribunal de Contas da União (TCU) para desbloquear os recursos retidos das universidades federais. Receberá mais dinheiro a instituição que tiver melhor desempenho.

Segundo Denise Pires, “há números muitos mais importantes nas instituições brasileiras do que o apresentado na nota do TCU”. Além disso, acrescentou a reitora, “há um problema grave no relatório da UFRJ enviado ao TCU. Vamos consertar. Com certeza o relatório foi mal elaborado”.

Na última edição do ranking do TCU de 2018, as universidades de Lavras (UFLA) e de Mato Grosso do Sul (UFMS) apareceram no topo da lista. Nas posições mais baixas estão a UFRJ e a federal de Roraima (UFRR).

Forma atual

Atualmente a distribuição de verbas leva em consideração a quantidade de estudantes e a qualidade acadêmica (que inclui número de laboratórios e uso de equipamentos caros), e está expressa na Matriz de Orçamento de Custeio e Capital (a chamada matriz Andifes).

“A matriz da Andifes, que faz a separação do orçamento discricionário das universidades, é uma conquista de alguns anos atrás, e achamos que é um método importante e republicano de dividir recursos”, disse o pró-reitor de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças, Eduardo Raupp.

Segundo ele, embora haja críticas por essa matriz não premiar situações específicas (como a da UFRJ, que tem prédios tombados, museus e hospitais), “ainda é o melhor modelo de distribuição”.

Na avaliação dele, o ranking de governança elaborado pelo TCU não é exatamente um ranking, mas uma autoavaliação, uma mudança de regras com o jogo em andamento.

 

Jornada de trabalho no centro do debate

Discussão envolve turno contínuo com jornada de 30 horas e maior autonomia dos servidores

 

A reorganização da jornada de trabalho em turnos contínuos de 30 horas é tema que ingressou no cotidiano das expectativas dos técnicos-administrativos da UFRJ.

Trabalhadores de várias unidades têm solicitado a presença da Comissão Central, constituída para esclarecer dúvidas e tratar do assunto com as comissões locais.

Mas o ritmo da Pró-Reitoria de Pessoal não tem acompanhado a inquietação dos trabalhadores. Infelizmente, a PR-4 ainda não conseguiu instalar a Comissão reestruturada.

A manifestação da PR-4 é importante. Algumas unidades estão enfrentando a resistência de diretores para a realização das reuniões sobre o assunto. Há, ainda, insegurança de trabalhadores devido à falta de informação.

Ressalte-se que a resistência de certos chefes deve-se ao fato de perceberem que a reestruturação das relações de trabalho vai dar autonomia aos técnicos-administrativos. Temem o fim da subalternidade.

Entre em contato com a Comissão Central para solicitar reuniões e esclarecer dúvidas: trabalhoejornada@pr4.ufrj.br

O que o Sintufrj defende

O entendimento do Sintufrj sobre essa questão essencial para o nosso dia a dia é que a produção da universidade não pode ser aferida por meio de ponto eletrônico.

As características do nosso fazer são complexas demais e não podem ser engessadas (ou compreendidas) por mecanismo tão burocrático.

Quando o TCU indaga os docentes sobre a forma como organizam o seu trabalho, a resposta é que eles planejam o seu trabalho a cada semestre.

O que propomos é que os técnicos-administrativos da UFRJ recebam o mesmo tratamento que os docentes.

Insistimos: trabalhamos com critérios de aferição de frequência de acordo com o planejamento.

O caminho é que os trabalhadores de cada unidade se organizem para distribuir o trabalho e assegurar o funcionamento de forma ininterrupta – fazendo 30 horas semanais. Sem redução de salários.

Os trabalhadores devem montar o seu organograma e suas planilhas de funcionamento em turnos contínuos que possibilitem as 30 horas de jornada.

Afirmamos que a institucionalização da jornada de trabalho em turnos contínuos, sem redução de salário, é  bandeira do Sintufrj.

É fundamental um pronunciamento oficial da Reitoria garantindo que não haverá perdas de salários e de direitos. Esse é um compromisso firmado entre o vice-reitor Carlos Frederico Leão Rocha com o
Sintufrj.

Estamos tratando, aqui, de propostas que vão alterar, de forma substantiva, as relações de trabalho. Uma resposta histórica para a organização do trabalho.

Não é hora para bravatas

1 – O trabalho do técnico-administrativo é complexo. Não é tarefa de linha de montagem. Mas a luta contra o ponto eletrônico precisa se dar de forma nacional e coordenada, e não individualizada, sob pena de acontecer a mesma derrota que ocorreu na UFF.

2 – Não é hora de bravata. O que nós propomos é a reestruturação do nosso trabalho em jornadas contínuas de 30 horas. Esta é a melhor forma de enfrentarmos a ideia do ponto eletrônico.

3 – O controle da nossa frequência deve se submeter ao planejamento do nosso trabalho, como ocorre com os docentes.

4 – O governo ataca os servidores. E nós precisamos nos preparar e nos antecipar aos ataques.

5 – Esta reorganização vai resultar numa apropriação do nosso fazer com o controle de todas as etapas de nossas tarefas. Teremos mais poder sobre o nosso trabalho.

6 – Com a implantação da reestruturação da jornada de trabalho com turno contínuo vai aumentar a produtividade e reduzir as situações que levem ao assédio moral.

Boatos, ah, os boatos

Os corredores não são boas fontes de informação. A informação segundo a qual o ponto eletrônico seria implantado em outubro não procede.

O compromisso do vice-reitor Carlos Frederico Rocha é de que se respeite um processo de discussão da reorganização do trabalho nas unidades que será finalizado em março.

Bolsonaro vem rompendo com a tradição de nomear para a reitoria o primeiro dos três nomes da lista encaminhada pelas universidades.

Em apenas oito meses de governo, Jair Bolsonaro (PSL) já desrespeitou por sete vezes a decisão da comunidade universitária ao nomear dirigentes para institutos e universidades federais. A última nomeação aconteceu na semana passada, na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) . O escolhido para o cargo, Marcelo Recktenvald, é professor efetivo da UFFS e pastor batista em Chapecó. Seu nome era o terceiro da lista enviada pela instituição.

Até o momento, a repercussão ainda não foi maior porque, por acaso, as trocas aconteceram em instituições de menor porte. Ainda não chegou às mãos do presidente nenhuma eleição de universidades como a UFRJ, a UFPR ou a UnB.

Bolsonaro vem rompendo com a tradição, iniciada no governo do ex-presidente Lula, de nomear para a reitoria o primeiro dos três nomes da lista encaminhada pelas universidades. A nomeação do primeiro indicado pelo colegiado eleitoral era um meio de respeitar a escolha da comunidade acadêmica.

Em oito meses de governo, Jair Bolsonaro implementou uma série de medidas contrárias à autonomia e à continuidade das universidades e institutos federais. Além das nomeações de reitores não eleitos pelos acadêmicos, o governo determinou a extinção de cargos de confiança, o corte de 30% do orçamento das instituições e a retenção de R$ 330 milhões da Capes, instituição que concede bolsas de pesquisa, limitando consideravelmente a produção científica no país.

Até agora, já houve inversão da lista ou desrespeito total à votação nas seguintes instituições:

UFTM – Universidade Federal do Triânculo Mineiro
UFRB – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
UFVJM – Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
UFC – Universidade Federal do Ceará
UFGD – Universidade Federal da Grande Dourados
CEFET-RJ

Rogerio W. Galindo
Plural.jor.br

Professores, comerciários e bancários poderão trabalhar aos finais de semana e feriados, sem pagamento de horas extras. Analista do DIAP acredita em judicialização. Categorias afetadas prometem resistir

O Senado ao aprovar a Medida Provisória (MP) da Liberdade Econômica, transformada no Projeto de Lei de Conversão (PLV) 21/19, liberou o trabalho aos finais de semana e feriados, sem pagamento de horas extras, o que era antes proibido por leis específicas.

Agora cabe à Presidência da República, ocupada por Jair Bolsonaro (PSL), decidir se veta ou não a proposta aprovada pelos senadores. Caso seja sancionada, as categorias mais prejudicadas com a medida serão os professores, comerciários e bancários, já que a MP trata da abertura de agências bancárias aos sábados, a possibilidade de professores ministrarem aulas aos domingos e a abertura do comércio nos finais de semana e feriados.

O analista político do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), André Santos, acredita que a aprovação do trabalho aos domingos e feriados acabará em ações impetradas na Justiça, pois já existem leis específicas que tratam do tema.

“Creio que esses pontos da MP da Liberdade Econômica serão judicializados porque o objetivo do texto original enviado ao Congresso não tratava dessas questões e, sim de desburocratização. Portanto, isto é uma ‘matéria estranha’ a MP e o próprio STF [Supremo Tribunal Federal] já antecipou que matérias que não têm a ver com a MP original dão margens a contestação na Justiça”, alerta André Santos.

A judicialização será o caminho caso Bolsonaro não vete esse item da MP, avalia também Valeir Etler, secretário de Assuntos Jurídicos da CUT.

Segundo ele, liberar o trabalho aos domingos dos trabalhadores e trabalhadoras do comércio fere a Lei Orgânica dos municípios, já que cada um tem sua legislação específica sobre a abertura do comércio local. Além disso, cada sindicato de comerciários tem o seu próprio acordo coletivo, que deve ser respeitado.

“Se o presidente da República não vetar essas alterações na lei, vamos pleitear junto ao Supremo Tribunal Federal que corrija essa inconstitucionalidade”, afirma o dirigente, que também é diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços (Contracs-CUT).

No caso dos professores, o Senado revogou o artigo 319 que diz “aos professores é vedado, aos domingos, a regência de aulas e o trabalho em exames, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)” .

De acordo o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Araújo, embora a aprovação da nova lei não atinja diretamente os professores de educação básica concursados sob Regime Próprio da Previdência Social (RPPS), ela abre caminho para que seja implantado o trabalho aos finais de semana em creches e escolas nos municípios em que a maioria dos professores está sob regime celetista.

Ainda segundo Heleno, em alguns estados os contratos temporários são em maior número que os efetivos,o que pode fazer com que governadores imponham a nova lei.

“Já existe muita pressão para que os alunos tenham melhores notas no IDEB   [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica] , para que os governadores e gestores tenham maior projeção política, e a possibilidade de se trabalhar aos domingos vai colocar ainda mais pressão sobre os professores”, avalia o dirigente.

É uma selvageria do capitalismo retirar o repouso semanal, o convívio familiar. Trabalhar aos domingos é um processo desumano e social terrível de quem só visa o lucro

– Heleno Araújo

O dirigente convoca e a população brasileira a não aceitar mais esta violência contra a classe trabalhadora.

“O trabalho aos finais de semana e sem horas extras só atende a uma minoria gananciosa e egoísta que quer creches abertas para se livrar dos filhos”,  denuncia.

No caso dos bancários, a MP revogou artigo da CLT que proíbe o funcionamento de estabelecimentos de crédito aos sábados.

A presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT ), Juvandia Moreira, diz que no entendimento da categoria, a lei aprovada não se aplica porque ela não altera a jornada de trabalho.

Juvandia lembra que o artigo 224 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) diz que “ a duração normal do trabalho dos empregados em bancos, casas bancárias e Caixa Econômica Federal será de 6 (seis) horas continuas nos dias úteis, com exceção dos sábados, perfazendo um total de 30 (trinta) horas de trabalho por semana”.

“Para abrir as agências aos sábados, os bancos têm de negociar conosco e pagar hora extra, conforme o artigo 224 da CLT. Além disso, a nossa convenção coletiva está de acordo com a lei que diz que as horas extraordinárias devem ser computadas no cálculo do descanso semanal remunerado”, diz.

Mas, a dirigente já antecipa que mesmo que os bancos insistam na abertura das agências aos finais de semana, a Contraf-CUT, será contrária a esta medida, principalmente pelo alto índice de adoecimento da categoria.

“As metas abusivas e a pressão excessiva, especialmente em agências, já adoecem os trabalhadores, e eles vão adoecer muito mais. As pessoas estarão  cansadas e extenuadas, correndo sérios riscos de contraírem doenças mentais e físicas pelo esforço repetitivo, porque os bancos não vão contratar novos trabalhadores para abrir agências aos sábados. A medida não vai gerar empregos”, denuncia Juvandia.

CUT Nacional

Presidente do Senado quer acelerar tramitação da votação o que impediria senadores de oposição de suprimir do texto itens que mais prejudicam os trabalhadores

 

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), está tentando burlar acordo que previa que o primeiro turno do processo de tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 06/2019, da reforma da Previdência, começaria em 24 de setembro e a segunda votação seria no início de outubro.

Alcolumbre quer começar nesta quarta-feira (11) o primeiro turno de discussões sobre a reforma e já marcou uma reunião com os líderes dos partidos para esta terça-feira (10), às 15h, para tentar acelerar o processo de tramitação da reforma e, com isso, colocar em pauta a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) paralela, que irá propor mudanças como a inclusão de servidores estaduais e municipais nas novas regras da aposentadoria. De acordo com reportagem do UOL, Alcolumbre disse que se não for possível fechar um acordo, a data seguinte será 18 de setembro. A tendência é que não haja unanimidade na reunião de líderes, diz o portal.

O texto principal da PEC 06, aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado no dia 4, manteve a maioria das maldades da reforma encaminhada pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL) para o Congresso Nacional, já aprovada na Câmara dos Deputados em julho, que sob o argumento de combater privilégios propõe o fim da aposentadoria por tempo de contribuição, criou a obrigatoriedade de idade mínima de 65 anos para os homens e 62 para as mulheres se aposentarem e uma série de injustiças contra os trabalhadores e trabalhadoras mais pobres.

Em artigo publicado na Carta Capital, os senadores petistas Humberto Costa (PE) e Paulo Paim (RS), rebatem o falso discurso de combate aos privilégios, afirmam que, a rigor, é uma reforma fiscal com foco na redução dos benefícios dos trabalhadores, e listam as injustiças que, segundo eles, podem ser retiradas do texto, sem a necessidade da proposta voltar para a Câmara dos Deputados, o que poderia atrasar a tramitação.

“A proposta prevê que os homens que começarem a trabalhar após a reforma só poderão se aposentar depois de 20 anos de contribuição, aumento de 5 anos em relação à regra atual. Pelos dados de 2003 a 2017, 54% dos homens que se aposentaram por idade não conseguiriam o benefício”, dizem em trecho do artigo.

Quanto ao valor do benefício, os senadores criticam o novo cálculo proposto que reduz a aposentadoria ao descartar as 20% menores contribuições, além de garantir 60% da média até 20 anos de contribuição, se homem, e 15 anos, se mulher.

“Tais regras poderão causar perda de quase 50% do valor da aposentadoria. O restante irá para o ajuste fiscal de Bolsonaro e Guedes”, afirmam no texto se referindo ao presidente e ao seu ministro da Economia, o banqueiro Paulo Guedes.

Segundo Costa e Paim, a diminuição do valor dos benefícios se estende à maior parte das pessoas que se aposentarem por incapacidade permanente. “Se João, com 20 anos de trabalho, teve um câncer que o impede de trabalhar para sempre, ganhará apenas 60% da média rebaixada de todo o período em que pagou o INSS”, dizem.

O texto prossegue listando outras injustiças: A pensão por morte passará a ser de 50% do benefício, mais 10% por dependente. Caso a condição de dependente seja extinta, o valor será subtraído da pensão. Veja o caso da Joana, trabalhadora doméstica com um filho menor de idade, que ganha um salário mínimo e ficou viúva do Pedro, que ganhava R$ 1.800. Maria terá R$ 1.260,00 de pensão. Quando seu filho for maior, a pensão será reduzida para R$ 1.080, quase o salário mínimo de 2020.

aposentadoria especial, paga para pessoas que trabalham em atividades com exposição a risco grave para sua saúde, será praticamente extinta, já que passa a se submeter à idade mínima. José é um mineiro que começou a trabalhar com 21 anos e se aposentaria com 15 anos de efetiva exposição. Pela Reforma, ele poderá ficar no subsolo até os 55 anos de idade, exposto a gases tóxicos, à radioatividade e à falta de oxigênio. Será que José chegará vivo aos 55 anos?”

O abono salarial [do PIS/PASEP], pago a trabalhadores formais que ganham até 2 salários mínimos, também está na mira. Só trabalhadores que recebem até R$ 1.364,43 poderão acessar o recurso, o que excluirá quase 13 milhões de pessoas. Para uma economia estagnada por insuficiência de demanda, a medida atinge em cheio o consumo, que responde por cerca de 2/3 do PIB, concluem os senadores no artigo.

Por CUT Nacional