Nos dias 29 e 30 de novembro e 1º de dezembro, a comunidade do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG) vai às urnas para eleger os substitutos dos atuais diretor e vice diretor gerais, o enfermeiro Bruno Leite Moreira e o médico Mário José Ventura Marques, respectivamente.
Duas chapas concorrem ao pleito:
chapa 1– “Cuidado Integral da Criança no Século XXI”, encabeçada pelo professor de neurologia Giuseppe Maio Carmine Pastura e pela médica Marcia Bonfim, atual chefe da Divisão Médica da unidade.
Chapa 2 – “Em busca dos 100%”, cujos candidatos são o professor de infectologia Edimilson Migowske e a técnica-administrativa Claudia Fernandes Correia.
Comissão Eleitoral – Composta por representes dos técnicos-administrativos, docentes e discentes. A presidenta é a assistente em administração Telma Galvão de Assis Gazelle e os demais integrantes são: Eduardo Batista (assistente em administração); professora Ana Alice Parente (do Departamento de Pediatria) e Amanda de Oliveira (residente de Nutrição). Os votos serão apurados no dia 2 de dezembro.
Quem vota – A comissão calcula que votarão 997 pessoas: todos os servidores RJU, extraquadro, terceirizados, professores cedidos de outras unidades, docentes do Departamento de Pediatria e das faculdades com atuação no IPPMG e alunos do mestrado, especialização, residentes de pediatria e multiprofissional e do interno e letivo de medicina.
O Sintufrj foi autorizado pelos servidores na assembleia geral desta quarta-feira 23 a tomar “iniciativas jurídicas contra o ‘Viva UFRJ’ e seu encaminhamento pela Reitoria, unitariamente com outras entidades, preservando a autonomia universitária”.
O tema foi um dos pontos da assembleia que também autoriza o Sintufrj a “seguir construindo, estimulando, apoiando todas as iniciativas para barrar o projeto” que privatiza áreas do campus da Praia Vermelha.
A construção de uma assembleia comunitária com poder de deliberação e que tenha como pauta única o projeto aprovado de forma autoritária na sessão do Conselho Universitário conduzida pela reitora Denise Pires também foi decidida pela assembleia.
As decisões foram antecedidas por uma explanação de uma das coordenadoras-gerais do Sintufrj, Marta Batista. Ela relatou os atropelos a que a discussão foi submetida no Consuni num processo liderado pela reitora, seu estafe e alguns conselheiros que interditaram um processo normal de debate acerca de um assunto de importância substantiva para o futuro da universidade.
Marta também informou que a sessão do dia 17 de novembro que aprovou de forma do padrão das votações do colegiado será examinada pela Comissão de Legislação e Normas do Consuni.
O movimento “UFRJ não está à venda”, contra a privatização da UFRJ pela democracia universitária ganhou fôlego nas últimas semanas. Além do Sintufrj, envolve o DCE e entidades nacionais como Fasubra e Andes. Parlamentares do PSOL têm apoiado o movimento.
Reunião também definiu delegação que representará o Sintufrj na plenária da Fasubra que discutirá conjuntura no início de dezembro
Reunidos em assembleia geral na manhã desta quarta-feira, 23, servidores da UFRJ aprovaram por unanimidade o envio de uma caravana a Brasília para a posse de Luiz Inácio Lula da Silva em 1º de janeiro.
A decisão foi tomada à luz da conjuntura que ganha ruídos com a ação golpista de bolsonaristas e na tentativa da extrema direita de melar a eleição que consagrou um candidato do campo progressista em 30 de outubro.
A assembleia também aprovou a proposta de inserção do debate da carreira como prioridade na pauta que será negociada com o Ministério da Educação (MEC) no novo governo.
Outra proposta também votada e aprovada pelos trabalhadores defende o não pagamento da dívida pública para que recursos sejam investidos em educação.
Delegados
As três propostas foram apresentadas em bloco na assembleia convocada para discutir conjuntura, a posição do Sintufrj em relação à nova versão do ‘Viva UFRJ’ (leia matéria acerca do assunto no site) e a eleição de delegados à plenária da Fasubra que será realizada entre os dias 8 e 10 de dezembro.
A delegação foi constituída proporcionalmente à votação das três chapas que disputaram as sete vagas que serão ocupadas pelo Sintufrj: a chapa Sintufrj de Luta para Categoria, que reúne as forças políticas que comandam o sindicato, obteve 35 votos e teve direito à indicação de 5 delegados. As chapas Ressignificar, com 12 votos, e Oposição na Fasubra, 6 votos, tiveram direito a indicação de 1 delegado cada.
Essa plenária – que também vai definir calendário de lutas e o congresso da federação – tem importância estratégica diante dos desafios do próximo ano no quadro de mudanças políticas substantivas.
A celebração pelo Sintufrj do Mês da Consciência Negra, nesta terça-feira, 22, no Espaço Cultural da entidade, foi aberta pela coordenadora-geral do Sintufrj Marta Batista, e pelo coordenador de Administração e Finanças, Vander de Araújo. E o principal destaque do evento foi a reabertura do Grupo de Trabalho (GT)-Antirracista da entidade. O anúncio foi feito coordenadora de Comunicação Marli Rodrigues.
“Hoje, terça-feira, 22 de novembro, aconteceu a retomada do GT – Racial do Sintufrj e nós, como direção, estamos muito felizes, porque esse era um compromisso nosso de campanha”, destacou Marta.
“Pelo trabalho que construímos dentro da universidade de autoafirmação da mulher e do homem preto, esse resgate do GT-Antirracismo para dar continuidade a essa luta na instituição é fundamental”, afirmou Vander, que coordena o projeto Criolice.
A atividade reuniu técnicos-administrativos – muitos dos quais com representatividade na luta antirracista na UFRJ em suas comunidades -, uma representante do DCE Mário Prata e vários convidados do projeto Criolice – movimento cultural nascido na Zona Oeste que tem o samba como baluarte.
Na parte da manhã, o evento foi encerrado com um canto e dança coletiva, “em homenagem as guerreiras e aos guerreiros dessa terra”, puxados pela indígena Carolina Potiguara, e com uma feijoada.
Depoimentos
“Depois de quatro anos de retrocessos retomar essa pauta do movimento negro tem que ser saudado”, elogiou Francisco de Assis, colaborador da direção sindical. “Significa resgatar a aproximação da categoria com o Sintufrj e a entidade a essas políticas, como a de mulheres e LGBTQIA+”, explicou.
“O Brasil foi forjado nas costas do povo negro e do povo indígena. Na UFRJ, a categoria que tem mais negro é a dos terceirizados, porque nós, negros, fomos empurrados para a pobreza. Tenho 10 anos de UFRJ e faço parte do Movimento Negro Evangélico e estou à disposição para agregar nesse trabalho do sindicato”, se apresentou o técnico-administrativo Hilem Moises, da Pró-Reitoria de Gestão e Governança (PR-6).
“Estou há 20 anos na UFRJ e vim de uma permuta da universidade federal da Bahia, e digo que a solução para o racismo passa também pela cultura”, avaliou o técnico-administrativo também da PR-6 José Carlos, após concordar com outras falas sobre o preconceito racial existente em Salvador, embora seja o estado brasileiro com maior número de negros e pardos.
“Sou do ex-território do Amapá, originária dos índios Tucujus, e sofro muito com a discriminação porque venho das matas”, queixou-se Sueli Maria Pereira Viana, da Coppe.
“A gente (negros e pardos) não se identifica com os participantes das manifestações antidemocráticas, que são brancos de olhos azuis e têm carros de 45 mil reais”, disse Eliezer Higino Pereira, da Macrobiologia.
“O racismo está em toda parte. É uma construção ideológica. No movimento estudantil fizemos muitas reflexões sobre o tema. As cotas raciais é uma política pública de reparação que impacta, uma conquista da luta dos estudantes e dos movimentos sociais e sindical”, observou a dirigente do DCE, Jeovana Almeida.
“É muito importante que o Sintufrj reative o GT – Antirracismo e se coloque parceiro na formulação política nesta pauta, onde a Câmara de Políticas Raciais, os Coletivos Negros Universitários, o coletivo de Docentes Negros e o Neabi (Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas) já ocupam espaços de discussão na academia e são efetivamente atores no controle social e administrativo das políticas públicas de democratização de acesso ao nível superior”, afirmou Denise Goés, coordenadora da Comissão de Heteroidentificação e da Câmara de Políticas Raciais da UFRJ.
“É muito importante esse espaço para refletir sobre o negro na UFRJ. Há 40 anos atrás não tínhamos o negro na disputa do saber na instituição. Os negros existentes aqui eram escondidos dos espaços de saber”, constatou Noemi Andrade, da Diseg. Ela acrescentou que o processo político em curso no país legitimou o racismo e a homofobia.
“Junto com a Jupiara (técnica-administrativa da USP e ex-coordenadora da Fasubra) escrevemos o 1º documento para que na Fasubra e nas suas entidades de base tivesse discussão antirracista”, informou Luciane Lacerda, psicóloga da UFRJ e militante antirracista.
Ele parte no mesmo mês que Gal Costa, mas além do horizonte, suas músicas ficam para sempre
Redação
Brasil de Fato | São Paulo (SP) | |
Erasmo Carlos, um dos maiores compositores da Música Popular Brasileira (MPB), morreu aos 81 anos, no Rio de janeiro, após ser internado às pressas nesta terça-feira (22) em um hospital da Barra da Tijuca
O eterno parceiro de Roberto Carlos havia sido hospitalizado em outubro para tratar da síndrome edemigênica, uma doença vascular. A causa da morte ainda não foi divulgada. O diretor da TV Globo Boninho se despediu de Erasmo em sua conta no Instagram.
A importância de Erasmo para a música brasileira foi imensa. Natural da Tijuca, no Rio de Janeiro, Erasmo cresceu e se envolveu com a música na virada da década de 1950 para os anos 60. Ele fez parte da turma que contava com Roberto Carlos, Tim Maia e Jorge Ben – antes de trocar o nome para Benjor – um quarteto que iria definir os rumos da MPB.
Como muitos de sua geração, se apaixonou pelo rock de Elvis Presley e, em 1965, deu início ao programa de TV Jovem Guarda, com Roberto Carlos e Wanderléa. No ar por três anos, a atração foi “a cara” da juventude brasileira da época: rebelde, rockeira e sem muito envolvimento político. Nos primeiros anos da ditadura militar (1964-85), o lado apolítico da Jovem Guarda foi intensamente combatido por outra facção da MPB, que pregava o engajamento.
Mas junto com Roberto, Erasmo capturou o sentimento da época, escrevendo canções que se tornaram eternas: Quero Que Tudo Vá Para o Inferno, É proibido Fumar, Festa de Arromba e O Calhambeque.
O horário de expediente na UFRJ, em caráter excepcional, nos dias de jogos da seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo Fifa 2022, seguirá conforme estabelecido pelo Ministério da Economia:
nos dias em que os jogos se realizarem às 12h, não haverá expediente;
nos dias em que os jogos se realizarem às 13h, o expediente se encerrará às 11h, horário de Brasília; e
nos dias em que os jogos se realizarem às 16h, o expediente se encerrará às 14h, horário de Brasília.
As horas não trabalhadas serão objeto de compensação no período de 1/12/2022 até 31/5/2023, mediante antecipação do início da jornada diária de trabalho ou de sua postergação, respeitando-se o horário de funcionamento de cada órgão.
A mesa “Nosso Futuro é Ancestral”, com a participação de Denise Góes, coordenadora da Câmara de Políticas Raciais da UFRJ, e de Monica Cunha, vereadora eleita do PSOL, abriu, na segunda-feira 21 no auditório 1 do Bloco A do Centro de Ciências da Saúde (CCS), o evento “Novembro Negro” do Coletivo Negro Ẹbí, de estudantes e ex-estudantes negros do Instituto de Biologia (IB) da UFRJ, com apoio do Centro Acadêmico do Instituto de Biologia e do próprio IB.
Segundo os organizadores, os encontros debatem a negritude nos diversos espaços ocupados na sociedade”, compartilhando saberes sobre educação, poder, saúde mental, nossa história e resistência”. O evento, com palestras, oficina e debates, está em sua sexta edição e conta com 50 inscritos. vai até o dia 1º de dezembro..
Gabriela Trindade, do Coletivo Negro EBI, avalia que a mesa de abertura foi inspiradora. Além de comemorar a primeira reunião presencial do coletivo depois da pandemia, no debate em torno do tema “futuro ancestral”, Denise e Mônica fizeram uma reflexão sobre movimento negro no brasil, os caminhos até hoje, vitórias e projeções para o futuro. O ex-coordenador do Sintufrj Franscisco de Assis participou do evento.
Veja o restante da programação
22/11, às 17h, no Salão Azul, bloco A, CCS: Roda de Conversa “Educação Popular e Antirracista”, com Matheus Favrat (Movimento de Educação Popular +Nós)
23/11, às 17h, no Salão Azul, bloco A, CCS: cinedebate “Raça e Poder”, com Jorge Marçal (Professor de Ciências e Biologia – CAp UFRJ e Mestre e Doutorando em Educação – PPGE UFRJ) e a exibição do primeiro episódio da série documental “O Enigma da Energia Escura”.
25/11, às 16h, no Centro Acadêmico de Biologia, no bloco A do CCS – Oficina de Charme com Carolini Azeredo (monitora de aulas de dança Charme no Comunidança – EEFD/UFRJ) e confraternização.
01/12, às 17h, no Salão Azul, bloco A, CCS: roda de conversa “Saúde Mental dos Estudantes Negros da Biologia UFRJ”, com o Coletivo Preto Virgínia Leone Bicudo, da Psicologia da UFRJ. Atenção: a organização lembra que este espaço será o único restrito a pessoas negras. Atenção: este espaço será o único restrito a pessoas negras.
Monica Cunha é vereadora eleita no Rio de Janeiro pelo PSOL (2023-2026). Cofundadora do Movimento Moleque. Defensora dos direitos das crianças e dos adolescentes. Técnica em Educação.
Denise Góes é membra da Câmara de Políticas Raciais da UFRJ e do Movimento Negro Unificado (MNU/RJ).
Matheus Favrat é educador e coordenador do Movimento de Educação Popular +Nós. Professor Licenciado em Ciências Biológicas pela UFRJ e membro do Coletivo Negro Ẹbí.
Jorge Marçal é Professor de Ciências e Biologia (CAp UFRJ) e Mestre e Doutorando em Educação (PPGE UFRJ). Integrante do Coletivo de Docentes Negras e Negros da UFRJ. Foi membro do GT Ações Afirmativas do CEPG que instituiu cotas obrigatórias em todos os cursos de pós-graduação stricto sensu da UFRJ. Foi membro fundador do Coletivo Negro Ẹbí.
Carolini Costa Azeredo, a Carol Black, é Licencianda em Biologia (UFRJ), Integrante do Coletivo Negro Ẹbí, Monitora de aulas de dança Charme no Comunidança (EEFD/UFRJ).
A Associação dos Juristas pela Democracia e a Associação Brasileira dos Juristas pela Democracia organizam o enfrentamentos atos criminosos que estão sendo praticados contra o Estado Democrático de Direito, contra os princípios constitucionais e contra as pessoas, pelo oferecimento de notícias de fato perante os Ministérios Públicos Estadual, Federal, do Trabalho e perante as demais autoridades públicas:
1) disponibilizar dois canais de recebimento de denúncias de fatos criminosos:
Por whatsapp do número (51) 99370.72.72
Pelo e-mail sosdemocraciaabr@gmail.com
2) para efetividade das denúncias é importante circunstanciá-las com elementos probatórios:
Em caso de listas circulantes em redes sociais, “printar” as páginas e enviar as cópias com as denúncias;
Em quaisquer casos fotografar e ou filmar as ações, para as mesmas finalidades;
Em qualquer caso, situar o fato, com indicação do município e local onde ocorreu; a data e, quando possível, o horário;
Indicar, quando possível, a autoria da prática criminosa ( autor, repassador em redes sociais, integrador de atos antidemocráticos, etc ), bem como veículos utilizados (placas);
Benefício era destinado a pessoas vulneráveis e sem renda por causa do aprofundamento da crise econômica e desemprego em massa, aliado à necessidade de isolamento para conter a disseminação da Covid-19
MATÉRIA PRODUZIDA PELA CUT
Durante a pandemia, mais de 79 mil militares receberam irregularmente o Auxílio Emergencial, destinado a pessoas vulneráveis e sem renda por causa do aprofundamento da crise econômica e desemprego em massa, aliado à necessidade de isolamento para conter a disseminação da Covid-19, recomendada pelas autoridades da área da saúde.
A informação consta de um dos relatórios sobre a administração do presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado nas eleições de 30 de outubro, entregues pelo presidente interino do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, ao coordenador da equipe transição do presidente eleito, Lula (PT), o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSD).
Em coletiva à imprensa nesta quarta-feira (16), na sede do Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), onde funciona o gabinete de transição do governo, Dantas falou sobre a fraude.
“No início do pagamento do Auxílio Emergencial, a lista dos beneficiários estava disponível apenas para o Ministério da Cidadania. O TCU identificou logo no primeiro mês, mais de 79 mil militares que recebiam indevidamente o benefício (…) Um dos critérios de elegibilidade era de que as pessoas fossem desempregadas, então quem era militar não podia receber aquele auxílio”, explicou Dantas.
A primeira medida do TCU, disse ele, foi determinar ao Ministério da Cidadania que a lista com todos os beneficiários se tornasse pública, na internet, como mandam os manuais de transparência.
Antes da coletiva, o presidente do TCU entregou a Alckmin quatro relatórios sobre a gestão de Bolsonaro onde estão listadas questões relacionadas a administrasção e fiscalização, do presidente derrotada nas eleições, Jair Bolsonaro (PL), ao gabinete de transição. São eles:
“Lista de Alto Risco da Administração Pública”;
“Relatório de Fiscalização de Políticas Públicas de 2021”;
“Parecer prévio sobre as Contas do Presidente da República de 2021”;
“TCU e o Desenvolvimento Nacional”.
Em um dos documentos são listados 29 tópicos considerados “de risco”, com os quais o novo governo terá de lidar. No outro, é feito um balanço das políticas públicas nos últimos quatro anos, além de detalhar as contas e os gastos do atual presidente. Dantas ainda prometeu entregar nos próximos dias um relatório comparativo entre os programas Auxílio Brasil e Bolsa Família.
“Todos esses relatórios consolidam informações que já foram julgadas pelo plenário. O que estamos fazendo e faremos ao longo das próximas semanas são atualizações que a equipe de transição pediu para auxiliar no funcionamento do próximo governo”, afirmou Dantas.
A equipe de transição utilizará os dados reunidos pelo TCU como uma das fontes para embasar relatórios sobre cada área da administração federal. A previsão é que relatório final da transição fique pronto em 10 de dezembro.
País sede da Copa do Mundo é denunciado por trabalho análogo à escravidão, por não pagar salários aos imigrantes contratados para erguer estádios, e deixar que milhares morressem por falta de segurança
Cerca de 6,7 mil de trabalhadores imigrantes podem ter morrido por falta de segurança e por exposição ao clima extremamente quente, de até 50º, no Qatar, durante a construção dos estádios faraônicos e mais caros do planeta para a Copa do Mundo de Futebol, que tem início no próximo domingo (20).
Além das milhares de mortes por acidentes de trabalho, há informações de que 500 casos (7%) foram suicídios e muitos deles podem estar ligados às condições de trabalho degradantes desses trabalhadores. Essas mortes teriam ocorrido entre 2010, ano em que a Fifa anunciou o Qatar como sede da Copa, e 2020.
Em todo esse período, movimentos sindicais e representantes de ONGs criticaram a Fifa pela escolha do Qatar como país sede justamente por causa das denúncias contra situações precárias de trabalho.
Agora, a três dias do início da Copa, quando nos campos que custaram milhares de vida entrarão os profissionais que estão entre os mais bem pagos do mundo, o Qatar volta a ocupar manchetes de jornais por causa de uma decisão desumana, típica dos líderes de regimes autoritários. Comandado com mão de ferro e poder absoluto pela dinastia Al Thani de extrema direita, o Qatar se recusou a indenizar as famílias dos imigrantes mortos, segundo a Anistia Internacional, organização de Direitos Humanos.
Também a Organização Internacional do Trabalho (OIT), informou que registrou mais de 34 mil reclamações, entre outubro de 2021 e outubro de 2022 sem que as autoridades do país tomem qualquer decisão para resolver os conflitos trabalhistas.
Trabalho análogo à escravidão
Assim como nos casos de trabalho análogo à escravidão no Brasil os patrões retêm os documentos, como carteira de trabalho. No Qatar, até 2019, o sistema conhecido como kafala permitia que os patrões retivessem os passaportes dos trabalhadores imigrantes. E mais: eles só podiam mudar de emprego com autorização da empresa. Apesar do sistema ter sido mudado há três anos, os imigrantes ainda são obrigados a informar o empregador 72 horas antes de sair do país.
As denúncias contra o Qatar
A denúncia de trabalho análogo à escravidão foi feita a partir de uma reportagem do jornal inglês The Guardian, que fez um levantamento sobre a construção de sete estádios, um novo aeroporto, rodovias, sistemas de transporte público, hotéis e até mesmo uma cidade nova: Lusail, a 25km da capital Doha.
De acordo com documentos obtidos pelos repórteres e com base em informações nas embaixadas dos maiores fornecedores de mão de obra para o Qatar apenas entre os imigrantes da Índia, Nepal e Bangladesh, foram cerca de 500 mortes de trabalhadores (7% do total) em acidentes de trabalho.
Mais de 800 outros trabalhadores morreram em acidentes de trânsito e grande parte deles ocorreram no trajeto para o trabalho e seu retorno por causa das condições precárias do transporte e do tráfego caótico da região. Além disso, há inúmeros e estranhos registros de mortes por “causas naturais” durante o trabalho. Apenas na construção de estádios, foram catalogadas oficialmente 37 óbitos no Qatar.
Estudo desenvolvido pela OIT mostrou ainda “elevado” ou “extremo” risco de estresse térmico, com a temperatura corpórea dos operários subindo a 39° nas atividades laborais a céu aberto durante os quatro meses mais quentes do ano. É bem possível, portanto, que o trabalho sob calor intenso possa ter atuado como causa direta ou indireta para esse misterioso número de mortes por “causas naturais”, que vitimou pessoas jovens e saudáveis, como revelou a reportagem do Guardian.
A CUT tem acompanhado a situação dos trabalhadores no Qatar em parceria com outras entidades internacionais, como a Street Net, que atua quando há grandes eventos esportivos, em prol do “trabalho decente”.
“Em alguns países se consegue com apoio do movimento sindical sabermos o que está acontecendo com os trabalhadores, mas em países como o Qatar fica difícil termos informações do que lá ocorre por não ter sindicatos organizados”, afirma o secretário de Relações do Trabalho da CUT Nacional, Ari Aloraldo do Nascimento.
Direitos na Copa de 2014 no Brasil
Logo após o anúncio da Fifa de que o Brasil seria sede da Copa do Mundo de 2014, no governo de Dilma Rousseff (PT), a CUT iniciou uma série de debates sobre os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras durante o evento.
A Central iniciou um levantamento sobre os gastos em estádios, infraestrutura, impacto econômico e criação de empregos relacionados ao Mundial, pelo fato de a Copa gerar emprego, renda e benefícios duradouros para toda a população.
No caso da Lei Geral da Copa, a CUT propôs emendas e alterações no projeto e, a partir de negociação com deputados, alcançou a inclusão de alguns pontos. O primeiro refere-se à citação do “direito ao livre exercício de manifestação e a plena liberdade de expressão”.
Outro ponto que constou do projeto incluído a partir de proposta da CUT foi a limitação ao serviço voluntário. Se uma das justificativas para sediar os eventos é o impacto na economia local e a geração de postos de trabalho, o voluntariado – inicialmente previsto em 18 mil pessoas, mas com possibilidade de alcançar 40 mil – não poderia ter a dimensão inicialmente planejada. Portanto, a proposta da CUT visava coibir a substituição de empregos assalariados por voluntários e limitar as atividades que podem ser realizadas desta forma, impedindo o voluntariado nos casos de profissões regulamentadas ou em atividades que possam colocar em risco a segurança do público.
Por fim, dentre as propostas incluídas, estava a campanha por Trabalho Decente realizada oficialmente durante o Campeonato.
“Essas construções dos estádios no Brasil estavam dentro da lógica do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e a questão dos estádios, em que pese na grande maioria serem privados, tinha a ingerência do Estado brasileiro que ajudou a compor via financiamento do BNDES. Por isso tivemos o cuidado de para que os trabalhadores fossem contratados com carteira assinada, e isso foi feito na época. A gente já vinha num processo intenso de negociações com essas empresas”, lembra Ari.
Outro acordo que teve a atuação da CUT foi a de permitir que catadores pudessem adentrar aos estádios e retirar latas, após os jogos, e matérias como madeiras e ferro que sobraram das obras. Outra parceria foi com uma cooperativa do Distrito Federal em que detentos fabricavam bolas de futebol para serem vendidas.
“Já tínhamos o exemplo da Copa da África do Sul, em 2010, quando surgiram as vuvuzelas, fabricadas na China, que eram vendidas em todo o mundo, mas que não levou nenhuma renda aos sul africanos”, conta o dirigente.
Sobre o Qatar
O país também é acusado de reprimir a comunidade LGBTQI+, as mulheres e a oposição ao governo local. Um exemplo da repressão ocorreu nesta terça-feira quando o repórter Rasmus Tantholdt, da emissora TV2, da Dinamarca,que fazia uma entrada ao vivo foi impedido pela polícia de continuar a sua transmissão, mesmo após apresentar os documentos que o autorizavam a trabalhar naquele momento.
Um dos seguranças do chegou a colocar a mão na lente da câmera. Após o acontecido, Comitê do Qatar e o Qatar International Media Office, que organiza a comunicação do evento, pediram desculpas.