As Frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular realizaram reunião na quarta-feira, 9, para avaliação do #29M e organização do #19J. Participaram cerca de 90 representantes de centrais sindicais, partidos (PSOL, PT, PC do B, PDT, UP, REDE, PCO, PSTU e PCB), Coalizão Negra por Direitos, Movimento Acredito,  entidades estudantis, entre outras representações da sociedade civil. 

Ficou decidido que a concentração do #19J será no monumento a Zumbi dos Palmares, na Avenida Presidente Vargas, mesmo local do #29M, a partir das 10h, e os manifestantes seguirão até a Candelária. As palavras de ordem continuam sendo Fora Bolsonaro! Vacina no braço, comida no prato e a luta é pela vida! 

Os organizadores da manifestação centrarão esforços para que as pessoas fiquem atentas em manter o distanciamento entre elas e também haverá mais organização no uso dos carros de som.  

Plenária nacional 

A reunião também orientou para que todos participem da 4ª Plenária Nacional de Organização das Lutas Populares da Campanha Fora Bolsonaro, que ocorrerá nesta quinta-feira, 10 de junho, às 18h. É necessário realizar inscrição pelo link: https://forms.gle/WgcYNw5QSoWA3spN8

 

 

 

 

Abaixo-assinado pedindo a suspensão da PEC 32 na pandemia foi entregue à Câmara pela Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público e a Frente servir Brasil 

A Câmara dos Deputados instalou na tarde de quarta-feira, 9, a comissão especial que irá analisar o mérito da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32/2020, a reforma administrativa de Bolsonaro que destrói os serviços públicos, avançando mais um passo na sua tramitação. 

A comissão, de maioria governista, foi instalada logo após a entrega do abaixo-assinado com mais de 130 mil assinaturas pedindo a suspensão da PEC 32 enquanto durar a pandemia. O documento foi entregue ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pela Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público junto com a Frente Servir Brasil e entidades do serviço público. 

Mobilização

A data da instalação da comissão foi mais um dia de mobilização dos servidores contra à proposta que, ao contrário do que diz o governo, acaba com direitos adquiridos da massa do funcionalismo e deixa de fora militares, juízes, desembargadores, procuradores, deputados e senadores. Pela manhã houve ato público em Brasília contra a reforma administrativa, em frente ao anexo II da Câmara dos Deputados com representantes de servidores de diversas categorias.

Na reunião virtual de instalação da comissão, o deputado Fernando Monteiro (PP-PE), que é empresário, foi eleito presidente do colegiado, enquanto a relatoria da proposta ficou a cargo de Arthur Oliveira Maia (DEM-BA), que já se pronunciou a favor da reforma administrativa. A comissão terá até 40 sessões do plenário da Câmara para emitir um parecer. 

O prazo para apresentação de emendas será de 10 sessões, contadas a partir de quinta-feira, 10. Cada emenda terá de ser assinada por 171 deputados. A comissão especial voltará a reunir semana que vem, 16, às 14h30, para a apresentação do plano de trabalho, deliberação de requerimentos e eleição dos vice-presidentes. O colegiado será composto por 34 integrantes titulares e 34 suplentes

O que eles pensam

Fernando Monteiro, afirmou ter um compromisso com o cidadão, “com o povo brasileiro”. Segundo ele, “a população está insatisfeita, os próprios servidores estão insatisfeitos, algo precisa ser feito”, sustentou. O deputado disse ainda que todos os atores serão ouvidos pela comissão durante a tramitação da PEC 32/2020. “Todos terão tempo para apresentar seus argumentos”, ressaltou. Segundo ele, não será aprovada a reforma administrativa ideal, mas a possível.

Já Arthur Maia afirmou que a Assembleia Nacional Constituinte cometeu “excessos” no trato com os servidores. E já mostrou a que veio:

“Teremos de debater temas que serão extremamente relevantes e atuais, temos sim de trazer para o debate a questão da cláusula de desempenho, temos sim de discutir se é bom ou não para o Brasil a estabilidade na forma como ela é hoje colocada. Temos sim de discutir como serão mantidos ou não mantidos os cargos de confiança e os cargos em comissão. Temos sim, portanto de fazer aqui um debate que bote o dedo na ferida e possa melhorar e qualificar o nosso serviço público”, defendeu.

Com Agências de Notícias

 

 

Energia elétrica foi o que mais pressionou o índice de maio, com aumento de 5,37%. Já as carnes, que subiram 2,24% e continuam a subir, acumulam aumento de 38% nos últimos 12 meses

Publicado: 9 Junho, 2021 – Escrito por: Redação CUT

Pressionada pela alta da energia elétrica, que subiu 5,37%, a inflação de maio chegou a 0,83%, a maior taxa para o mês desde 1996, quando atingiu 1,22%. O índice acumula alta de 3,22% no ano e de 8,06% nos últimos 12 meses, de acordo com dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta quarta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O gerente da pesquisa, Pedro Kislanov, explica a disparada no índice da energia dizendo que se deve a dois fatores:

1) Em maio passou a vigorar a bandeira tarifária vermelha patamar 1, que trouxe uma diferença grande em relação à bandeira amarela, que estava em vigor de janeiro a abril.

2) A série de reajustes que houve no final de abril em várias concessionárias de energia elétrica espalhadas pelo país.

A bandeira tarifária vermelha patamar 1 acrescenta R$ 4,169 na conta de energia a cada 100 quilowatts-hora consumidos.

Também subiram os preços de água e esgoto (1,61%), gás de botijão (1,24%), gás encanado (4,58%), gasolina (2,87%), gás veicular (23,75%), etanol (12,92%) e o óleo diesel (4,61%).

As carnes, que subiram 2,24% e continuam a subir, acumulam aumento de 38% nos últimos 12 meses.

Para Kislanov, o aumento das carnes é um dos fatores que explicam por que comer fora de casa ficou mais caro. A alimentação fora do domicílio teve alta de 0,98% em maio e, no mês anterior, havia subido 0,23%. As altas do lanche (2,10%) e da refeição (0,63%) contribuíram para o aumento. Em abril, os dois itens tiveram queda em seus preços.

Todas as áreas pesquisadas no IPCA tiveram inflação em maio. A maior variação foi registrada na região metropolitana de Salvador (1,12%), que foi impactada, principalmente, pelas altas nos preços da gasolina (8,43%) e da energia elétrica (10,54%).

Já a menor variação ocorreu em Brasília, que teve inflação de 0,27%, influenciada pela queda nos preços das passagens aéreas (-37,10%) e das frutas (-10,68%).

INPC sobe 0,96% em maio

Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de maio teve alta de 0,96%, acima do resultado de abril, quando havia registrado 0,38%. O resultado de maio é o maior para o mês desde 2016, quando registrou 0,98%.O índice acumula, no ano, alta de 3,33% e de 8,90% em 12 meses. Em maio de 2020, a taxa foi de -0,25%.

Kislanov explica que o impacto da energia elétrica é maior no INPC (0,28 p.p.) do que no IPCA (0,23 p.p.), o que pode justificar a maior variação do índice. “A energia elétrica tem um peso muito grande entre as famílias de menores rendas. Além disso, também pesou bastante o aumento da gasolina (0,15 p.p.) e das carnes (0,09 p.p)”, diz.

Os produtos alimentícios subiram 0,53% em maio enquanto, no mês anterior, haviam registrado 0,49%. Já os não alimentícios subiram 1,10%, após variarem 0,35% em abril.

Todas as capitais pesquisadas tiveram inflação em maio, com destaque para Salvador (1,25%), que foi impactado pelas altas da energia elétrica (10,63%) e da gasolina (8,43%). Já o menor índice foi observado em Brasília (0,41%), influenciado pelas quedas nos preços das passagens aéreas (-37,10%) e das frutas (-11,63%).

 

AGÊNCIA PT

 

Até março deste ano, quase 700 mulheres foram baleadas na Região Metropolitana do Rio de Janeiro

9/6/2021 em Violência contra MulherViolência Racial e PolicialFonte: Brasil de Fato

A morte de Kathlen Romeu, grávida de quatro meses, na última terça-feira (8) é a 8ª morte de gestante na Região Metropolitana do Rio de Janeiro desde 2017. Segundo a plataforma Fogo Cruzado, 15 mulheres grávidas foram baleadas no Grande Rio, sete delas morreram. Desses 15 casos, nove bebês não resistiram.

Segundo a Fogo Cruzado, apesar de todas terem sido vítimas da violência armada, as 15 grávidas baleadas no Grande Rio foram vitimadas de diferentes formas: 6 delas foram vítimas de balas perdidas, 4 foram vítimas de execução/homicídio, 3 foram baleadas durante roubo ou tentativa de roubo, 1 foi baleada com indícios de tortura e 1 não teve motivação identificada.

Até março de 2021, a plataforma, que compila dados de segurança pública no estado do Rio, registrou 681 mulheres baleadas na Região Metropolitana do Rio: 258 delas não resistiram e morreram.

Os motivos dos tiroteios que mais deixaram mulheres baleadas foram operação ou ação policial, que fez 194 vítimas ao todo (45 mortas e 149 feridas). Roubo e tentativa de roubo veio em seguida, totalizando 117 vítimas (34 mortas e 83 feridas). Homicídio e tentativa de homicídio (111 vítimas: 74 mortas e 37 feridas); execução e tentativa de execução (68 vítimas: 59 mortas e 9 feridas).

Vítimas mulheres em disputa entre facções/milícias somam 36, sendo 13 mortes e 23 feridas. Em apenas 10% dos casos, não foi possível identificar as circunstâncias dos disparos.

Quase metade das mulheres baleadas na Região Metropolitana do Rio foram vítimas de balas perdidas. Foram 314 mulheres atingidas que não tinham nenhuma participação ou influência direta nos tiros, mas que sofreram igualmente com os efeitos da violência armada: 59 delas morreram.

Chama atenção também que 12% das vítimas (85 mulheres) foram baleadas quando estavam dentro de casa: destas, 49 morreram. E outras 11 eram agentes de segurança: 7 morreram.

Ação da UPP

A designer de interiores Kathlen Romeu estava grávida de quatro meses e foi baleada na cabeça durante confronto na região. Ela estava caminhando na rua com a avó próxima à localidade conhecida como Beco da 14 quando teve início a troca de tiros entre policiais e criminosos. A jovem chegou a ser socorrida e levada por policiais para o Hospital Salgado Filho, no Méier, bairro da Zona Norte, mas não resistiu ao ferimento.

Em nota, a Polícia Militar informou que não estava sendo realizada uma operação, mas que fazia patrulhamento de rotina da UPP quando o carro foi alvo de tiros.

Em entrevista à TV Globo na manhã desta quarta-feira (9), o  pai de Kathlen disse que há um mês decidiu tirar a filha da comunidade, onde vive a avó, por conta da frequência de tiroteios no local.

“Noventa e nove por cento da comunidade são pessoas de bem. A mesma operação que tem constantemente na nossa área não tem na Zona Sul. Eu tirei ela de lá por causa da violência. Minha filha era a coisa mais especial da minha vida. Uma pessoa do bem, inteligente”, disse o pai de Kathlen.

Repercussão

Nas redes sociais, a hashtag #Kathlen foi um dos assuntos mais comentados em todo o Brasil, com repercussão entre políticos e artistas. Anielle Franco disse que lembrou da irmã, a vereadora Marielle Franco, executada em março de 2018, no Rio Comprido, região central do Rio.

“Não consegui dormir quase nada pensando na família da Kathlen. Fiquei pensando na primeira noite sem minha irmã. Depois pensei naquela ida fatídica ao IML (Instituto Médico Legal) que precisei fazer. Mari nutria sonhos. Kathlen carregava o seu. É sonho atrás de sonho sendo interrompido. Que dor!”, escreveu Anielle.

Protesto

Um ato em frente ao Palácio Guanabara, sede do governo estadual, em Laranjeiras, Zona Sul da capital, está marcado para esta quarta-feira (9), às 18h. O protesto é contra a política de segurança que vem sendo colocada em prática pelo governador Cláudio Castro (PSC) durante a pandemia.

A organização do ato recomenda que todos e estejam de máscaras e que levem álcool em gel para higienização das mãos. Na chamada para o protesto, os organizadores lembraram o governo vem desrespeitando decisão do Supremo Tribunal Federal que impede ações policiais em comunidades durante a pandemia.

“Leve sua vela, seu cartaz, sua dor e revolta! Encheremos o Palácio Guanabara com símbolos que representam a política de morte que este governo produz todos os dias em nossas favelas e periferias. O governador Cláudio Castro e sua polícia vem afrontando o STF e descumprindo a liminar de suspensão das Operações Policiais no Estado do RJ”, afirmam os organizadores.

Jovem de 24 anos estava grávida de quatro meses e foi baleada na cabeça, no Lins, Zona Norte do Rio – Reprodução

 

 

 

 

‘De acordo com o relatório de nossos representantes, já temos a apuração oficial do partido, onde o povo se impôs a esta façanha, a qual saudamos’, disse

REDAÇÃO OPERA MUNDISão Paulo (Brasil) 9 de jun de 2021

O candidato de esquerda Pedro Castillo se declarou vencedor das eleições presidenciais do Peru na noite desta terça-feira (08/06), com base em mais de 98% apurados e nas contagens paralelas feitas pelo Perú Libre, seu partido.

Em declarações em frente ao comitê de campanha, Castillo afirmou que “O povo falou”. “De acordo com o relatório de nossos representantes, já temos a apuração oficial do partido, onde o povo se impôs a esta façanha, a qual saudamos. Por isso, peço também que não caiam na provocação.”

Às 11h da manhã em Brasília, Castillo tinha uma diferença de cerca de 72 mil votos em relação à adversária, a ultradireitista Keiko Fujimori. Em números percentuais, a diferença é de 0,4 ponto. 

Veja como está a apuração das eleições no Peru:

Pelos dados divulgados pelo órgão eleitoral, não é possível saber com precisão quantos votos ainda faltam a ser apurados. Uma projeção aponta há pelo menos 177 boletins de urna ainda a serem contabilizados, mas não se sabe quantas cédulas estão computadas nelas.

A esperança de Keiko de virar novamente a apuração se baseava nos votos do exterior, que vinham em grande proporção a favor da candidata. Mesmo assim, à medida em que a apuração avançou, essa proporção, que chegava a ser de 80 votos para Keiko e 20 para Castillo a cada 100, já caiu para 66 contra 34. 

Contra as expectativas de Keiko, ainda há a questão da abstenção fora no Peru, que bateu 64% (dentro do país, foi de 23%).

Além disso, ainda faltam alguns votos em zonas rurais do país, em especial na região de Cusco, onde Castillo é muito forte (os votos para ele estão entrando na proporção de 83 a 17 a cada 100). Na região, 95,66% das atas já foram processadas e 95,2%, contabilizadas.

Nas áreas em que a candidata da Força Popular é mais forte, a apuração ou está muito avançada – caso de Lima, com 100% das atas processadas e 97,96% contabilizadas -, ou já foi concluída.

Existe uma diferença entre atas processadas e atas contabilizadas. As processadas são as recebidas pelo órgão eleitoral e checadas quanto à validade e outros problemas; as contabilizadas são aquelas que, efetivamente, entram na contagem dos votos.

 

Reprodução/Facebook

 

 

Negócio teve aumento de 25% durante a pandemia e faturou mais de R$ 100 mil em 2020.

Mulher NegraFonte: Por Marcelo Baccarini, do G1

Uma ex-professora apostou na diversidade ao lançar uma marca de artigos de papelaria e moda com temática afro. Mesmo com a pandemia do coronavírus, teve aumento de 25% na receita em 2020. Ela se reinventou e faturou mais de R$ 100 mil.

Ana Cláudia Silva era professora e, para complementar a renda, revendia bolsas para as colegas de trabalho, até que decidiu virar empreendedora. Com o valor do 13º salário – R$ 2,8 mil – comprou tecido, couro sintético e fez bolsas com estampa afro. Começou a vender e não parou mais.

“É possível começar com pouco, assim como eu comecei. Foi um investimento que fiz com um risco calculado, estudei o mercado, vi oportunidade, coloquei minhas poucas economias no que eu precisava e no que o mercado precisava e vi que o retorno seria possível”, conta a empresária.

Os produtos levam diversidade para alunos e professores. Além de bolsas, são mochilas, jalecos, cadernos e outros itens de papelaria.

“Você vai nas prateleiras de grandes papelarias, de armarinhos, e sempre vai achar os mesmos personagens. Mas você não vai achar nada que se identifique com o meu cabelo, com as tranças, com os dreads, com a pele mais escura”, diz.

Ana montou a empresa no começo de 2019 e vendeu muito durante todo o ano. Animada, investiu R$ 30 mil e fez um estoque grande no começo de 2020, mas a pandemia chegou. Quase 90% das vendas eram feitas em feiras e eventos, que pararam com o início da quarentena.

Em menos de um mês, Ana fez uma revolução digital na empresa. Chamou artistas negros, fez lives, alugou estúdio, tirou fotos de produtos, divulgou on-line.

Os produtos são criados pela empresária e a produção é terceirizada. Em 2020, o faturamento ultrapassou pela primeira vez R$ 100 mil. A empresária também colocou as contas em ordem, trocou fornecedores e reduziu os custos em 20%.

Para 2021, a expectativa é faturar R$ 150 mil e iniciar contatos para exportação.

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Ana Cláudia Silva (Foto: Reprodução/ Instagram @ ceoanaclaudia)

 

 

De cada quatro participantes da investigação, um informou ter adoecido por covid. Também preocupa a constatação de comorbidades entre os servidores da instituição, como hipertensão, diabetes e sobrepeso. Os resultados desse trabalho inédito realizado na universidade foram apresentados em primeira mão ao Sintufrj.

O estudo Epicovid UFRJ – levantamento realizado nos quatro primeiros meses deste ano – apontou que 26,5% da comunidade universitária da UFRJ (quase três mil pessoas) foram acometida pela covid-19. De cada quatro respondentes, um informou adoecimento pela doença. A pesquisa apontou também que a UFRJ refletiu o comportamento dos casos no Rio de Janeiro. 

“A estimativa de 26,5% pode estar superestimada, mas ao observarmos o padrão da curva epidêmica que foi semelhante à do Rio de Janeiro, é o que se refletiu e está refletindo entre nós”, explicou o coordenador da pesquisa, Antônio José Leal Costa, professor de epidemiologia do Instituto de Estudos e Saúde Coletiva da UFRJ (Iesc) e atual diretor do instituto.

Trabalho inédito 

“Esse é o único levantamento feito até agora sobre a covid-19 relacionada com o conjunto da universidade, a partir da participação voluntária em responder ao questionário do estudo, que permite descrever a ocorrência da pandemia na comunidade da UFRJ”, destacou o pesquisador.

Os resultados são preliminares e envolveram 11.250 pessoas, entre servidores técnico-administrativos e docentes, alunos de graduação e pós-graduação, pós-doutorandos, terceirizados, permissionários e aposentados. Os campi de Macaé e Caxias também tiveram participantes, mas a maior parte dos respondentes à pesquisa é oriunda da Cidade Universitária, na Ilha do Fundão, e da Praia Vermelha.

Fonte de consultas para uma política de saúde do trabalhador 

De acordo com o epidemiologista, apesar de a comunidade universitária em seu conjunto reunir cerca de 80 mil pessoas e a pesquisa abranger somente 11.250 desses integrantes, o estudo aponta estimativas e indicadores importantes em relação ao adoecimento por covid-19 e em relação à saúde em geral da comunidade universitária.

Dentre os servidores, responderam 1.857 docentes e 1.254 técnicos-administrativos, reunindo 27,5% do total. Os alunos de graduação – 5.675 e pós-graduação – 2.223 concentraram 70% da pesquisa. 

“Temos aqui estimativas que nos permitem, ainda que de maneira incompleta, termos um ponto de partida para pelo menos iniciar uma discussão a respeito da necessidade e da pertinência de políticas de saúde, que podem e devem ser pensadas internamente dentro da UFRJ, voltadas para a nossa saúde como comunidade acadêmica”, afirmou Leal Costa.

Na avaliação geral do professor, “por mais que possamos ter imprecisões, os resultados da pesquisa são de grande contribuição (para o estabelecimento de uma política de saúde na universidade)”. E acrescentou: “Porque permite não apenas se ter estimativas globais, como também estimativas por diferentes grupos que compõem a nossa comunidade. E, como já era esperado, identificamos desigualdades. Isso significa que a gente deve olhar para o conjunto da nossa comunidade e pensar políticas de intervenções que lidem com essas desigualdades”, propôs o diretor do Iesc. 

“Cabe pensar uma política global (de saúde) para a nossa comunidade, mas essa política de saúde deve atentar também para os padrões de desigualdades, tanto no que diz respeito ao adoecimento por covid e também em relação às condições crônicas de comorbidades que se mostram de forma diferenciada e desigual dentro da universidade. Precisamos entender essas desigualdades e atuar no sentido de pensar estratégias específicas para os diferentes grupos da nossa comunidade, com o objetivo de reduzir as desigualdades prevalentes entre nós”, complementa.

Planos futuros: “Esse estudo é uma contribuição importante. Estamos concluindo a análise e pretendemos divulgar os resultados para toda a comunidade universitária. Feito isso, pensamos na possibilidade de um segundo inquérito para continuar a pesquisa, não só para continuar acompanhando a frequência de adoecimento pela covid, como também os aspectos da vacinação, porque o estudo começou a ser feito no início da vacinação”. 

Sexo, idade e cor da pele

Os participantes da pesquisa foram divididos também por sexo, idade e cor da pele. 

Nos sexos masculino e feminino, as frequências de acometimento da doença foram as mesmas, em torno de 26%. Já o adoecimento pela doença foi maior entre as pessoas na faixa etária entre 25 e 39 anos, 28,8%. De 18 a 24 anos (26,5%) e de 40 a 59 anos (25,4%). A partir dos 60 anos diminui para 16%. 

Segundo Leal Costa, o resultado apurado está muito relacionado com a distribuição etária das categorias na comunidade universitária. Em relação, por exemplo, ao acometimento dos mais jovens, está ligado ao universo dos alunos. Já na faixa etária de 60 anos, a incidência da doença está entre os servidores, técnicos-administrativos e docentes. E, por último, a interpretação para a menor frequência do acometimento da doença pode estar ligada ao isolamento social e ao trabalho remoto.

Pardos e pretos foram os mais atingidos

A característica cor da pele autodeclarada – branca, parda, preta, amarela e indígena – mostrou algumas variações em termos da frequência de acometimento da doença. Para a amarela e a indígena, a estimativa é imprecisa devido ao número reduzido de respostas.

Entre os que se declararam de cor branca, a frequência da doença foi de 25%; já a parda chegou a quase 30% (29,6%) e a de cor preta, 28,4%. A análise segundo a cor da pele autodeclarada em estudos epidemiológicos é algo muito comum, explicou o epidemiologista.

“Nós utilizamos (a característica cor da pele autodeclarada) com o interesse principalmente de estudar as desigualdades sociais existentes entre os grupos. É como um marcador de condição social e econômica mostrando como ocorre nos estudos epidemiológicos algumas desigualdades com essas características. (A pesquisa) sinalizou frequências maiores do adoecimento para as categorias parda e preta, que estão associadas de forma geral à nossa população como um todo em situações de maior vulnerabilidade”, aprofundou o estudioso.

Ele observou que, “ainda que estejamos falando da comunidade da UFRJ, muito provavelmente essas características entre nós também são indicativas de algum grau de vulnerabilidade”.

“Esses resultados”, continuou, “nos permitem um olhar um pouco mais detalhado para nós mesmos no sentido de perceber como esses processos de saúde e adoecimento, no que diz respeito à covid, estão ocorrendo entre nós. Como esperávamos, não nos surpreende essas variações em termos de desigualdades no padrão heterogêneo de adoecimento.”  

Técnicos-administrativos

A pesquisa mostrou, com exceção da cor da pele, que as diferenças, quando analisados somente os técnicos-administrativos, são semelhantes às diferenças observadas para o conjunto da universidade. 

Com relação ao sexo, a diferença entre os técnicos-administrativos é pequena – 24,6% das mulheres e 22,9% dos homens referiram adoecimento. 

No que diz respeito à idade, há também uma pequena diferença. A idade mais acometida entre os técnicos-administrativos foi de 40 a 59 anos, 27,3%. 

“Pode também estar refletindo a própria composição etária do corpo técnico. Mas chama a atenção. A idade com maior frequência de acometimento – 40 a 59 anos (27%) – é uma faixa etária mais envelhecida em relação ao conjunto da universidade, que foi de 25 a 39 anos.”

Olhando somente para os técnicos-administrativos, a cor da pele também chamou a atenção. Nos que se declararam de cor branca, a frequência de adoecimento foi de 22,5%, mais baixa que o conjunto da universidade, que foi de 25%. E as diferenças em relação às categorias pardas e pretas foram mais acentuadas.

Entre os técnicos-administrativos que se declararam de cor parda, 26,7% referiram adoecimento por covid, e entre os que se declararam de cor preta, 30,2% referiram o adoecimento. “Então, entendendo as categorias cor da pele autodeclarada como marcadores de condições socioeconômicas ou desigualdades sociais entre os técnicos, está aí uma diferença mais evidente em termos de frequência de adoecimento para as cores pardas e principalmente pretas em comparação à categoria autodeclarada como branca”, observou o pesquisador.

Comorbidades: hipertensão e diabetes preocupam

A pesquisa levantou também as condições de saúde que implicam maior risco no que diz respeito à covid-19. Chamaram a atenção a hipertensão e a diabetes. Leal Costa repete que todo o levantamento foi feito com base nas respostas dos participantes sem solicitação de quaisquer exames, uma metodologia mundialmente utilizada em estudos epidemiológicos.

Do total dos pesquisados, informaram saber ter hipertensão 11%, ou 1.241 pessoas. Em relação aos 1.254 técnicos-administrativos participantes, o percentual sobe para 27%. Ambos considerados elevados pelo pesquisador.

No caso de diabetes, cerca de 5%, ou seja, 539 pessoas informaram saber serem diabéticos. Em relação aos técnicos-administrativos, 11%, ou 140 dos pesquisados, informaram saber da doença.

“Então essas prevalências de 27% com relação à hipertensão e 11% em relação à diabetes são frequências bastante elevadas e preocupam, considerando serem condições de risco para as formas mais graves de covid. Mas também preocupam por si só como morbidades que podem resultar em danos e limitações importantes para a saúde”, alertou o epidemiologista.

A composição corporal foi também outro indicador que chamou muito a atenção na pesquisa. Foram separados os com menos de 60 anos e os de 60 anos ou mais.

No conjunto da universidade, 28% informaram estar com sobrepeso. “Pedimos o peso e altura, e com isso calculamos o índice de massa corporal que é utilizado em estudos populacionais para indicar sobrepeso e obesidade.”

Estão com sobrepeso 35% dos técnicos-administrativos entrevistados, e 26% são obesos. Pouco mais de 60% dos técnicos-administrativos estariam na faixa de sobrepeso ou de obesidade. 

“Pode haver erro e pode de algum modo estar refletindo o efeito da pandemia devido ao comportamento sedentário, mas chama a atenção, porque são frequências muito elevadas”, chamou a atenção Leal Costa.

A partir dos 60 anos, 43% responderam estar na faixa do sobrepeso. Em relação aos técnicos-administrativos, a frequência sobe para 49%. Ambas as frequências são altamente elevadas.

“Por si só, independente da covid, esses resultados chamam a atenção, enquanto comunidade universitária, para pensar estratégias e meios de lidar com essas condições físicas crônicas, como sobrepeso, obesidade, hipertensão e diabetes”, avaliou Leal Costa.

Estado de saúde em geral

A última pergunta, comum em estudos epidemiológicos, se refere à saúde como um todo da pessoa. 

“Muito simples, subjetiva, porém de grande valor. É o que chamamos autoavaliação do estado geral de saúde. O que nos preocupa nas respostas são as avaliações tidas como negativas ou desfavoráveis. Em especial às categorias ruim e muito ruim”, disse o epidemiologista.

No conjunto da universidade, 2,1% (238 pessoas) responderam estar com a saúde ruim. Muito ruim, 21 pessoas (0,2%). “São referências relativamente pequenas, mas essas respostas são indicativas de um risco grande de adoecimento e até risco de morte. Isso por diversas condições e motivos de uma saúde física e mental deteriorada”, explicou.

O estado de saúde regular tende mais para uma avaliação negativa do que positiva. E as frequências são mais elevadas. Dos 19,5% do conjunto dos respondentes, 2.196 referiram um estado de saúde regular. E no caso dos técnicos-administrativos, 18,3% (ou 230) referiram o estado de saúde regular.

“Se juntarmos regular, ruim e muito ruim, temos para o conjunto da universidade de 21,5% e 22% referindo um estado de saúde de alguma maneira comprometido. Entre os técnicos-administrativos essa proporção fica em torno de 20%. Isso significa dizer que entre cada cinco, um está com a saúde comprometida.”

Segundo Leal Costa, nesse momento, ao avançar nas análises dos resultados, foi verificado que a resposta dos que disseram terem sido acometidos por covid coincide com suas respostas de avaliações negativas do seu estado de saúde. 

“Essas respostas sinalizam um acompanhamento de alguma forma para que a gente destine uma atenção para o conjunto da nossa comunidade no que diz respeito ao nosso estado de saúde. Especialmente nesse momento de pandemia. E que seja um esforço conjunto de toda a universidade e dos grupos que a compõem”, concluiu.

 

Antônio José Leal Costa coordenou a sessão – Fotos: George Magaraia/Abrasco

 

 

 

Comissão especial que vai analisar a PEC 32 será instalada nesta quarta-feira. Futuro relator é favorável ao projeto do governo

Por Redação RBA – Publicado 8/6/2021- Câmara dos Deputados

São Paulo – Antes que a “reforma” administrativa continue tramitando na Câmara, líderes partidários afirmaram nesta terça-feira (8) que querem discutir o projeto dos chamados supersalários (PL 6.726), na Casa desde 2016. A discussão ocorreu durante reunião convocada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32, que terá comissão especial instalada amanhã. Lira afirmou que todos os partidos estarão representados no colegiado.

“Tem que ser tratado, não se pode começar um debate sobre reforma administrativa sem dar um recado à sociedade sobre o real combate a privilégios, que existem”, afirmou o líder da Minoria, Marcelo Freixo (Psol-RJ). “Ninguém defende um Estado ineficaz, ou Estado que não funciona. Defendemos carreira de Estado, defendemos que a estabilidade é estratégia e não privilégio. Privilégio é supersalário”, acrescentou.

Até o líder do Novo, Vinícius Poit (SP), defendeu a votação sobre o fim dos supersalários. “Vários líderes cobraram: precisamos do comprometimento do governo. O debate vai ter desgaste para um lado ou para outro, e o governo tem que ir até o fim”, declarou.

Presidente e relator

Segundo Lira, a comissão especial da PEC 32 será instalada nesta quarta, com indicação de integrantes, eleição do presidente e designação do relator, que será o deputado Arthur Maia (DEM-BA). O parlamentar é favorável à reforma, que vem sendo criticada pela oposição e pelo funcionalismo. Um abaixo-assinado contra o projeto deverá ser entregue amanhã.

Em maio, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) aprovou a admissibilidade da proposta de emenda. À comissão especial cabe analisar o mérito do projeto, que restringe a estabilidade no serviço público. A exceção seriam os cargos “típicos de Estado”, que seriam especificados em outro projeto.

Com informações da Agência Câmara

 


Reunião de líderes com o presidente da Câmara: para alguns deles, parlamento deve ‘dar o exemplo’

 

 

Nesta terça, o número de novas infecções notificadas foi de 52 691. No total, o Brasil tem 477.307 mortos e 17.038.503 casos da doença

Por Redação Jornal de Brasília8/6/2021

O Brasil registrou 2.693 novas mortes pela covid-19 nesta terça-feira, 8, e ultrapassou a marca dos 17 milhões de casos da doença desde o início da pandemia. A média semanal de vítimas, que elimina distorções entre dias úteis e fim de semana, ficou em 1.714, um pouco acima dos 1.664 registrados na véspera e estabilizada em patamar considerado “alto” por especialistas.

Nesta terça, o número de novas infecções notificadas foi de 52 691. No total, o Brasil tem 477.307 mortos e 17.038.503 casos da doença, a segunda nação com mais registros, atrás apenas dos Estados Unidos. Os dados diários do Brasil são do consórcio de veículos de imprensa iniciado há exatamente um ano e formado por Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL em parceria com 27 secretarias estaduais de Saúde, em balanço divulgado às 20h. Segundo os números do governo, 15.494.071 pessoas estão recuperadas.

O Estado de São Paulo continua registrando um número alto de mortes pelo coronavírus e, nesta terça-feira, teve 767 novas vítimas fatais da doenças. Outros seis Estados também superaram a barreira de 100 óbitos no dia: Ceará (409), Rio de Janeiro (325), Rio Grande do Sul (216), Paraná (181), Pernambuco (111) e Bahia (110).

O balanço de óbitos e casos é resultado da parceria entre os seis meios de comunicação que passaram a trabalhar, desde 8 de junho do ano passado, de forma colaborativa para reunir as informações necessárias nos 26 Estados e no Distrito Federal. A iniciativa inédita é uma resposta à decisão do governo Bolsonaro de restringir o acesso a dados sobre a pandemia, mas foi mantida após os registros governamentais continuarem a ser divulgados.

Nesta terça-feira, o Ministério da Saúde informou que foram registrados 52.911 novos casos e mais 2.378 mortes pela covid-19 nas últimas 24 horas. No total, segundo a pasta, são 17.037.129 pessoas infectadas e 476.792 óbitos. Os números são diferentes do compilado pelo consórcio de veículos de imprensa principalmente por causa do horário de coleta dos dados.

Estadão Conteúdo

 

Foto: Agência Brasília

 

 

Quase 3,5 milhões de trabalhadores batem recorde de tempo procurando emprego, segundo dados do IBGE. O chamado desemprego de longa duração aumentou 13,4% na pandemia

Publicado: 8 Junho, 2021 Escrito por: Rosely Rocha

 

Mariayde Veloso, de 38 anos, separada, mãe de dois filhos, de 18 e 15 anos, com curso superior de pedagogia incompleto, teve de deixar sua casa, na zona leste da capital de São Paulo, para morar de favor num quarto de uma ONG, na zona sul, após as contas se acumularem e o aluguel deixar de ser pago por causa do desemprego.

O último emprego com carteira assinada de Mary, como é conhecida, foi como camareira do hospital Albert Einstein, em março de 2019. Assim como ela, outras 3,487 milhões de pessoas (23,6%) dos 14,805 milhões de desempregados estão há dois anos ou mais tentando se recolocar no mercado de trabalho sem êxito, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostragem em Domicílio (Pnad Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No ano passado o Brasil tinha 3,075 milhões de pessoas procurando trabalho há mais de dois anos. Em 2021, 412 mil trabalhadores (13,4%) a mais passaram a fazer parte dessa triste estatística.

O recorde anterior havia sido registrado no segundo trimestre de 2019, quando 3,347 milhões de trabalhadores estavam desocupados havia pelo menos dois anos.

O recorde atual demonstra mais uma vez que, apesar da pandemia, os governos liberais que lideraram o golpe contra Dilma Rousseff ( PT) em 2016, não entregaram a promessa de criação de emprego. Ao contrário, de lá para cá o desemprego só aumenta, levando mais pobreza e miséria à população.

Foi o que aconteceu com Mary. Desempregada e com seus dois filhos precisando de cuidados médicos – o mais velho tem problemas neurológicos e o mais novo sofre de obesidade mórbida infantil e precisa de tratamentos fisioterápicos e de dieta para diminuir as sequelas da doença, ela não conseguiu este ano receber o auxílio emergencial e até agora não entende a recusa do governo federal.

“Eu não recebi este ano e não consegui recorrer. O aplicativo do Caixa TEM diz que minha conta está vinculada a dois aparelhos celulares que não sei quais são. Estou vivendo da caridade dos outros”, diz desolada.

Para ela sua situação é um reflexo das mudanças de governo e da própria sociedade brasileira que está menos sensível ao sofrimento alheio.

“Antes a gente tinha mais oportunidades e até a empatia das pessoas era melhor. Hoje está muito mais difícil e desafiador para quem está desempregada como eu”, afirma, completando: “Com a pandemia nem faxina me chamam pra fazer e nem dá pra vender bala e água na rua. Minha vida se resume em sobreviver e manter a resistência”, conta.

Sem investimento público e sem vacina não se gera emprego

A dificuldade em se colocar no mercado de trabalho de Mary e de outros milhões de brasileiros parece não ter solução a curto prazo. Segundo o economista do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Gustavo Monteiro, sem investimentos públicos, sem vacinação para a retomada da economia, o desemprego só tende a aumentar.

Por isso, o recorde de tempo em procura de uma nova vaga também não surpreende Monteiro. Segundo ele, a pesquisa do Índice da Condição do Trabalho (ICT-Dieese) , indicador que usa os índices de inserção ocupacional, desocupação e rendimento dos trabalhadores já demonstrava que o quadro de procura por um emprego aumentou .  

“Quando Bolsonaro assumiu, o número de desocupados que estava à procura por um emprego nos últimos cinco meses era de 53%. Hoje este índice chega a 61%. Para ser mais exato em dois anos de governo Bolsonaro, aumentou em 8,8% o número de trabalhadores que está há pelo menos cinco meses procurando uma nova oportunidade”, afirma Monteiro.

Outros dados do IBGE confirmam a tendência de mais tempo que o trabalhador passa em busca de um emprego. Segundo o órgão, existem 1,8 milhão de pessoas em busca de uma vaga há menos de um mêsacima de um mês a menos de um ano são 7,0 milhões; outras 2,6 milhões estão desempregadas, de um ano a menos de dois anos. Nesta última faixa a alta foi de 58,4% em relação a igual período de 2020 (1,614 milhão) – um aumento de 943 mil pessoas, durante a pandemia.

“Isto só mostra que antes mesmo da pandemia não estava havendo uma  recuperação. A resposta para a crise, as reformas Trabalhista [2017] e da Previdência [2019], sequer resolveram a primeira crise de 2015”, afirma o economista do Dieese, Gustavo Monteiro.

Economia não dá sinais de que desemprego vá diminuir

Segundo Monteiro, a economia não estava se recuperando pois melhorava um lado, piorava outro, tanto que houve um aumento no número de desalentados. Segundo o levantamento PNAD Covid do IBGE, divulgado no final de maio, o número de trabalhadores que deixaram de procurar emprego é de seis milhões e é novo recorde.

“O número de vagas abertas teve um pequeno aquecimento, mas não o suficiente para empregar esses milhões de trabalhadores. Quando a gente olha de 2017, ano da reforma Trabalhista,  para cá,  teve alguns solavancos, mas se vê claramente  que situação do trabalho piorou muito, ainda mais com pandemia. O ICT mostra que a fila do desemprego está só engrossando”, afirma Monteiro.

Trabalhadores com maior qualificação relatam desemprego

Embora acredite que o trabalhador possa se qualificar para ter mais chances de conseguir um novo emprego, o economista do Dieese, diz que o problema do mercado de trabalho está na falta de recuperação da economia.

“Tem gente pegando qualquer trabalho mesmo com uma alta qualificação. Isto é mais uma demonstração de que sem investimentos públicos para a retomada do crescimento, a crise para o trabalhador vai se estender por mais tempo”, avalia Monteiro.

É o que vem acontecendo com a assessora de imprensa Niobe Cunha, de 62 anos, que por ter trabalhado a maioria dos anos como pessoa jurídica (PJ) não contribuiu com a previdência por tempo suficiente para se aposentar e está desempregada há seis anos, apesar da sua vasta experiência profissional.

Sobrevivendo com a ajuda da aposentadoria da mãe e do auxílio emergencial, Niobe conta que antes do governo de Bolsonaro ainda conseguia trabalhos como free lance, que a ajudavam a se manter economicamente, mas nos últimos dois anos a situação só piorou.

“Antes eu era indicada por amigos que trabalharam comigo e ex-chefes. Hoje eles estão na mesma situação que eu e de certa forma estamos concorrendo pelas mesmas vagas que aparecem”, conta.

Para ela, essa situação que considera indigna só tem piorado porque as exigências profissionais são cada vez maiores e os salários cada vez mais baixos.

“As empresas estão pedindo inglês fluente até para estagiários, mas os salários oferecidos não pagam nem as prestações do curso do idioma”, diz indignada.

Diante da crise, Niobe afirma que tem feito planos A, B, C e D para sobreviver. Por enquanto faz da paixão pelo jornalismo um hobby ao ser apresentar um programa pelo YouTube e ser comentarista em outros.

“Exerço jornalismo por prazer porque os canais não são monetizados, é um trabalho voluntário “, diz Niobe.

O trabalho voluntariado é o que dá forças a Patrícia Alves de Almeida, 48 anos Sem filhos e solteira, ela mora num conjunto do CDHU em São Paulo, cujas prestações estão sendo pagas por outra pessoa, graças, segundo ela, pelo conhecimento que fez durante os seus 26 anos de trabalho voluntário.

Patrícia teve seu último emprego com carteira assinada de agosto de 2018 a maio de 2019, como auxiliar administrativa na empresa Chocolândia. Ela pediu demissão porque a sede mudou para a Via Anchieta, longe de onde mora na Mooca, zona leste de São Paulo. 

Ela só não esperava que o tempo para conseguir uma nova oportunidade demoraria tanto, mesmo tendo diploma superior em Administração de Empresas e de ter estudado sem concluir o curso de Gestão Pública.

Patrícia que tem uma deficiência física chegou a trabalhar numa outra empresa, mas foi demitida em um mês. Ela acredita que sua vaga foi usada apenas para que a empresa cumprisse a cota de trabalhadores deficientes definida em lei.

Para piorar sua situação, o governo federal está cobrando dela a devolução dos R$ 1.800,00 que recebeu no ano passado de auxílio emergencial. Conta que ela contesta, já que o emprego que teve no período foi de apenas um mês. 

“Quando eu pedi o auxílio eu não estava trabalhando. Infelizmente este governo não pensa nos mais carentes que precisam da ajuda do Estado. A maioria vai pro olho da rua, sem condições de pagar um lugar digno. É um mundo em que a ganância impera”, diz.

Enquanto não consegue uma nova colocação, Patrícia não desiste de se qualificar e  já fez seis cursos voltados à tecnologia para ter melhores oportunidades.

“ Continuo mandando currículos  apesar do Brasil passar por uma fase difícil, sem resultados positivos na economia, mas não posso me dar ao luxo de desanimar, de escolher serviço”, finaliza Patrícia.

*Edição: Marize Muniz

 

Trabalhadores em busca de emprego antes da pandemia