A dedicação dos servidores na realização de suas tarefas durante a pandemia, de forma remota, presencial ou hibrida, para que as instituições não parem de funcionar – nem é preciso destacar o valor dos profissionais de saúde, que enfrentam diariamente de frente a Covid-19, para a sociedade –, o governo pretende pagar congelando os seus salários. O presidente da República Bolsonaro também ameaça o funcionalismo público com redução de salários e cortes de benefícios.

A situação dos servidores públicos das universidades federais, principalmente, que além dos baixos salários e fim dos reajustes, ainda são penalizados com o corte de verbas para as instituições de ensino, pesquisa e extensão, é o tema em debate no 1º Fórum Técnico-Administrativo em Educação organizado pelo Sintufrj, de 1 a 3 de setembro, e da assembleia on line convocada pela direção sindical, na sexta-feira, 28, às 10h.

Só arrocho 

Na avaliação da coordenadora da Mulher trabalhadora da Fasubra Sindical, Rosângela Costa, o congelamento de salário é uma consequência do projeto do governo Bolsonaro de ataque aos trabalhadores do serviço público. Mas, ela ressalta que, no caso dos técnicos-administrativos em educação, além do ataque direto a condição de trabalhadores e a desvalorização da carreira, o governo decidiu não dialogar com a categoria.

“Estamos, digamos, duas vezes taxados pelo governo na sua lista de inimigos prioritários como os responsáveis por todos os problemas do país e, com isso, tentam nos colocar mais e mais para a sociedade como marajás. Em que pese, durante a pandemia, nossas trabalhadoras e trabalhadores, principalmente da área da saúde e também aqueles ligados à pesquisa estarem enfrentando não só o governo, mas demonstrando o quão importante é o servidor público para a sociedade”, constata a dirigente.

De acordo com Rosângela, os técnicos-administrativos das Ifes estão sem reajuste desde o governo golpista de Michel Temer. E a situação da categoria, se agrava no atual governo, na medida em que não há concurso público, os trabalhadores não são valorizados e as verbas das instituições são cortadas, precarizando ainda mais o trabalho e a qualidade dos serviços que esses servidores entregam para a sociedade.

Outra questão, segundo Rosângela, é a do teletrabalho, sobre o qual não há, na maioria das instituições, diálogo com os trabalhadores a respeito. (Sem que haja) “uma extensão ou aprofundamento da política do governo, os dirigentes querem fazer cumprir determinações sem debate, como, por exemplo, sobre a questão da segurança e da saúde das trabalhadoras e trabalhadores. Inclusive em alguns momentos é apontado o retorno deles ao trabalho presencial”.

Vida de luta

Rosângela vislumbra muitos embates pela frente: “Na nossa vida e na pós-pandemia”, observa. “A avaliação é que será uma vida de muita luta, de muita resistência e necessidade de trabalharmos de forma unitária, não só os técnicos-administrativos em educação. Todas as trabalhadoras e todos os trabalhadores do serviço público em geral têm que estabelecer uma campanha unitária de resistência e de valorização do serviço público e dos trabalhadores do serviço público”, defende.

Para a coordenadora da Fasubra a política em curso é de extermínio. “Querem privatizar tudo: o ensino e o serviço público. Por isso é necessário que a gente tenha a exata compreensão do momento. Não se trata de um governo neoliberal, mas um governo que se poderia dizer tem traços profundos de fascismo, de requintes de crueldade. Nunca tivemos uma vida fácil, nem mesmo no governo democrático popular, com a categoria sempre em luta, mas agora não há tempo de nos recuperarmos dos ataques se sucedem”, constata.

A dirigente antecipou que a Fasubra está consultando as entidades (do serviço público) e sugerindo que as assembleias discutam sobre temas como a reforma administrativa, trabalho remoto e presencial e os cortes na educação, para que os sindicatos e federações se posicionem e se faça um debate nacional. Segundo a coordenadora, a Fasubra está planejando uma plenária (também virtual) para definir posição sobre essas questões, buscar caminhos conjuntos e pensar como se constrói a mobilização e a resistência.

“O grande desafio é como construir essa unidade se estamos no momento virtual”, levanta a dúvida a dirigente, mas lembrando que o momento é de tentar superar a pandemia para encarar o governo, criando condições para ampliar a mobilização. “A reação da categoria vai depender do retorno das assembleias, quando saberemos o que todo mundo está pensando”, conclui.

 

 

Em marco o calendário enlouqueceu com 2020 sendo atropelado pela pandemia do novo coronavírus. A UFRJ entrou na quarentena e o Sintufrj teve que se adequar aos protocolos de saúde, organizando o trabalho remoto para manter o atendimento aos sindicalizados. Após cinco meses do início do isolamento social, a direção sindical respira aliviada, porque nada faltou à categoria que fosse de responsabilidade do Sindicato até agora e as vidas dos trabalhadores da entidade foram preservadas.

Na sétima matéria da série o Sintufrj na pandemia, a palavra está com o  Departamento de Comunicação Sindical (Decos). Os nove profissionais (jornalistas de texto e imagem, web designers com múltiplas atribuições e secretária de redação) estão trabalhando em home office e em nenhum momento os técnicos-administrativos em educação ficaram sem informações. Todos os canais de comunicação do Sintufrj têm sido diariamente alimentados — site, WhatsApp, Facebook e Youtube.

Pelas mídias do Sintufrj, especialistas conversam com a categoria, pelas lives, sobre os principais temas da atualidade, democracia, direitos, racismo, saúde e a organização do trabalho remoto. De segunda a sexta, o Boletim Dia a Dia abastece os sindicalizados com noticiário atualizado, por meio do site e de uma lista de transmissão via WhatsApp.

Fórum

Com as campanhas como #FiqueEmCasa ou #SouUFRJ, o Sintufrj multiplicou as adesões à luta em defesa dos servidores e dos serviços públicos. Pelos canais de comunicação da entidade, ampliou para a categoria as possibilidades de participação no Festival do Conhecimento da UFRJ, evento que abriu as comemorações dos cem anos da universidade. O Sindicato também colaborou organizado palestras de interesse de toda a comunidade universitária.

Nas últimas semanas, o Decos assumiu a tarefa de divulgar o 1º Fórum Técnico-Administrativo em Educação, nos dias 1, 2 e 3 de setembro, com transmissão on line, como também de assessorar os coordenadores responsáveis pela realização deste importante acontecimento para a categoria. O tema em questão é a Uberização no serviço público.

Boletim e lista de transmissão 

O canal do sindicato no WhatsApp leva informações quentinhas aos inscritos na lista de transmissão do Sintufrj. Diariamente também em seus celulares, os sindicalizados recebem o link das aulas e outras atividades de responsabilidade do Espaço Saúde Sintufrj. Se você, companheira ou companheiro ainda não faz parte desse grupo, atualize-se. Envie mensagem e salve pelo telefone (21) 96549-2330 e salve o contato em seu celular.

O boletim Dia a Dia chega diariamente aos sindicalizados de segunda a sexta, com informações atualizadas sobre assuntos do interesse da categoria, como também a respeito da pandemia, da UFRJ, o Estado do Rio e o Brasil. O Decos acompanha cotidianamente tudo o que acontece em Brasília e repassa aos trabalhadores.

Youtube, face e site

Até o início de agosto, foram postadas no site do Sintufrj desde a chegada da pandemia ao país 468 matérias, além de boletins diários e três edições do jornal digital Formas e reportagens de outros veículos, como CUT, Dieese, Diap,  Ongs e sites de outras publicações com credibilidade comprovada.

Produção visual

Sempre que necessário, também são publicadas nas mídias do Sintufrj informações sobre as ações judiciais, convocatórias para reuniões e atos virtuais, como para a greve do dia 18 de março (“barulhaço do 18M”);  “Barulhaço de 7 de abril”; campanha #FicaEmCasa; “Fora Bolsonaro” e de valorização dos profissionais da UFRJ; capas para o Facebook (como a da campanha de valorização do SUS); vídeos em homenagem aos enfermeiros e sobre prevenção ao coronavírus; criação de filtros para o facebook (como o #FicaEmCasa) e de logomarca do jornal digital Formas; elaboração da arte para a carteira virtual dos sindicalizados e de materiais de divulgação de serviços, como o Linha Direta, Arte de Ficar em Casa, produtos e eventos do Sintufrj.

Vídeos

A produção de vídeo para o Youtube do Sintufrj também se manteve em mesmo ritmo, ou seja, de acordo com a necessidade da diretoria. Campanhas, como a Fique em Casa (com profissionais da UFRJ), #Sou UFRJ e Os imprescindíveis (de valorização do técnico-administrativo), com vários depoimentos de servidores, vinhetas e peças sobre temas e reivindicações importantes para os trabalhadores, como contra os ataques do governo federal a direitos e a defesa do serviço público apresentados pela direção sindical na “Agenda Sintufrj”, foram alguns dos trabalhos realizados durante a pandemia pela área de audiovisual do Sindicato.

Está no ar, no momento, a campanha de divulgação do 1º Fórum importante Fórum Técnico-Administrativo em Educação do Sintufrj.

 

 

Começou na segunda-feira, 17, as aulas dos cursos oferecidos pelo Sintufrj de capacitação e preparação para o mestrado e o doutorado, mas de forma remota, em virtude da pandemia de Covid-19.

Se inscreveram 175 pessoas, que preencheram 10 turmas, para os cursos de Inglês Instrumental 1, 2 e 3, Espanhol Instrumental, Espanhol Introdutório, Metodologia de Pesquisa e Redação Acadêmica.

Ambiente virtual

Nos últimos dois meses a Coordenação de Educação do Sintufrj trabalhou na reestruturação dos cursos, que eram presenciais, para a modalidade remota. Foi necessário, por exemplo, diminuir o número de alunos por turma para facilitar a interação deles com os professores no ambiente virtual.

As aulas remotas ampliaram a possibilidade de estudo para os técnico-administrativos, disse a coordenadora pedagógica dos cursos, Danielle São Bento.

“A modalidade virtual beneficiou os servidores que trabalham em unidades isoladas, porque estão podendo participar dos cursos. E mesmo aqueles que trabalham no Fundão e têm dificuldade de sair da unidade, também estão aproveitando essa oportunidade”.

Vai dar certo

Segundo a coordenadora, a equipe aposta no sucesso da metodologia. “Estamos acreditando no sucesso dessa metodologia, porque os nossos alunos mostraram-se muito comprometidos com o processo”, afirmou. Importante: Danielle fez questão de ressaltar que mesmo na modalidade remota, os servidores terão a sua certificação para a capacitação garantida.

A equipe do projeto Universidade para os Trabalhadores, no qual estão inseridos os cursos de capacitação e preparação para o mestrado e o doutorado, é composta de cinco professores: Yara Barros (Orientação Acadêmica), Caroline Reis (Metodologia de Pesquisa), Sandra Bragato (Inglês), Bete Dreon (Espanhol) e Elísia Maia (Redação Acadêmica).

O projeto Universidade para os Trabalhadores começou com os cursos de capacitação e preparatórios para a pós-graduação no primeiro semestre de 2018. A média tem sido de 500 alunos por ano (cada curso dura um semestre).

Pré-universitário – O Sintufrj também garante à categoria, por meio de convênio, vagas para o Curso Pré-Universitário Samora Machel, que este ano adotou o sistema de aulas remotas. As inscrições foram encerradas em 31 de julho e todos os inscritos pelo Sintufrj foram matriculados.

 

 

Sintufrj no dia a dia da pandemia

Como temos mostrado na série de matérias sobre o funcionamento do Sintufrj nos últimos meses, a entidade se organizou — em meio ao isolamento social necessário para o enfrentamento da pandemia — para que a prestação de serviços às trabalhadoras e trabalhadores sindicalizados não fosse interrompido, sendo que a maioria das tarefas está sendo realizada em ambiente virtual. Uma das atividades sindicais que prosseguiu presencialmente, pela essencialidade do trabalho, foi a da Assessoria de Saúde do Trabalhador.

A visitação aos locais de trabalho não parou, pelo contrário, foi intensificada durante a pandemia, principalmente nas unidades hospitalares para a realização de análises das condições ambientais, verificação se estão sendo aplicadas as orientações e protocolos do Ministério da Saúde e da Organização Mundial de Saúde, como a adoção de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), entre outras providências a serem cumpridas pelos gestores.

Adicionais

Desde o início da pandemia, a direção sindical pleiteia que a Reitoria garanta o adicional de insalubridade em grau máximo para todos os servidores envolvidos no combate à Covid-19. O objetivo é ampliar a concessão do benefício anteriormente limitado às funções de médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas. Para isso, a assessoria de Saúde do Trabalhador fez o levantamento das condições de trabalho nas unidades de saúde começando  pelo Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) e o Instituto de Ginecologia. A tarefa foi concluída no final de julho, mas a equipe de assessores se mantém em alerta para garantir a segurança dos profissionais na o seu dia a dia de trabalho.

Nas visitas aos hospitais, os técnicos do Sintufrj colheram informações para demonstrar à Reitoria que outros profissionais, como maqueiros, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas e até mesmo os técnico-administrativos que atuam na recepção, também estão expostos à Covid-19 por terem contato com os pacientes com o vírus..

A direção do Sintufrj já entregou à Reitoria o relatório por local de trabalho que comprova o contato dos trabalhadores de diversos cargos com pacientes da Covid-19 no decorrer de suas atividades, como os profissionais que atuam nos setores de materiais contaminados e de apoio ao combate ao vírus.

Saiba mais a respeito desta reivindicação do Sintufrj lendo no site da entidade a matéria “Profissionais de Saúde querem respostas da Reitoria”.

Esse direito reivindicado pelo Sintufrj, ou seja, a extensão a todos os profissionais das unidades hospitalares do grau máximo do adicional de insalubridade durante a pandemia esbarra em interpretações de gestores que seguem a linha do governo Bolsonaro para a concessão do benefício, mesmo diante de uma crise sanitária que já ultrapassou, no país, a triste marca de mais de cem mil mortos. (https://sintufrj.org.br/2020/08/profissionais-da-saude-querem-respostas-da-reitoria/).

GTs Pós-Pandemia

Cabe também à assessoria de Saúde do Trabalhador do Sintufrj acompanhar as discussões e encaminhamentos dos grupos de trabalho da UFRJ sobre o pós-pandemia e o retorno ao trabalho presencial. A equipe também participa do  GT- Pós Pandemia do Sintufrj com o mesmo propósito.

Contato – Se o constatar algum problema em seu setor relacionado à saúde e segurança no trabalho (como a existência de condições inseguras ou a falta de EPI) deve imediatamente entrar em contato com a assessoria do Sintufrj pelo número do WhatsApp (21) 92002 1383.

 

 

Com exceção do ministro Marco Aurélio, Corte considerou que relatórios ferem o direito à liberdade de manifestação

Matéria retirada do Brasil de Fato

O Supremo Tribunal Federal (STF) determinou nesta quinta-feira (20) que o Ministério da Justiça e Segurança Pública pare, imediatamente, de produzir e compartilhar relatórios sigilosos sobre cidadãos ligados ao movimento antifascista contra Jair Bolsonaro (sem partido).

A ação, de autoria do partido Rede Sustentabilidade, foi motivada por um “dossiê” do governo com informações pessoais de 579 servidores federais e estaduais de segurança e três professores universitários. Nos arquivos, compartilhados com outros órgãos públicos, há nomes, fotos e endereços de redes sociais de opositores do governo.

Relatora do caso, a ministra Cármen Lúcia manifestou-se duramente contra os relatórios, reforçando que “o Estado não pode ser infrator, menos ainda em afronta a direitos fundamentais, que é sua função garantir e proteger”. Ela considerou que a prática fere o legítimo direito de manifestação e votou pela suspensão dos dossiês.

A ministra pontuou que os serviços de inteligência são constitucionais e fundamentais, mas que não podem ser confundidos o “uso e abuso” da máquina pública contra a liberdade de cidadãos, como foi no caso. Cármen Lúcia afirmou que a República não admite mais “catacumbas” de segredos.

“Direitos fundamentais não são concessões estatais, são garantias aos seres humanos conquistadas antes e para além do Estado, e seu objetivo é possibilitar o sossego pessoal e a dignidade individual”, defendeu a relatora.

E Estado não pode ser infrator, menos ainda em afronta a direitos fundamentais.

O ministro Alexandre de Moraes disse que a função dos serviços de inteligência é trabalhar com fatos, não com informações pessoais sobre escolhas pessoais ou políticas. Ele chamou o dossiê de “fofocaiada”.

“A legislação autoriza, dentro dos fatos, que se identifique pessoas, mas não bisbilhotar e supor se essas pessoas, principalmente servidores públicos, são a favor ou contra o governo, são a favor ou contra essa ideologia ou outra. Isso é grave. Como foi feita, estava mais para fofocaiada do que para um relatório de inteligência”, aludiu Moraes.

Estava mais para fofocaiada do que para um relatório de inteligência.

Em seguida, o ministro Edson Fachin sugeriu que os dossiês são comparáveis à época da ditadura brasileira. “Num país que chamou para si, em 1988, a expressão “nunca mais”, em matéria de autoritarismo, só esta circunstância já levaria a demonstrar o abrigo jurídico-normativo na Constituição brasileira sobre as pretensões legítimas e vertidas na inicial”.

Para o ministro Luís Roberto Barroso, o governo inverteu a lógica democrática: monitorou antifascistas em vez de se preocupar com fascistas que impõem risco real ao Estado democrático.

“Esse tipo de monitoramento para saber o que fazem eventuais adversários é completamente incompatível com a democracia, a menos que se tivesse qualquer elemento para supor que eles tramavam contra o Estado ou contra as instituições democráticas. Se a preocupação fosse verdadeiramente essa, talvez fosse o caso de monitorar os grupos fascistas e não os grupos antifascistas”, disse.

A ministra Rosa Weber disse que a invasão aos dados dos antifascistas é uma violência. “Quando se volta essa atividade contra pessoas apenas em razão do que pensam, ausente qualquer base material justificadora da atividade, desvia-se da finalidade que a legitima e traduz verdadeira violência”.

O ministro Luiz Fux citou Rita Lee e Caetano Veloso para evidenciar que, em um Estado democrático, é “proibido proibir” manifestações livres e democráticas. Para ele, o governo agiu na direção de intimidar os cidadãos.

“Liberdade de expressão é algo que combina com a democracia. Uma investigação enviesada, que explore pessoas para investigar, revela uma inegável finalidade intimidadora no próprio ato de investigação”, diagnosticou Fux.

A gente não pode menosprezar esse tipo de organização Tabajara.

O breve voto do ministro Ricardo Lewandowski reforçou a posição enfática da Corte contra o dossiê. Ele destacou que, além da suspensão dos atuais relatórios, é preciso que o STF estabeleça melhores parâmetros para o uso de serviços de inteligência.

“O que eu acho importante é que o Supremo Tribunal Federal estabeleça, desde logo, alguns parâmetros para essa importante atividade estatal, para que nós não revivamos a história recente, dessa vez como farsa, o macarthismo [termo que se refere à repressão política estadunidense contra comunistas] que se desenvolveu nos anos 1950 nos Estados Unidos”, comparou.

Ao reforçar que os relatórios constrangem os cidadãos e ferem o direito à liberdade, o ministro Gilmar Mendes criticou a qualidade dos relatórios feitos, segundo ele, por serviços de “desinformação” parecidos como uma “organização Tabajara”.

“A gente não pode menosprezar esse tipo de organização Tabajara, que pode ameaçar o sistema jurídico institucional. O fato de haver esses desacertos pode fazê-los ainda mais perigosos”, ponderou Gilmar.

O ministro Marco Aurélio de Mello usou boa parte do voto para reclamar da peça formulada pelo Rede Sustentabilidade, classificada por ele de “pérola”. Ele sugeriu que o partido se baseou em elementos “pinçados pela imprensa” para chegar a conclusões sem ter acesso aos dossiês, que estavam sob sigilo.

Embora tenha reconhecido que os relatórios são inconstitucionais, ele foi o único a votar por não suspender os dossiês. Para ele, a ação é fruto de disputa política. “É sintomático que o autor da ação seja um partido de esquerda”, atacou o ministro.

Último a votar, o presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli, exaltou o trabalho da relatora e também votou contra os dossiês, encerrando o placar em 9 a 1. Ele também isentou a culpa, neste caso, do atual ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, já que os relatórios começaram a ser produzidos em abril, na gestão do ex-juiz Sergio Moro.

“Nós não podemos fazer injustiças com pessoas que dedicam a vida pública ao Estado brasileira de maneira correta. Há muitas pessoas que aparecem na imprensa bem na foto, mas são péssimas na vida pública, criando fundos para administrarem, criando inimigos políticos para depois serem candidatos, afastando pessoas da vida pública e querendo galgar, depois, eleições futuras”, alfinetou, enigmático.

 

Segurança em relação a vida, inclusão de todos os estudantes e manutenção da qualidade do ensino foram relacionadas pela Andifes, a associação que reúne os dirigentes das Ifes, como pré-condições para o retorno das atividades nas instituições. Pelas previsões do presidente da entidade, Edward Brasil, as universidades só devem retormar o calendário normal em 2022.

Segundo números da Andifes apresentados em coletiva nesta quinta-feira 20, das 69 instituições que compõem o sistema federal de ensino superior, 54, já voltaram com as atividades por meio remoto.

O presidente da Andifes traçou um panorama das providências tomadas pelas universidades desde o início da pandemia. Ele destacou o esforço para manter as atividades essenciais e a grande contribuição à sociedade e a governantes por meio de orientações, pesquisa de tratamentos e busca de vacinas, além da produção de insumos e equipamentos.

Há uma grande preocupação dos reitores em poder viabilizar a retomada das atividades com segurança. Eles têm consciência dos desafios diante de uma pandemia que não terminou e cujos efeitos ainda perdurarão por um longo tempo. O presidente da Andifes antecipou que as universidades só devem retomar seu calendário normal em 2022.

Retorno remoto
Edward Brasil afirmou que neste momento a realidade é o retorno remoto, mas que haverá o tempo em que o presencial se fará necessário. “E as universidades precisam estar organizadas para isso.” Mas, para tanto, as verbas são mais do que necessárias.

“De todas as questões que estamos lidando, é a que mais nos atinge e exige nosso empenho para reverter a possibilidade de envio de uma lei anual orçamentária com redução de 18,2% do nosso orçamento”, observou o presidente da Andifes.

Nesta realidade estão 1.005.865 estudantes de graduação com seu futuro em jogo. Destes, 905.791 necessitam de auxílio através dos programas de bolsas ofertadas pelo sistema federal de ensino e pelas universidades. Neste contingente, 403.792 têm renda familiar per capita de até 1/2 salário mínimo, isto é, não mais do que R$ 500,00.

“A média que precisa desse apoio dos programas é de 30%, de 350 a 400 mil estudantes”, informou Edward.

Escolas militares
Estes estudantes mais carentes não estão sendo levados em conta pelo presidente Jair Bolsonaro. Sua prioridade é outra, e já está em andamento: o programa das escolas cívico-militares. “Uma promessa de campanha que funciona como mais uma fonte de rendimentos para militares inativos que, sem experiência na área, são plantados em colégios públicos país afora com a tarefa de disciplinar estudantes e administrar as unidades”, noticia o Jornal GGN em matéria desta quinta-feira, 20.

É a pasta da Defesa quem paga esse pessoal. E o MEC, por sua vez, estaria disposto a destinar mais verbas à Defesa, num incremento do programa que passaria a R$ 108 milhões em 2021 contra R$ 54 milhões destinados este ano.

O Jornal do Sintufrj aproveitou a oportunidade da coletiva para perguntar sobre a Instrução Normativa do Teletrabalho. Até que ponto ela poderia comprometer o esforço de retomada das atividades nas universidades.

Edward Brasil respondeu que o teletrabalho ainda será alvo de estudos da entidade, mas que veio para ficar. “O teletrabalho é uma realidade hoje nas universidades. No momento estamos voltados para garantir a segurança das pessoas neste momento de pandemia que não acabou e cujos efeitos não acabaram, não terminarão nos próximos meses e nem no próximo ano. Mas precisamos discutir e aprimorar o instrumento do teletrabalho, que é uma realidade hoje nas universidades”.

 

 

 

A professora Gisele Ricobom, da FND/UFRJ, confirmou presença na mesa que abrirá os debates do 1º Fórum Técnico-Administrativo da UFRJ organizado pelo Sintufrj para o início de setembro. A precarização do trabalho e a uberização do serviço público são os temas dessa mesa.

Gisele Ricobom é doutora em Direitos Humanos e integrante da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia, organização que tem se destacado na resistência ao autoritarismo.

Em artigos e entrevistas no auge da pandemia do coronavírus no Brasil, Gisele acusou Bolsonaro de cometer reiteradamente crime contra a saúde pública, por expor e incentivar a população a desacreditar nas consequências do vírus.

Gisele dividirá a mesa virtual na manhã de terça-feira, 1º de setembro, com o sociólogo Ricardo Antunes; com a ex-reitora da Universidade Federal de Juiz de Fora e deputada federal, Margarida Salomão; e com o professor Rafael Grohmann, da Unisinos/Rio Grande do Sul.

Com abordagem multidisciplinar, Gisele Ricobom foi coautora de artigo na edição brasileira do Le Monde Diplomatique cujo o título indaga: “Seria o Capitalismo uma doença?” A hierarquia social naturaliza o acesso desigual aos bens necessários para viver, diz um trecho do texto.

 

 

Três opções de inscrição estão disponíveis na página do Fórum no site do Sintufrj

a) Para ouvinte (servidor ativo e/ou aposentado): até 31 de agosto.
Link: https://sintufrj.org.br/cpd/forum2020/

b) Para apresentação de trabalho escrito (servidor e ou servidores sindicalizados ativos e/ou aposentados): até 24 de agosto.
Link: https://sintufrj.org.br/orientacoes-para-envio-de-trabalhos-escritos/

c) Para quem desejar enviar vídeos (servidor sindicalizado ativo e/ou aposentado): até 24 de agosto.

Inscrições para apresentação de trabalho podem ser individuais ou em grupo.

Para as apresentações de vídeo
Os vídeos deverão ter no mínimo 1min30 e não podem ultrapassar de 3 minutos, devendo ser inéditos e em qualquer mídia/formato. Enviar para forumsintufrj2020@sintufrj.org.br, informando seu nome e SIAPE.
Link: https://sintufrj.org.br/orientacoes-para-envio-de-videos

A Comissão de Heteroidentificação da UFRJ, depois de seis meses de trabalho, concluiu as avaliações do primeiro semestre deste ano. De 2.323 candidatos autodeclarados pretos e pardos aprovados para ocupar vagas dos cursos de graduação sob o critério das cotas raciais, 65,9%, isto é, 1.381, foram considerados aptos. Esse número aumentou para 1.531 após o julgamento dos recursos.

Segundo o presidente da Comissão de Heteroidentificação, o professor Marcelo de Pádula, é uma experiência inédita na UFRJ a implantação desta comissão para confirmação das autodeclarações dos candidatos que concorrem às vagas PPI – pretos, pardos e indígenas.

“Na minha percepção, digo que a UFRJ jamais será a mesma universidade. Ela abre as portas agora e recebe de braços abertos não só esses estudantes, mas também a política de cotas raciais”, atesta o professor, que disse que a sua experiência foi um grande aprendizado.

Para ele, um branco presidir uma comissão para avaliar a autodeclaração de um candidato negro ou pardo foi um ato simbólico.

“Do ponto de vista pessoal e institucional é um exemplo. Foi não só didático e terapêutico. Para cada um dos servidores da UFRJ, inclusive estudantes também, experimentar a oportunidade de estar numa comissão de heteroidentificação, passar por um curso específico para isso, é um processo formador.”

A comissão é formada por professores, técnicos-administrativos e estudantes. São 54 integrantes, divididos paritariamente, e sob o critério de gênero e raça.

Desconstrução

Marcelo de Pádula afirma que esse processo de formação envolve “a gente reconhecer enquanto branco o próprio racismo e começar um processo de desconstrução”. O professor ensina que “os brancos precisam encontrar com o seu racismo e começar esse processo, que não é óbvio e nem evidente”.

Para a coordenadora da Câmara de Políticas Raciais da UFRJ, a técnica-administrativa Denise Góes, o trabalho da comissão dirimiu dúvidas na avaliação do fenótipo dos candidatos, principalmente pardos, e ratificou o direito à vaga daqueles realmente inseridos no critério racial.

“O trabalho da comissão se constituiu num importante instrumento, através das Comissões de Heteroidentificação, que permitiu que as vagas oriundas da Lei de Cotas fossem para quem atende aos critérios fenotípicos preconizados pela Orientação Normativa nº 4, de 6 de abril de 2018”, afirma.

Esta orientação normativa regulamentou o procedimento de heteroidentificação complementar à autodeclaração dos candidatos negros, instituindo, assim, as comissões de heteroidentificação para avaliação sob o critério fenotípico dos candidatos.

E, segundo Denise, para além do número de aptos ou não à vaga, todo o processo que envolve o trabalho da Comissão de Heteroidentificação desperta e aprofunda o debate acerca da discussão racial no interior da universidade e da ocupação dos espaços.

“Foi uma experiência exitosa. Pudemos perceber o quanto os candidatos pretos e pardos tomaram para si o direito conquistado, advindo de uma luta de décadas do Movimento Negro no Brasil. É um direito, uma dívida do Estado brasileiro, e não uma esmola como muitos preferiram compreender. A desconstrução da meritocracia enquanto um entrave foi uma vitória do Movimento, e esse processo consolidou a assertividade dessa política pública de democratização do acesso ao nível superior.”

Para a estudante de biologia Dayane Alves, que entrou em 2019 pelo sistema de cotas e participou do trabalho de heteroidentificação, os negros estão ocupando seu lugar de direito e de fato na universidade pública. Vale lembrar que a Comissão de Heteroidentificação foi criada na UFRJ em 2019 por demanda dos coletivos negros de estudantes para apurar as centenas de denúncias de fraudes no sistema de cotas raciais.

“Como alunos negros, não temos representação institucional na universidade. Nem temos docentes negros, praticamente. Considero os aprovados na comissão dentro do critério racial um número significativo, e isso para mim é o resultado de que os alunos negros estão sendo protagonistas de sua história. E ocupando vagas a que têm direito nos cursos mais concorridos. Esta comissão de heteroidentificação ampliou a possibilidade de os verdadeiros cotistas adentrar à universidade pública”, comemorou a estudante.

COM EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO e distanciamento social, membros da Comissão de Heteroidentificação se reuniram no hall do Centro de Tecnologia para concluir o trabalho

O Setor de Tecnologia da Informação (STI), assim como os demais, não parou por conta da pandemia, e se constitui em um dos mais importantes para pôr para funcionar toda a engrenagem do Sintufrj a serviço dos sindicalizados. Com as novas tecnologias e a informatização, a maioria dos serviços prestados pelo Sindicato às trabalhadoras e trabalhadores da UFRJ depende de sistemas sustentados pela área de TI.

Um exemplo é o recadastramento, a emissão de carteirinha digital, alteração de dados cadastrais, pedidos de auxílios, programa de acompanhamento de ações judiciais, elaboração de fichas financeiras, planilhas, inscrição em cursos e fóruns, entre tantas outras prestações de serviços. A informação que o Sintufrj leva cotidianamente àq categoria técnico-administrativa é por meios digitais.

Quem dá suporte à transmissão de dados, aos sistemas de rede, à telefonia e ao monitoramento da segurança patrimonial da categoria? É o STI. São centenas de procedimentos realizados cotidianamente  que sustentam a circulação pelas redes da entidade de mais de três terabytes (capacidade de armazenamento de dados).

Trabalha para todos

A equipe de criação de sistemas do STI produz serviços para atendimento de quase todas as demandas da entidade. Um exemplo é a carteirinha digital, a partir da arte fornecida pelo Departamento de  Comunicação; o programa de controle e inclusão de auxílios (inclusive os procedimentos para viabilizar o pagamento de auxílios e demais ações a cargo dos Setores de Convênio e Financeiro); criação do formulário de inscrição para o Fórum Técnico-Administrativo; e a  ficha de inscrição para os curso de capacitação.

Estratégia

Os profissionais da rede de servidores criaram acesso externo para o equipamento da sede do Sintufrj, na Cidade Universitária, destinados ao trabalho remoto, e diariamente fazem a verificação dos links de internet e o acompanhamento de processos CP-Pro.

Outra tarefa deles é cuidar da atualização dos equipamentos destinados ao serviço remoto (como reconfiguração e solução de outros problemas para que os profissionais da entidade continuam desempenhando suas funções de forma remota). Mas também atuam presencialmente quando necessário e para fazer a manutenção dos servidores (por exemplo, quando falta energia).

É também responsabilidade do STI o gerenciamento das linhas móveis, com acompanhamento do gasto de minutos e dados, cuida da rotina de backup dos arquivos e programas e dos sistemas de monitoramento por câmeras e alarmes.