Plano de Guedes prever salário mínimo e aposentadoria sem correção pela inflação passada

A proposta do ministro da Economia de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes, de desindexar o salário-mínimo e as aposentadorias da inflação não é nova. Mas, às vésperas do segundo turno entre Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vazou a intenção de colocá-la em prática caso Bolsonaro seja reeleito.

O plano de Guedes, apelidado no governo de “Plano 3D” (desvincular, desindexar e desobrigar), mudaria a atual regra constitucional segundo a qual o salário-mínimo e as aposentadorias devem necessariamente ser corrigidos anualmente segundo a inflação, para recuperar seu poder de compra. Com o seu plano, Guedes acabaria com a correção do salário-mínimo e aposentadorias pela inflação passada.

Com o escândalo, o ministro da Economia teve de sair correndo para dar explicações sobre o congelamento na correção, na tentativa de evitar desgastes na candidatura de seu chefe, até porque uma das principais propostas de Lula é justamente dar o aumento real do piso nacional. Apesar de posteriormente ter negado a pretensão de acabar com o reajuste de salários e aposentadorias pela inflação, Guedes admitiu que o governo realiza estudos para modificar as regras do teto de gastos.

Na mesma declaração, ele admitiu que os estudos em andamento visam corrigir os desequilíbrios causados pelo pagamento do Auxílio Brasil e diminuir a dívida pública. Ou seja, caso seja eleito, Bolsonaro pode até manter o Auxílio Brasil, mas isso será feito às custas do salário e da aposentadoria dos mais pobres. O plano de Guedes está no forno. Ele pretende apresentá-lo ainda esse ano, logo depois da divulgação do resultado eleitoral.

O que está valendo

Segundo a regra que vale hoje, os salários e aposentadorias são corrigidos segundo o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). Esse índice mede a inflação para as famílias mais pobres, de até 5 salários-mínimos, pois leva em consideração o maior peso da cesta básica no gasto mensal.

O que Guedes planeja

O governo Bolsonaro estuda duas possibilidades de mudança:

A primeira seria trocar o INPC pelo IPCA. Parece até uma mera mudança de sigla, mas não é. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) avalia a inflação de famílias de até 40 salários-mínimos, ou seja, é um índice que não reflete em nada a realidade do povo mais pobre.

A outra possibilidade seria corrigir os salários e aposentadorias segundo a meta de inflação, ou seja, a previsão de inflação futura. Como isso se reflete na realidade?

Façamos as contas. Em 2021, o INPC (atual índice) foi de 10,23%, o que levou o salário-mínimo aos atuais R$ 1.212,00. Já o IPCA (índice proposto) foi de apenas 5,03%, ou seja, menos da metade, porque neste índice pesa muito mais a inflação dos serviços, que foi muito menor que a inflação dos produtos alimentícios. Se esse índice tivesse sido aplicado ao salário-mínimo, o atual valor do benefício seria de R$ 1.155,33. Já a meta de inflação foi de ridículos 3,5%, o que acabou muito distante da realidade. Se a aplicássemos ao salário-mínimo, o atual valor seria de meros R$ 1.138,50. Ou seja, o que Paulo Guedes planeja é um verdadeiro confisco de salários e aposentadorias para equilibrar as contas do governo.

Toma lá dá cá

O atual mecanismo de reajuste está previsto na Constituição, o que exigiria uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) para ser modificado. Mas o preocupante dessa questão é justamente o fato de que o Congresso Nacional eleito pode muito bem oferecer a Bolsonaro maioria constitucional, a depender do jogo do toma lá dá cá. O orçamento secreto cumpre bem o papel de proporcionar os votos que Bolsonaro precisa para fazer essa alteração.

 Salário mínimo sem aumento há quatro anos

Vale a pena lembrar que o salário-mínimo e as aposentadorias já estão há quatro anos sem aumento real, apenas com a reposição da inflação, o que tem sido constantemente denunciado por Lula em sua campanha. A regra criada pelo governo do PT, em 2011, e que valeu até o governo Temer era que o mínimo, além da inflação do ano anterior, também levaria em consideração o PIB de dois anos antes.

Se o PIB fosse negativo, não haveria aumento real do piso nacional. Caso essa regra estivesse vigente atualmente, a correção seria de 6,54% (atual previsão do governo para o INPC em 2022) mais 3,9%, o PIB de dois anos anteriores. No entanto, a projeção leva em conta apenas o INPC, de 6,54%, mas que pode ser menor, já que a estimativa da inflação vem se reduzindo.

A correção do mínimo é feita pelo presidente, via decreto, até o dia 31 de dezembro, pois o reajuste passa a valer a partir de 1º de janeiro. Uma das principais propostas de Lula é a volta da política de aumento real.

Para 2023, Bolsonaro dão dará aumento real

O orçamento de 2023 apresentado pelo governo Bolsonaro novamente não prevê ganho real, o que significa que a miséria continuará sendo repartida pelos mais pobres, enquanto a riqueza será apropriada pelos mais ricos.

 

Mínimo é um do mais baixos do mundo

Ao analisar a proposta de desindexar salários e pensões, o professor e economista da Unicamp, Marcio Pochmann, chama atenção para o fato de que o Brasil tem um dos pisos salariais mais baixos do mundo, e ainda assim o governo se preocupa em reduzir o reajuste que acompanha a inflação para arcar com os custos exorbitantes dessa eleição em que promessas sem garantia orçamentária fazem parte do dia a dia da campanha de reeleição de Bolsonaro.

Cálculos recentes divulgados pela imprensa mostram que, somadas, as promessas de campanha feitas até aqui pelo atual governo chegam a quase R$ 159 bilhões sem quaisquer garantias de que esses recursos estão assegurados no próximo orçamento. As consequências dessa desindexação dita por Guedes serão muito piores com o que virá, pois o governo Bolsonaro, além de arrochar os salários e pensões, vai, na verdade, realizar uma brutal austeridade econômica para evitar a explosão da inflação, além de não conseguir segurar os aumentos de preços e do desemprego, avalia Pochmann.

Nesta reta final do segundo turno das eleições que vão decidir quem governará o país nos próximos quatro anos, dirigentes e apoiadores do Sintufrj estão presentes nas ações dos comitês de lutas da UFRJ (confira agenda) e nos eventos com a presença de Lula.

ESTEBAN CRESCENTE, dirigente do Sintufrj, ao lado de LULA em Padre Miguel
MARTA, Welington, Nivaldo e Luciano – dirigentes e apoiadores do Sintufrj no comício de Lula
COMITÊ DE LUTA em atividade no Parque Madureira: Sintufrj presente
MILITÂNCIA DO SINTUFRJ agitando Madureira

Última semana de campanha!

Participe das atividades do Comitê Popular de Luta

Chegamos na última semana antes da eleição, que será no dia 30, domingo. Fique ligado na agenda do Comitê Popular de Luta da UFRJ e se integre as atividades rumo a eleição de Lula e pela defesa da democracia.

25/10 – Terça, 11h30 às 13h

Panfletaço da Educação e ação com cartazes.

Local: semáforo e passeio público em frente ao Shopping Botafogo

 

26/10 – DIA L NA UFRJ FUNDÃO

7h – PEDAL SINDICAL EM DEFESA DE MAIS VERBAS PARA SAÚDE E EDUCAÇÃO* – Saída do Sintufrj

11h – Passeata da UFRJ. Saída da Letras em direção à Ponte do Saber

12:30h – Debate sem medo de ser feliz: política e cotidiano universitário no Brasil da Esperança com Dani Balbi e Luciana Boiteux Hall do JMM / FAU / EBA

18h – Encerramento da semana do servidor com o TARDE DANÇANTE no Espaço Cultural do SINTUFRJ

 27/10  – PEDADÃO ANTIFASCISTA

Campo da Prefeitura Universitária – Fundão

PRAIA VERMELHA, 11h – Oficina de Camisetas – Espaço aberto da PV

28/10 – Sexta, 17h Live “Perdas e riscos na educação brasileira – o cenário atual” Comitê de Mobilização 2º turno com Lula – FE/UFRJ

Transmissão: instagram@grazinoli

As 25 famílias do Complexo do Alemão cujos filhos são assistidos pela Escola Quilombista Dandará dos Palmares receberam do Sintufrj cestas básicas. A ação solidária da entidade atendeu à solicitação da própria comunidade.
A escola é resultado de uma ação local autônoma de apoio educacional, afetivo e político no Complexo do Alemão, que tem como bandeira principal o enfrentamento ao racismo.

COORDENADORES e apoiadores da direção do Sintufrj na entrega das cestas básicas aos responsáveis pela Escola Quilombista

Votamos Lula pelas lutas que virão!

Derrotar Bolsonaro é abrir caminhos!

 

Soberania nacional
O atual presidente se diz nacionalista, mas é um capacho dos interesses do capital financeiro globalizado. A solução do atual governo para tudo é entregar nossas riquezas e empresas públicas para os gringos. Dizia defender os setores estratégicos para a soberania, mas quer privatizar a Eletrobras. Na Petrobras, onde o governo tem o poder de escolher o presidente da empresa e definir sua política de preços, Bolsonaro manteve a dolarização do petróleo para garantir os lucros dos acionistas estrangeiros. O resultado é a inflação dos combustíveis se espalhando por toda a economia e tirando a comida da mesa das famílias.

Educação
As universidades federais precisam de, no mínimo, R$ 7,2 bi para funcionar. O orçamento que Bolsonaro aprovou para 2022 era de apenas R$ 5,3 bi e foi cortado para R$ 4,8 bi. Um novo corte em setembro foi barrado, com muita luta em todo o país. O risco da UFRJ parar de funcionar é real. Reeleger o presidente será um sinal verde para que ele continue seu plano de desmonte do ensino público, tanto nas universidades como nos institutos federais. Olhe para o lado, veja suas condições de trabalho e estudo. Este plano já está em andamento e precisa ser interrompido.

Serviço Público
Lira, presidente da Câmara dos Deputados e cupincha de Bolsonaro, já anunciou a retomada da PEC 32 ainda este ano. É a Reforma Administrativa que transforma o serviço público em uma grande rachadinha. Não seremos mais servidores do Estado brasileiro, mas apenas empregados dos governos de turno subordinados a seus interesses particulares. Quem não fizer a campanha do chefe será demitido. Esse será o Brasil com mais quatro anos de Bolsonaro, com a corrupção se infiltrando em todas as camadas do Estado.

Corrupção
O escândalo do Bolsolão, também conhecido como orçamento secreto, é o maior espetáculo de corrupção da história do país (equivale, por exemplo, a 630 mensalões). A Polícia Federal já começou a desvendar a maracutaia. Além disso, tem a rachadinha. E os 51 imóveis comprados com dinheiro vivo. Cabe lembrar que os processos que haviam condenado Lula foram anulados, pois o julgamento foi todo irregular, com um juiz parcial que só queria mesmo tirar Lula da eleição para virar ministro de Bolsonaro. Sergio Moro agora quer uma vaga no STF.

Família e religião
Bolsonaro se diz um homem de Deus que defende a família, mas usa Seu nome pra desviar verba pública e só pensa na família dele mesmo. A religião é sagrada para a maioria do povo brasileiro e não deve ser instrumentalizada para fins eleitorais como faz Bolsonaro. Quem se preocupa com as famílias brasileiras tem que se preocupar em colocar comida na mesa destas famílias, com emprego e segurança pública para andarmos nas ruas em segurança. Vale lembrar que Lula, em vez de fechar, fez enormes concessões em favor das igrejas evangélicas.

Democracia
Nossa democracia é muito limitada e precisamos ampliá-la. Mas Bolsonaro é uma ameaça aos poucos direitos e liberdades democráticas que ainda temos. Recentemente anunciou a intenção de controlar o STF nomeando mais ministros que o previsto em constituição, se for reeleito. Isto fez com que até Amoedo, um liberal de direita, declarasse voto em Lula. Enquanto isso, tentam convencer você de que a ameaça à democracia seria Lula . O PT já governou por 14 anos o país e em nenhum momento a democracia esteve ameaçada como está com Bolsonaro.

Luta
Para além das eleições, precisaremos lutar muito! Pela recomposição orçamentária das universidades, por aumento real dos nossos salários e aprimoramento do PCCTAE, pela revogação das reformas trabalhista e previdenciária, por uma democracia de verdade em que mandem os trabalhadores em vez dos ricos e poderosos. E estas lutas encontrarão condições mais favoráveis de vitória com a eleição de Lula em vez da reeleição de Bolsonaro.

Não atire no próprio pé!
Votar em Bolsonaro para castigar Lula e o PT é, na verdade, castigar a nós mesmos! Não damos a Lula um cheque em branco nem acreditamos que tudo vai se resolver com sua volta ao governo. Mas, ao contrário de Lula, Bolsonaro é inimigo do povo brasileiro e de nossas formas de luta (que nos garantiram os poucos direitos que ainda temos hoje). Vote como se seu voto fosse definir a eleição, pois pode ser que defina.