Ao contrário do que havia sido proposto pela bancada dos estudantes e dos técnicos-administrativos em educação, o Conselho Universitário (Consuni) da UFRJ aprovou, na sessão de quinta-feira, 9, a proposta apresentada pelo Conselho de Ensino e Graduação (CEG) que prevê recesso de apenas duas semanas entre os semestres programados para os períodos que terão 12 semanas letivas.

A proposta original apresentada pela representante da bancada dos técnicos e também coordenadora do Sintufrj era de que o intervalo entre os períodos fosse de quatro semanas. Mas em nome da unidade, a dirigente apelou aos conselheiros pela busca de consenso recomendando a proposta apresentada pelos estudantes que defenderam três semanas de recesso entre os períodos.

Votação

Foi à votação o parecer da Comissão de Ensino e Títulos (CET) do Conselho Universitário, que era favorável ao calendário acadêmico aprovado pelo Conselho de Ensino de Graduação (CEG).

Por 39 votos a 10 (esses 10 votos são das bancadas técnico-administrativa e dos estudantes) o parecer da CET foi aprovado.

Nem o destaque apresentado pelos estudantes para que o recesso fosse de três semanas em vez de duas foi aprovado: 21 conselheiros votaram a favor do destaque, 26 contra e três se abstiveram.

A votação vitoriosa no Consuni foi em oposição à proposta de parecer da representante da bancada estudantil, Júlia Vilhena, que na sessão anterior do órgão superior da universidade havia pedido vistas ao parecer co CET.

Crítica

Joana de Angelis na sua declaração de voto lamentou que o parecer dos estudantes apoiado pelos técnicos-administrativos não tenha sido aprovado. Segundo ela, a proposta da bancada estudantil permitia se buscar um consenso entre os segmentos da universidade. De acordo com a coordenadora do Sintufrj e conselheira técnico-administrativa, o parecer derrotado fazia um ajuste no calendário do CEG, propondo três semanas de recesso entre os períodos.

A proposta levada ao Consuni pelo Sintufrj era de quatro semanas de recesso entre os períodos do calendário acadêmico especial, visando maior tempo para que os profissionais, principalmente das secretarias e coordenações acadêmicas, realizassem seu trabalho de forma adequada e preservando a saúde física e mental.

Calendário do CEG aprovado no Consuni

Período 2020.1:

Para a graduação de uma forma geral: de 30 de novembro de 2020 a 6 de março de 2021.

Medicina, no Fundão – de 23 de novembro de 2020 a 23 de janeiro de 2021.

Medicina, no campus UFRJ-Macaé – de 23 de novembro de 2020 a 6 de fevereiro de 2021.

Período 2020.2:

Para a graduação de uma forma geral – de 22 de março de 2021 a 12 de junho de 2021.

Medicina, no Fundão – de 1 de fevereiro a 5 de junho de 2021.

Medicina, no campus UFRJ-Macaé – de 18 de fevereiro a 12 de junho de 2021.

2021

A CET recomendou também a aprovação das datas de início de 2021 deliberadas pelo CEG:

Graduação de uma forma geral – de 28 de junho de 2021.

Medicina, no Fundão e no campus UFR-Macaé Macaé – de 21 de junho de 2021.

Posição do Sintufrj

A representante técnico-administrativa no Consuni e coordenadora do Sintufrj, Joana de Angelis, defendeu a posição da categoria: “Não estamos rejeitando o calendário do CEG, mas propondo ajustes no sentido de atender a todas as demandas aqui trazidas de todos os segmentos da universidade. Este é um espaço democrático de discussão. Precisamos considerar que é fundamental para nós, técnicos-administrativos, em especial para os trabalhadores das secretarias acadêmicas e das coordenações de curso, que tenhamos um intervalo entre semestres de quatro semanas. Não para férias e, sim, para que consigam efetivar tudo que é necessário para a finalização de um semestre e início de outro. No entanto, na busca de construção de consenso, estamos reconsiderando essa nossa solicitação  de quatro semanas (apresentada em sessão anterior do Consuni) e concordando com o parecer dos estudantes que pontua três semanas de intervalo entre um semestre e outro”.

Segundo a dirigente, “considerando que vivemos um período de excepcionalidade, o consenso para atender as necessidades de todos os segmentos é fundamental”, e fez um apelo: “Então, peço a todos que reconsiderem suas demandas e busquem rever algumas questões para que possamos, juntos, construir a unidade em torno do calendário acadêmico, que é tão importante para a continuidade do funcionamento da universidade e com a qualidade de sempre, mas também garantindo a saúde de todos os trabalhadores e trabalhadoras”.

Declarações de voto

A conselheira Joana foi a primeira a fazer declaração de voto:

“O meu voto inicial foi em favor do parecer apresentado pela conselheira discente Julia, atribuindo ao calendário aprovado pelo CEG um ajuste de duas semanas a mais de atividades acadêmicas e uma semana a mais de recesso entre os períodos, contemplando as preocupações apresentadas pelos técnicos-administrativos e pelos estudantes referentes à sobrecarga de trabalho nas secretarias acadêmicas e a possibilidade de prejuízo nas atividades de ensino. Uma vez derrotado o parecer da bancada estudantil, posicionei-me favoravelmente ao destaque apresentado para a inclusão de uma semana no período de recesso.

Manifesto nossa consternação pelo resultado. As contribuições apresentadas por dois dos três segmentos da comunidade acadêmica foram solenemente ignorados. Solidarizo-me em especial com as trabalhadoras e os trabalhadores das secretarias acadêmicas e coordenações de curso, pois o período de recesso será um período de trabalho: lançamento de notas, abertura e fechamento de disciplinas, tarefas essas que serão realizadas em tempo insuficiente e sob carga desproporcional de pressão, colocando em risco a saúde dessas trabalhadoras e trabalhadores.Vamos continuar na defesa de condições dignas de trabalho e de saúde da nossa categoria não só no Consuni, mas em todos os espaços que ocuparmos”.

Subrepresentação

Logo em seguida, Júlia Vilhena, representante da bancada estudantil, solicitou espaço para declaração de voto, sendo seguida por outros conselheiros discentes.

Ela lamentou que o colegiado “não tenha conseguido aprovar a proposta apresentada por representantes de dois terços das categorias presentes”, e alertou que, quando se fala que esses segmentos (estudantes e técnicos-administrativos) são subrepresentados no colegiado (a proporção é de 70% para docentes, 15% para estudantes e 15% para técnicos administrativos) muitos professores manifestam solidariedade mas, na prática, quando estudantes e técnicos se juntam para apresentar uma proposta são ignorados ou secundarizados.

Segundo Júlia, a posição da bancada era também em nome de “centenas de estudantes com quem debateu e construiu cotidianamente as propostas, como o parecer contrário à proposta do CEG”.

“Dois terços dos segmentos, a categoria técnico-administrativa e discentes tiveram sua opinião secundarizada. E fica o questionamento: se muitos acham que não faz diferença 12 ou 14 semanas, porque não votar a favor da proposta apresentada pelos técnicos-administrativos e estudantes:? Por que não estar ao lado das categorias subrepresentadas neste conselho? Deixo minha indignação por este calendário aprovado”, concluiu a conselheira discente.

ASSISTA A FALA DA CONSELHEIRA JOANA DEFENDENDO A PROPOSTA DOS ESTUDANTES:

 

Depois de mais de 30 anos de luta política e de 13 anos na esfera jurídica, os trabalhadores conquistaram o direito a contagem do tempo de serviço para aqueles que recebem adicionais de insalubridade e periculosidade.

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) beneficia de várias maneiras os servidores na ativa e os aposentados, e até quem está em abono de permanência. De bate pronto o reflexo dessa conquista repercute de imediato nos trabalhadores das oito unidades hospitalares da UFRJ.

Para que toda a categoria técnica-administrativa entendesse o alcance da decisão do STF, a direção do Sintufrj promoveu, na  quinta-feira, 8, uma live com a Assessoria Jurídica do Escritório Cassel e Ruzzarin e o Departamento Jurídico Trabalhista da entidade. Mais de 140 companheiros participaram e tiraram dúvidas durante uma hora e meia de conversa virtual com os advogados .

“É uma grande vitória num momento de tantas perdas de direitos, que ainda poderá ser maior conforme propõe essa farsa de reforma administrativa, contra a qual estamos promovendo uma intensa campanha”, comemorou a coordenadora-geral do Sintufrj, Gerly Miceli.

“Buscaremos a via administrativa na UFRJ para colocar em prática esse direito conquistado depois de tantos anos de batalhas política e jurídica. Uma conquista justa que nos dará um fôlego para seguir lutando e o Sintufrj trabalhará muito para concretizá-la na prática”, antecipou Gerly.

Medidas

Explicações sobre os efeitos da decisão, a quem ela atinge, orientações, cálculos e procedimentos foram dados pelos advogados Rudi Cassel e Mara Vasquez. Saiba tudo sobre essa conquista e esclareça quaisquer dúvidas a respeito assistindo a live do Sintufrj pelo canal da entidade no YouTube e no Facebook.

A live também informa sobre as ações do Sintufrj para pôr em prática esse direito recém-conquistado. O primeiro passo da direção foi se reunir com a reitora Denise Pires.

E atenção: a partir da próxima semana os sindicalizados terão um canal específico no zap com orientações e esclarecimento de novas dúvidas. Além disso, o Sintufrj disponibilizará em seu site os modelos de requerimentos a serem preenchidos pela categoria, mas haverá atendimento presencial semanal via agendamento prévio.

 

 

 

 

 

Governo ainda não tem uma proposta consolidada para financiar o programa de distribuição de renda, somente estudos sobre medidas que tiram dinheiro do bolso dos trabalhadores mais pobres e isentam os mais ricos

Matéria retirada do site da CUT. 

 

De olho na reeleição em 2022, Jair Bolsonaro (ex-PSL) e sua equipe econômica atiram para todos os lados para obterem recursos para pagar o Renda Cidadã, programa que deverá substituir o Bolsa Família, criado por Lula.

As medidas até agora vazadas para a imprensa só afetam o bolso do trabalhador e da trabalhadora pobres, desmentindo o próprio presidente que disse que “não tiraria dos pobres para dar aos paupérrimos”.

Ainda sem uma proposta definitiva de como viabilizar economicamente o Renda Cidadã, o governo continua estudando possiblidades. Nenhuma delas mexe na renda dos mais ricos, na taxação de grandes fortunas e numa reforma tributária mais justa, fazendo quem ganha mais pagar mais, como defende a CUT.

O governo anunciou, entre outras medidas, que reduziria a faixa salarial do abono salarial, pago todos os anos a trabalhadores que ganham até dois salários mínimos (R$ 2.090,00). A proposta é conceder o benefício somente para quem ganha até R$ 1.463,00.

Há ainda a possiblidade de aumentar o tempo mínimo de registro em carteira que o trabalhador precisa ter para receber o abono. Pela regra atual, o trabalhador tem direito a um valor proporcional a partir de um mês trabalhado, aumentando a proporcionalidade conforme o número de meses.

O governo quer elevar essa carência a um período mínimo de seis meses, o que significa deixar de destinar cerca R$ 12 bilhões de reais ao abono salarial.

Outra medida anunciada é a intenção de acabar com o desconto de 20% na declaração simplificada do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), que atingiria cerca de 17 milhões de contribuintes, ao mesmo tempo em que o governo mantém outras deduções como em saúde e educação.

De acordo com Adriana Marcolino, técnica da subsecção do Dieese na CUT, esse desconto, na declaração simplificada, beneficia quem tem menor renda. “Já os outros descontos são para quem paga plano de saúde, escola particular e, geralmente, esses contribuintes são aqueles que têm rendimento maior”, diz Adriana.

O jornal O Estado de São Paulo publicou que além de mexer no abono salarial do trabalhador, o governo estuda limitar o Benefício de Prestação Continuada (BPC) a idosos cuja renda familiar é de até R$ 280,00 por pessoa e sobre proibir acumulo de benefícios para quem recebe o Bolsa Família. Com essas duas medidas, a ‘economia’ seria de aproximadamente R$ 8,2 bilhões.

Ainda de acordo com o jornal, o governo Bolsonaro quer transferir a responsabilidade pelo pagamento do auxílio-doença ao empregador, que por sua vez abateria o valor da contribuição paga ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).  Hoje o pagamento é feito pelo órgão quando o período de afastamento é superior a 15 dias.

Outras sugestões são a redução de “penduricalhos” e a regulamentação do teto remuneratório para servidores (com economia de R$ 2,2 bilhões), liberar recursos do FGTS em parcelas antes de o trabalhador demitido acessar o seguro-desemprego (impacto de R$ 3,1 bilhões) e revisão no seguro-defeso (economia de R$ 1,5 bilhão).

Pega mal

Em agosto, Bolsonaro havia proibido sua equipe de falar sobre programas de distribuição de renda por não haver uma ainda proposta concreta, elaborada e consolidada para um programa que substituísse o Bolsa Família. À época, as ‘possíveis medidas’ anunciadas pela equipe econômica causaram repercussão negativa e fizeram o governo recuar.

Entre elas, a redução em programas sociais como o seguro-desemprego, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e até o congelamento de aposentadorias por dois anos, para turbinar o novo programa.

Ainda hoje, medidas em estudo para financiamento, divulgadas pela equipe periodicamente, não têm diálogo com a sociedade e continuam mirando nos trabalhadores de menor renda. “Da classe média baixa, inclusive”, aponta Adriana Marcolino.

Ela afirma que um programa de distribuição de renda, como Renda Cidadã, deveria ser “levado com mais seriedade”.

“Um governante e sua equipe ficarem durante tantos meses fazendo balões de ensaio é muito negativo. Toda semana sai uma matéria diferente sobre uma nova possiblidade de financiamento do programa”, diz Adriana, se referindo à falta de uma proposta concreta.

Para ela, o programa assim tem que ter caráter de redistribuição de renda. “De quem tem mais para quem tem menos”, ela diz e aponta uma reforma tributária justa, com taxação de grandes fortunas e atualização tabelas de Imposto de Renda(IR).

“O IR tem muitas distorções e a principal é a defasagem na atualização. O resultado é que um grupo de pessoas que deveria estar na faixa de isenção, hoje paga o imposto”, explica.

Ainda sobre a intenção de acabar com os descontos da declaração simplificada para bancar o Renda Cidadã, Adriana diz que, como caminho, “a tributação deveria ser sobre os super ricos e não sobre a classe média baixa que já está estrangulada por causa da crise econômica e dos orçamentos familiares que foram ainda mais prejudicados por causa da pandemia do novo coronavírus (Covid-19)”.