A UFRJ, que vem se destacando em tantas frentes no combate à pandemia, integra-se agora a mais uma: a vacinação, dentro da campanha de imunização contra a Covid-19 da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro – SMS. 

A universidade está oferecendo espaço, infraestrutura e voluntários para dois postos drive-thru (sem que seja preciso sair do carro) – na Cidade Universitária, na Ilha do Fundão, e no campus da Praia Vermelha. 

Além disso, a instituição vai contribuir também com voluntários para o drive-thru do Sambódromo. 

Como vai ser 

A Prefeitura da UFRJ informa que a vacinação nos campi da universidade começa neste sábado, dia 6, das 8h às 12h, para a imunização de idosos com mais de 90 anos (é preciso apresentar apenas a identidade) que não conseguiram tomar a dose da vacina no dia da semana destinado a cada grupo etário nos centros municipais de saúde. 

Os postos na UFRJ prosseguirão em funcionamento durante toda a campanha ou enquanto houver doses. No sábado seguinte, dia 13, está prevista a vacinação de quem tem mais de 85 anos; no dia 20, a partir de 80 anos; e no dia 27, a partir de 75 anos. A SMS pretende que os idosos a partir de 60 anos estejam vacinados até o fim de março.

Outros postos

Pelo sistema de drive-thru, além da Cidade Universitária, da Praia Vermelha e do Sambódromo, a partir do dia 6 de março também haverá vacinação aos sábados, das 8h às 12h, no Parque Madureira, no Estádio do Engenhão, no Parque Olímpico e nas policlínicas Lincoln de Freitas Filho (Santa Cruz) e Guilherme Manoel da Silveira (Bangu), e também no Centro Municipal de Saúde Belizário Penna (Campo Grande). Na Uerj, o drive-thru funcionará de segunda a sexta-feira, das 9h às 15h.

Onde na UFRJ

O prefeito da UFRJ, Marcos Maldonado, responsável por toda a logística de vacinação contra a Covid-19 na universidade, avisa que as equipes de trânsito, segurança, patrulhamento e o sistema de monitoramento de câmeras já estão a postos para a vacinação neste sábado, 6 de fevereiro. 

A Prefeitura Universitária já estava com tudo pronto desde a semana anterior, porque a estimativa era de que a vacinação começasse no dia 30 de janeiro.  

O posto na Ilha do Fundão funcionará no estacionamento do Polo de Biotecnologia (antiga BioRio), ao lado do Centro de Ciências da Saúde (CCS), das 8h às 12h. 

Na Praia Vermelha, também das 8h às 12h, o posto fica em frente ao Instituto de Neurologia, com entrada pela Rua Lauro Müller e saída pela Avenida Venceslau Brás.

Duas tendas

Serão armadas duas tendas, segundo Marcos Maldonado. A primeira para quem for de carro e a segunda para os que chegarem a pé, vindos de ônibus ou táxi. Segundo o prefeito, estão previstas 300 doses para cada posto.  

Voluntários da UFRJ

Carla Luzia França Araújo, diretora da Escola de Enfermagem Anna Nery e que coordena o Programa de Voluntariado da UFRJ no Combate à Covid-19 – que faz parte de um projeto de extensão, com a participação de centenas de alunos de diversos cursos da universidade – disse que a equipe que atuará no sábado, 6, no Fundão, na Praia Vermelha e no Sambódromo terá 50 pessoas, entre estudantes e docentes de Enfermagem e Medicina, que se dividirão nas tarefas de organização das filas, apoio, anotação e vacinação. 

“Quem coordena a ação em si é a Secretaria Municipal de Saúde. Pela UFRJ, não há uma coordenação única. Eu coordeno a parte do voluntariado. O prefeito, toda a parte de logística, segurança e tráfego”, explica a diretora da Anna Nery.  

Segundo Carla Luzia, as 300 doses da vacina previstas para cada posto, embora poucas, podem ser suficientes para o público específico, neste caso idosos acima de 90 anos que não se vacinaram no dia da semana previsto para essa faixa etária.

“É uma forma de troca com a sociedade. Somos uma instituição pública, e esse é só o começo, porque o grosso mesmo da população ainda vem”, afirma Carla Luzia, satisfeita com a oportunidade dada à UFRJ de colaborar na campanha de vacinação.

O planejamento é que os postos na universidade funcionem semanalmente até o fim da campanha, disse ela. E pode até haver ampliação do horário de atendimento, dependendo da demanda e da quantidade de vacinas. “Esse tem sido o grande gargalo. Vamos ver como vai ser essa semana. A expectativa é de que tudo dê certo”, conclui.

 

 

Bolsonaro foi ao Congresso nesta quarta (3) para apresentar uma lista de pautas prioritárias aos novos presidentes da casa. Entre elas o porte de armas, mineração em terras indígenas e a reforma Administrativa

Matéria retirada do site da CUT. 

Enquanto o país enfrenta uma das piores crises econômicas e sociais da história, situação que exige pulso firme, competência e um olhar humanitário para o povo brasileiro, o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL), continua fazendo vista grossa para os mais de 14 milhões de desempregados, para as vítimas fatais da Covid-19 e suas famílias e para outros milhões que continuarão sem renda nesta fase da pandemia, que tem uma nova e mais agressiva cepa do novo coronavírus.

Em meio ao caos e a tragédia, Bolsonaro vai ao Congresso e ao invés de anunciar medidas efetivas para recuperação da economia, assistência aos mais vulneráveis e preservação da saúde e da vida dos brasileiros, anuncia como ‘prioridades’ a serem pautadas na Câmara dos Deputados e no Senado neste ano sua famosa pauta dos costumes, que também podem ser denominadas ‘pautas da morte’.

Para Bolsonaro as prioridades são a flexibilização do porte de armas, a exploração de minerais em terras indígenas, a redução dos recursos para áreas como saúde, educação e assistência social e a reforma Administrativa, que pode acabar com os serviços públicos no Brasil. 

“As prioridades de Bolsonaro demonstram claramente que ele é o chefe de um governo que prioriza a morte”, diz Carmen Foro, Secretária Geral da CUT.

A estagnação da economia, o aumento do desemprego, a falta de planejamento e de ações do governo que priorizem a geração de emprego e renda andam de mãos dadas com a falta de organização e eficiência na aquisição e distribuição de vacinas – esperança do povo brasileiro para superar a pandemia do Coronavírus, analisa a dirigente.

“Sem esperança de vacina a curto prazo, sem auxílio emergencial e muito menos possibilidade de conseguir recolocação no mercado de trabalho, milhões de brasileiros enfrentam o terror de não ter o que comer nos próximos meses e Bolsonaro ainda ousa apresentar essa pauta nefasta para o Congresso. Isso é inadmissível”, reage Carmen.

Para a dirigente, as únicas pautas aceitáveis neste momento são as que priorizarem a defesa da vida e dos empregos e à volta do auxílio emergencial de R$ 600 – R$ 1.200 para mães solo – até o fim da pandemia.

“Vamos travar uma guerra no Congresso para que deputados e senadores deem prioridade a medidas emergenciais que garantam a sobrevivência de milhões de brasileiros e brasileiras que não vão ter o que comer. A volta do auxílio emergencial é prioritária. Por causa da conduta de Bolsonaro, o Brasil durante a pandemia mergulhou em um patamar de aumento da fome e os mais afetados são os mais pobres, os negros e negras e as periferias”, afirma Carmen Foro.

A secretaria Geral da CUT afirma ainda que a situação é grave para um país rico como o Brasil e que a saída é o afastamento de Bolsonaro. “O impeachment de Bolsonaro é uma questão urgente. Para nós, é uma agenda  de defesa da vida, dos empregos, da renda e de combate a miséria”, conclui.

A prioridade genocida

Em seu pronunciamento no Congresso, nesta quarta-feira (3), durante a abertura oficial dos trabalhos das duas Casas, Bolsonaro apresentou aos novos (e aliados) presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), uma lista de pautas que considera prioridade para serem votadas em 2021. Veja as principais:

Porte de armas

Obsessão de Bolsonaro, o projeto, além de flexibilizar regras para compra, posse e porte de armas de fogo, prevê a ampliação do chamado excludente de ilicitude (tese sobre autorização para matar em suposta ação de legítima defesa) para militares em operações de garantia da lei e da ordem. Especialistas chamam essa proposta de ‘licença para matar’ para policiais, que poderão alegar em todos os casos a legitima defesa em ações da polícia. Principais vítimas serão os negros das periferias”, diz Rosana Fernandes, secretária ajunta de Combate ao Racismo da CUT. Ela explica que o Brasil tem a polícia que mais mata no mundo inteiro e 75% dos mortos em operações policiais são negros.

PL 191

Apresentado por Bolsonaro em fevereiro de 2020, o Projeto de Lei permite a exploração de minerais em terras indígenas. Na prática, apenas legaliza a mineração, que já é feita sem nenhum controle, de forma clandestina, com garimpeiros ameaçando, intimidando e até assassinando a população indígena.

Os impactos ao meio ambiente, diz Carmen Foro, Secretária-Geral da CUT, e trabalhadora rural da Amazônia, serão catastróficos porque o projeto não estabelece nenhum critério para proteger nem o meio ambiente e nem a vida. “A exploração de determinados minérios requer muitos cuidados porque contaminam a terra e os rios e isso atinge tanto os indígenas como populações inteiras que dependem dos rios. Não tem regra nenhuma consolidada a não ser a da selvageria e da morte em nome do lucro”.

Controle de despesas públicas pela União, estados e municípios

Em geral, significa reduzir recursos para serviços públicos com saúde, educação e assistência social. Além disso, tem impacto negativo na contratação de servidores, sem reposição para aqueles cargos vacantes. “Precariza o atendimento e quem vai sofrer as consequências é a população mais pobre que depende dos serviços públicos, em especial em temos de pandemia”, diz Adriana Marcolino, Técnica do Dieese.

Privatizações – Eletrobras é o primeiro alvo

A venda da Eletrobras, uma das estatais mais lucrativas do país, também está na lista de prioridades do governo para este ano. Faz parte do Projeto de Lei (PL) 5.877 de 2019 o governo quer acelerar a privatização. A previsão de especialistas é que 99,7% da população brasileira, consumidora de energia elétrica, serão prejudicados. A projeção da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é de que com a privatização, as contas de luz subam, de imediato, entre 16% a 17% em todo o território nacional.

Além disso, aumenta o risco de apagões já que empresas privadas priorizam o lucro e não a qualidade de serviços. Caso emblemático é o da Gemini Energy, empresa estrangeira que atua no Amapá que enfrentou um estado de calamidade em novembro do ano passado quando uma subestação pegou fogo por falta de manutenção adequada.

Reforma administrativa

A proposta ameaça o serviço público e os servidores. Além de eliminar benefícios, cria outros vínculos trabalhistas e acaba com a estabilidade da grande maioria dos cargos, limitando a estabilidade somente a cargos típicos de estado como os do judiciário, por exemplo. Também dá poder ao presidente para criar, extinguir ou reorganizar órgãos, autarquias e fundações, o que segundo especialistas, pode servir para o executivo ‘aparelhar’ esses órgãos com interesses próprios.

Autonomia do Banco Central

Banco Central autônomo – principal instituição encarregada da política monetária do país – significa Banco Central subordinado aos interesses do mercado. A autonomia limita mudanças na política econômica atual caso um outro projeto de país seja escolhido nas eleições de 2022. Fausto Augusto Junior, do Dieese, explica que “de certa forma, é uma espécie de seguro para o mercado de que seus interesses estejam salvaguardados independente de qual grupo político venha a assumir o governo federal”.

PEC Emergencial

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 186 de 2019, poderá retirar até R$ 55 bilhões de circulação com o corte de 25% no salário dos funcionários públicos, como propõe o governo. De acordo com pesquisadores do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais (Cedeplar-UFMG), a medida pode provocar o desemprego de duas pessoas a cada 100 que hoje estão empregadas, aumento o índice de desemprego em quase 2%, além de uma queda de 1,4% no Produto Interno Bruto (PIB).

PEC 45 – impostos

A medida unifica cinco impostos federais, estaduais e municipais que deverão ser chamados de Imposto sobre bens e Serviços (IBS). Deixariam de existir a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e a contribuição dos Programas de Integração Social (PIS).

Mas o ministro da Economia, Paulo Guedes tenta emplacar um velho imposto: a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras).

Não há uma intenção em promover uma reforma tributária progressiva em que pobres pagam menos impostos do que os maios ricos ou que passe a taxar grandes fortunas, por exemplo.

PEC 110 – mais impostos

Trata-se de outra proposta que integram a reforma tributária. Semelhante à PEC 45, a 110 amplia os tributos a serem unificados, incluindo no pacote o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o Pasep (Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público) e a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE-Combustíveis).  A PEC 110 federaliza o IBS mas com partilha de arrecadação entre União estados e municípios. Regras para destinação dos recursos viriam com lei complementar.

O governo deixou claro aos presidentes da Câmara e do Congresso, que tem pressa e quer aprovar tudo até o segundo semestre. Depois de setembro, deputados e senadores já começam a se envolver com as eleições de 2022.

Durante o pronunciamento Bolsonaro foi chamado por parlamentares de fascista e rebateu com sua já conhecida ironia. “Nos vemos em 2022”, ele disse.

 

 

Nesta data, as favelas do Rio tiveram o dia com mais casos confirmados de coronavírus em quatro meses, de acordo com levantamento feito pelo jornal Voz das Comunidades. Segundo o painel “Covid-19 nas Favelas”, em 24 horas, foram 325 infectados e duas mortes em comunidades da cidade. Ao todo, o boletim afirma que 10.990 moradores de áreas carentes já tiveram a doença e 1.042 perderam a vida por conta dela. Ainda não houve atualização nesta quarta-feira.

De segunda para terça-feira, as comunidades que mais tiveram casos confirmados da doença foram: Complexo do Alemão (111 casos), São Carlos (39 casos), Complexo da Penha (38 casos), Vila Kennedy (25 casos), Santa Marta (21 casos), Morro da Formiga (18 casos) e Mandela (15 casos). Metade das oito mortes aconteceu na Cidade de Deus e na Vila Kennedy. Os outros quatro óbitos foram registrados no Alemão, Tavares, Vila Vintém e Complexo da Penha.

Os números acendem um alerta, mas, no geral, ainda são considerados baixos, se comparados a demais áreas da cidade ou à expectativa negativa criada por especialistas por conta de todos os problemas já conhecidos em favelas por ausência do poder público. A falta de testagem, por exemplo, já foi um dos fatores usados para explicar tal discrepância. Ao GLOBO, o médico epidemiologista da Secretaria Estadual de Saúde Alexandre Chieppe disse que há indícios de que a população mais pobre possa, sim, ter sido mais afetada pelo coronavírus, ainda que tenha morrido menos.

As comunidades com mais casos e mortes pela Covid-19, segundo o painel “Covid-19 nas Favelas”, são:

  • Maré – 1.400 casos e 154 mortes
  • Complexo do Alemão – 1.283 casos e 78 mortes
  • Rocinha – 1.045 casos 67 mortes
  • Penha – 843 casos e 56 mortes
  • Jacaré – 835 casos e 57 mortes
  • Manguinhos – 665 casos e 57 mortes
  • Cidade de Deus – 600 casos e 99 mortes
  • Gardênia Azul – 488 casos e 60 mortes

 

 

“Crise sanitária, política, ética e social sem precedentes no país”. Assim avalia a realidade brasileira atual, o epidemiologista e professor da UFRJ, Roberto Medronho. Ouça o áudio: