“Espaço educacional no ambiente de trabalho” foi o tema da comunicação oral apresentada por Valquíria Felix Gonçalves, mestra em Tecnologia para o Desenvolvimento Social, no VII Seminário de Integração dos Servidores Técnico-Administrativos em Educação (Sintae).

A iniciativa da servidora foi a forma que ela encontrou para divulgar entre a comunidade universitária o recém-criado Núcleo de Educação Permanente dos Trabalhadores da Prefeitura Universitária. Em dezembro, os 81 primeiros alunos receberão seus certificados.

Apoio – O projeto é da Assessoria de Recursos Humanos da Prefeitura Universitária, da qual Valquíria faz parte, e a criação do Núcleo visa preparar os servidores da unidade para os desafios para os quais novos saberes são fundamentais. No entanto, faltava um espaço específico para as aulas, problema solucionado na atual gestão do prefeito Marcos Maldonado, que tem dado todo apoio para a consolidação da proposta.

Segundo a técnica-administrativa, a intenção é também tornar o Núcleo um estímulo para os trabalhadores concluírem sua educação formal, e um espaço de reflexão sobre os fazeres e as relações no ambiente de trabalho. “O Núcleo tem que ser um espaço de referência na UFRJ onde os trabalhadores possam estudar, com inspiração na teoria de Paulo Freire de uma educação pautada no diálogo”, acrescentou Valquíria.

Perfil – Trabalham na Prefeitura mais de 370 trabalhadores e, segundo dados da Pró-Reitoria de Pessoal, a maioria homens (80%): 40% na classe D e 48% no nível IV de capacitação. Cerca de metade deles (48%) tem 30 anos ou mais de trabalho na UFRJ, 42% possuem o ensino médio, 31% ainda não concluíram a educação básica, e 74% estão na condição de cargos extintos.

Cursos oferecidos

As atividades no espaço próprio começaram no dia 5 de setembro (fica no prédio anexo à sede da Prefeitura, no Fundão). Os cursos oferecidos são três: A Importância da Leitura e da Escrita; Matemática e A Importância da História da UFRJ para a Educação no Brasil, com duração de um mês e aulas duas vezes por semana com duas horas e meia de duração. Além de uma das idealizadoras da proposta, Valquíria divide com Teresinha Costa a coordenação do Núcleo e também dá aulas. O projeto conta com a colaboração de outros técnicos-administrativos, que atuam como professores voluntários, como Júlio Oliveira e Vera Valente.

Alfabetização e informática

No próximo ano, o Núcleo pretende oferecer curso de alfabetização de adultos e de informática. Também estão nos planos da coordenação a formação de um grupo de estudos em Metodologia da Pesquisa para aqueles que desejam ingressar no mestrado ou no doutorado, atendendo, assim, à diversidade de perfis dos profissionais que atuam na Prefeitura Universitária.

A aclamada romancista, contista, poeta e ativista dos movimentos de valorização da cultura negra e ex-aluna da Faculdade de Letras da UFRJ, Maria da Conceição Evaristo de Brito, foi a homenageada na Semana da Consciência Negra do Centro de Tecnologia (CT), manhã de quarta-feira, 13, no salão nobre da Decania.

Emocionada, Conceição Evaristo agradeceu a homenagem afirmando que é essencial cobrar o lugar de pertencimento dos negros e negras na universidade: “É importante questionar o nosso espaço na literatura e na academia”.

Apresentação de Roda de Jongo, grupos de Afromix, Charme e Samba, feirinha de artes africanas, entre outras atrações, constaram da programação. Os coordenadores do Sintufrj Noemi Andrade e Ruy Azevedo, e a presidenta da Adufrj, Eleonora Ziller, participaram da mesa da solenidade.

Dívida eterna

Segundo Conceição Evaristo, a dívida da sociedade brasileira com a população negra é impagável. “Uma política pública de educação pode reparar, mas a dívida é eterna, porque a defasagem é muito grande. Seria preciso mudar o resultado da história. Contudo, nem por isso a comunidade negra vai deixar de buscar e afirmar a necessidade de uma política reparativa, não só com os afrodescendentes, mas com os indígenas também, os verdadeiros donos da terra”, disse a ativista.

Para Noemi Andrade, a UFRJ é um espaço de transformação, e se  antes os negros só entravam nesse espaço enquanto mão de obra, hoje em dia ocupam a academia, e isso deve ocorrer cada vez mais. “Lugar de negro não é nas prisões, nos manicômios, onde nos colocam. É na universidade pública, produzindo conhecimento.”

A Faculdade de Letras da UFRJ onde Conceição Evaristo cursou sua graduação é apontada como um dos espaços mais enegrecidos da universidade. Na concepção da escritora, “isso é um grande avanço, mas, quando falamos de enegrecer o espaço, não podemos esquecer o currículo. Quais são os autores e autoras que estão sendo estudados e sob qual perspectiva? Por exemplo, sempre estudaram Machado de Assis, mas nunca falaram que ele era negro. Então, não é só a presença física, mas o que é valorizado”.