A flexibilização das regras de isolamento social incentivou empresas a retomar as atividades presenciais ainda em plena pandemia de Covid-19. Com isso, os trabalhadores estão sendo obrigados a retornar ao trabalho, muitas vezes sem a devida garantia de segurança para evitar a contaminação pelo vírus. As consequências vão de afastamentos a mortes.

Categorias como a dos professores, petroleiros, bancários, trabalhadores de correios têm enfrentado muitos problemas para resguardar suas vidas e manter seus empregos. A pressão para trabalhar com a pandemia ainda em alta é enorme e o corte de direitos é uma constante. No caso dos bancários, a pandemia serviu de justificativa para o fechamento de agências e extinção dos postos de trabalho.

Segundo o presidente da CUT Rio, Sandro Cezar, as empresas seguem a cartilha ultraliberal do governo Bolsonaro. As estatais, por seguirem suas diretrizes; e as privadas, como os bancos, por só vislumbrarem a defesa do lucro. Sandro afirma que, nesta pandemia, Bolsonaro busca criar um clima de normalidade para seguir com seus compromissos com o capital.

“No começo da pandemia, atingiu-se os ricos e agora está matando pobres. O governo, por sua vez, criou um clima para as pessoas irem para a rua. Ele não está preocupado com a necessidade das pessoas, com direitos e com empregos. Sua ação é política. É um governo ultraliberal voltado para o sistema financeiro, por isso precisa criar um clima de normalidade que inexiste. Quem paga são os trabalhadores, os operários e os informais”, declara.

Correios
Desde o dia 1° de agosto já foram suprimidas 70 das 79 cláusulas do atual acordo de trabalho, retirando direitos como 30% do adicional de risco do salário, fim do ticket nas férias, fim do anuênio.

Além de reivindicar a manutenção destes direitos, os trabalhadores cobram melhores condições sanitárias de trabalho e equipamentos de proteção e segurança contra os riscos de contaminação pelo novo coronavírus (Covid-19). A categoria está com greve marcada para 18 de agosto.

A falta de condições sanitárias nas agências em todo o Brasil é apontada como fator de grave risco à segurança e a saúde dos trabalhadores e de suas famílias. A Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Similares (Fentect) denuncia que os Correios, desde o início da crise sanitária, não cumprem as recomendações de medidas mínimas de segurança à saúde do trabalhador.

Em muitas agências, de acordo com levantamento da entidade, ainda não há equipamentos adequados, sabonete líquido para uso dos funcionários, desinfecção dos ambientes e álcool em gel. A Federação e seus sindicatos filiados inclusive já tiveram que procurar os meios judiciais para garantir um mínimo de condições para não expor funcionários e clientes aos riscos de contaminação pelo coronavírus.

Em nota, a Fentect afirma que há má fé e negligência da empresa para com os trabalhadores, que resultam em um crescente número de casos de infectados e óbitos dentro da categoria.

Bancários
A pandemia serviu de justificativa para o fechamento de agências e extinção dos postos de trabalho pelos bancos. A defesa do emprego é uma das prioridades da campanha salarial deste ano, onde o teletrabalho está em pauta.

Segundo o Sindicato dos Bancários, a atual legislação não protege estes trabalhadores e os bancos querem reduzir direitos. Assim, diz o sindicato, garantir as conquistas da categoria para quem vai continuar trabalhando em casa após a pandemia é também uma importante bandeira de luta da campanha deste ano.

Para situar o drama da categoria, toma-se como exemplo o Santander. No período que avançou a Covid-19 o Santander demitiu mais de 800 trabalhadores em todo o Brasil, descumprindo o acordo firmado pelas três maiores instituições financeiras do país (além do grupo espanhol, o Itaú e o Bradesco) de não realizar demissões durante a pandemia.

“O que eles estão fazendo é se livrar da mão de obra para aumentar o lucro. O sistema digital já vem ocorrendo e com a dificuldade de assistência formal por conta da pandemia incrementaram a digitalização de serviços e estão cada vez mais investindo nisso”, declara o presidente da CUT Rio, Sandro Cezar.
Só o Brasil responde por 33% dos lucros mundiais do Santander. Apenas com o dinheiro arrecado com tarifas equivale a duas vezes a sua folha de pagamento.

Sandro afirma que a demissão em massa no Brasil foi possível porque o Estado, isto é, o governo Bolsonaro, não se importa com a manutenção dos postos de trabalho. “O grupo não fez isso no exterior. Só no Brasil. Isto porque aqui há falta de atuação do estado”.

O economista do Dieese (Departamento de Estatística Intersindical de Estatística e Estudos socioeconômicos), Paulo Jager, em uma live do Sindicato dos Bancários, afirmou que o sistema financeiro não tem razões para demitir, como tem feito principalmente, o Santander.

“Os lucros do primeiro trimestre dos grandes bancos foram ainda muito altos sem falar que durante décadas o setor acumulou ganhos, independentemente da conjuntura econômica do país. E num período extraordinário como este de pandemia, os bancos deveriam dar o exemplo de responsabilidade social. O Santander tem demitido no Rio e no Brasil e usar como argumento que a expectativa da empresa era de que a pandemia se resolveria em dois meses não é razoável. Os impactos poderão durar dois anos. É lamentável este banco esteja agindo desta maneira”.

Petroleiros
Assim como nas Universidades Federais Instruções Normativas são baixadas ao arrepio da lei, dentro de uma visão primordialmente produtivista, na empresa estatal Petrobras Notas Técnicas seguem a mesma lógica.

A empresa se valeu de uma Nota Técnica com diretrizes para testagem rápida para fazer os petroleiros trabalharem mesmo infectados. A empresa, por sua vez, se recusava a fornecer informações sobre a saúde dos trabalhadores.

Ela foi então acionada na Justiça pelo Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) para ter o direito a informações diárias sobre as condições de saúde dos trabalhadores por conta da pandemia em refinarias e plataformas. Com isso, revelou-se que já havia ocorrido mortes pela Covid-19 e centenas encontravam-se em quarentena.

A Fiocruz recomenda, com base nos estudos da Organização Mundial de Saúde, que os trabalhadores com teste positivo para IgM sejam afastados do trabalho por 14 dias. Voltar ao trabalho, só quando o IgM estiver negativo, segundo os pesquisadores. Com a “ajuda” da Nota Técnica, a Petrobras então propiciou o contágio dos seus funcionários por utilizar de uma interpretação equivocada dos resultados dos testes.

Qualquer semelhança da ação da empresa com a política negacionista do governo Bolsonaro não é mera coincidência.

O período de inscrição on line para os cursos oferecidos pelo Sintufrj de capacitação e preparação para o mestrado e o doutorado está chegando ao fim. Começou no dia 25 de julho e termina no próximo domingo, 9 de agosto. Restam poucas vagas, portanto, quem pretende galgar mais um nível na sua formação contando com o apoio de uma equipe experiente e exitosa de professores em Metodologia da Pesquisa, Redação Acadêmica, Inglês (do I ao III) e Espanhol Instrumental, e Introdutório não devem perder tempo.

As aulas serão ministradas de forma remota e em ambiente virtual, a partir ainda deste mês – entre os dias 17 e 21. Saiba os dias e horário de cada curso consultando o Edital do Processo de Inscrição 2020/2, no site do Sintufrj (www.sintufrj,org,br), onde também se encontram a ficha e a instrução para a inscrição dos alunos. Os Cursos Preparatórios do Sintufrj integram o projeto Universidade para os Trabalhadores sob responsabilidade da Coordenação de Educação, Cultura e Formação Sindical da entidade.

Trabalho não parou

A pandemia do novo coronavírus, que impôs o isolamento social, não impediu que os profissionais do Sintufrj atuassem para a abertura dos cursos. “Se a  vida acadêmica não parou, não havia razão para que o Sintufrj não ministrasse os cursos remotamente. As seleções para mestrado e doutorado continuam (as inscrições ocorrem em geral em meados do segundo semestre e, as provas, no fim), e o Sintufrj precisa colaborar com os interessados em não perder a chance de concorrer a uma vaga para cursar uma pós-graduação na UFRJ,” disse a coordenadora sindical, Damires dos Santos França.

Segundo a dirigente, os professores continuaram em contato com os alunos das turmas que haviam sido iniciadas em março (e que seguiriam até julho), mas que foram interrompidas pela necessidade do isolamento social.

“Quando começou o isolamento social, os cursos haviam começado uma semana antes. E como foram preparados para ser presenciais não conseguiríamos transportá-los de imediato para o modo remoto”, explicou Danielle São Bento, coordenadora pedagógica do projeto do Sintufrj.

Dificuldades

Alguns cursos apresentaram mais dificuldades de serem adaptados para o modo remoto, como os de língua estrangeira, porque, segundo Danielle, são instrumentais e complementados com debates em salas de aula. Mas os professores não perrderam o contato com os alunos.

O curso de Redação Acadêmica prosseguiu com a utilização do Skype (aplicativo de comunicação por vídeo). O de Metodologia da Pesquisa continuou com atendimento individual por e-mail e WhatsApp, assim como a Orientação Acadêmica.

“Isso tudo para o aluno não perder contato com a equipe, porque o Sintufrj está seguindo o protocolo da UFRJ para a pandemia da Covid-19. Toda semana, no horário das aulas, os professores enviavam o conteúdo para os alunos e ficavam à disposição deles para esclarecer as dúvidas”, informou Danielle, explicando, porém, que essa forma de estudar não era obrigatória. Até porque muitos alunos eram da área de saúde e estão atuando na linha de frente no combate à Covid-19, no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho e em laboratórios.

“Passamos os últimos dois meses estruturando os cursos para a forma remota. Assim, neste segundo semestre, todos os alunos terão a sua certificação como antes (para a Capacitação)”, garantiu a coordenadora pedagógica.

Números

São três turmas de Metodologia de Pesquisa, duas de Espanhol (introdução e instrumental), três de Inglês e uma de Redação Acadêmica. O projeto do Sintufrj oferece também Orientação Acadêmica (que ajuda o estudante a se organizar para cumprir as exigências de cada programa). A procura para todos os cursos tem sido grande.

A equipe é composta de cinco professores: Yara Barros (Orientação Acadêmica), Caroline Reis (Metodologia de Pesquisa), Sandra Bragato (Inglês), Bete Dreon (Espanhol) e Elísia Maia (Redação Acadêmica). O projeto Universidade para os Trabalhadores começou com os cursos de capacitação e preparatórios para a pós-graduação no primeiro semestre de 2018. A média tem sido de 500 alunos por ano (cada curso dura um semestre).

Para possibilitar o ensino remoto foi necessário diminuir o número por turma (cerca de 10 por turma) para facilitar a interação entre os alunos no ambiente virtual. Mas vai haver lista de espera. “Sempre fazemos o possível para atender toda a demanda da categoria, às vezes até abrindo turmas extras, e temos conseguido fazer isso ao longo do tempo”, complementou Danielle.

Além da procura cada vez maior, o sucesso do projeto pode ser medido pelo retorno que os alunos sempre dão quando são aprovados nos programas de mestrado e doutorado. E na avaliação de Danielle, o Sintufrj tem despertado cada vez mais na categoria, o interesse de acessar a pós-graduação e o reconhecimento de que é possível ocupar mais esse espaço na univertsidade.

Pré-universitário – O Sintufrj também garante à categoria, por meio de convênio, vagas para o Curso Pré-Universitário Samora Machel, que também adotou o sistema de aulas remotas. Este ano a inscrição de alunos já terminou (foi de 24 a 31 de julho), mas Danielle informou que todos os inscritos pelo Sintufrj estão matriculados.

Serviço

Público – De acordo com o edital do Sintufrj, técnico-administrativos em educação da UFRJ filiados ao Sintufrj, em dia com suas relações com a entidade (conforme consta do Estatuto do Sindicato) têm prioridade no preenchimento de vagas, mas o projeto também é aberto a dependentes diretos; prestadores de serviços na UFRJ há mais de 1 ano devidamente comprovado pela direção da unidade e extraquadro.

Inscrição — O Formulário está disponível no site www.sintufrj.org.br. Após o preenchimento, deve ser encaminhado para o e-mail: educacaosintufrj@gmail.com.

Certificação — o aluno deverá ter, no mínimo, 75% de frequência.

Seleção – Caso o número de candidatos supere o de vagas oferecidas, estas serão distribuídas com base em sorteio público com ampla divulgação nas mídias sociais do Sintufrj.

Aulas — As aulas remotas serão ministradas por meio de ambientes virtuais, através de plataforma on line. Haverá um período de ambientação e treinamento para que todos aprendam a utilizar essa ferramenta de estudo. Os horários e mais detalhes estão no edital divulgado no site do Sintufrj (www.sintufrj.org.br).