Próxima plenária foi marcada para 23 de setembro para definir coordenação e programar ações

Com a expectativa de ampliar o patamar da luta contra o governo, um encontro virtual extremamente representativo de forças políticas que atuam na universidade e fora dela lançou na tarde/noite desta quinta-feira, 9 de setembro, o Comitê Fora Bolsonaro na UFRJ.

O fato político aconteceu dois dias depois dos eventos de 7 de Setembro que trouxe novos elementos à crise política na qual o país está mergulhado, desafiando a organização dos trabalhadores à busca de unidade para enfrentar os ataques do governo e das classes dominantes.

As entidades que atuam na comunidade universitária recepcionaram com entusiasmo político a criação do Comitê, como ficou patente na saudação dos representantes da Adufrj, APG, DCE e, obviamente, Sintufrj, que conduziu a proposta. 

Representantes da centrais sindicais CUT e CTB; do movimento social como MST, MTST, Marcha Mundial das Mulheres; das frentes Brasil Popular e Povo sem Medo prestigiaram o lançamento do novo fórum de combate a Bolsonaro. 

A próxima atividade do comitê será uma plenária no próximo dia 23 de setembro, com o objetivo de organizar o funcionamento e construir uma coordenação ampla e representativa.

Noemi Andrade, coordenadora do Sintufrj, conduziu a reunião cuja a íntegra pode ser conferida no Youtube por meio do link abaixo. Mais detalhes na edição do Jornal do Sintufrj que circula na noite desta sexta-feira, na Internet.

 

 

 

Lideranças sindicais apontam que mobilização é uma articulação do agronegócio para estimular caminhoneiros ‘´fanáticos’ a bloquearem rodovias dando visibilidade ao golpismo autoritário de Bolsonaro

Publicado: 09 Setembro, 2021 – 15h16 | Última modificação: 09 Setembro, 2021 – 15h48 | Escrito por: Andre Accarini

ARTE: NALU VACCARIN/MGIORA – FOTO: REPRODUÇÃO

Sem ter declarado nenhuma reivindicação justa como reclamar dos altos preços dos combustíveis, que encarecem os fretes e inviabilizam o trabalho, grupos isolados de caminheiros estão bloqueando rodovias em vários estados. A motivação, anunciada pelos próprios manifestantes, é o apoio ao presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) e suas pautas antidemocráticas e inconstitucionais, como os ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e a declaração feita no ato da terça-feira (7) em São Paulo, de que não vai mais obedecer a decisões judiciais.

Para o presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga (Sinditac) de Ijuí-RS Carlos Alberto Litti Dahmer, trata-se de uma articulação de empresários do agronegócio para estimular profissionais da categoria que ainda apoiam o presidente a protestarem em favor do governo.

“Foram dois braços que se uniram – o braço financeiro e econômico do agronegócio e o braço dos chamados patriotas que idolatram Bolsonaro, ou sejam, juntou quem tem dinheiro com quem é fanático numa tentativa de mostrar força ou tentar um golpe”, diz o caminhoneiro autônomo, que é também diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL/CUT).

Litti cita ainda dois fatos que apontam para essa articulação. Um deles é o comboio de caminhões que ocuparam a Esplanada dos Ministérios em Brasília, todos novos, com emblemas de empresas. “A média de idade de caminhões de autônomos é de 20 anos”, diz.

Outro fato é o mapa das manifestações. “Se você olhar a concentração dos bloqueios, eles acontecem em estados com produção agrícola intensa, como Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul e próximo às rotas de escoamento da produção agrícola”, afirma o diretor da CNTTL.

Ele explica que a partir do entendimento desta realidade, a maior parte da categoria não aderiu, sabendo que não se trata de reivindicações das pautas reais dos caminhoneiros.

“É um locaute, claramente”, reforça o dirigente, se referindo a paralisações comandadas pelos patrões e não pelos trabalhadores.

Em nota, a CNTTL afirma que a entidade, que representa cerca de um milhão de trabalhadores do setor, não compactua com nenhuma manifestação antidemocrática, que tente macular a democracia”.

“Temos lutado, desde 2018 quando realizamos a maior greve da história do Brasil, pela seguinte agenda de lutas: a constitucionalidade do Piso Mínimo de Frete; o retorno da Aposentadoria Especial aos 25 anos de serviço e o direito ao voto em trânsito, ou seja, que os caminhoneiros possam votar para cargos eletivos fora do seu domicilio”, diz trecho da nota.

O recuo

Um áudio de WhatsApp que chegou a suscitar dúvidas sobre sua veracidade, mas confirmado posteriormente pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, traz Bolsonaro fazendo um apelo aos caminhoneiros para que recuem da mobilização .

O deputado estadual Nilton tatto (PT-SP), em entrevista à repórter Marilu Cabanas, do Jornal Brasil Atual, afirmou se trata de um “jogo de cena” da parte do presidente. Ele destaca que tanto os bloqueios de caminhoneiros, assim como os atos antidemocráticos de 7 de Setembro foram ações financiadas por setores do agronegócio, que desde os primeiros dias apoia Bolsonaro e sua pauta retrógrada.

“Bolsonaro fez essa fala, mas todo mundo sabe que, por baixo, está mobilizando para paralisar”, disse o deputado.

Para Carlos Alberto Litti Dahmer, o governo deve ter analisado o grau de risco deste movimento e recuou. “Foi um tiro no pé. Chegaria a hora em que cairia a ficha dos caminheiros sobre o preço do combustível, do frete, das dificuldades da categoria e como o governo não quer perder o controle do movimento, voltou atrás”, diz.

Nas redes, vários manifestantes criticaram Bolsonaro por “abandonar o barco da ‘revolução’”. Até mesmo o procurado caminhoneiro e Youtuber Marcos Antônio Pereira Gomes, o Zé Trovão, mandou recado ao presidente cobrando uma mensagem ‘autêntica’.

Zé Trovão disse nas redes que “perdeu a vida por defender o presidente” e exige que o próprio Bolsonaro apareça em vídeo pedindo o cancelamento dos protestos.

Reações

Associações de diversos setores da economia já se pronunciaram, alertando para riscos que o movimento representa para o abastecimento e já informaram impactos.

Entre os setores estão a indústria têxtil, a indústria plástica, a indústria farmacêutica que afirmam já ter problemas com a distribuição da produção, em especial nos estados do Sul do país, além da indústria de alimentos. O setor afirma enfrentar problemas na volta dos portos onde há o despacho de cargas para outras localidades do país e do mundo.

Representantes de fabricantes de eletrônicos e eletrodomésticos também se pronunciaram ressaltando o risco de paralisação de linhas de produção já que caminhos com insumos estão parados em bloqueios.

Edição: Marize Muniz

 

 

Nos seis primeiros meses deste ano foram 64.861 afastamentos por mais de 15 dias contra 37.045 afastamento de abril a dezembro de 2020. Fortalecer o SUS é fundamental, diz secretária da CUT

Publicado: 09 Setembro, 2021 – 08h30 | Última modificação: 09 Setembro, 2021 – 10h22 | Escrito por: Redação CUT

MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL

O afastamento de trabalhadores por mais de 15 dias em consequência da Covid-19 ou sequelas da doença aumentou 75% este ano (64.861 nos seis primeiros meses do ano) em relação ao ano passado, quando foram registrados  37.045 afastamento de abril a dezembro, segundo dados da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho.

De acordo com os dados, publicados pelo jornal Folha de S. Paulo, aumentou também a procura por reabilitação de trabalhadores com sequelas meses depois de terem se infectado com o novo coronavírus.

Metade dos pacientes continua com queixas 12 meses depois de contrair a doença, sendo as mais frequentes o cansaço e a fadiga muscular, segundo estudo publicado na revista científica The Lancet. Um em cada três também apresenta dificuldade de respirar, diz a reportagem.

Pacientes que foram intubados, sem respirar pelo nariz e sem engolir por mais tempo, têm fraqueza no músculo da deglutição e precisam de  fonoaudiologia para não engasgar e de terapeuta ocupacional para fazer as adaptações temporárias para usar os talheres, por exemplo.

Estados e municípios têm criado ambulatórios de reabilitação pós-Covid, mas a oferta no Sistema Único de Saúde (SUS) ainda é inferior à demanda e há demora no início das terapias necessárias, segundo os médicos ouvidos pela repórter.

O SUS é a opção de boa parte da classe trabalhadora que teve Covid-19 e  precisará de reabilitação, portanto, é preciso que o governo federal amplie os recursos para o Sistema e que os governos estaduais e municipais invistam e fortaleçam todos os serviços públicos de saúde voltados para a recuperação e reabilitação, alerta a secretária da Saúde do Trabalhador da CUT Nacional, Madalena Margarida da Silva.

“Com o aumento da demanda, o SUS ficará ainda mais sobrecarrendo pois, terá também que atender as demandas reprimidas de outros adoecimentos”, acrescenta Madalena Margarida, que ressalta: “A luta por recursos tem de ser feita no Congresso Nacional, no convencimento dos parlamentares, e nas ruas porque o governo de Jair Bolsonaro não tem compromisso com a população que precisa de serviço público”.

Em plena pandemia, esse governo reduziu a previsão orçamentária para a saúde, lembra a dirigente se referindo ao Orçamento da União para 2021, que previu apenas R$ 136,3 bilhões para a àrea. Aumentou um pouco, diz, porque deputados e senadores aumentaram em cerca de R$ 10 bilhões o valor. Em 2020, o valor executado com saúde foi de R$ 160 bilhões, diz.

Opções para os trabalhadores

Enquanto a luta por mais recursos é feita, os trabalhadores têm algumas opções de atendimento. Uma delas, de acordo com a secretária, são os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), que funcionam nos estados e muncípios e prestam assistência especializada aos trabalhadores acometidos por doenças e/ou agravos relacionados ao trabalho.

Hospitais universitários em todo o país também estão oferecendo tratamento para amenizar os sintomas de Covid-19, mas o investimento em todos eles, é essencial e precisamos cobrar o governo e o Parlamento para não deixar os trabalhadores sem atendimento, diz a secretária.

Estão oferecendo esse atendimento o Hospital Universitário de Brasília (HUB), que tem um programa específico para a reabilitação de pacientes com sequelas provocadas pelo novo coronavírus.

No Recife, o Hospital das Clínicas de Pernambuco oferece ao paciente uma equipe multiprofissional que vai discutir o caso e montar um plano terapêutico e de reabilitação.

Em Cajazeiras (PB), o Hospital Universitário Júlio Bandeira tem uma equipe de fisioterapia é responsável por um programa de reabilitação pulmonar que envolve técnicas de expansão do pulmão e remoção de secreção.

No Rio Grande do Sul, dois hospitais se destacam no atendimento às sequelas deixadas pelo novo coronavírus. O Hospital Universitário de Rio Grande conta com uma equipe de 22 profissionais nas especialidades de infectologia, clínica médica, reabilitação física e respiratória, psicologia, pneumologia, cardiologia, neurologia, nefrologia, pediatria e nutrição para ajudar os pacientes.

No Hospital Escola de Pelotas quem faz a avaliação clínica é um pneumologista. A partir de então, o paciente será tratado por um pneumologista e fisiatra, além do atendimento multiprofissional de fisioterapia, terapia ocupacional, psicologia e educação física.

Folheto sobre saúde do trabalhador

A secretária da Saúde do Trabalhador da CUT Nacional disse ainda que está sendo elaborado um folheto sobre saúde do trabalhador no pós-Covid-19, que tratará de questões relacionadas ao direitos dos  trabalhdores na atenção a saúde e acesso a direitos trabalhistas e previdenciários.

Com informações da Agência Brasil e da Folha de S. Paulo