Um dos mais conhecidos nomes da literatura brasileira, o amazonense morre aos 95 anos

Gabriela Moncau/Brasil de Fato | São Paulo (SP) | 14 de Janeiro de 2022 

Thiago de Mello na Praça Dom Pedro, no centro histórico de Manaus – Prefeitura de Manaus

“Como quem reparte pão, como quem reparte estrelas, como quem reparte flores, eu reparto meu canto de amor. Com uma estrofe apenas, eu me despeço – para permanecer com vocês. Me despeço para permanecer”. 

A fala do poeta, escritor, jornalista e tradutor Thiago de Mello foi pronunciada em um evento na Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo, em comemoração aos seus então 90 anos. Nesta sexta-feira (14), aos 95, morre o gigante da literatura brasileira. Mas permanece. 

A causa de sua morte ainda não foi divulgada. De acordo com a Folha de S. Paulo, familiares informaram que ele partiu dormindo.  

A vasta obra de Thiago de Mello já foi traduzida para cerca de 30 idiomas. O seu livro mais recente – um texto antigo mas até então inédito – foi publicado em 2020 pela editora Valer, sob o título Notícias da visitação que fiz no verão de 1953 ao Rio Amazonas e seus barrancos.  

Entre seus muitos livros de poesia estão A lenda da rosa, Poesia comprometida com a minha e a tua vida, Mormaço na floresta, Vento geral e Num campo de margaridas. 

Faz escuro, mas eu canto 

Nascido em 1926 em Barreirinha, no interior do Amazonas, Mello cursava medicina no Rio de Janeiro na década de 1950 quando resolveu levar alguns de seus versos para Carlos Drummond de Andrade. Disse que pensava em abandonar a faculdade e se dedicar às letras. O já consagrado escritor desaconselhou o jovem: viver de poesia não é coisa fácil. Mello o desobedeceu.   

Chegou a trabalhar como adido cultural na Bolívia, no Peru e no Chile, mas em curto tempo teve a carreira diplomática interrompida pelo golpe militar brasileiro, em 1964. Quando deflagrado, Mello estava a trabalho na capital chilena e recebeu a notícia de Salvador Allende que, dali a nove anos, sofreria um golpe ele próprio. 

Nesse momento Thiago de Mello começou a escrever o que se tornaria um dos seus mais conhecidos poemas: Os estatutos do homem.  

Nele, o poeta decreta: “Fica proibido o uso da palavra liberdade / a qual será suprimida dos dicionários / e do pântano enganoso das bocas. / A partir deste instante / a liberdade será algo vivo e transparente / como um fogo ou um rio / e a sua morada será sempre o coração do homem”. 

O texto compôs o livro Faz escuro, mas eu canto: porque a manhã vai chegar, publicado em 1965 e cujo título – trecho do poema Madrugada Camponesa – foi tema da mais recente Bienal de São Paulo, realizada em setembro de 2021.  

Uma versão musical de Faz escuro, mas eu canto foi feita em parceria com o sambista Monsueto Menezes e gravada por Nara Leão.  

Por sua luta contra a ditadura militar, Thiago foi preso por cerca de um mês e meio. Em 1965 participou de um protesto no Rio de Janeiro feito por intelectuais e artistas, em frente ao hotel Glória. Na ocasião, ele foi um dos detidos que ficaram conhecidos como os “oito da Glória”. Entre eles, estavam Carlos Heitor Cony, Antonio Callado e Glauber Rocha. 

Em 1969, o poeta partiu para o exílio. Viveu na Argentina, em Portugal e no Chile.  

Conviveu com alguns dos maiores escritores latino-americanos, tais como Mario Benedetti, Jorge Luis Borges, Gabriel García Márquez e Pablo Neruda. Este último, por quem nutriu amizade, teve livros traduzidos ao português por Thiago de Mello.  

Em defesa das florestas

Desde que retornou do exílio nos anos finais da ditadura militar, Mello viveu, até seus últimos dias, no Amazonas.  

A terra onde nasceu foi homenageada em seus versos, suas lutas e também nas suas publicações em prosa, como nos livros Manaus Amor e Memória, Amazonas, pátria da Água e Amazônia – a menina dos olhos do mundo. 

Em entrevista concedida à Revista Princípios em 2014, Thiago de Mello já alertava para os impactos negativos do aquecimento global na vida da floresta amazônica.  

“Eu busquei contribuir para o conhecimento da floresta com meus livros. São seis ou sete livros só sobre a vida na floresta: suas lendas, seus mitos, seus milagres, suas grandezas, suas misérias também…”, relata o poeta amazonense.  

Na mesma entrevista, o escritor afirma que “quando parcela de um povo se conscientiza, sabe as razões por que esse povo está sendo oprimido, a primeira coisa que faz é querer organizar-se, organizar-se para lutar”. E completa: “Esse povo conscientizado vai crescer e vai ser invencível”.

Edição: Vinícius Segalla

 

 

Bolsonaro aparece com 24%, Moro com 9% e Ciro com 7%. Doria, Tebet, Pacheco e Felipe D’Avila têm desempenho pífio. Soma dos adversários está em 45%, mas margem de erro é de 3,2 pontos

Publicado: 14 Janeiro, 2022 – Escrito por: Redação CUT

FOTO: Ricardo Stuckert

Pesquisa Ipespe, antigo Ibope, divulgada nesta sexta-feira (14) confirma: Lula se mantém na liderança, com 44% dos votos, e pode vencer no primeiro turno as eleições para a Presidência da República, marcada para o dia 2 de outubro.

De acordo com os dados do Ipesp, se as eleições fossem hoje, com a soma dos votos, Lula ficaria a um ponto do percentual dos demais adversários, mas dentro da margem de erro pode superá-los, e, desse modo, assegurar vitória.

Essa é a segunda pesquisa desta semana que aponta para possibilidade de Lula vencer no 1º turno. Na quarta (12), levantamento Genial/Quaest atribuiu 45% a Lula, contra 41% dos demais candidatos.

Segundo a pesquisa Ipesp, depois de Lula aparecem Jair Bolsonaro (PL), com 24% das intenções de voto, Sergio Moro (Podemos), com 9%, Ciro Gomes (PDT), com 7%, João Doria (PSDB), com 2%, Simone Tebet (MDB), Rodrigo Pacheco (PSD) e Felipe D’Avila (Novo), com 1%.

Maioria diz ter certeza de que vai votar em Lula

Pela primeira vez mais eleitores afirmaram que ‘com certeza’ votarão em Lula (44%), contra 43% disseram que ‘com certeza não votariam’ no ex-presidente.

A pesquisa ainda traça outro cenário, sem Moro e com Alessandro Vieira (Cidadania).

Segundo turno

Em caso de segunda turno, Lula vence em todos os cenários. Contra Bolsonaro, segundo colocado na pesquisa, o petista tem 56% ante 31%. Contra o ex-juiz Moro, Lula tem 51% ante 32%.

Avaliação de Bolsonaro

A avaliação do governo Bolsonaro é considerada ruim ou péssima para 54% dos entrevistados. Outros 24% consideram boa ou ótima.

Os que dizem que as coisas vão no caminho errado na economia são 66% (antes eram 69%).

Metodologia da pesquisa

O levantamento do Ipesp foi realizado entre 10 e 12 de janeiro de 2022 com 1.000 entrevistados ouvidos por telefone por meio do Sistema CATI IPESPE.

A margem de erro máximo estimada é de 3.2 pontos percentuais para mais ou para menos.

O nível de confiança é de 95,5%.

A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo BR-09080/2022.

 

 

Calendário de luta prevê mobilizações contra PEC 32, ruim para os servidores e para os brasileiros, por reposição dos salários de todo funcionalismo e contra outras medidas de Bolsonaro que prejudicam o povo

Publicado: 14 Janeiro, 2022. Escrito: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz

REPRODUÇÃO

Entidades CUTistas que representam os servidores públicos federais, estaduais e municipais realizaram reuniões virtuais nestas quarta e quinta-feiras para debater estratégias e calendário de luta para defender os direitos da categoria atacados pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), prefeitos e governadores aliados; conquistar a reposição dos salários para todo o funcionalismo e defender os interesses de todos os brasileiros e brasileiras.

Na quinta-feita (13), à noite, representantes das entidades divulgaram uma nota com as diretrizes da luta. A nota é assinada pela CUT, e pela Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef)/Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Fenadsef), Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal (Confetam), Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social (CNTSS), das  Federações de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico (Proifes) e do Renova Andes.

“É preciso colocar no centro da agenda a luta para reverter tudo que foi feito contra o povo desde 2016. Revogar todas as medidas e reformas que atacam os direitos do povo com a PEC 95 (que congelou o teto de gastos), e as reformas trabalhistas e da previdência”, diz trecho da nota. 

De acordo com o documento, entre as tarefas mais urgentes da categoria estão a luta para derrotar de uma vez por todas a chamada reforma Administratrativa, proposta por Bolsonaro por meio da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 32 – impedir é aprovação da PEC 32 é lutar pelo serviço público brasileiro, gratuito e de qualidade, entendem os sindicalistas -; e garantir a reposição salarial de toda a categoria.

A luta é por isonomia entre todo o funcionalismo, pelo fim do ‘toma lá, dá cá’ e compra de votos. Bolsonaro previu no Orçamento da União reajuste salarial apenas para os servidores da segurança, como policiais federais e rodoviários, a maioria da sua base de apoio.

Confira a íntegra da nota:

Derrotar de vez a PEC 32 e garantir reposição emergencial das perdas salariais

Em 2021, a campanha unitária para derrubar a PEC 32, da reforma administrativa, colocou no centro a importância dos serviços públicos para toda a população.

Ciente da importância dos serviços e políticas públicas num país populoso e continental como o Brasil, a Central Única dos Trabalhadores e suas entidades filiadas participaram plenamente dessa batalha, inclusive com uma campanha específica em Defesa dos Serviços Públicos e das Estatais.

A pandemia do Coronavírus evidenciou a importância do tão maltratado Sistema Único de Saúde. Sem o SUS haveria um número de mortos muito maior.

Ao enfrentar aqueles que pretendem privatizar os serviços públicos, com a PEC 32, os servidores municipais, estaduais e federais, muito além de seus direitos, defenderam a democracia e a soberania nacional do Brasil.

As verdadeiras reformas ainda estão por serem propostas, por exemplo, no sistema político, para acabar com o sistema de emendas parlamentares que institucionalizam o “toma-lá-dá-cá” e a compra de votos; ou no judiciário elitizado e descomprometido com o sofrimento da maioria vulnerável; ou na necessidade de a segurança pública ser focada na proteção da vida da população.

Como a grande maioria dos trabalhadores brasileiros, os servidores também estão com os salários brutalmente arrochados.

Nos federais, a última negociação foi em 2015, na gestão Dilma Roussef, com parte das categorias em greve. Na época, foram assinados acordos de reajustes em duas parcelas (até 2017) ou em quatro parcelas (até 2019). De lá para cá o que se viu foram sistemáticas negativas de negociação dos governos Temer e Bolsonaro. Os inúmeros pedidos de audiências foram simplesmente ignorados e as perdas chegam, hoje, até a 40%.

Isso é fruto de uma política econômica iniciada em 2016, razão de ser do golpe. Agora, em 2022, à luta pelo cancelamento da PEC 32, soma-se a exigência de reposição linear das perdas salariais da categoria.

A inflação de 2021 foi de 10,06%. Ao contrário do que vive dizendo o Ministro da Economia, o governo tem caixa e tem possibilidade legal de conceder, ao menos, esse índice de reposição emergencial.

Para além disso é preciso colocar no centro da agenda a luta para reverter tudo que foi feito contra o povo desde 2016. Revogar todas as medidas e reformas que atacam os direitos do povo com a PEC 95, e as reformas trabalhistas e da previdência. 

A experiência da PEC 32 mostra que é a firme unidade, em torno da reivindicação comum, conduz à vitória.

Todos os servidores precisam recuperar o poder de compra dos salários. Todos merecem a reposição emergencial das perdas, daí a exigência comum: Reajuste Linear Emergencial para todos!

O calendário unificado de mobilização já está em marcha envolvendo os municipais, estaduais e federais. Os servidores têm disposição para a greve, caso o governo mantenha sua intransigência.

A CUT reafirma o compromisso com essa agenda de luta e reafirma a exigência de que os governos municipais e estaduais, além do federal, atendam a reivindicação de reajuste linear para todos os servidores.

Total apoio às categorias em estado de greve e operação padrão. Estaremos juntos na reabertura dos trabalhos do Congresso Nacional, em 2 de fevereiro, e em todas as mobilizações que as categorias estão construindo.

Viva a luta dos Servidores!

Reajuste linear emergencial já!

Fora Bolsonaro!

 

 

O Sintufrj tomou conhecimento dos procedimentos iniciados pela UFRJ para a realização dos testes do sistema eletrônico de frequência da universidade, a partir desta segunda-feira, 17 de janeiro.

Entramos em contato com a PR-4 para solicitar informações, posto que o sindicato tem posição contrária ao ponto eletrônico com controle biométrico e ao sistema desenvolvido pelo Ministério da Fazenda. 

Como a comunidade universitária sabe, o Sintufrj defende que o sistema de controle de frequência da UFRJ seja desenvolvido pela própria universidade com amplo debate e participação dos trabalhadores, levando em consideração as suas especificidades e as complexidades do nosso fazer.

Também pedimos informações sobre a realização dos testes acontecer exatamente quando a nova onda da pandemia de covid-19 obriga a UFRJ a retornar ao trabalho prioritariamente remoto.

O Sintufrj convidou o pró-reitor Alexandre Brasil Fonseca para uma apresentação ao conjunto da categoria do sistema em teste, de maneira que os trabalhadores possam tomar conhecimento do processo em curso, apresentar o acúmulo no tema e debatê-lo em assembleia da categoria.

Consideramos que não basta implementar um sistema próprio se ele servir, na prática, para as mesmas finalidades do ponto eletrônico do governo e se vier a ser executado sem debate e sem levar em consideração o acúmulo da própria universidade.

O pró-reitor aceitou o convite do sindicato. Ao longo da próxima semana divulgaremos maiores informações.