De acordo com a Unesco, a pandemia novo coronavírus afeta de 1,5 bilhão de pessoas, como, por exemplo, os estudantes que tiveram sua vida acadêmica suspensa com a paralisação de 91% do alunado mundial. No Brasil, se calcula algo em torno de 70 milhões de pessoas atingidas pela emergência educacional.

“Neste momento em que pranteamos quase 80 mil mortes no Brasil, muitas desnecessárias e que foram produzidas pela negação da ciência e das recomendações de profissionais, e pela incompetência e irresponsabilidade do governo neste momento tão grave”, afirmou a ex-reitora da UFJF e deputada federal (PT-MG), Margarida Salomão, após apresentar os dados da organização internacional, durante debate do qual participou no Festival do Conhecimento da UFRJ sobre “Gestão e pandemia”.

“Desses 70 milhões, 55 milhões estão na educação básica e 8,5 milhões nas universidades, fora educadores e as famílias duramente atingidas por essa mudança de rotina. Portanto, a educação deveria ser prioridade, mas o que vemos é um desgoverno. Em um ano e meio, tomou posse o quarto ministro da Educação (Milton Ribeiro), (a quem desejou sucesso), mas que, segundo a deputada, vai lidar com uma herança do efeito Weintraub (o que saiu) na desorganização da gestão da educação no Brasil., o que é desastroso”, disse ela. Situação, lembrou, que também se estende à saúde, com um ministro interino sem qualificação técnica enfrentando a situação gravíssima da pandemia.

Evitar evasão
Para a deputada, “é necessário garantir a segurança sanitária de todos os envolvidos da comunidade educacional: estudantes docentes, técnicos e suas famílias e não permitir que, por falta de condições, nossos alunos deixem a universidade”. Ela coordena a Frente Parlamentar em Defesa das Universidades Federais e afirmou que o Brasil continua sendo o 15º país mais desigual do mundo, mas entre as mudanças ocorridas nas universidades no século XXI, permitiram que o país vivesse um processo de democratização.

“Temos que lutar pela permanência dos nossos estudantes, estes que agora têm uma cara muito mais parecida com a população brasileira”, disse citando levantamento feito pelo fórum de pró-reitores da Andifes: hoje, 51% dos alunos se declararam negras e negros, quase 75% do alunado das universidades e institutos federais, e pertencem à famílias que recebem até 1,5 salário mínimo. Então, o povo entrou na universidade e nós precisamos, a bem do avanço da academia e da ciência brasileira, manter esta diversidade; no fim da contas faz a diferença”, concluiu a parlamentar.

Vacina chinesa
“A universidade não parou, apesar da suspensão das aulas, e a instituição elaborou um Plano de Contingência para a Covid-19 e criou um comitê gestor formado por especialistas. A prioridade é salvar vidas”, resumiu Márcia Abrahão, reitora da Universidade de Brasília (UNB). Ela informou também que a pesquisa continuou e surgiram diversos projetos com foco no combate à Covid-19.

A UNB criou um fundo de doação (para doar basta acessar a página da Fundação Finatec) e recentemente passou a integrar uma rede de pesquisa que está testando a eficácia da vacina chinesa contra o coronavírus, coordenado pelo Instituto Butantan.

Também adorou medidas de acessibilidade para o estudo remoto e está previsto para 17 de agosto, o início do ensino remoto, com um período de ambientação até 4 de setembro para dar tempo aos estudantes apoiados pela instituição adquirirem computadores. Para a reitora, a pandemia evidenciou a importância da ciência, da educação e da tecnologia para superar as dificuldades e de termos políticas públicas consistentes, não só para as áreas da educação, mas também na saúde e urbanização.

Política econômica
O pró-reitor de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças da UFRJ e coordenador do GT Pós-Pandemia, Eduardo Raupp, que também participou do debate, disse que a pandemia cristalizou uma crise que as universidades já vinham sentindo há muito tempo e trouxe à tona questões como a ausência de uma liderança do ponto de vista da política do governo federal e de uma política nacional de Educação. A crise sanitária mostrou também o quanto é importante o conceito de autonomia universitária. E defendeu a necessidade de recursos que cubram o teto de gastos neste momento.

Ele também apresentou as medidas que a UFRJ tem adotado desde a criação do GT Multidisciplinar para a Covid-19, responsável por monitorar a situação e pensar medidas, como os investimentos na assistência, na testagem realizada no Fundão e mais recentemente no campus Macaé. Além das iniciativas que levaram a UFRJ a protagonizar, na assistência, o combate à doença.

Perdas
Raupp falou do Covidímetro, um aparelho criado por pesquisadores da UFRJ que mede a taxa de contágio em regiões do Rio de Janeiro, inclusive mapeou localidades de origem da maioria dos alunos e servidores da universidade, cujo resultado revelou que a contam inação nos campi da universidade ainda estão num nível alto, de 1,38, o que não recomenda atividade presencial.

Outro desafio trazido para as universidades públicas durante a pandemia, segundo o pró-reitor, foi o trabalho remoto. Para ele, quando se fala em atividade essencial é basicamente a realizada pelos servidores. “E aí temos uma série de desafios. As condições de trabalho já eram extremamente precárias em muitas partes da universidade. Num contexto de pandemias, isso se torna ainda mais sério. Um conjunto de intervenções precisa ser feitas, mas, afirmou, os servidores estão tocando a universidade de maneira remota com uma série de ameaças de cortes de adicionais, sem nenhum tipo de compensação pelos custos que estão trabalhando de casa, utilizando seus equipamentos, energia, etc.

Apelo
A reitora da UNB informou que técnico-administrativos e docentes dos grupos de risco tiveram sua insalubridade retirada por uma decisão do Ministério da Economia. “Gostaria de fazer um apelo para que essa decisão fosse revista pelo governo. Algumas pessoas que não podem estar no seu local de trabalho até para evitar disseminar da doença, acabam sendo prejudicadas. Tudo isso agrava a situação, inclusive da saúde mental da nossa comunidade”,disse.

“Realmente é necessária uma revisão das medidas que foram tomadas de corte de direitos e que ocorreram num momento ruim e de forma muito abrupta. Não houve discussão sobre isso, as pessoas que foram mais penalizadas não poderiam estar nos seu trabalho por estarem em situação de risco, uma situação total injusta, ao mesmo tempo estão sobrecarregadas de trabalho em cassa, com outras atribuições e não têm compensação ou estrutura. Precisamos discutir mais sobre o tema”, afirmou Raupp.

 

 

“O capitalismo de vigilância não está limitado à propaganda, mas a qualquer atividade comercial. Esta quarta revolução tecnológica tornou-se patrão no Vale do Silício (várias cidades da Califórnia, nos EUA, onde se situam grandes empresas de alta tecnologia, internet e eletrônicos), e é o atual modelo de acumulação de capital. E se nós não a entendermos isso perderemos o bonde da história, e as desigualdades e a miséria aumentarão ainda mais”, alertou a ex-presidenta Dilma Rousseff.

Ela participou, na segunda-feira, 20, junto com outro especialista na área do capital-informação, o professor da ECO/ UFRJ Marcos Dantas, do debate sobre capitalismo de vigilância. Na verdade os dois deram uma aula sobre o novo conceito, que ainda é passa desapercebido pela maioria das pessoas.

“Me sinto muito honrada pelo convite da UFRJ, porque precisamos valorizar a ciência, a tecnologia e a cultura e, por isso, reitores, professores, estudantes dessas universidades”, Dilma, em palavras de saudação.

Ela foi antecedida pela reitora Denise Pires de Carvalho. “Em 2013, no seu governo, presidenta, tivemos o maior orçamento em tecnologia. Nossa universidade tem se ressentido com a queda gradual do seu orçamento e, mais que isso: nos ressentimos pela desvalorização do nosso trabalho”, disse Denise.

Perdas e ganhos
Segundo Dilma, mesmo na crise sanitária atual, setores do capitalismo de vigilância estão ganhando dinheiro, como o comércio eletrônico, empresas como a Amazon, Microsoft, indústrias farmacêuticas, Facebook, Apple e corporações chinesas, como a Alibaba. Ela citou a criadora do conceito capitalismo de vigilância, Shoshana Inboff, que o define como sendo “um projeto comercial voraz e completamente inédito”, inventado e aperfeiçoado pelo Google como um novo modelo de exploração capitalista, também chamado de a quarta revolução industrial. Porque reescreve as regras do jogo e cria assimetrias de conhecimento e poder.

Assim como a General Motors inventou e aperfeiçoou o capitalismo gerencial em outra época, acrescentou Dilma, há outros praticantes do capitalismo de vigilância que se somaram para contribuir com essa perversidade, como o Facebook e a Microsoft. “Os objetos do conhecimento são as informações obtidas dos consumidores, uma nova modelagem para transações futuras. O capitalismo de vigilância não está restrito à internet, mas a qualquer serviço de aplicativo que começa com a palavra Smarth”, explicou.

Internet das coisas
Essa nova variante do capitalismo, segundo a ex-presidenta, vai acirrar algumas de suas características, como a desigualdade social não só econômica, mas de poder de conhecimento. A internet das coisas, disse, vai transformar todas as máquinas, até mesmo um liquidificador, em informantes.

“Tudo tende a virar dados e terão efeito tanto nas atividades repetitivas como nas atividades que exigem a mais alta capacidade. E como as plataformas não são neutras, têm imensa capacidade de interferir na política: eleição, discurso do ódio, homofobia, racismo. O capitalismo de vigilância nasceu no seio do neoliberalismo, e seus criadores só aceitam regulação privada e não pública. O Google, segundo Dilma, regula mais de três bilhões de pessoas no mundo, por isso tem que ser uma ação interventora do Estado”, afirmou.

Informações oferecidas em leilão

Para o professor Marcos Dantas, a questão central é exatamente essa: “a internet cresce sem regulação. Ela surgiu nos anos 1980/1990, no auge da ideologia neoliberal, e dorme e acorda na internet. Cada vez que eu mando qualquer informação, a plataforma já soube disso. Estamos precisando regulamentar essa invasão de privacidade”, disse.

“Por que o capital desenvolveu esse modelo?” Segundo Dantas, especuladores botaram dinheiro nos rapazes (os gênios da internet) e assim nasceram o Google, o Facebook, entre outras plataformas e nelas estão os dados. Informações otimizadas e colocadas à venda em leilão. Esse procedimento, ele disse, era discreto no século XIX e foi por isso que o capitalismo investiu pesadamente para que o capital girasse extraordinariamente.

“Eles precisavam da publicidade e aí entra o Facebook e o Google e quem produz o conteúdo é o usuário. Precisamos do Estado como regulador da sociedade para criar as regras, a regulamentação. Esse é um debate importante. Por exemplo, o Whatsapp entrou sem pedir licença ao marco internacional”, alertou o pesquisador.

Dantas lembrou Karl Marx ao citar que “as plataformas digitais “anulam o espaço pelo tempo” proporcionam contato quase imediato a um gigantesco universo de compradores e vendedores, permitem fechar negócios, com transferência de dinheiro, num tempo no limite de zero, e ainda oferecem a vantagem adicional da aparente simetria de informação entre os agentes envolvidos. Trata-se de um mercado multilateral, reunindo dois grandes grupos de usuários: aqueles que vendem (mas também podem estar comprando) e aqueles que compram (mas também podem estar vendendo). Ambos vão gerar, direta e indiretamente, receitas para o proprietário da plataforma”.

 

 

“Para mim, a solução para as fake news e para a dominação da grande mídia no Brasil é criar alternativas”, disse o jornalista Glenn Greenwald. Segundo um dos fundadores do The Intercept/Brasil que também é advogado constitucionalista, a realidade do jornalismo aqui não é das piores, e citou como exemplo o fato de a reportagem mais influente do ano passado não ter sido publicada em O Globo, na Folha de São Paulo ou no Estadão, mas da The Intercept Brasil, numa referência a série que ficou conhecida como Vaza Jato.

Ele também chamou atenção para a quantidade de blogueiros e canais independentes que existem no país e que estão aumentando sua influência, e até também outros veículos de prestígio internacional como a BBC Brasil e El País. A respeito do debate sobre as fake news, que considera como uma questão muito “robusta” no Brasil, Glenn afirma que é algo muito perigoso, especialmente quando envolve assuntos como a pandemia do coronavírus.

“Pandemídia, jornalismo e democracia” foi o tema do debate na segunda-feira, 20, que reuniu no Festival do Conhecimento da UFRJ Glenn Greenwald e Suzy Santos, que é diretora da Escola de Comunicação da UFRJ.

No Brasil, segundo Suzy Santos, há muitos donos de mídia atrelados ao espaço político e religioso, e embora o discurso de independência jornalística seja uma pauta bastante forte, ele não bate com os modos de financiamento.

Festival
A pró-reitora de Extensão Ivana Bentes na apresentação dos palestrantes, lembrou que o jornalista revelou para o mundo “como somos espionados pelos governos, no caso Snowden, com um trabalho extraordinário de jornalismo investigativo que mostrou o estado de vigilância implantado pelo governo norte americano”.

Premiado, Greenwald coordenou, no The Intercept Brasil, as reportagens da Vaza Jato, “que mostrou o comportamento pouco republicano do ex-ministro da Justiça Sergio Moro, produtor da denúncia e da força tarefa da operação Lava Jato”.

Seu último livro “Sem lugar para se esconder”, contou Ivana, fala deste permanente vigilantismo, assim como a reportagem sobre a NSA, agência de segurança nacional dos EUA, que garantiu para o The Guardian o prêmio Pulitzer de 2014 na categoria de serviço público. “Glenn Greenwald é um jornalista investigativo que presta serviço público para o Brasil e para o mundo”, resumiu.

Suzy Santos coordena o grupo de pesquisa de Política e Economia da Informação e da Comunicação (PEIC) da ECO, escola que dirige, e a pesquisa sobre discurso de ódio, muitas vozes, privilégio, prestígio, fé e economia política da comunicação em tempos de desdemocratização. Autora, com Janaine Aires do livro “Sempre foi pela família: mídias e políticas no Brasil”.

Debate fundamental
Glenn disse que aceitou imediatamente o convite da UFRJ quando soube do tema do evento. A ideia de debater a pandemia com jornalismo, política e democracia considera crucial e fundamental: “Falamos muito em pandemia, sobre democracia e política, sobre o Brasil onde a democracia está sendo ameaçada e também sobre jornalismo, mas muito raramente discutimos as três coisas juntas, Isso é importante e interessante para mim porque na realidade, a história da crise da Covid é uma história dos três.

Ele comentou que é normal numa crise como esta pandemia global, ouvir especialistas na saúde pública e a Organização Mundial da Saúde, mas que algumas vezes, nos últimos seis meses, erraram. Por exemplo, quando no início da pandemia, o governo da China falava que tinha dúvidas sobre a transmissão de um humano para outro, ou quando especialistas não recomendavam o uso de máscaras contra o vírus, ou que havia dúvidas se a pessoa sem sintomas tem capacidade de transmitir o vírus e ainda sobre a não sobrevivência no ar.

“Agora, em julho, sabemos que tudo isso é errado”, disse ele, explicando que não queria dizer que a organização ou os especialistas erraram por causas ruins. “Provavelmente porque humanos erram, ainda mais sobre um vírus complexo, novo e que demora para ser entendido. Ou talvez por motivos um pouco menos puros. É bem provável que algumas coisas que estão falando seja por motivo político e não estou criticando, porque é um motivo válido para uma instituição assim. Estou falando que não existe uma instituição de humanos que tenha motivos puros e que nunca errou”, justificou as falhas iniciais de diagnóstico da doença.

“Então, para mim, como jornalista, o valor mais importante é ser cético. Ceticismo é o que a gente sempre tem que ter, dúvidas sobre quem a gente está ouvindo, das instituições, Nunca podemos confiar, sem exigir evidências”, disse.

Segundo ele, muitos citam veículos como The New York Times e CNN, como confiáveis. No entanto, lembrou, há 20 anos, época da invasão do Iraque, numa guerra que destruiu um país e que até hoje muitos sofrem, foi uma ação fomentada por fake news que persuadiram grande parte da população nos Estados Unidos de que o Iraque tinha armas químicas que, na realidade não tinha.

“Isso foi um exemplo muito grave de informação falsa sendo disseminada. Não pelos sites do bolsonarismo, nem pelos sites novos que estão lucrando com fake news, mas por organizações jornalísticas com credibilidade e respeitadas”, diz ele, explicando que isso aconteceu porque naquela época, o governo dos Estado Unidos estavam afirmando muitas coisas que ninguém queria questionar, principalmente depois do ataque de 11 de setembro: “Mesmo jornalistas que têm obrigação principal de questionar, ter dúvidas, ceticismo sobre tudo que autoridade está falando, falharam neste dever. Estavam publicando, dia após dia, falsidades, sem questionar confiando em tudo que o governo estava falando, o que causou uma guerra horrível!”

Nunca confiar de forma cega
“Espero que esta crise na saúde pública que estamos vivenciando nos ensine que é muito importante nunca confiarmos de forma cega no que estamos ouvindo das autoridades, mesmo autoridades que parecem confiáveis. Para mim, a reportagem que fiz com meus colegas do The Intercept Brasil, da revista Veja, Folha de São Paulo e outros jornais brasileiros sobre a Vaza-Jato mostrou a mesma lição”.

O jornalista contou que durante cinco anos a força-tarefa da Lava-Jato e o juiz Sérgio Moro foram vistos como quem nunca erravam, mentiamn ou nunca foram corruptos. Então, tudo que disseram ou fizeram foi aplaudido pela mídia e, por causa disso, pela população brasileira. E agora sabemos que muitas coisas que estavam fazendo ou afirmando foram antiético, falso, tinha motivos errados. “E porque isso aconteceu? Pelo mesmo motivo que estávamos falando: a grande mídia no Brasil parou de questionar, de ter ceticismo sobre o trabalho da força tarefa. Tratou como uma instituição inviolável” e concluindo, reafirmando:

“Não precisamos aceitar de forma cega nada que alguém está falando, temos a capacidade de avaliar qualquer afirmação para saber se tem evidência, e é preciso manter isso na política, no jornalismo, na democracia e na saúde pública”.

 

Ministro Luiz Eduardo Ramos mandou recado ao congresso dizendo que o governo vai liberar mais R$ 1 bilhão em verbas de combate ao coronavírus a prefeituras indicadas por deputados e senadores que votarem a favor das pautas de interesse de Bolsonaro

Matéria retirada do site da Revista Fórum.

Após a cooptação do centrão não obter o sucesso esperado para a formação de uma base no Congresso, Jair Bolsonaro decidiu abrir ainda mais os cofres da União para aprovar dois projetos de interesse do Planalto que enfrentam resistência: a versão governista do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e a refoma tributária, que começa a ser enviada por Paulo Guedes, ministro da Economia, nesta terça-feira (21) ao legislativo.

Segundo reportagem de Natália Portinari, Gustavo Maia e Daniel Gullino no jornal O Globo, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, já mandou recado ao congresso dizendo que o governo vai liberar mais R$ 1 bilhão em verbas de combate ao coronavírus a prefeituras indicadas por deputados e senadores que votarem a favor das pautas de interesse de Bolsonaro.

Além da Fundeb e da reforma tributária, Bolsonaro quer evitar que parlamentares derrubem os vetos impostor por ele ao projeto de Lei que privatiza a água – entre eles o que derrubou a indenização ao Estado caso as empresas concessionárias queiram devolver os serviços ao poder público.

No início de julho, o Ministério da Saúde liberou R$ 5,7 bilhões a municípios para o combate ao novo coronavírus. Segundo O Globo, o governo permitiu que deputados indicassem o destino de cotas de R$ 10 milhões para diferentes cidades. Os valores publicados, porém, não bateram com os que foram acordados, gerando frustração entre parlamentares.

A revolta do baixo clero estaria sendo capitaneada dentro do próprio governo pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria (PSD-RN), genro de Silvio Santos, que articula a derrubada de Luiz Ramos para emplacar uma assessora de Paulo Guedes na secretaria de governo.

 

 

 

“Não é gordofobia, ouviu gente?! O que estamos trazendo aqui são dados científicos que mostram que existe uma relação entre a obesidade e a gravidade da Covid-19”, esclareceu Andrea Ferreira, pesquisadora do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho. Obesos são pessoas que têm índice de massa corporal cima de 30 IMC (peso dividido pela altura). Segundo Andrea, existem várias doenças que se associam com a obesidade, como o diabetes mellitus e a pressão alta, assim como vários tipos de câncer e mais recentemente com a Covid-19.

Andrea Ferreira e Ana Paula de Oliveira são professoras do campus Duque de Caxias da UFRJ e foram as palestrantes de uma das mesas do Festival do Conhecimento na segunda-feira, 20 de julho. Elas apresentaram estudos que explicam porque as comorbidades influenciam no agravamento da Covid-19, ratificando o motivo pelo qual pessoas obesas, diabéticas e hipertensas devem se resguardar para não contrair o vírus.

Alertas
A palestra de Andrea baseou-se em artigo de um grupo de pesquisadores franceses que mostra a alta prevalência em pacientes com obesidade e que precisaram de ventilação mecânica invasiva, isto é, tiveram que ser entubados ao serem infectados pela Covid-19. “Esse trabalho foi desenvolvido na França, mais existem dados de outros países mostrando resultados semelhantes, como na China e nos EUA, ou seja, a associação entre obesidade e a gravidade da Covid-19”, explicou.

Ana Paula de Oliveira, que é especialista em fisiologia endócrina, mostrou, com dados, como a diabetes se relaciona com outras doenças. “A diabetes facilita que o organismo contraia infecções e uma importante infecção que pode ser associado ao quadro de diabetes são as respiratórias”, alertou.
Ela relatou que as pessoas que apresentam a diabetes, principalmente as não diagnosticadas e as não tratadas, acabam se tornando mais suscetíveis a infecções diferentes em tecidos e órgãos. Por isso, afirmou, diante de uma infecção viral, há mais dificuldade de o organismo dos diabéticos reagir.

Segundo a especialista, já há uma linha importante de estudos que vem tentando verificar se existe alteração da função endócrina relacionada à obesidade e a Covid-19 e a diabetes e a Covid. “Começaram a surgir estudos e artigos tentando entender a evolução da doença e a sua relação com outras comorbidades. Um deles relaciona a Covid-19 com a obesidade, como mostrou Andrea, e também surgem trabalhos que apontam para o desenvolvimento e a relação da Covid-19 e seu agravamento com o quadro de diabetes”, informou.

Ela apresentou quatro estudos realizados em hospitais de diferentes países – Nova Iorque (EUA), Itália e dois na China –, que fazem um levantamento com pacientes de Covid e seu perfil endócrino. “O que observamos é que entre a população de diabéticos infectados com Covid há uma prevalência importante, um percentual importante de indivíduos diabéticos que caminham para um pior prognóstico e um pior desenvolvimento da Covid”, disse.

Um desses estudos, feito com 1.590 pacientes diagnosticados com a Covid-19, sendo 8% diabéticos, mostrou o estrago: “Um percentual até baixo, mas nesse estudo quando eles olharam para o grupo de diabéticos mais profundamente observaram que 34% dos pacientes evoluíram para a forma mais grave da doença”.

Quem se interessar pode assistir a live “Obesidade e Covid-19. Tem a ver?” na plataforma do Festival do Conhecimento da UFRJ. As especialistas traçam um panorama completo desta e de outras comorbidades, implicações normais e suas complicações agravadas pela Covid-19. Dia 20 de julho, mesa 1, às 14h30.

 

LEIA A NOTA:

 

 

Documentos internos da Polícia Militar do Rio de Janeiro obtidos com exclusividade pelo UOL mostram que a corporação associa partidos de oposição ao presidente Jair Bolsonaro a atos de vandalismo. É com esse argumento que a corporação justificou a inclusão de aparatos de repressão em planos de policiamento para manifestações políticas no estado durante a pandemia da covid-19.

Os registros internos da PM —solicitações de policiamento, ordens de serviço e outros documentos relativos a mais de uma dezena de manifestações no Rio desde 18 de abril— revelam uma postura seletiva no tratamento de atos públicos (veja documentos a seguir).

Enquanto manifestações de oposição ao governo Bolsonaro são tratadas sempre como eventos com potencial de distúrbios, atos de apoiadores do presidente são vistos como inofensivos e até rendem elogios a bolsonaristas mesmo quando contrariaram normas de isolamento social.

Para a PM, as manifestações que justificam aparato de repressão variam de atos abertamente contra o governo a protestos como o de entregadores de aplicativos no dia 1º deste mês.

O uso de grande aparato policial, que envolveu inclusive batalhões de elite, é motivado segundo a PM pela “possibilidade de grande mobilização de manifestantes em virtude da convocação de adeptos dos partidos políticos opositores e anarquistas, com histórico em atos anteriores desse mesmo gênero, registros de confusões e depredação do patrimônio público”.

Partidos de oposição ao governo Jair Bolsonaro viram grave ameaça à democracia na associação com atos de vandalismo revelada pelo pelo UOL —um deles prometeu ir ao STF para questionar ações policiais parciais.

Por sua vez, protestos bolsonaristas nunca são associados pela corporação a riscos de distúrbio. A possibilidade de confrontos só é mencionada quando a PM especula a chance de manifestantes contra o governo dividirem espaço com bolsonaristas no mesmo local —sobretudo após atos contra e a favor do governo se encontrarem na avenida Paulista, em 31 de maio.

Para o sociólogo Renato Sérgio de Lima, presidente do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), a forma de atuação da PM do Rio é inconstitucional. “A medida da polícia do Rio é frontalmente ilegal, porque trata a mesma ação [a organização de atos públicos] de dois grupos políticos de forma completamente diferente. Está discriminando oficialmente um grupo por sua orientação política e ideológica”, critica.

Procurada, a PM do Rio afirmou que “dimensiona o planejamento das operações para acompanhar manifestações políticas com base em informações estratégicas e sigilosas, colhidas pelo setor de inteligência”. Os documentos listam contudo informações ao alcance de buscas nas redes sociais.

Ainda segundo a PM, “independentemente do objetivo das manifestações, as operações seguem orientação técnica, priorizando a segurança dos cidadãos e do patrimônio público e privado. Para tanto, são empregadas equipes dos batalhões de área, assim como das unidades especiais”.

A corporação classifica os resultados obtidos no patrulhamento de manifestações durante a pandemia como “bastante satisfatórios”.

Matéria retirada do site da UOL Notícias.

Próxima sexta, 24, você tem um compromisso marcado conosco!

A terceira edição do projeto “Arte de Ficar em Casa” contará com a participação de Darlene Duarte, técnica de laboratório da UFRJ e puxadora do samba-enredo do bloco Minerva Assanhada de 2020.

Será disponibilizado um QR Code na tela para que você possa contribuir diretamente para o artista.

NÃO PERCA!

“Sempre estivemos expostos a diversos fatores nos nossos ambientes de trabalho e muitas vezes levam ao adoecimento. Por imposição de um vírus agressivo e letal, fomos forçados a adotar o isolamento social. Há mais de quatro meses estamos com familiares ou sozinhos, mergulhados com nossas ansiedades, medos e inseguranças. Se anteriormente já convivíamos com esses problemas, eles aumentaram significativamente nesse período de quarentena. Nossa proposta orientar os nossos servidores sobre como lidar com essa situação, tentando manter o equilíbrio mental”, explica Marisa, coordenadora de Comunicação do Sintufrj, porque o tema foi pautado pelo Sintufrj para o Festival do Conhecimento.

Confira o time que conduzirá o debate nesta quarta-feira, 22:

 

“O momento é da gente propor desafios com rupturas, ser ousado na nossa vida cotidiana e institucional. De olhar mais para as relações universidade e sociedade”. Com esta perspectiva, João Eduardo Fonseca, autor do livro “Novos atores na cena universitária”– uma obra de 1996 que redimensiona o papel do técnico-administrativo nas universidades — e primeiro integrante da categoria a assumir um cargo de pró-reitor (à época, sub-reitor de Pessoal), iniciou sua participação no debate do Sintufrj na sexta-feira, 17, dentro da programação do Festival do Conhecimento da UFRJ.

Gustavo Cravo, técnico em assuntos educacionais com de anos de UFRJ e oito atuando na Pró-Reitoria de Pessoal, enriqueceu o debate, cujo tema não poderia ser outro senão “Novos atores na cena universitária”. Ele falou da sua vivência e de como sente a UFRJ, da Espanha, onde conclui seu doutorado. Na opinião do servidor, o movimento dos técnicos de se qualificarem é muito bem-vindo neste momento de expansão da universidade e só assim poderão ajudar ainda mais na qualificação discente.Tanto em termos acadêmicos como em projetos de extensão.

Agenda combinada
Segundo João Eduardo, três agendas combinadas e articuladas se impõe atualmente às universidades, que sofrem assédio conservador: 1) Resistência –“a pandemia mostrou como a nossa universidade, como essas instituições são importantes como patrimônio da sociedade”; 2) Diagnóstico – “Da crítica e da autocrítica. As instituições cometem erros, tem imperfeições; 3) Formulação estratégica – “Não basta apenas defender o que tínhamos antes do recrudescimento dos ataques ideológicos neofascistas. Temos que, a partir do diagnóstico das nossas contradições e erros, formular estratégias de defesa e resistência, e com imaginação sobre o que podemos construir de novo”.

Dossiê
Para Gustavo Cravo nestes 100 anos existência da UFRJ, o trabalho técnico-administrativo é uma história que precisa ser contada. E adiantou que a pró-reitoria de pessoal pretende lançar um dossiê para ser publicado na revista da PR-4 reunindo um bom número de textos de diferentes modelos, como artigos, relatos de experiência, entrevistas.

Muitos servidores, segundo ele, estão se aposentando ou já se aposentaram e junto com eles vai parte da história da universidade, do seu fazer técnico e isso não pode se perder: “Todos que estão ouvindo, sintam-se convidados a participara da revista”, disse, mas por enquanto os interessados devem aguardar mais informações a respeito.

“É preciso bater palmas para João Eduardo por ele saber contar sobre o cotidiano da academia, do qual pouco se teoriza. E abre uma porta ainda pouco explorada”, disse Gustavo. E concluiu afirmando que é necessário pensar em estratégias não apenas para tocar o barco, mas para o que chamou de uma utopia (que sempre ajuda no caminhar): “Como fazer para que as pessoas cheguem felizes para trabalhar? É uma pergunta que levo comigo na cabeça”.

“O relato do Gustavo é animador”, disse João Eduardo, mencionando o nível de ocupação dos espaços colegiados, a presença de técnicos nas estruturas de governo na universidade e uma cultura administrativa voltada para um perfil mais solidário na instituição. Segundo ele, os elementos relacionados por Gustavo, como a revista e o Sintae, indicam avanços importantes em quantidade e qualidade. Mas, a seu ver, falta um salto para a compreensão pelos técnicos-administrativos em educação da sua função social como trabalhadores de uma instituição pública, que o movimento sindical ainda pode e deve dar.

Reedição do livro
Gustavo Gravo sugeriu que o livro de João Eduardo, “um clássico” de interesse público, mas com poucos exemplares disponíveis, tivesse o seu acesso facilitado em PDF (formato para visualização). O autor explicou que a proposta foi conversada com a coordenadora de Comunicação do Sintufrj, Marisa Araújo, que se comprometeu a conversar com a Editora da UFRJ para a disponibilização do PDF, e também trabalhar numa edição revista e atualizada por João Eduardo.

“Acho que falo por todo mundo que estava ansioso para a nova edição do livro, vai ser muito bom ver, trinta anos depois, uma reflexão a releitura de um processo histórico”, disse Gustavo.

Ressignificar
Marisa Araújo foi a mediadora do debate. Além de coordenadora do Sintufrj, ela também compõe a atual direção da CUT-Rio. Ela abriu o evento apontando que, nos 100 anos da UFRJ, os técnico-administrativos em educação com muita luta foram deixando para trás a condição de alienação e subalternidade, adquirindo a consciência de que são essenciais para a organização e a realização das atividades acadêmicas.

“Precisamos discutir e ressignificar o papel dos servidores recém ingressos para novos desafios e lutas. Eles precisam estar preparados para dar continuidade às lutas por conquistas econômicas, sociais e por respeito e dignidade”, afirmou a coordenadora sindical, lembrando que vivemos um sistema de governo de extrema-direita que, desde o golpe de 2016, vem atacando servidores de várias maneiras: “Precisamos dar conta disso e buscar novos patamares”, convocou.

Segundo Marisa, o livro de João Eduardo, fruto de sua pesquisa de mestrado editado em 1996, aborda o perfil da categoria dos anos 1980, e as várias lutas da época da conquista do Plano Único de Classificação e Retribuição de Cargos em Emprego (Pucrce), sem chegar a fase do atual Plano de Carreira do s Técnicos Administrativos em Educação (PCCTAE), mas que revela a situação de alienação da categoria até então e a inserção dela , na década de 1990, nos órgãos colegiados, ainda que em números discretos.