Em nota, entidade repudia o crime ocorrido no Carrefour, revelador do “racismo estrutural da sociedade brasileira”

Matéria retirada do Brasil de Fato.

Em nota de repúdio ao assassinato de João Alberto Silveira Freitas por seguranças do Carrefour em Porto Alegre, na quinta-feira (19), o Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito se coloca ao lado das diversas entidades nacionais e internacionais que exigem a rigorosa investigação e punição dos autores do crime.

“Nesse ato brutal, que por certo não ocorreria da mesma forma com um cidadão branco, manifesta-se o racismo estrutural da sociedade brasileira, claramente comprovado pelos índices mais elevados, na população negra, das estatísticas oficiais relativas ao desemprego, à baixa renda, à menor expectativa de vida, ao maior índice de morte por Covid 19, à violência contra as mulheres, à mortalidade entre jovens, à população carcerária e a outros tantos indicadores sociais”, diz trecho da nota.

O texto critica ainda o presidente Jair Bolsonaro que, ao referir-se à morte de João Alberto, afirmou a inexistência de racismo no Brasil. “Alheio ao clamor público nacional e internacional, manteve-se calado diante do crime”, pontua. “Combater com firmeza e vencer o racismo é uma condição para que o Brasil se torne uma nação justa e democrática”, afirma o Comitê.

Abaixo, a nota na íntegra:

Nota de repúdio ao brutal espancamento e morte de um cidadão negro em Porto Alegre

O Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito vem a público manifestar o seu mais veemente repúdio à morte por espancamento de João Alberto Silveira Freitas, cidadão negro, por seguranças no supermercado Carrefour da zona norte de Porto Alegre, no dia 19 de novembro.

João Alberto foi espancado até a morte no estacionamento do supermercado, ao qual foi conduzido por seguranças que, segundo relatos e vídeos divulgados pela imprensa, impediram a aproximação de pessoas que apelavam pela interrupção da violência.

Nesse ato brutal, que por certo não ocorreria da mesma forma com um cidadão branco, manifesta-se o racismo estrutural da sociedade brasileira, claramente comprovado pelos índices mais elevados, na população negra, das estatísticas oficiais relativas ao desemprego, à baixa renda, à menor expectativa de vida, ao maior índice de morte por Covid 19, à violência contra as mulheres, à mortalidade entre jovens, à população carcerária e a outros tantos indicadores sociais.

De costas para as estatísticas oficiais, o vice presidente da República, ao referir-se à morte de João Alberto, afirmou a inexistência de racismo no Brasil e o presidente da República, alheio ao clamor público nacional e internacional, manteve-se calado diante do crime.

Após mais de 130 anos da abolição da escravatura, o Brasil continua incapaz de garantir à população negra, que representa hoje mais de 50% dos brasileiros, o acesso aos benefícios sociais criados com a riqueza produzida por seu próprio trabalho. Nem é capaz de lhe garantir o respeito das instituições, principalmente na área de segurança pública.
Agentes de segurança, públicos e privados, não são treinados como deveriam para manter a ordem social protegendo a vida e respeitando os cidadãos, independentemente de sua condição racial e social, registrando-se inúmeros episódios que vão da humilhação à tortura e morte principalmente da população negra.

Consciente dessa realidade, o Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito se soma ao clamor de entidades nacionais e internacionais que exigem a rigorosa investigação e punição dos autores do assassinato de João Alberto Silveira Freitas, um deles um “policial militar temporário”, situação profissional considerada inconstitucional, e dos demais responsáveis pela segurança que assistiram a violência e morte sem interrompê-la, com a cobrança da responsabilidade do supermercado Carrefour e da empresa de segurança Vector, incapaz de exercer seu trabalho garantindo a vida e a integridade dos cidadãos.

Combater com firmeza e vencer o racismo é uma condição para que o Brasil se torne uma nação justa e democrática.

Desde o 20 de novembro, manifestantes tomam as ruas em todo o país por justiça a João Alberto, brutalmente assassinado em Porto Alegre – Pedro Stropasolas/Brasil de Fato

 

 

 

Ao Brasil de Fato, liderança do movimento negro no país defendeu subir o tom em protestos: “Acabou a paciência”

Matéria retirada do Brasil de Fato. 

Uma das lideranças do movimento negro no Brasil, Douglas Belchior está incomodado. Quando chegou à manifestação da última sexta-feira (20), na avenida Paulista, em São Paulo, que deveria ser um ato pelo Dia da Consciência Negra e se tornou mais um protesto em repúdio à morte de um homem negro, o militante disparou. “Até quando? Está insuportável.”

Na noite anterior, João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, foi espancado até a morte por dois seguranças privados e terceirizados do Carrefour, em uma unidade da multinacional francesa em Porto Alegre (RS). Os dois agentes são funcionários do Grupo Vector e trabalhavam irregularmente, de acordo com a Polícia Federal (PF). Ambos foram presos.

“O que se viu no mercado dos playboys da Pamplona foi legítima defesa”, explica Douglas Belchior – Foto: Pedro Stropassolas

No dia seguinte, por volta de 18h, o movimento negro marchou da avenida Paulista até a unidade do Carrefour na rua Pamplona, nos Jardins, zona nobre de São Paulo (SP). Lá, um grupo se destacou e entrou no supermercado, destruindo e incendiando a unidade. Ninguém ficou ferido durante a ação e nenhum militante foi preso.

Douglas Belchior, fundador da Uneafro e da Coalizão Negra por Direitos, explica que a ação não estava planejada.

“O que houve durante a marcha e a ação no Carrefour, a ocupação e a ação direta, não foi articulada ou combinada. Foi ação espontânea de parte dos que estavam na marcha, pessoas negras e brancas revoltadas, indignadas, e com toda razão”, enfatiza.

Para Belchior, esse deve ser o novo tom adotado pelo movimento negro daqui em diante. “Protestamos em legítima defesa de nossas vidas. E é um protesto absolutamente desproporcional. Eles nos matam. Nós escrevemos notas de repúdio, organizamos caminhadas, fazemos protestos pacíficos, denunciamos na ONU [Organização das Nações Unidas]. Até quando deve durar nossa paciência?”, questiona o militante.

Confira a entrevista na íntegra:

Brasil de Fato: Douglas, a ação de ontem foi articulada pelo movimento negro?

Douglas Belchior: A Marcha da Consciência Negra é uma ação organizada por entidades do movimento negro já há 17 anos. Isso sim foi articulado. O que houve depois, durante a marcha e a ação no Carrefour, a ocupação e a ação direta, não foi articulada ou combinada. Foi ação espontânea de parte dos que estavam na marcha, pessoas negras e brancas revoltadas, indignadas, e com toda razão.

Douglas, você está nas ruas têm 20 anos. Inúmeros protestos e reuniões com representantes do poder público. Você cansou?

Não se trata de eu ter cansado. Não sou um militante avulso e não atuo a partir da minha vontade individual. Sou organizado em um movimento. Me submeto à construções e decisões coletivas. O movimento do qual sou parte é uma das organizações responsáveis pela marcha e não houve qualquer orientação dessas instâncias no sentido de que se deveria ocupar o supermercado.

Eu, particularmente, sou a favor do diálogo. Acredito no poder das ideias e na capacidade que os seres humanos têm de resolver problemas com inteligência e sabedoria. Mas também acho que tudo tem limite e que a população negra brasileira, por conta da história de violência permanente que sofre, tem muitas razões para perder a paciência. Acabou a paciência. Albert Camus, filósofo franco argelino dizia que “a violência não é patrimônio dos exploradores. Os explorados também podem empregá-la”. E eu concordo com ele.

Por quê você acha que o ataque ao mercado começou?

O Carrefour atacou primeiro. João Alberto foi espancado até a morte na frente da esposa. Pediu socorro e não foi atendido. O que se viu no mercado dos playboys da Pamplona foi legítima defesa, assim como em Recife. O que sê vê nos protestos que estão acontecendo em todo país é legítima defesa.

Até quando deve durar nossa paciência? Até matarem o último negro?

Protestamos em legítima defesa de nossas vidas. E é um protesto absolutamente desproporcional. Eles nos matam. Nós escrevemos notas de repúdio, organizamos caminhadas, fazemos protestos pacíficos, denunciamos na ONU. Até quando deve durar nossa paciência? Até matarem o último negro?

Sempre organizamos ações e protestos em que ocupamos shoppings ou ruas com muitas lojas de departamento, quase sempre sem nenhum incidente. Eu estava no chão e acompanhei a marcha toda, do Masp [Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand] até o Carrefour da Pamplona, sempre à frente da caminhada.

Um mercado é pouco. Há motivos para pôr fogo no mundo!

Foi uma ação espontânea. A expressão “à flor da pele”, da nossa pele preta, cabe como nunca. Havia um clima de chega, de basta, de não aguento mais. Quando se percebeu, as pessoas já estavam dentro do supermercado. E lá, agiram em legítima defesa. Um mercado é pouco. Há motivos para pôr fogo no mundo!

O tom de reivindicação do movimento negro tende a se manter elevado daqui para frente?

O tom da reivindicação do movimento negro vem aumentando nos últimos anos. O movimento pautou a sociedade no último período. Em especial neste ano de 2020 no Brasil, o debate politico ficou em torno da pandemia do corona vírus e do racismo.

O que são vidraças e prateleiras diante do sofrimento de uma família, filhos, esposa, mãe, que perde o pai, o marido o filho, por conta da violência racial? 

A pressão imposta pelo movimento negro e por parte da sociedade que nos apoia, nos levou a avanços institucionais importantes. O TSE [Tribunal Superior Eleitoral] e o STF [Supremo Tribunal Federal] terem acatado a reivindicação dos movimentos e obrigado os partidos a distribuir recursos para candidaturas negras – por mais pouco eficaz que tenha sido; a eleição de vereadoras e vereadores negras e negros Brasil afora; e agora o fato de altos executivos virem se desculpar em público pelo racismo de suas empresas, isso tudo é fruto da radicalização do movimento negro. Eu espero que seja daqui para mais, nenhum passo atrás.

Leia Mais.: Racismo e morte no Carrefour são a ponta de um iceberg envolvendo multinacionais

Dessa vez, a oposição aos protestos violentos foi bem menor do que em outros momentos. Ainda assim, como você leu a crítica dos que classificam como vandalismo a ação de sexta-feira?

Temos uma sociedade e especialmente uma imprensa que criminaliza lutas sociais, lideranças e ativistas. A cobertura jornalística brasileira olha para manifestações contra o racismo nos EUA e os chama de protestos. Olham para as pessoas e os chamam de manifestantes.

Aqui, as manifestações contra o racismo são tratadas como baderna, depredação e as pessoas como vândalos e criminosos. Mas o que é vandalismo num país que mata um jovem negro a cada 23 minutos? Porque o patrimônio vale mais do que uma vida humana?

Esse país é um barril de pólvora. E o povo negro é a faísca, é o fósforo. É bom que saibam disso

O que são vidraças e prateleiras diante do sofrimento de uma família, filhos, esposa, mãe, que perde o pai, o marido o filho, por conta da violência racial? Estamos num estágio tão avançado do genocídio negro que, talvez, parte das pessoas brancas estejam começando a perceber. Quero acreditar nisso. Esse país é um barril de pólvora. E o povo negro é a faísca, é o fósforo. É bom que saibam disso.

A esquerda negra avançou em representatividade no legislativo em todo o país. Como você acha que esse recado de sexta-feira vai ecoar nos gabinetes dos parlamentares eleitos?

Pessoas negras, sobretudo aquelas alinhadas às pautas e agendas dos movimentos negros, ocupam esse lugar para fazer a diferença. Para dar voz às demandas históricas que carregamos nas costas, para radicalizar o exercício parlamentar e executivo em favor do povo negro.

Estamos numa virada de página da história. Acredito que nossos parlamentares em todo país tem essa percepção e colocarão seus mandatos a serviço desta tarefa histórica, que é fazer avançar as lutas do povo negro nos espaços institucionais e, ao mesmo tempo, fortalecer os movimentos em sua tarefa de pressionar a sociedade nas ruas, custe quantas vidraças e prateleiras custar.

 

 

Bolsonaro foi ao Amapá 19 dias após o 1º apagão para ligar os geradores termoelétricos que reestabeleceriam a eletricidade no estado. Além de não resolver o problema, o presidente provocou tumulto e foi vaiado

Matéria retirada do site da CUT. 

Depois de 21 dias de apagão causado por um incêndio em um transformador da empresa privada Isolux, a população do Macapá (AP), sofreu neste domingo (22) com a chuva mais intensa do ano, que alagou vários pontos da capital e provocou a explosão e curto-circuito na rede elétrica do bairro Brasil Novo, Zona Norte de Macapá.

Indignados com o descaso e a incompetência do governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL), que não resolveu o problema e demorou 19 dias desde o primeiro apagão para ir ao estado demonstrar alguma solidariedade, os amapaenses não perdoaram o presidente no último sábado (21) quando ele desfilou na porta de uma carro anunciando a  “solução”, que não chegou, para o problema.

Bolsonaro foi ao estado para ligar os geradores termoelétricos nas subestações de Santana e Santa Rita, que reestabeleceriam a eletricidade. Mas tudo deu errado.

Testando sua popularidade, o presidente desfilou em carreata com o corpo para fora de um veículo, o que é proibido pelas leis de trânsito do país. Ouviu  vaias e xingamentos como “Fora Bolsonaro!”, “Miliciano”, “ seu merda”, “Filho da p*”.” e “Vai tomar no c*”. Moradores da cidade  também exigiram sua saída da Presidência da República.

Explosões na rede elétrica e fortes chuvas

Horas depois da visita presidencial, na noite deste domingo (22) houve uma explosão e curto-circuito na rede elétrica do bairro Brasil Novo, Zona Norte da capital Macapá, deixando o bairro às escuras. Moradores registraram em vídeo a explosão na rede elétrica. Também há relatos de que o rodízio de energia continua e não funciona nos horários estabelecidos pelo governo.

A desculpa para as novas explosões é a forte chuva que caiu sob a capital. Segundo a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) o problema na rede elétrica foi causado pelo atrito entre dois cabos de alta tensão, devido à ventania.

Em Macapá, casas foram totalmente inundadas, invadidas pela água da chuva e também do esgoto. Em menos de uma hora choveu 74 milímetros enquanto que a previsão do Núcleo de Hidrometeorologia e Energias Renováveis (NHMet) era de 45 milímetros – foi a maior chuva registrada no ano.

 

 

 

Governo anuncia que o salário mínimo subirá em 2021 dos atuais R$ 1.045,00 para R$ 1.088,00. Valor necessário é de R$ 5.005,00, para suprir necessidades de uma família de quatro pessoas, segundo Dieese

Matéria retirada do site da CUT.

O valor do salário mínimo, em 2021, deverá ser de R$ 1.087,84 levando em conta o reajuste apenas pela inflação, projetada em 4,1% para este ano. Como normalmente o valor é arredondado para cima deve chegar aos R$ 1.088,00.

Em setembro, o governo federal enviou ao Congresso Nacional, dentro da proposta de orçamento de 2021, que o salário mínimo deveria ser de R$ 1.067,00 para uma inflação de 2,1%. Como este índice praticamente dobrou, o governo revê agora os cálculos e sobe em R$ 21,00, o valor a ser pago aos trabalhadores, a partir de fevereiro do próximo ano.

Ainda assim, os R$ 1.088,00 são infinitamente menores do que o valor necessário para o sustento de uma família de quatro pessoas (dois adultos e duas crianças), se levarmos em consideração o preço da cesta básica em São Paulo de R$ 595,87. Para o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) o salário mínimo ideal é de R$ 5.005,91.

“O reajuste apenas com base na inflação tem um impacto negativo na distribuição de renda no Brasil, na redução das desigualdades salariais, particularmente entre maiores e menores salários, entre homens e mulheres e entre brancos e negros”, afirma a técnica do Dieese/subseção CUT Nacional, Adriana Marcolino.

Bolsonaro acabou com Política de Valorização do Salário Mínimo

Um dos primeiros atos de Jair Bolsonaro (ex-PSL) ao assumir a presidência da República foi acabar com a Política de Valorização do Salário Mínimo, uma conquista da CUT e dos trabalhadores e trabalhadoras, durante o governo do ex-presidente Lula.

Na política de valorização, o reajuste era previsto com base no índice da inflação mais o Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores. Se esta regra estivesse ainda valendo o salário mínimo em 2020 seria de R$ 1.057,92 e não os atuais R$ 1.045,00, dado por Bolsonaro. Para 2021, o valor também seria maior: R$ R$ 1.113,41 e não R$ 1.088,00, como oferece o atual governo.

Com a redução em R$ 12,92 em 2020 e de R$ 25,41 previstos para 2021, em apenas dois anos, os trabalhadores e trabalhadoras deixarão de receber R$ 38,33 a mais, desde que Bolsonaro acabou com a política implantada por Lula.

“Manter a política de valorização do salário mínimo significaria que todos os brasileiros, que contribuíram para gerar a riqueza do país ao longo de um ano , teriam, além da reposição da inflação, o direito de receberem parte da riqueza que foi produzida por eles”, afirma Adriana Marcolino.

 

 

O Centro de Referência de Mulheres da Maré Carminha Rosa (CRMM/UFRJ) convida para a programação da Campanha dos 16+5 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra a Mulher do ano de 2020.

A programação será em formato remoto, através do instagram do CRMM (@crmmmare): https://www.instagram.com/crmmmare/ 

Confira a programação de lives, sempre às terças-feiras, às 19h:

1ª Live: Dia 24 de novembro a converesa será sobre “Mulheres Negras e Violências” com Josie Azevedo @elevajo.

2ª Live: Dia 1º de dezembro a discussão será sobre “Políticas Públicas e Violências de Gênero” com Erika Carvalho @erika.crmm

3ª Live: Dia 8 de dezembro, a convidada  será a assistente social Viviane Santos, do @lutapelapaz, que refletirá sobre “Direitos Humanos e Maré”.   

Todas as lives serão mediadas pela extensionista do CRMM e graduanda em Pedagogia pela UFRJ Evelyn Alves @evelynscalves.

O Grupo de Trabalho Multidisciplinar da UFRJ para o Enfrentamento da Covid-19 e o Complexo de Formação de Professores divulgaram um alerta conjunto sobre as condições para reabertura de escolas no contexto da pandemia. O texto foi enviado aos integrantes do Conselho Universitário da UFRJ pelo coordenador do GT, Roberto Medronho, no dia 18 de novembro.

A nota, também foi assinada pelas direções da Faculdade de Educação e do Colégio de Aplicação, da UFRJ, aponta que, “oito meses depois do início das medidas de isolamento social e após a liberação de muitas atividades não essenciais, sem protocolos específicos ou indicadores científicos que justificassem essa decisão, a discussão sobre a reabertura das escolas volta à ordem do dia, trazendo mais uma vez para a cena política os efeitos perversos da injustiça social”. 

De acordo ainda com o texto, “a avaliação de que o retorno às aulas presenciais pode ser realizado com segurança está longe de ser consensual”. São citados como exemplos estados e cidades norte-americanas que enfrentam muitas dificuldades para manter o retorno escolar durante a pandemia, como Nova Iorque, que enfrenta o dilema frente ao aumento de casos, entre restringir as escolas ou a vida social. 

“Certamente a reabertura das escolas oferece riscos, principalmente se as medidas de precaução não forem adotadas. Por isso, nessas grandes cidades, as autoridades de saúde, a despeito de debates, avaliam fechar esses estabelecimentos. Quanto maior a taxa de transmissão do vírus na comunidade, maior é esse risco e maior é o número de medidas de contenção da importação e transmissão do vírus que precisa ser sistematicamente adotados pela escola”, pondera o documento. 

Os signatários reconhecem que “a escola protege as crianças e jovens vulneráveis; garante a sobrevivência física e mental de muitos; permite a manutenção de vínculos sociais em tempos de isolamento e contribui de forma direta para que os pais da juventude escolarizada possam trabalhar” e admitem “que este é o momento de aprender a viver com o vírus”, mas alertam que “isso jamais será possível sem investimento público sério em redes de suporte”. 

“…Riscos são minimizados ou amplificados segundo marcadores sociais que, por sua vez, condicionam de forma desigual a experiência social concreta de crianças e adultos e de cada comunidade escolar”, destaca ainda a nota. Para os signatários do documento, a decisão e o planejamento sobre a reabertura de escolas não podem prescindir do diálogo com os professores e os demais profissionais das unidades escolares, pais e responsáveis dos estudantes. “Além disso, é fundamental a responsabilização do Estado no sentido de garantir as condições necessárias para que a abertura aconteça de forma segura”, pontuam. 

Por fim, o documento conclui que todas as condições citadas para o retorno às atividades escolares presenciais “exigem, obrigatoriamente, investimento emergencial na educação pública por parte dos governos, que deve ser desde já considerado e imediatamente planejado em conjunto com o Parlamento, as instituições científicas, secretarias de educação, dentre outros órgãos, a fim de que seja possível viabilizar os ajustes de estrutura física e de redimensionamento de pessoal docente e de apoio técnico”. 

 

 

 

Começou nesta segunda-feira, 23, o VIII Seminário de Integração dos Servidores Técnico-Administrativos em Educação (Sintae) da UFRJ, Toda a programação deste importante evento para os trabalhadores da universidade, que será encerrado na sexta-feira, 27, está sendo realizada virtualmente e transmitido pelos canais de comunicação da instituição.  

Para celebrar a importância da participação da categoria na construção da excelência da universidade, o tema da mesa de abertura do seminário, às 14h, foi “Os servidores técnico-administrativos em educação e seu papel nos 100 anos da UFRJ”. O Sintae é um espaço para fomentar a reflexão e a troca de experiências entre os técnico-administrativos e a discussão sobre temas relevantes para a categoria, como a carreira. 

Sintufrj

“O Sintae simboliza um momento em que o técnico-administrativo pode mostrar um pouco da sua produção intelectual para além do cotidiano de seu trabalho e percebemos o quanto ele tem carinho e amor pela UFRJ”, afirmou a coordenadora-geral do Sintufrj, Neuza Luzia, que fez parte da mesa de abertura do seminário. 

Segundo a dirigente, “o Sintae é um momento também que a universidade pode perceber, mais atentamente, a diversidade dos nossos saberes e o quanto cada saber tem seu valor”. Neuza Luzia conclui acrescentando: “precisamos repetir isso muitas vezes, porque infelizmente existe um preconceito de que um saber vale mais do que o outro, seja no ambiente dos técnico-administrativos ou na academia como um todo”.

“É na diversidade que avançamos”, disse a reitora Denise Pires de Carvalho ao abrir o VIII Sintae

“É uma grande honra estar aqui abrindo o Sintae em comemoração aos 100 anos da UFRJ, em comemoração à participação dos técnico-administrativos em educação nesses 100 anos. Participação que não é periférica, não é ao lado, não é de ajuda. É uma participação fundamental para tecer esse tecido que é a UFRJ de hoje. Somos um tecido fortalecido, um tecido social que forma a comunidade universitária muito coesa porque nós temos servidores técnico-administrativos em educação de excelência, com muita dedicação a nossa universidade. E que tecem juntamente com nossos estudantes e docentes essa universidade que tem um tecido forte e colorido”, destacou a reitora. 

“A importância desse seminário é estar exatamente na congregação dos saberes, da expectativa de vários trabalhos – mais de 102. Para o momento que estamos vivendo de pandemia o recado principal é mostrar que a UFRJ continua unida e se integrando cada vez mais. Esse Sintae é fruto da participação e da integração de todo o grupo, não só da PR4”, complementou a diretora da Divisão de Desenvolvimento da Pró-Reitoria de Pessoal (PR-4), Mônica Marques.

A técnica em assuntos educacionais da Divisão de Desenvolvimento da PR-4, Viviane Oliveira, apresentou dados da sua pesquisa sobre a atuação das mulheres nos 100 anos da UFRJ. A cerimônia de abertura do seminário foi encerrada com a participação artística da cantora e compositora Marcela Sá. 

Luzia Araújo, pró-reitora de Pessoal, também estava presente na abertura do seminário com outros integrantes da PR-4, a  superintendente de Planejamento, Rita Anjos, e a coordenadora de Políticas de Pessoal, Rejane Barros. 

Programação

As atividades, entre vídeo e pôsteres, comunicação oral, oficinas, minipalestras, e momentos artísticos no fim da tarde prosseguem aaté sexta-feira, 27. A programação completa do VII Sintae pode ser acessada pelo endereço: https://bit.ly/sintae2020

As sessões de vídeo-pôsteres serão realizadas ao longo do período de 24 a 27 de novembro, no formato assíncrono e por meio do canal do Youtube da Pró-Reitoria de Pessoal. A ferramenta de chat da plataforma estará ativa durante esse período para interação entre público e autores.

Confira algumas atividades: 

24/11, terça-feira

Minipalestras

15h – Universidade para os trabalhadores, um projeto para uma gestão democrática. Apresentação: Ana Maria Ribeiro, técnica em assuntos educacionais do CFCH. Moderadora: Adriele Ribeiro.

15h – Promoção da saúde física e funcional em tempos de pandemia e orientações da fisioterapia. Apresentação: Samantha Alegria, fisioterapeuta da CPST/PR4. Moderadora: Mônica Marques.

16h – Momento Artístico. Exibição do vídeo Canção “Aquele Barco”, de Fábio Frohwein. Apresentação: Rafael Barcellos, assistente em administração da DVDE/PR4.

25/11 – Quarta-feira

15h – Minipalestra: Finanças Pessoais. Apresentação: Luiz Antônio Ochsendorf Leal, professor de Finanças Pessoais da FACC/UFRJ. Moderador: Alexandra Santos, técnica em assuntos educacionais do NIDES/CT.

15h – Oficina – Escrita Acadêmica: o que é um projeto de pesquisa? com Isabelle Nobre, técnica em assuntos educacionais do Serviço de Epidemiologia do HUCFF. Moderador: Leonardo Pereira, assistente em administração da DVAP/PR4. 

16h – Momento Artístico – Exibição do vídeoo da Companhia Folclórica do RJ-UFRJ. Apresentação: Rafael Barcellos, assistente em administração da DVDE/PR4.

27/11 – Sexta-feira

9h30 – Encerramento. Momento Artístico com a exibição do  Vídeo: Jongo de Casa, pela Companhia Folclórica do RJ-UFRJ. Apresentação: Rafael Barcellos, assistente em administração da DVDE/PR4.

9h30 às 11h30 – Mesa de encerramento: “A UFRJ debatendo a diversidade nas Instituições de Ensino Superior”, com Denise Góes, coordenadora da Câmara de Políticas Raciais da UFRJ; Daniele Balbi, professora da Escola de Comunicação/UFRJ; Amélia Rosauro, diretora da DIRAC/UFRJ; Adriana Santos, do Centro de Referência para Mulheres CRM-SSA/NEPP-DH/UFRJ; Leda Francisco, professora aposentada de Geografia do Estado do RJ; Jaqueline Gomes de Jesus, professora de Psicologia da IFRJ do Campus Belford Roxo. Moderadora: Luzia Araújo Marques, enfermeira e Pró-Reitora de Pessoal da UFRJ.

11h30 – Momento artístico: MPB com os Irmãos Roberto e Ricardo Crespo. Apresentação: Mônica Marques, diretora da Divisão de Desenvolvimento da PR4/UFRJ. 

 

 

 

 

A contribuição sindical não aumentou, nem houve dupla cobrança.

A confusão se deve ao fato de que, como o pagamento da 2ª parcela do décimo-terceiro passou a ser realizado separado em folha suplementar (a 1º parcela recebemos no salario de junho ou férias, a critério do servidor), o desconto de 1% sobre o décimo-terceiro aparece no contracheque de novembro, incidindo sobre este salário. Não há desconto sobre a 1ª parcela e nem na folha da 2ª parcela.

Esta mudança vem ocorrendo desde 2016 e ainda gera dúvidas. Ao receber a prévia, o servidor verifica um desconto de 2%, o dobro do valor da mensalidade. Porém, o décimo-terceiro é recebido sem o desconto da mensalidade. Na prática, é o de sempre: 1% em cima de cada salário.

A contribuição sindical sobre o décimo-terceiro é uma decisão da categoria e existe desde os tempos de Asufrj. É estatutária, definida em congresso pelos sindicalizados, e só pode ser alterado por decisão congressual.

Esta contribuição estatutária é importante para manter a saúde financeira da nossa entidade, garantir o pagamento do décimo-terceiro dos funcionários do sindicato (departamento jurídico, administrativos, jornalistas, professores dos diversos cursos que o Sintufrj oferece aos sindicalizados etc) e pagar todas as despesas extras existentes como IPVA dos veiculos.

A diretoria do SINTUFRJ, como vem procedendo desde de sua posse, disponibilizará no Portal da Transparencia do SINTUFRJ o balanço financeiro e utilização desse recurso, sempre revertido para a luta e conquista da categoria.

Direção do Sintufrj
Gestão Ressignificar

 

Estão suspensas as internações eletivas (quando há necessidade de uma investigação ou uma biópsia, por exemplo) no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), da UFRJ, por causa superlotação na emergência (o que inclui casos de covid). As cirurgias eletivas seguem normalmente.

O HUCFF se destacou recentemente no atendimento de pacientes de covid-19, mas com o recrudescimento dos casos vive uma situação grave: parte dos contratos emergenciais (que garantia e pessoal necessário para a quantidade de leitos) terminou e o Hospital do Fundão, como é conhecido, fechou 60 leitos. Com menos leitos, a emergência está lotada.

O diretor médico do hospital, Alberto Chebabo, disse que os leitos foram fechados porque não há mais recursos do MEC para covid que garantia os contratos firmados meses atrás. 

“Se é primeira ou segunda onde, não faz diferença. A questão é que está aumentando o número de casos, as pessoas estão se expondo mais e a gente tem menos leito de covid em relação ao que tínhamos há seis meses”, disse. “Os hospitais voltaram a operar e atender outras patologias e acabaram os contratos temporários”.

Os contratos tinham três meses de validade. Alguns terminaram em novembro, outros terminam em dezembro.  O contrato com a empresa pública Rio Saúde, por exemplo, termina dia 31 de dezembro e não há certeza de que será renovado. E em janeiro é possível que mais leitos venham a ser fechados. 

“Temos menos leitos como um todo, por isso a emergência está superlotada, Além disso, o hospital teve que redirecionar leitos (que serviam a pacientes de covid) para atender a outros pacientes como do CTI Cirúrgico”, diz o médico, ponderando que o certo seria abrir leitos a mais para covid e não utilizar os que já existem. 

Chebabo afirma que o hospital tem espaço e material para manter os leitos, só não tem pessoal, como enfermeiros, médicos e fisioterapeutas que compõem a estrutura necessária. “Todos estes foram embora. Os contratos com as empresa acabaram”, diz o diretor explicando que entre eles, estavam 140 técnicos de enfermagem, 64 enfermeiros e 38 médicos. 

O diretor lembra outros fatores para a falta de pessoal, como as aposentadorias que não foram repostas, a falta de concursos, pessoal de licença e férias que foram suspensas no primeiro semestre, mas que agora precisam ser tiradas.

Grave

“Está muito grave a situação, por isso tivemos que suspender internações eletivas clínicas porque é preciso dar fluxo aos pacientes que estão na emergência. É preciso ter leito nos andares para desafogar a emergência”, disse Chebabo explicando que os pacientes não são todos de covid-19, embora reconheça que de fato está tendo um aumento de casos: “isso é nítido”.

Se a alta de casos se mantiver, disse o médico, pode acontecer um estrangulamento. “Ficar sem leito mesmo. Vai sobrecarregar as Upas sem capacidade de internação”, diz ele, alertando que a população precisa entender que se está enfrentando um momento crítico e deixar de se expor. 

Essa situação (fim de contratos, queda no número de leitos), como lembra o diretor médico, não acontece só no Rio de janeiro, embora em nossa cidade, o cenário esteja crítico, com hospitais públicos e privados lotando leitos. Assim, lembra ele, prefeitura, governo do estado e Ministério da Saúde, deveriam estar se preocupando em liberar recursos para os contratos emergenciais. 

 

 

“A situação da população negra no Brasil” – evento que destacou como a identidade negra é preciosa e deve ser defendida – foi o tema da live promovida pelo Centro de Tecnologia (CT) da UFRJ, na quarta-feira, 18, para celebrar o 20 de Novembro: Dia da Consciência Negra.  

Alunas da Escola de Educação Física e Desportos da UFRJ, Jacki e Gabi  abriram a live coreografando a música “My Powe”, da Beyonce, e o coral do CT cantando “Kizomba” encerrou o evento. A transmissão foi pelo Facebook e o canal da unidade no Youtube, entre às 15 e 17h, e está disponível para qualquer pessoa. 

Participaram do debate a coordenadora do Sintufrj, Noemi Andrade, a cientista política do Núcleo de Políticas Públicas em Direitos Humanos (NEPP-DH) da UFRJ, Fernanda Barros, e a pesquisadora e organizadora do livro Mulheres Negras Brasileiras, Sandra Colemann. Atuou como mediadora a técnica-administrativa e integrante da Câmara de Políticas Raciais e da Comissão de Heteroidentificação da UFRJ, Selma Ribeiro.  

Políticas públicas

Fernanda Barros defendeu a aplicação de políticas públicas para a população negra:

“A gente precisa de medidas antirracistas pontuais, que sejam implementadas de fato pelo Estado brasileiro de forma a subtrair da população negra dados sócio-econômicos que trazem uma série de desigualdades relacionadas ao grupo. Termos uma comemoração de fato sobre a importância cultural e em termos ideológicos da identidade negra. Mas temos a morte da juventude negra que ainda é um quadro bastante desanimador. Medidas públicas precisam ser diferenciadas e colocadas em vigor. Então esse discurso da meritocracia, da democracia racial e que o Brasil não apresenta conflitos de raça é uma grande falácia”. 

Noemi de Andrade destacou a importância de identificar a população de trabalhadores negros na UFRJ e informou sobre a  realização do censo na universidade com este objetivo:

“É importante que a gente traga para esse mês a reflexão sobre essa realidade desigual e o quanto temos que fazer para a implementação de ações afirmativas e de políticas públicas para a  população negra no Brasil. É importante também trazer essa discussão para a UFRJ. Pelo racismo institucional e estrutural até hoje a universidade não consegue ter um dimensionamento da população de trabalhadores negros que possui, entre técnicos e professores. O NEPP-DH fará um censo para saber onde estão os negros na UFRJ; quantos somos e onde estamos localizados. Essas informações são necessárias para sabermos até aonde a gente tem que chegar e qual é o tamanho do espaço ocupado pelos negros na UFRJ, traçar seu perfil étnico”.

Segundo a dirigente, há 30 anos a discussão sobre racismo não ocorre na universidade, mas que a população negra luta no dia a dia para que a UFRJ seja mais transparente nas questões de raça.  Ela afirmou que 20% de reserva de vagas para negros e pardos (conforme determina a lei) ainda é muito pouco. “Em 2022 a política de cotas será revista e nós temos que ter esse balanço para apresentar à sociedade e para termos uma universidade muito mais colorida, com muito mais representatividade do povo negro”, concluiu.

A pesquisadora Sandra Colemann compartilhou sua experiência nos Estados Unidos, onde produziu uma exposição em 2017 na Universidade do Estado de Nova Iorque, instituição na qual também cursou seu mestrado, colocando em evidência o racismo vivido pelas mulheres negras brasileiras. 

“Resolvi fazer a exposição para mostrar que temos mulheres negras acadêmicas no Brasil e revelar casos de racismo de 50 mulheres negras brasileiras. Muitas das narrativas destas mulheres estão no livro “Mulheres Negras Brasileiras – Presença e poder”,  sendo que 13 dessas mulheres são divas e participam ativamente do movimento negro no Rio de Janeiro”.