A UFRJ transferiu o feriado do dia do Servidor Público para a próxima 2a feira . Desta forma, a direção do sindicato decidiu estender o feriado para todos os trabalhadores do SINTUFRJ. Encerraremos o expediente amanhã as 17h, retomaremos somente na 4a feira.

O Movimento Barrar a Ebserh na UFRJ convoca a população para comparecer e/ou acompanhar pelas mídias sociais a audiência pública sobre a “Rede SUS/RJ: situação do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ”, nesta sexta-feira, 29, às 15h, na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro.

Por que é importante a participação de todos?
A UFRJ hoje é a única universidade federal do Rio de Janeiro que ainda resiste bravamente à implementação da gestão administrativa da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – Ebserh, em seus hospitais universitários (HUs).

Precisamos estar atentos a manobra utilizada para que uma empresa de direito privado terceirize os serviços públicos, o que reduz a autonomia universitária e precariza o funcionamento dessas unidades.

É inaceitável que um complexo hospitalar com nove unidades, como é a UFRJ, que atende a comunidade do município e do Estado do Rio de Janeiro pelo SUS, com base nos pilares ensino, pesquisa e extensão e oferecendo atendimento para casos de alta complexidade, seja submetido a esse retrocesso!

Um grande exemplo da relevância e eficiência para a população foi a atuação do Hospital Universitário, no Fundão, na luta contra o convid-19 desde o início da pandemia no país.

Lutaremos para que a decisão tomada em 2013 pela UFRJ de não adesão à Ebserh seja mantida e o dinheiro público investido na saúde pública, como também que as promessas de campanha da atual reitoria sejam honradas.

Contamos com a participação de todos vocês!
.Em defesa dos Serviços Públicos
#ForaEbserhnaUFRJ
#ForaBolsonaro #ForaMourão
#ABAIXOaPEC32 !
.

 

 

Nesta quinta-feira, 28 de outubro, mesmo debaixo de chuva os servidores públicos federais, estaduais e municipais se reuniram na Candelária, no centro do Rio de Janeiro, para dizer NÃO à “reforma Administrativa” de Guedes e Bolsonaro, a PEC 32/20, e repetir em alto e bom som FORA BOLSONARO!

 

Outdoor que o Sintufrj, em conjunto com outras entidades, instalou convocando para o ato

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Presidente da CUT participa, em Brasília, do Dia Nacional de Lutas contra a reforma administrativa (PEC 32). “Essa luta é de todos nós, porque o serviço público é essencial a todos e deve ser defendido”

Publicado: 28 Outubro, 2021/Escrito por: Vanilda Oliveira

FOTO: LEANDRO GOMES

O presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, conclamou toda a classe trabalhadora e movimento sindical a apoiar e se engajar na luta dos servidores e servidoras públicos contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 32, da reforma Administrativa, em tramitação no Congresso Nacional. “Essa luta é de todos nós, porque o serviço público é de todos e tem de ser defendido por todos os brasileiros e brasileiras, afirmou Sérgio Nobre durante ato em Brasília no final da manhã de quinta-feira, 28.

foto: LEANDRO GOMES

Neste 28 de outubro, Dia do Servidor Público, as entidades e sindicatos que representam o setor nas três esferas (municipal, estadual e federal) realizaram atos, manifestações, mobilizações, assembleias em todos os estados em protesto contra a PEC 32, “proposta do governo criminoso de Bolsonaro, que tem o objetivo de desmontar e entregar o serviço público e acabar com os direitos dos servidores”, como afirmou Sérgio Nobre.

Em Brasília, o ato começou às 9h, com caminhada do Espaço do Servidor até o Ministério da Economia, local onde, a partir das 11h30, dirigentes sindicais da CUT e de outras centrais falaram à militância e saudaram o dia e a luta permanente travada pela categoria contra a reforma administrativa.

“É simbólico e importante que o nosso ato de hoje aqui em Brasília tenha sido realizado em frente ao Ministério da Economia, que tem um banqueiro como ministro, que leva sua fortuna para fora do país; em qualquer outro lugar do mundo, ele já estaria fora do governo”, disse o presidente nacional da CUT se referindo a Paulo Guedes, que no início do governo, chamou os servidores de parasitas.

Sérgio Nobre destacou a importância da unidade do movimento sindical ante à conjuntura do país e, especialmente, na luta contra a reforma Administrativa e aproveitou para ressaltar o trabalho da CPI da Covid. “Esse governo, como já denunciamos desde o início, tem um presidente criminoso, o que ficou escancarado pela CPI da Covid; o presidente tem uma dezena de crimes nas costas e cada dia que ele permanece no governo, impõe mais morte, sofrimento e desemprego ao nosso povo”, afirmou Sérgio Nobre.

Com a PEC 32, complementou o presidente nacional da CUT, “esse governo incompetente e genocida quer desmantelar o serviço público para introduzir formas precárias de contratação, que retiram direitos dos servidores, quer bancar apadrinhamentos e acabar com as carreiras”.

Para Sérgio Nobre, “o povo brasileiro está consciente e sabe o quanto os servidores e serviços públicos são importantes ao país, para a educação, a saúde, importância que ficou ainda mais evidente na pandemia de Covid-19, com o trabalho inestimável do SUS [Serviço Único de Saúde]. Educação e saúde no Brasil, não podem prescindir, jamais, do serviço público”, aponta o presidente nacional da CUT.

O dirigente também voltou a denunciar “o desmonte que Bolsonaro tenta impor às estatais, tentando vender a Petrobras, a Caixa, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). “O Brasil nunca viveu na sua história momento de crescimento que não tenha sido dirigido pelo Estado, com planejamento e investimento do Estado, que não tenha sido por meio das nossas estatais”, afirmou Sérgio Nobre. “Portanto, privatizar essas empresas é acabar com o futuro do nosso país”, complementou.

E olhando para o Ministério da Economia avisou ao governo: “A classe trabalhadora tem tradição de luta, e vocês [Bolsonaro, Guedes, governo] não vão destruir os serviços públicos nem entregar as estatais. Bolsonaro não tem autoridade mais para governar a o nosso país”, afirmou Sérgio Nobre.

O presidente nacional da CUT, por fim, saudou à categoria e exaltou “a resistência e luta exemplar que os servidores e servidoras públicos de todo o país, em todas as esferas, vem travando de forma organizada e unitária.

“Quero parabenizar a todos pela bela manifestação que fizeram em todo o pais conclamar a seguir nessa luta exemplar no nosso pais organizada em todos os níveis, municípios, estado, em âmbito federal”.

Há sete semanas seguidas, os servidores(as) públicos fazem protestos e atos concentrados contra a PEC 32 em todo o país e, especialmente, em Brasília. Nos aeroportos, montam vigílias para recepcionar os parlamentares e avisar que “se votar (a favor da reforma) não volta”. Cobram dos deputados que votem em defesa dos serviços públicos e denunciam a política de privatização e destruição dos direitos por parte de Bolsonaro.

O movimento tem garantido que a PEC não tenha votos suficientes para a aprovação e, por isso, ainda não foi colocada em votação no plenário pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

Confira a íntegra da fala de Sérgio Nobre, hoje, em Brasíl

Mitos e fake news

Segundo dados do Ipea e IBGE, há cerca de 12 milhões de servidores e servidoras públicos, somando os trabalhadores (as) municipais, estaduais e federais, nas três esferas de poder – Executivo, Legislativo e Judiciário. Dados do Banco Mundial indicam uma participação de 12% do emprego público no total de ocupações do Brasil, ou seja, está nas últimas colocações no ranking, formado por 39 países.

Uma das principais armas do governo Bolsonaro para tentar emplacar a reforma administrativa no imaginário popular (e na mídia) é a mentira. Ele utiliza-se de mitos e dissemina fake News para afirmar que há excesso de servidores, que salários são altos e exalta privilégios que só pequeno percentual da categoria tem, a maior pare no Judiciário.

Como afirmam economistas, falar em supersalários de servidores é manipulação discursiva. As despesas com servidores subiram de 9,5% para 10,4% do PIB, de 2011 a 2017.

Metade (50%)  dos servidores públicos no Brasil ganhava, em 2018, até 3 salários mínimos (R$ 2,9 mil à época), enquanto 3% ganhava acima de 20 salários mínimos, R$ 19,1 mil (Ipea). A elite do funcionalismo público, que ganha os maiores salários, fica fora da Reforma.

A média de países da OCDE, segundo dados da organização, gasta em termos absolutos mais que o dobro (2,2 vezes) com servidores públicos do que Brasil, em relação à população. Desde 1996, os gastos com pessoal tiveram quedas consecutivas quando analisados em relação ao PIB potencial do Brasil.

Conforme dados do IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas e Aplicadas), órgão do governo federal, ao longo dos últimos 15 anos, o nível de gastos com salários se manteve praticamente estável ao redor de 10% do PIB.  Já a OCDE informa que o gasto com serviços públicos por brasileiro representa apenas 45% do que é gasto pela média dos países da OCDE.

Em 2006, o gasto com funcionalismo representava 9,77% do PIB. Em 2017, passou a representar 10,74%, um aumento de cerca de um ponto percentual ao longo de 11 anos.

O Brasil precisa de mão de obra no serviço público, precisa de quem dê a vacina, alfabetize as crianças, faça a segurança das escolas. Com a reforma administrativa, o governo praticamente acaba com os concursos para contratações.

Já vem fazendo isso, desde 2019. Para comparar: nos oito anos de Lula (2003-2010) houve 155.334 contratações no setor, de FHC (1995-2002), foram 51.613. Já o governo Bolsonaro reduziu em 44 mil o número de servidores públicos federais (7%).

Live a partir das 19h

Para fazer uma avaliação e balanço dos atos de quinta (28) e saudar o Dia do Servidor e Servidora Público, estava previsto um programa especial, em foramto virtual, com a CUT e entidades que representam os trabalhadores e trabalhadoras do setor público municipal, estadual e federal e convidados do mundo do trabalho.

A live seria transmitida pelas redes da CUT Brasil. Teria saudação de Sérgio Nobre e participação de sindicalistas e parlamentares, que denunciariam a PEC 32 como mais uma das inúmeras ações do governo Bolsonaro para acabar com direitos trabalhistas de servidores e destruir a proteção social apela Constituição de 1988.

Os deputados federais Rogério Correio (PT-MG); Erika Kokay (PT-DF) e Marcelo Freixo (PSB-RJ), que é líder da minoria na Câmara, estariam na bancada da live. O coordenador-técnico do Dieese, Fausto Augusto Jr, também seria entrevistado e falaria sobre as mentiras de Paulo Guedes.

Dirigentes sindicais da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal (Confetam), Federação Nacional dos Servidores Públicos (Fenasepe), Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social (CNTSS) e da Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico. (Proifes) também falariam sobre os retrocessos da reforma Administrativa.

Confetam, Fenasepe, Condsef, CNTE, CNTSS e Proifes são as entidades que formam a Aliança das três esferas da CUT, Junto com sindicatos e servidores e demais centrais sindicais têm se mantido firmes na luta pela derrota da PEC 32, fazendo pressão aos parlamentares para que sejam contrários à PEC 32.

 

 

 

A terça-feira, 26 de outubro, no Serviço de Radioterapia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho foi toda rosa, leve e prazerosa. As pacientes em tratamento contra o câncer de mama e as que receberam alta foram o centro das atenções no evento organizado pelas equipes de profissionais de saúde para celebrar o Outubro Rosa.

O chefe do Serviço de Radioterapia Paulo Cesar Canary e equipe

Este é o segundo ano que o Projeto Humanização do Serviço de Radioterapia realiza a atividade, que constou de palestras, reflexologia podal, maquiagem, distribuição de brindes e homenagens às pacientes que concluíram o tratamento. O evento mobilizou cerca de 50 pessoas e recepcionou 30 pacientes, incluindo as do Serviço de Oncologia.

 “Foi muito gratificante. Mais uma vez conseguimos atingir nosso objetivo, que é a humanização para com cada paciente que por aqui passaram. Todas que participaram ficaram muito emocionadas com o nosso acolhimento e carinho. Elas se encheram de esperanças para continuar a caminhada delas”, comemorou a coordenadora do evento, a técnica-administrativa Cláudia Ramalho.

Cláudia Ramalho, coordenadora do evento

Emoção

“Hoje quero apenas agradecer por não me sentir sozinha. Às vezes surgem reviravoltas na vida da gente e precisamos buscar forças onde não existe. Quero agradecer a Cláudia pelo bem que ela faz às pessoas, motivando-as, dando confiança e fazendo o melhor por nós. Aos poucos começamos a compreender nossa dor e a olhar intensamente para a dor do outro. São dias difíceis e, por isso, façamos o melhor que pudermos que o resultado virá. Obrigada a todos que fazem nossa vida ser viva”, agradeceu  emocionada (e emocionando a todos os presentes), Maria Flaviana Martins.

Ela Também agradeceu à equipe da Radioterapia e elogiou o evento: “Não há palavras para descrever o carinho dos profissionais. Foi uma grande e difícil experiência que vou levar no decorrer de minha vida. Portanto, agradeço a todos por terem cooperado para que eu vencesse essa difícil jornada. Gostei muito de participar do evento. Obtive informações importantes para superar as dificuldades pelas quais passei. Com conhecimento você pode conviver com a doença e aquentar o tratamento”. 

Marcia Dullens enalteceu a excelência do tratamento e o carinho dos funcionários.

“Gostaria de agradecer aos servidores do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho pelo trabalho de excelência realizado com os pacientes, em especial a equipe da Radioterapia, que nos acolheu com tanto carinho, empatia e responsabilidade. Obrigada também pela linda homenagem de conscientização pelo Outubro Rosa. Gratidão.”

 

 

 

 

Com decisão, deputado paranaense perde direitos políticos por 8 anos

Redação Paraná/Brasil de Fato | Curitiba (PR) | 28 de Outubro/ 2021 

Fernando Francischini (PSL) foi acusado de disseminação de notícias falsas sobre fraudes nas urnas eletrônicas durante as eleições de 2018 – Foto: Reprodução

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu pela cassação do mandato do deputado estadual Fernando Francischini (PSL), nesta quinta (28). Com a decisão, Francischini também fica inelegível por oito anos (contados a partir de 2018).

O deputado foi acusado de disseminação de notícias falsas sobre fraudes nas urnas eletrônicas durante as eleições de 2018. Em live no dia das votações do primeiro turno, Francischini afirmava que as urnas haviam sido fraudadas para boicotar a eleição do então candidato Jair Bolsonaro. O vídeo teve seis milhões de visualizações.

Luís Felipe Salomão, relator do caso no tribunal, afirmou que as denúncias feitas pelo deputado são “absolutamente falsas e manipuladoras” e levaram “milhões de eleitores a erro”. “É notório que o recorrido se valeu das falsas denúncias de fraude para se autopromover como uma espécie de paladino da justiça, de modo a representar os eleitores inadvertidamente ludibriados que encontraram no candidato uma voz para ecoar suas incertezas sobre fatos que jamais aconteceram”, completou o relator.

Fernando Francischini (dir.), com Jair Bolsonaro (esq.) e o filho Felipe Francischini (PSL-PR), ao centro Facebook/Reprodução

Os ministros Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Mauro Campbell e Sérgio Banhos acompanharam o entendimento de Salomão. O único voto contrário à cassação e inelegibilidade foi o de Carlos Horbach.

Após a decisão do TSE, Francischini usou as redes sociais para afirmar que irá recorrer da decisão, que, em suas palavras, “afeta mandatos conquistados legitimamente.” 

Edição: Lia Bianchini

 

 

Mulheres camponesas participam de luta contra a sobrecarga de trabalho no meio rural

Raquel Setz. 28 de Outubro de 2021

Desde 2014, a campanha incentiva a participação dos homens do campo no cuidado com a casa e os filhos – Campanha pela Divisão Justa do Trabalho Doméstico

Se todo mundo sentar no sofá e eu for cuidar, eu paro o que estou fazendo e vou para o sofá também

Acordar antes do sol nascer e trabalhar pesado o dia todo: a vida no campo não é moleza para ninguém. E menos ainda para as mulheres. É o que explica Domênica Rodrigues, do Grupo de Trabalho de Mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia (GT de Mulheres da ANA). 

“Ela vai cuidar do roçado, vai cuidar da hortinha que tem no quintal de casa, vai cuidar dos meninos. Então ela tem uma sobrecarga maior porque ela divide o trabalho no roçado, e dentro de casa ela faz sozinha, não tem divisão. Quando nasce uma menina, é como se fosse um alívio pra essa mulher, porque essa menina desde pequenininha —5, 6, no máximo 7 anos de idade — já vai estar com essa mãe dividindo o trabalho que essa mãe faz dentro de casa”, explica. 

A sobrecarga de trabalho doméstico nas mãos de mulheres e meninas é um problema generalizado no Brasil. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), as mulheres se dedicam, em média, a 21 horas de trabalhos domésticos por semana. A média dos homens é de 11 horas por semana. 

Embora não haja dados específicos sobre o meio rural, Domênica aponta que o machismo é ainda muito forte no campo, especialmente entre os homens mais velhos. 

Para mudar essa realidade, nasceu a Campanha pela Divisão Justa do Trabalho Doméstico, que começou em 2014, reunindo várias organizações, como a ANA e a Casa da Mulher do Nordeste. Após um hiato de dois anos, a iniciativa voltou com força total no meio de 2020, durante a pandemia. O desafio é mudar hábitos culturais arraigados, como explica Domênica. 

“O marido foi pra roça, foi pro roçado. Quando ele voltar, ele vai descansar porque tá cansado. E ela, nesse lugar de cuidado, ela garante que esse marido descanse a ponto dele nem precisar levantar da cadeira pra pegar um prato”, exemplifica. 

A agricultora Maria Sueli da Silva diz que na época da mãe e da avó dela era bem assim: todo o trabalho doméstico ficava por conta das mulheres. Mas com ela, a história já é outra. 

“Eu digo logo: ‘Hora de cuidar, vamos cuidar. Eu vou pra cozinha, você vai fazer isso, você vai fazer aquilo’. Divido as tarefas para todo mundo dentro de casa. Se todo mundo sentar no sofá e eu for cuidar, eu paro o que estou fazendo e vou para o sofá também”, afirma. 

Mas a mudança não surgiu do nada. Desde 2015, ela e outras mulheres do município de São José do Egito, no sertão pernambucano, fazem parte da campanha. Por meio de peças de teatro de rua e de panfletagens nas feiras, elas conseguiram quebrar muitos tabus. 

“Não é fácil você mudar a cabeça de um homem. Também do filho, porque tem aquele filho acomodado, que espera que a mãe faça tudo: cozinhar lavar, passar, arrumar menino, fazer a comida, ir pro campo, tudo mais. Foi complicado, muito complicado no início tentar mudar essas pessoas”, relata.  

Antes da pandemia, agricultoras ligadas à campanha organizaram encontros, peças de teatro e panfletagens em feiras em São José do Egito (PE) / Acervo pessoal Maria Sueli da Silva

Para levar a transformação adiante, a campanha aposta nas redes sociais. Para isso, criaram até zapnovelas – que são como aquelas radionovelas antigas, só que compartilhadas pelo WhatsApp. 

A mulherada chegou cedo à associação pra organizar a feira com produtos produzidos por elas. E olha que pra chegar cedo elas acordam antes do galo cantar. Fazem a comida, limpam a casa, cuidam dos filhos, trabalham no quintal e, aí sim, sem perder o ânimo, partem para a associação. E é isso que a gente vai contar  

Domênica está satisfeita com os resultados que vem aparecendo, especialmente entre os homens. 

“A gente tem um retorno do seu Francisco, que é do sertão da Bahia. Ele foi ouvir a zapnovela, e percebeu, com a história de Rosa, que ele fazia igualzinho ao marido de Rosa. E como isso deixou ele constrangido. Quando ele terminou de ouvir, ele levantou pra botar a água do café pra fazer, que era uma coisa que ele não fazia de jeito nenhum, imaginava que era algo só de mulher”, relata.  

Maria Sueli afirma que a divisão das tarefas domésticas tem sido boa para todo mundo: melhora a vida conjugal do casal e deixa a relação familiar mais harmoniosa. 

“Tá bem melhor. Quando a gente divide as tarefas, temos tempo para o lazer, pra sair domingo com a família. Temos tempo pra assistir um jornal, uma novela, um filme, uma série todo mundo junto”.  

Quem quiser conhecer melhor a campanha e ouvir as zapnovelas, basta acessar o Instagram @divisaojustadotrabalho. 

Edição: Daniel Lamir