Países de 53 estados da Europa e da Ásia Central correm o risco de registrarem falta de camas hospitalares e 49 terão, até março, uma situação de grande ou extrema sobrecarga dos serviços de cuidados intensivos

Publicado: 24 Novembro, 2021/ Escrito por: Redação CUT

ALEX PAZUELLO/SEMCOM

 

O surto de covid-19 em vários países da Europa poderá provocar mais de 700 mil mortes em consequência da doença só na região até março de 2022, caso o número de infecções continue subindo.

A projeção é da Organização Mundial da Saúde (OMS), que também prevê o recrudescimento de uma quarta onda da pandemia no mundo.

Caso essa tendência atual se mantenha, o número acumulado de óbitos deverá passar de 1,5 para 2 milhões. De acordo com a OMS, 25 países da região europeia – composta por 53 estados da Europa e da Ásia Central – correm o risco de registrar falta de camas hospitalares e 49 terão, até março, uma situação de grande ou extrema sobrecarga dos serviços de cuidados intensivos.

“Para conviver com este vírus e continuar com o nosso dia a dia, precisamos ir além da vacina. Isto significa receber as doses padrão [da vacina] e um reforço, se necessário, mas também incorporar medidas preventivas nas nossas rotinas”, afirmou o diretor regional da OMS Europa, Hans Kluge, em comunicado divulgado esta terça-feira (23).

Kluge aponta o uso de máscaras de proteção individual em espaços fechados, a higienização das mãos, a ventilação dos espaços, a manutenção do distanciamento físico ou o hábito de cobrir a boca com o antebraço ao tossir.

Estes gestos ajudam a “evitar tragédias desnecessárias e perdas de vidas”, além de limitarem os transtornos na sociedade, destacou o diretor da OMS Europa.

O mundo está entrando em uma quarta onda da pandemia do novo coronavírus, disse a diretora-geral adjunta de acesso a medicamentos e produtos farmacêuticos, a brasileira Mariângela Simão, durante a conferência de abertura de um evento realizado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), nesta terça.

Segundo ela, os casos de covid-19 na Europa podem se repetir em outros países se nada for feito.

Números pandémicos na Europa preocupam OMS

Na semana passada, o número de mortes diárias duplicou para 4.200, e o número de vítimas mortais desde o início da pandemia ultrapassou 1,5 milhões de pessoas, podendo, de acordo com as projeções atuais, crescer para 2,2 milhões até à primavera.

De acordo com o Instituto de Indicadores e Avaliação de Saúde, responsável por fornecer dados à OMS, a covid-19 é atualmente a principal causa de morte na região europeia.

Não vacinados

A rápida transmissão do novo coronavírus se deve, segundo a organização, a vários fatores: o domínio da variante Delta, o levantamento das restrições em todos os países, a descida das temperaturas e o consequente aumento de reuniões em espaços fechados e o grande número de pessoas ainda não vacinadas.

Mais de 1.000 milhões de doses foram administradas no continente, onde 53,5% da população total já completou o esquema vacinal, mas o número implica grandes diferenças entre países: enquanto alguns ultrapassam os 80% da população vacinada, outros não chegam aos 10%.

Por isso, a OMS lembra que as vacinas “são fundamentais” para prevenir a forma mais grave da doença e a morte, e alerta que é necessário aumentar as taxas de imunização, tendo em conta que tudo indica que a proteção proporcionada pela vacinação está a diminuir.

Mortes no Mundo

No mundo, a Covid-19 já provocou pelo menos 5.156.563 mortes em todo o planeta, entre mais de 257,51 milhões infeções pelo novo coronavírus registradas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse (AFP).

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detectado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.

Situação no Brasil

Em 24 horas, o Brasil registrou 284 mortes por covid-19 e 10.312 novos casos em todo o país, segundo dados divulgados nesta terça (23) pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

A média móvel de óbitos, que considera os dados dos últimos sete dias, ficou em 227, e a média móvel de novos casos em 9.214. 

A média móvel de mortes segue abaixo dos 300 desde o dia 1º novembro, quando o Brasil contou 303 óbitos na média de sete dias, conforme dados do Conass.

 

 

 

Abordagem do tema cresceu na última década, mas ainda não faz parte da cobertura cotidiana das redações

Nara Lacerda.Brasil de Fato | São Paulo (SP) |24 de Novembro de 2021 

Manifestações de novembro: matérias sobre o tema triplicam no período, mas no resto do ano debate é deixado em segundo plano – ©Mateus Quevedo

Entre os anos de 2010 e 2020, a imprensa brasileira ampliou a cobertura do tema racismo estrutural, mas esse crescimento não significou a inserção do debate na cobertura diária. Em novembro, mês da Consciência Negra, as matérias sobre o assunto triplicam. No resto do ano, mal chegam às manchetes.

As conclusões estão expostas em um artigo da pesquisadora Tainá Freitas Medeiros, do Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação da Universidade de São Paulo (USP). No texto, O tema do racismo estrutural no jornalismo digital, ela analisa dez anos de publicações quantitativamente e qualitativamente.

Usando o Google Notícias, ferramenta de busca que agrega produções jornalísticas, Tainá analisou a ocorrência do reportagens sobre o tema nos últimos dez anos. Das 737 matérias compiladas, mais de 650 foram escritas entre 2017 e 2020. Antes disso, a quantidade de publicações era tímida. O período de 2016 chegou a apenas 30 resultados e o de 2010 contabilizou somente um. 

O avanço considerável foi influenciado pela criação de iniciativas independentes de jornalismo e pela incidência política dos movimentos negros. Ainda assim, as informações da pesquisa permitem concluir que a cobertura não está inserida no jornalismo brasileiro na medida necessária para combater as práticas racistas que estruturam a vida social do país.

Outra observação importante do estudo se refere à concentração de matérias em determinados períodos do ano. O “novembrismo” é o fenômeno mais explícito. O total de produções no mês da consciência negra dos anos analisados chegou a quase 150. Nos outros meses variou entre 25 e 89.

Segundo o artigo, “esse acúmulo desproporcional nos sugere um padrão de preocupação episódico e circunstancial com o assunto. Esse fenômeno demonstra a necessidade de preenchimento de algumas lacunas na prática jornalística, mas que não estão apenas restritas a elas, refletem o modo como a sociedade brasileira ainda se relaciona com o tema do racismo“.

Houve também uma forte concentração de reportagem em junho, influenciada pelos protestos contra o racismo que tomaram conta do mundo após o assassinato do estadunidense George Floyd, asfixiado por um policial.

Apenas 23 veículos, dos 178 avaliados, publicaram dez matérias ou mais sobre o tema no período de 2010 a 2020. Nessa relação aparecem algumas das grandes empresas de comunicação brasileira, mas a maior parte delas não está entre as que mais falaram tocaram no assunto.

A lista é liderada pelo site da revista Carta Capital, com 58 publicações no período e pelo Brasil de Fato, que aparece junto com o jornal Folha de S. Paulo com 28 matérias. Na outra ponta, com apenas dez matérias, estão, por exemplo, as revistas Veja e Época, da Editora Abril e do Sistema Globo, respectivamente. 

Em 89 das organizações pesquisadas o tema apareceu apenas uma vez ao longo de toda a década. A imensa maioria, 145, se manteve em patamar inferior a cinco matérias no período. A pesquisa lembra que o Brasil tem mais de 3 mil veículos digitais, segundo o Atlas da Notícia de 2020, mas foram localizadas publicações sobre o tema em apenas 178 portais.

Para a análise qualitativa, a autora selecionou 1 texto de cada ano do período até 2017 e 5 produções dos anos seguintes, “o tema predominante dos textos estava ligado à discussão de casos de discriminação flagrante, como por exemplo, campanhas publicitárias, ofensas públicas e falas em programas de televisão cujo caráter explicitamente racista, gerou repercussão em proporções consideráveis” aponta ela no artigo.

Tainá observou também que, mesmo quando o racismo estrutural foi abordado, houve falta de contextualização, principalmente nos veículos de grande porte. Para ela, o viés pode levar o leitor a entender o racismo como um problema moral e individual e não como uma questão que estrutura a sociedade.

“Nos textos que se dedicavam a repercutir os casos de notório racismo, a discussão em geral adotou um tom de repúdio ao fato ocorrido, entretanto, limitou-se a discutir o problema apenas na sua esfera comportamental, restringindo o fato a um tipo de relação interpessoal. As menções feitas ao caráter estrutural do racismo na sociedade brasileira, em sua maioria não foram aprofundadas”.

A pesquisadora conclui que, mesmo com os avanços em anos mais recentes, “a exploração do tema no jornalismo ainda se mostra de algum modo incipiente e em construção. Para ela,  “é preciso cautela com a impressão deixada por alguns textos de que o racismo é uma fatalidade inevitável, que conduz indivíduos a atitudes discriminatórias, e não avança para uma discussão sobre as condições estruturais, institucionais, sociais e políticas”.

Edição: Vivian Virissimo

 

 

 

 

Estudo mostra falta de acompanhamento das ações e descumprimento da determinação do STF que proíbe operações na pandemia

Jaqueline Deister. Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) | 24 de Novembro de 2021

A falta de transparência e a ineficiência no controle das operações policiais no estado do Rio de Janeiro estão entre os principais problemas apontados por pesquisadores – MAURO PIMENTEL / AFP

Nesta quarta-feira (24), um levantamento apontou que em 2020 as polícias do Rio de Janeiro deixaram de comunicar ao Ministério Público (MPE), órgão responsável pelo controle externo da atividade policial, quase metade das operações policiais realizadas entre junho e novembro do ano passado.

O estudo do Grupo de Estudos de Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (GENI-UFF) em parceria com o laboratório de dados Fogo Cruzado, mostra que a falta de acompanhamento das ações e também que foi descumprida a determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) de realizar operações em situações excepcionais durante a pandemia de covid-19.

Segundo o relatório, as polícias militar e civil comunicaram 268 operações ao Ministério Público. Contudo, o levantamento, elaborado a partir de dados coletados na imprensa, aponta que foram realizadas 494 operações no período analisado.

A falta de transparência e a ineficiência no controle das operações policiais no estado do Rio de Janeiro estão entre os principais problemas apontados por pesquisadores da área de Segurança

Pública e contribuem para que situações de alta letalidade das forças policiais como as ocorridas no Jacarezinho, considerada a maior do estado com 28 mortes, e a do Complexo do Salgueiro, no último final de semana com nove mortos, se tornem cada vez mais frequentes.

Segundo Jonas Pacheco, pesquisador da Rede de Observatórios de Segurança no Rio, há uma dificuldade de acessar dados a respeito de operações das polícias que compromete o monitoramento e possíveis soluções para que as forças de segurança atuem na preservação da vida.

“De imediato o que deve ser feito é a transparência das instituições, porque as polícias agirem da forma como agem e não existir nenhum tipo de transparência ou controle acerca das suas próprias ações é muito problemático. Para além das policias não terem esse mecanismo de prestação de conta à sociedade do que está sendo feito, os órgãos da justiça criminal e controle que agem sobre o trabalho das polícias e monitoram esse tipo de evento, deveriam ter uma ação um pouco mais efetiva”, explica o cientista social.

Política de Segurança

Para Pacheco não é possível dissociar a atuação das polícias, que têm a sua letalidade em crescimento desde 2013, do contexto político que investe no enfrentamento direto como principal estratégia para combater o crime organizado. Na avaliação do pesquisador, os próprios agentes de segurança acabam sendo vítimas desta política.

“No momento que você cria uma política de enfrentamento, custe o que custar, sem dar resultado, só pelo fato de enfrentar, isso retorna para o próprio agente de segurança. O dar certo é um fator de uma variedade política, em termo de sociedade fluminense, ninguém ganha com isso, mas alguns setores da sociedade com esse tipo de política, sempre vão se beneficiar”, comenta.

De acordo com o cientista social, enquanto a orientação da política de segurança não mudar, a letalidade policial seguirá batendo recordes de mortes não só no Rio de Janeiro, mas no Brasil como um todo.

“Segurança Pública tem que gerar segurança, preservar vidas acima de tudo, essa é a sua principal função. O que se tem no Rio, e no Brasil como um todo, especialmente de 2018 para cá, com o envolvimento político que abraçou essa bandeira de que o enfrentamento gera algum tipo de resultado, a gente consegue ver que isso não é uma verdade. Os estudos e as pesquisas mostram que não as regiões onde a polícia mais atua, não necessariamente, têm uma redução de crime”, destaca. 

Fonte: BdF Rio de Janeiro/Edição: Mariana Pitasse

 

 

 

Visando ampliar a capacidade do centro cultural, grupo artístico realiza campanha online para manter o espaço e garantir o funcionamento das atividades

FONTE: Por Laís Monteiro, enviado ao Portal Geledés 7/11/2021

Divulgação

O grupo artístico ‘Confraria do Impossível’ realiza campanha online com o objetivo de captar recursos para a manutenção do “Terreiro Contemporâneo”, situado na Lapa, no Centro do Rio de Janeiro. Fundado  pelo bailarino e coreógrafo Rubens Barbot e o coreógrafo e diretor Gatto Larsen, criadores da ‘Cia Rubens Barbot’, primeira companhia de dança negra contemporanêa do Brasi,l que conta com 25 anos de carreira, o centro cultural funciona visando acolher, lapidar  talentos negros por meio da arte e manter o legado negro na cidade.

Sem investimento público, diante da pandemia de Covid-19, o espaço, que já vinha carecendo de uma rede de solidariedade há alguns anos, passou a sofrer ainda mais os reflexos negativos com a paralisação temporária de suas atividades, quase fechando suas portas. Hoje, com o avanço da vacinação contra o vírus acontecendo, o quilombo urbano almeja ampliar sua área em prol de uma missão: visibilizar e transformar vidas de artistas negros.

Segundo o ator, diretor e produtor cultural, Jeff Fagundes, a campanha é de suma importância para manter o espaço de resistência negro aberto e garantir o legado da ‘Cia Rubens Barbot’. “Ela possibilita que a sociedade civil participe desse local, já que não se mantém mais espaços abertos através de ingressos diante do cenário pandêmico, então, conseguiríamos uma sustentabilidade para que o mesmo resista até poder voltar às suas atividades, realize sua reforma e a construção do Teatro Chica Xavier, o primeiro teatro negro do Rio de Janeiro”, explicou.

De acordo com Jeff, essa contribuição proporciona ainda a possibilidade da curadoria investir em obras teatrais e artísticas de grupos negros independentes do estado. Neste sentido, a campanha será mensal, funcionando de modo recorrente, onde a colaboração quita as despesas mensalmente de seu funcionamento. Já os trabalhos apresentados no ambiente, terão seus ingressos vendidos por preços sociais e alguns gratuitos.

Além da ‘Confraria do Impossível’, o quilombo contou com outros grupos teatrais como ‘Emú’, ‘Corpo Cruzado’, ‘Cia Rubens Barbot’, ‘Segunda Black’, dentre outros. Nesse, diversas peças de teatro e dança já foram realizadas. O espetáculo “Mercedes” do Grupo Emú,  por exemplo, sobre a primeira bailarina negra do Teatro Municipal do RJ; é o maior realizador do Cineclube Atlântico Negro; a Mostra 2ª Black; o espetáculo Esperança na Revolta (vencedor do Prêmio Shell por melhor direção).

Espaço de captação e produção de potências negras, no ano passado foi ganhador do Prêmio Shell na categoria Inovação, mostrando sua referência no estado no segmento da cultura do país. Para colaborar com o elo voluntário e fortalecer a reconstrução do centro cultural “Terreiro Contemporâneo”, basta acessar o link: https://benfeitoria.com/assineoterreiro