Começou nesta segunda-feira, 19, as atividades do Sintufrj Itinerante, uma iniciativa da atual gestão com o objetivo de aproximar ainda mais a entidade dos seus sindicalizados.

O Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) foi o ponto de partida desta atuação inédita e necessária da entidade, neste momento conturbado das nossas vidas por conta do coronavírus.

Atendimento no interior da van.

Dever cumprido

Erenildo Eusébio, da Divisão de Transportes do Hospital Universitário, avaliou o Sintufrj Itinerante (confira também no vídeo): “O atendimento foi bom. Maravilhoso! O Sintufrj está fazendo um ótimo trabalho. Acabei de falar com o meu advogado, on line. O Luis, um bom advogado. A vã vai sair daqui e vai para outros lugares, onde o servidor não tem acesso (ao Sindicato)”.

A princípio, o Sintufrj Itinerante atenderá as companheiras e companheiros das unidades de saúde, onde a maioria dos servidores está realizando atividades presenciais durante a pandemia.

Uma vã que faz parte da frota do Sindicato foi adaptada para se transformar no Sintufrj Itinerante.

Entidade forte e atuante

“O Sintufrj Itinerante oferece atendimento jurídico personalizado nas áreas civil e trabalhista on line, como também de demandas administrativas, como convênios, entre outras prestações de serviços da entidade aos servidores sindicalizados. É como se estivessem na sede ou subsedes do Sindicato”, disse a coordenadora-geral, Neuza Luzia.

A dirigente também fez questão de destacar que sempre estará presente na ação o Sintufrj vai até você a direção da entidade. “Para esclarecer dúvidas e acolher e encaminhar questões relacionadas ao dia a dia da servidora ou servidor no seus setor de trabalho, auxiliando em seus projetos e resolvendo problemas. A iniciativa da nossa gestão visa aproximar ainda mais a entidade dos sindicalizados e, com isso, tornar o Sindicato mais forte e mais atuante, porque é o sindicalizado quem faz sua entidade de classe forte e atuante”, lembrou Neuza Luzia.

Roteiro

Nesta terça-feira, 20, o Sintufrj Itinerante estará na Maternidade Escola; na quarta-feira, 21, no Instituto de Ginecologia e na quinta-feira, 22, no Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG). Sempre das 10h às 16h.

 

 

Kauan Alves de Almeida, 16 anos, queria ser cantor de funk. Na manhã de Natal do ano passado, o sonho deixou de existir após o jovem ser assassinado com uma bala no rosto por policiais militares em uma rua na favela Alba, zona sul da capital paulista. Como Kauan, oito a cada dez pessoas mortas pela polícia em 2019 eram negras segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2020.

Das 6.357 vítimas de violência policial no ano passado, a maior parte, 99% era formada por homens. O documento, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), levou em conta boletins de ocorrências fornecidos por 23 estados — apenas Acre, Amapá, Amazonas e Rio Grande do Norte não encaminharam dados. No comparativo com o número do ano anterior (6.175), houve um aumento de 2,9% na quantidade de mortos por agentes do estado.

“A gente está olhando para os números e percebendo que, enquanto o Brasil faz de conta que não tem problemas raciais, um racismo estrutural que organiza as relações sociais do país, quem morre e quem mata são exatamente proporcionalmente muito mais negros do que brancos”, avalia Renato Sergio de Lima, presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Além da raça, as vítimas de intervenção policial guardam outra semelhança com Kauan. Três a cada quatro eram jovens, com idades entre 15 a 29 anos:

  • 23,5% tinham entre 15 e 19 anos;
  • 31,2% tinham entre 20 e 24 anos;
  • 19,1% tinham entre 25 e 29 anos.

É cruel perceber, na prática, que as vítimas de todos os lados desse confronto que não faz o menor sentido são as mesmas. Entre os policiais e entre a população como um todo nós estamos matando negros.”
Renato Sergio de Lima, presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública

Em 2019, 74,4% das 39.561 vítimas de homicídio eram negros. O índice sobe, para 79,1% quando o autor do assassinato foi um policial. Para Amanda Pimentel, pesquisadora do FBSP, a matança de negros pelas forças policiais é algo que virou parte da cultura policial.

“Quando a gente tenta pensar as mortes violentas, em especial as da polícia, isso se dá tanto porque vivemos em um país de herança escravocrata, quanto porque a raça incide nesses eventos violentos”, disse ao UOL.

Segundo o Anuário, a maioria dos policiais assassinados (65%) era preta ou parda. Somente no ano passado, foram registradas as mortes de 172 policiais civis e militares — 62 enquanto trabalhavam. O número pode ser maior, já que o estado de Goiás não apresentou informações, segundo o Fórum.

Tudo isso demonstra que, embora não assuma o racismo, a prática policial possui categorias raciais que usam para reconhecer, como cor da pele, vestuário, fala e território que se vive.”
Amanda Pimentel, pesquisadora do FBSP

Para cada policial assassinado no Brasil em 2019, 37 pessoas foram mortas por policiais,

de acordo com o Anuário. Como base de comparação, o FBI, nos Estados Unidos, avalia como “aceitável” a proporção de um policial morto a cada 10 civis mortos por policiais. Isso, segundo especialistas em segurança pública, aponta que a polícia brasileira mata mais do que deveria.

Professor de Gestão Pública da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Rafael Alcadipani também vê na discriminação racial um fator preponderante para a quantidade de negros mortos pela polícia.

“Os dados mostram como o Brasil é um país violento, principalmente contra a população negra. Esse racismo se manifesta nesses números”, pontuou.

Não dá para falar de segurança pública sem falar da segurança pública no contexto racializado. Não dá para fugir desse debate.”
Renato Sergio de Lima

Preconceito

O argumento da pesquisadora Amanda Pimental, de que vestimentas e território levam policiais a mirar jovens negros, é ecoado pela cabeleireira Jade Alves de Paula, 41 anos, para explicar a morte de seu filho. Para a mãe de Kauan, o jovem foi assassinado “por ser negro e andar como ele andava”.

Ela conta que o adolescente chegou a sua casa às 8h50 naquele 25 de dezembro com a namorada após passar a madrugada curtindo em um baile funk na comunidade. Tomou banho e saiu novamente para tomar açaí. Foi quando chegou um carro suspeito, seguido pela polícia. Kauan foi alvejado pelos agentes.

A versão dos policiais é diferente. Segundo eles, um trio teria roubado um carro nas imediações da estação Conceição do Metrô por volta das 9h. Este seria o mesmo veículo que passou pela casa de Jade. Após receberem voz de prisão, os três fugiram. A perseguição se estendeu por cerca de dois quilômetros até chegar à Favela Alba. Os homens teriam descido atirando, o que obrigou os PMs a revidar.

Ele era perseguido desde os 14 anos pela forma como andava e por ser negro. Ele tinha o sonho de ser MC, então andava com correntes, boné torto. Tenho testemunha que viu que meu filho levantou as mãos e dizia ‘eu não estou com nada’, mas os policiais atiraram.”
Jade Alves de Paula, cabeleireira

Procurada pela reportagem do UOL para informar a situação dos policiais envolvidos, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo não se pronunciou sobre o andamento do caso. Se enviado, o pronunciamento será incluído nesta reportagem.

A família de Kauan Alves de Almeida é acompanhada pela Rede de Proteção e Resistência contra o Genocídio, coletivo que tem como finalidade atuar em territórios em que a violência policial é cotidiana. Além de acompanhar os casos e cobrar que o Ministério Público designe promotor para atuar nos inquéritos, a Rede oferece auxílio psicológico a familiares das vítimas.

Articuladora da rede e pesquisadora do Conselho Latinoamericano de Ciências Sociais, Marisa Feffermann diz procurar respostas para “qual motivo um profissional no exercício do seu trabalho mata um adolescente de 16 anos às 9h da manhã do dia 25 de dezembro”.

“Para a sociedade e especialmente a polícia, existe uma cor do considerado sujeito criminoso, como nos tempos de Lombroso [psiquiatra italiano]. Para o braço armado do estado, este sujeito suspeito é o negro. Essa suspeição se torna certeza se o negro for morador de territórios vulnerabilizados”.

População carcerária

Se nas ruas os negros são as maiores vítimas de assassinatos, eles também fazem parte da maior parcela da massa carcerária brasileira. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 755.274 pessoas estavam privadas de liberdade no ano passado.

Dessas, 66,7% eram negras e 32,3% brancas. No ano de 2005, o total de presos negros representava 58,4% da população carcerária total naquele ano.

 

Uma lei de fevereiro deste ano, assinada pelo próprio Bolsonaro, prevê a possibilidade de realização compulsória de vacinação

Matéria retirada do site da CUT.

Do mesmo jeito que politizou o combate à pandemia do novo coronavírus desde o início, dizendo que era uma mera gripezinha e que não era necessário fazer isolamento social, como vinham decretando governadores e prefeitos em todo o Brasil, Jair Bolsonaro (ex-PSL) agora trabalha contra a vacina para prevenir à Covid-19.

Nesta segunda-feira (19), Bolsonaro afirmou a apoiadores que a vacinação contra a doença não será obrigatória no Brasil, indo na contramão, mais uma vez, do que diz os especialistas da área da saúde, e até de uma lei aprovada em fevereiro deste ano, sancionada pelo próprio presidente, que prevê a possibilidade de realização compulsória de vacinação em massa da população.

“O meu ministro da Saúde já disse claramente que não será obrigatória esta vacina e ponto final”, disse Bolsonaro a apoiadores na entrada do Palácio da Alvorada, se referindo a Eduardo Pazuello, que por sua vez, não quer usar a vacina da China, que está na fase final de testes em parceira com o Instituto Butantã, de São Paulo, estado governado por João Doria (PSDB), ex-aliado de Bolsonaro nas eleições de 2018.

A declaração de Bolsonaro vem logo após as afirmações de Doria, que disse que a vacinação contra o novo coronavírus em São Paulo será obrigatória, exceto para pessoas que apresentem alguma restrição avalizada por um médico.

Doria disse que não haverá politização em relação à vacina e que espera a mesma postura por parte do presidente, que foi criticado mais uma vez pelo governador por sua ação durante a pandemia.

A briga de Bolsonaro e Doria acontece no momento em que a pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Margareth Dalcolmo, afirmou que não terá vacina contra Covid-19 neste ano, como havia prometido o governador. Ela explicou que, apesar dos laboratórios estarem evoluindo bem, é preciso ter um controle rigoroso antes da liberação.

“Não acredito que tenhamos nenhuma vacina possível e passível de ser aplicada nas pessoas ainda no correr do ano de 2020”, disse em entrevista à Globo News neste domingo (18).

O Ministério da Saúde tem parceria com a vacina britânica AstraZeneca, que é desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela AstraZeneca, sendo uma das mais promissoras no mundo. No Brasil, a tecnologia será desenvolvida pela Fiocruz, fundação do Ministério da Saúde. Assim como o presidente dos Estados Unidos Donald Trump, Bolsonaro politiza a vacina chinesa CoronaVac, que tem parceria com o governo paulista.

Nesta segunda-feira (19), por volta das 12h48, o governador João Doria apresentou os resultados dos testes da vacina chinesa. Segundo o governador, essa é a vacina mais promissora no Brasil. Doria se mostrou otimista sobre a vacina CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac.

Ainda de acordo com ele, se a vacina se mostrar eficaz, a distribuição começará em 15 de dezembro, com prioridade para profissionais de saúde. Na sequência, serão vacinados professores e portadores de doenças crônicas que podem agravar a infecção pelo coronavírus.

A Sinovac prevê a entrega de 60 milhões de doses da CoronaVac até fevereiro de 2021, entre as entregues já prontas e as envasadas no Instituto Butantan, que assumirá a tecnologia de produção que permitirá a produção local para distribuição no Brasil.

Bolsonaro colocou em dúvida a qualidade da vacina CoronaCac. “Tem que ter comprovação cientifica, né? ”.

Vacina Russa

Outra vacina que também está em fase de testes em coparcerias entre governos estaduais no Brasil é a “Sputnik V”, da Rússia. Nesta segunda, o CEO do Fundo Soberano da Federação da Rússia, Kirill Dmitriev, disse que a Rússia já começou a fazer a transferência de tecnologia para o laboratório União Química produzir no Brasil uma vacina russa contra a Covid-19.

A primeira entrega de vacinas para a América Latina ocorrerá em dezembro, segundo o executivo. Em janeiro de 2021, a entrega deve ser muito maior e mais rápida.

O governo russo fez acordos com a Bahia e o Paraná. Com a Bahia, o Fundo Soberano fez acordo para fornecer até 50 milhões de doses da primeira vacina registrada contra vírus.

 

 

Luis Arce, candidato apoiado por Evo Morales, vence eleição na Bolívia no primeiro turno, indica pesquisa de boca de urna

Matéria retirada do site da CUT

“Recuperamos a democracia e a esperança”. Essas foram as primeiras palavras do candidato do Movimento ao Socialismo (MAS), Luis Arce Catacora, após a divulgação da contagem rápida com 95% do padrão eleitoral, realizado pela empresa Unitel. De acordo com os dados,  o candidato, apoiado pelo ex-presidente Evo Morales, venceu as eleições realizadas neste domingo (18) na Bolívia já no primeiro turno. Os dados não são oficiais, mas uma pesquisa de boca de urna.

De acordo com o levantamento, Luís Arce obteve 52,4%; Carlos Mesa, 31,5% e Fernando Camacho, 14,1%.

Desde a Casa do MAS em La Paz, ao lado de apoiadores, Arce saudou os bolivianos e destacou a jornada pacífica realizada na Bolívia.

“Vamos governar para todos os bolivianos, vamos construir um governo de unidade nacional”, ressaltou, antes de destacar seu compromisso com a retomada do desenvolvimento econômico do país.

Jeanine Añez, que se autoproclamou presidenta do país após o golpe de Estado contra Evo Morales, também reconheceu o resultado eleitoral e a tendência demonstrada pela pesquisa de boca de urna: “Ainda não temos o resultado oficial, mas pelos dados que contamos o sr. Arce e o sr. Choquehuanca ganharam as eleições. Felicito os ganhadores e lhes peço que governem pensando na Bolívia e na democracia”.

A demora na divulgação da pesquisa de boca de urna, que historicamente é difundida a partir do fechamento dos centros de votação, provocou indignação em todos os setores do país.

Mais cedo, em conferência de imprensa, o ex-presidente Evo Morales reafirmou a vitória do MAS e pediu que as entidades do país reconheçam o resultado da votação com a vitória de Arce para a presidência da Bolívia.

Confira a íntegra do comunicado de Arce.

 

 

1 – A prévia dos contracheques desse mês de alguns servidores não traz o ressarcimento para quem tem plano de saúde por meio do Sintufrj.

2 – A explicação dada ao sindicato pelo setor de benefícios da UFRJ foi a de que na operação de recadastramento da lista de servidores que usam plano de saúde alguns nomes ficaram de fora.

3 – Ainda segundo a PR-4, se o problema não for sanado a tempo de ser corrigido na folha de pagamento deste mês (que sai no início de novembro), o ressarcimento virá de forma retroativa na próxima folha.

4 – Importante: o Sintufrj encaminhou à PR-4 em 31 de julho a lista com todos os nomes dos servidores com planos de saúde por meio da entidade.

Gestão Ressignificar – Sintufrj

 

 

 

Na sexta-feira, 16, a direção do Sintufrj, acompanhada dos  advogados trabalhistas da entidade, se reuniu com a equipe técnica da Pró-Reitoria de Pessoal (PR-4), com o objetivo de acertar detalhes para o agilizamento institucional do direito à contagem de tempo especial para os técnicos-administrativos da UFRJ que recebem os adicionais de insalubridade e periculosidade, conforme foi reconhecido pelo STF.

Segundo a coordenadora-geral do Sindicato, Gerly Miceli, ficou decidido que, a partir de segunda-feira, a Pró-Reitoria de Pessoal fará reuniões com os chefes dos setores de Recursos Humanos das unidades com o propósito de organizar as rotinas necessárias para que o servidor ingresse com os requerimentos e se dê início aos processos.

Gerly explicou que os processos não serão físicos, mas encaminhados pela plataforma SEI (Sistema Eletrônico de Informação da UFRJ), o que também exige a criação de rotinas, por isso, a necessidade de tempo para organização dos métodos de trabalho a serem adotados.

Durante a semana, antes da reunião com a PR-4, o Sintufrj protocolou, na Reitoria, requerimento e notificação extrajudicial, reivindicando as providências cabíveis para os encaminhamentos necessários para pôr em prática a decisão do STF.

Passo a passo

A partir do dia 26, por meio de suas mídias sociais (watsapp, facebook, site, instagran), o Sintufrj divulgará um passo a passo a  ser seguido pelos servidores que recebem os adicionais ocupacionais para que garantam o direito à contagem de tempo especial, como também colocará à disposição deles, os modelos de requerimentos necessários para dar entrada no processo, que serão encaminhados pela Reitoria.

“Nós, da direção do Sintufrj, avaliamos que a conquista desse direito é resultado de uma luta política e jurídica antigas, e que tudo faremos para que seja concretizado. Porque as trabalhadoras e os trabalhadores merecem, porque é uma questão de justiça”, afirmou Gerly.

Atenção! O Sintufrj disponibilizou três telefones para esclarecimento de dúvidas e para orientações. Anote: (21) 96549-4112, 96549-3179 e 96549-3033.

 

 

É a maior taxa de desemprego desde o início da pandemia do novo coronavírus. Em cinco meses, mais de 4,1 milhões de trabalhadores ficaram desempregados

Matéria retirada do site da CUT.

A taxa de desemprego da quarta semana de setembro ficou em 14,4%, atingindo 14 milhões de trabalhadores e trabalhadoras, de acordo com a PNAD COVID19, divulgada nesta sexta-feira (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É a maior taxa desde o início da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).

Em cinco meses, mais de 4,1 milhões de brasileiros ficaram desempregados por causa da pandemia, que agravou a crise econômica no país. Na primeira semana de maio, a taxa de desemprego era de 10,5% e atingia 9,8 milhões de trabalhadores. Entre a primeira semana de maio e a quarta semana setembro aumentou em 43% o número de desempregados no país.

Na avaliação dos técnicos do IBGE, na quarta semana de setembro subiu mais o numero de trabalhadores procurando emprego porque os governos iniciaram o processo de flexibilização das medidas de distanciamento social que vinham sendo decretadas desde março para conter a disseminação da Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus.

Desemprego por Região

Dos 14 milhões de desempregados na penúltima semana setembro, 6,3 milhões estavam na Região Sudeste (6,3 milhões), que é a mais populosa do país.

Mas foi na Região Nordeste onde foi registrada a maior alta no número de desempregados, que passou de 2,3 milhões na primeira semana de maio para 3,9 milhões na penúltima de setembro, o que corresponde a uma alta de 69% no período.

A Região Norte registrou a segunda maior alta e número de desempregados passou de 890 mil para 1,3 milhão – um aumento de 46,9%.

Já o Sudeste, registrou alta de 39,2% no número de desempregados, passando de 4,3 milhões para 6,3 milhões.

No Centro-Oeste, o total de desempregados aumentou de 819 mil para 1 milhão (+25%).

Na Região Sul, passou de 1,3 milhão para 1,5 milhão (+16,5%).

2,2 milhões de pessoas deixam o isolamento social rigoroso

Com a reabertura da economia, as pessoas também passaram a flexibilizar medidas como o distanciamento social, que aumentou no final de setembro. O grupo de pessoas que ficou rigorosamente isolado (31,6 milhões) diminuiu em 2,2 milhões, na comparação com semana anterior.

Aumentou também o número pessoas que não tomou nenhuma medida de restrição para evitar o contágio pelo novo coronavírus. Esse contingente cresceu 937 mil em uma semana, chegando a 7,4 milhões de pessoas.

A maior parte da população (86,7 milhões) afirmou ter reduzido o contato com outras pessoas, mas continuou saindo de casa ou recebendo visitas na quarta semana de setembro, um milhão a mais na comparação com a semana anterior. Já quem ficou em casa e só saiu em caso de necessidade somou 84,6 milhões. Esse número ficou praticamente estável em relação a semana anterior.

13,9% dos estudantes não tiveram atividades na quarta semana de setembro

A PNAD COVID19 também mostra que, na quarta semana de setembro, dos 46,1 milhões de estudantes que estavam matriculados em escolas e universidades, 39,2 milhões (85%) tiveram alguma atividade. Número estável. Outros 6,4 milhões (13,9%) não tiveram atividade. O restante estava de férias (1,1%).

A pesquisa detalha, ainda, que apenas 26,1 milhões (66,7%) tiveram atividades escolares durante cinco dias da semana. Outros 807 mil estudantes (2,1%) só tiveram atividades uma vez por semana.

De acordo com o IBGE, esta é a última divulgação da PNAD COVID19 semanal, versão da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua realizada com apoio do Ministério da Saúde para identificar os impactos da pandemia no mercado de trabalho e para quantificar as pessoas com sintomas associados à síndrome gripal no Brasil.

A coleta de dados por telefone continuará, para subsidiar as edições mensais da pesquisa, que devem continuar até o final do ano, trazendo dados por unidade da federação e desagregações segundo características sociodemográficas e de trabalho.

A PNAD COVID avalia o mercado de trabalho, mas não pode ser comprada a  Pnad Contínua, que é usada como indicador oficial do desemprego no país, devido às características metodológicas, que são distintas.

Os dados da Pnad Contínua mais atuais são referentes a julho, quando o país atingiu taxa de desemprego recorde, de 13,8%, com mais de 13,1 milhões de brasileiros em busca de uma oportunidade no mercado de trabalho.

 

 

Os autores vencedores no 1º Fórum Técnico-Administrativos em Educação da UFRJ organizado pelo Sintufrj receberam notebooks como prêmios. Os trabalhos escolhidos, entre 27 apresentados, foram respectivamente: “O malabarismo impossível do trabalho remoto na maternidade” (1º) apresentado por Clara Saraiva e Maíra Alves; “O centenário da UFRJ (1920-2020) e a Memória Institucional” (2º), de Andrea Cristina de Barros Queiroz; e “Resistência e Reforma Administrativa por “contagotas” na UFRJ” (3º), de Esteban Crescente. Vitor Matos, Marisa Gaspary, Iris Guardatti, Simone Silva e Rogério Cruz integraram a banca que avaliou os trabalhos.

 

Representante de Clara Saraiva e Maíra Alves.
Andrea Cristina de Barros Queiroz
Esteban Crescente

 

 

Uma das três primeiras mulheres eleitas no Brasil, sua bandeira política era o poder revolucionário e libertador da educação para todos

Matéria retirada do El País

Um menino no interior do Maranhão comemora o 15 de outubro, assim como uma menina gaúcha. O dia do professor é celebrado em todo o Brasil. Sabem esses estudantes quem é a extraordinária heroína brasileira que criou a data? Seus feitos, sua história? Sabem os professores destes estudantes algo sobre ela? Ou será que esta personagem fantástica, mulher e negra, foi invisibilizada?

Antonieta de Barros foi excepcional. Está entre as três primeiras mulheres eleitas no Brasil. A única negra. Foi eleita em 1934 deputada estadual por Santa Catarina, mesmo ano que a médica Carlota Pereira de Queirós foi eleita deputada federal por São Paulo. Sete anos antes, Alzira Soriano havia sido eleita prefeita num pequeno município do Rio Grande do Norte, primeiro estado a permitir disputas femininas.

Expoente da ideia “anárquica” de que as mulheres deveriam ter direito ao voto, a bióloga Bertha Lutz trocou inúmeras cartas com Antonieta na década de 1930. Vale lembrar, Antonieta foi eleita menos de meio século após a abolição da escravatura e apenas dois do sufrágio —que deu às mulheres direito ao voto facultativo. Num país fortemente preconceituoso quanto à classe, cor e gênero tinha orgulho de sua história.

Nasceu em Desterro, como era chamada Florianópolis, no dia 11 de julho de 1901. No registro de batismo, na Cúria Metropolitana, realizado pelo Padre Francisco Topp, não aparece o nome do pai. A mãe era Catarina Waltrich, escrava liberta. No imaginário popular, a verdadeira paternidade estaria ligada à família Ramos, uma das mais tradicionais do Estado.

A bandeira política de Antonieta era o poder revolucionário e libertador da educação para todos. O analfabetismo em Santa Catarina, em 1922, época que começou a lecionar, era de 65%. Isso que o Estado, sobretudo pela presença alemã, aparecia com um dos índices mais altos de escolarização do país, seguidos por São Paulo.

Segundo conta Karla Leonora Dahse Nunes na sua dissertação de mestrado, Catarina teve três filhos e os sustentava como lavadeira, serviço comum às mulheres negras da época. Também teve, com a ajuda financeira de Vidal Ramos, uma pequena pensão para estudantes. Foram esses jovens que ensinaram as letras tardiamente para a curiosa Antonieta. Alfabetizada, mergulhou por conta própria no universo dos livros.

Professora formada, tinha 17 anos quando fundou o curso particular “Antonieta de Barros”, com o objetivo de combater o analfabetismo de adultos carentes. Sua crença era que a educação era a única arma capaz de libertar os desfavorecidos da servidão. Sua fama de excelente profissional, no entanto, fez com que lecionasse também para a elite nos Colégio Coração de Jesus, Dias Velho e Catarinense.

Se existissem barreiras, lá estaria Antonieta para rompê-las.

Sua defesa acirrada pela educação fez com que ocupasse as páginas dos jornais. Além de professora, virou cronista. Não havia outra mulher em posição semelhante no Estado. Em 23 anos de contribuição à imprensa escreveu mais de mil artigos em oito veículos e criou a revista Vida Ilhoa.

De seus opositores nos jornais e nas bancadas, ouviu que “mulheres não deveriam opinar, pois nasceram para servir”, “que a natureza não dá saltos, cada ser deve conservar-se no seu setor, e a finalidade da mulher é ser mãe e ser rainha do lar” e que “não seguisse o exemplo de Anita Garibaldi, uma vagabunda”.

Mas aqueles homens brancos da elite oligárquica e política, não a intimidaram. Antonieta era forte, mulher de fibra. Não havia quem tivesse argumentos para calá-la. As calúnias eram rebatidas com intelecto e destreza nos artigos assinados sob pseudônimo Maria da Ilha. Sua caneta era afrontosa. Escrevia sobre educação, os desmandos políticos e a condição feminina. Dizia que as mulheres não deveriam ser “virgens de ideias”.

Honesta, enérgica e humana, era respeitada e admirada por seu espírito de justiça. Tinha voz numa época que as mulheres eram silenciadas. Escreveu dois capítulos da Constituição catarinense, sobre Educação e Cultura e Funcionalismo, até ser destituída do cargo pelo golpe de Getúlio Vargas.

Em 1937, publicou o livro Farrapos de Ideias. Os lucros da primeira edição foram doados para construção de uma escola para abrigar crianças, filhas de pais internados no leprosário Colônia Santa Tereza. A obra teve outras duas edições.

Uma das poucas frustrações da carreira de Antonieta foi não ter cursado o ensino superior. Seu sonho era a Faculdade de Direito, exclusiva para homens. Mas na política ela brilhou, foi eleita novamente em 1947. Desde sua vitória, apenas outras 15 mulheres ocuparam uma cadeira na Assembleia de Santa Catarina. Nenhuma negra. Antonieta ainda não teve herdeira de luta.

A primeira grande lei educacional do Brasil foi sancionada por dom Pedro I em 15 de outubro em 1827, um marco para a educação brasileira. A data era comemorada informalmente, mas foi um projeto de Antonieta a lei que criou o Dia do Professor e o feriado escolar nessa data (Lei Nº 145, de 12 de outubro de 1948), em Santa Catarina. A data seria oficializada no país inteiro somente 20 anos depois, em outubro de 1963, pelo presidente da República, João Goulart. Outras leis importantes foram concessões de bolsas de cursos superiores para alunos carentes e concursos para o magistério, para elevar o ensino público e evitar apadrinhamentos.

Antonieta deveria ser uma espécie de Frida Kahlo brasileira. Foi feminista numa sociedade conservadora, negra e mulher numa terra de oligarquias, mestre de centenas de jovens da elite branca que jamais deixaram de reverenciar sua cultura e personalidade. E é a prova que não são apenas as manifestações de raiz açoriana que sustentam a cultura de Florianópolis.

“A grandeza da vida, a magnitude da vida, gira em torno da educação”, escreveu em seu livro. Seu nome deveria ser conhecido por cada criança que homenageia seus professores no dia 15 de outubro. Por cada mulher que exerce seu direito ao voto e disputa vagas nas eleições. Por fim, por cada brasileiro que sai às ruas indignado com os preconceitos de cor, classe e gênero.

213 anos de escravidão: a herança de Antonieta

Para percebermos como Antonieta foi célebre basta entender um pouco do contexto histórico de Santa Catarina, o Estado com maior população dita branca do país. Da primeira expedição de Martim Afonso de Souza, em 1531, até o último navio negreiro que aportou no Rio de Janeiro, em 1856, quatro milhões de africanos foram sequestrados para se tornarem escravos em solo brasileiro.

Desterro (Florianópolis), território Guarani, foi povoada em 1675, quando o bandeirante Francisco Dias Velho, vindo da Capitania de São Vicente (São Paulo), se apossou das terras com sua família e uma comitiva de 400 pessoas, a maioria, indígenas e negros escravizados.

Há inegáveis traços africanos na construção da identidade catarinense, mas eles são apagados. A presença negra não é lembrada pela história popular, embora, no século 19, 20% da população de Desterro tenha sido negra. No mesmo período, no Planalto Serrano, de onde veio Catarina, mãe de Antonieta de Barros, chegava a 50%, de acordo com o livro Negro em Terra de Branco, escrito por Joana Maria Pedro, Ligia de Oliveira Czesnat, Luiz Felipe Falcão, Orivalda Lima e Silva, Paulino Francisco de Jesus Cardoso e Rosângela Miranda Cherem.

Segundo o livro, a economia da província não se baseava em latifúndios, mas a presença negra não era, de modo algum, inexpressiva. O negro escravizado desempenhava funções na pesca de peixes e baleias. Trabalhava com seus senhores nas plantações de arroz e mandioca. Exercia ofícios de sapateiros, pedreiros, marceneiros, ferreiros e soldados. Servia para os cuidados domésticos da elite burocrática e militar. E ainda como lava-pés e cadeirinhas.

resistência à escravidão é bastante documentada do começo a metade do século 19. Da criação de grupos cívicos à fundação de irmandade como a Nossa Senhora do Rosário, que coletava fundos para compras de alforrias. A opressão não era pouca. Negros não podiam se aglomerar, “vadiar” pelas ruas, nem cantar e dançar sob pena de 50 chibatadas.

No livro Navegadores e Exploradores de Santa Catarina, Roberto Wildner traz a figura do naturalista Langsdorff. É do cientista o relato cruel sobre o comércio em Desterro, em 1803: “A quantidade de escravos negros de ambos os sexos que se veem aqui é estranha aos olhos desacostumados de um europeu qualquer. Despertou-me revolta especial quando vim pela primeira vez a Nossa Senhora do Desterro e vi um grande número destas criaturas abandonadas, nuas, deitadas frente às portas de ruas laterais e oferecidas à venda. Apenas as regiões púbias estavam cobertas com um velho pano rasgado que após alguns dias eram substituídos por um grosseiro tecido azulado”.

Em Florianópolis, a primeira vez que esse tema apareceu no mundo acadêmico foi em 1960, na pesquisa dos jovens sociólogos, à época, Fernando Henrique Cardoso e Otavio Ianni, reeditada como Negros em Florianópolis. Na obra, ficam claro os preconceitos de cor e o quanto Santa Catarina se esforçou para ser a “Europa dentro do Brasil”.

Não foi o espírito humanitário que engajou as campanhas abolicionistas. Foi a esperança no branqueamento da população que ansiava pela modernidade econômica. O negro não cabia nesse plano, pois era visto como atraso, um impeditivo aos novos tempos. O resultado da repulsa pelos negros foi que os abolicionistas não lutaram por retratação histórica, nem se preocuparam com o destino de milhares de pessoas após a abolição.

Desterro ansiava pela chegada dos europeus, que deixariam a população de pele e olhos claros e teriam vocação para o trabalho e o progresso. Tinha pressa. Foi a terceira capital da abolição. Jornais da época tinham como principais produtos de beleza, o “Cremme Oriza, para branquear, abrandar e refrescar a pele” e o “Tônico Oriental para cabelos finos como seda”.

No entanto, nos portos aos quais chegaram os imigrantes, primeiro os açorianos, depois alemães e italianos, eram os negros que trabalhavam de estivadores. Já no início do século XX, o início da modernização arquitetônica modificou a imagem de Florianópolis. Os casebres dos negros, situados no centro da cidade, foram demolidos. O de Antonieta permaneceu em pé por interferência da família Ramos.

Criou-se, então, a lei das tábuas. O governo deu tábuas para os negros com a condição que construíssem suas casas longe da vista. Aí começou a ocupação dos morros. Surgiram as comunidades do Morro da Caixa D’Água, da Coloninha e do Continente. Em seguida, nasceram clubes como União Recreativa 25 de Dezembro, Brinca Quem Pode, Flor da Mocidade, Flor do Abacate, Tiramão.

Houve o florescimento de uma intelectualidade negra, Ildefonso Juvenal da Silva, Trajano Mar­garida, João Rosa Júnior, Amália Efigênia da Silva, Maria da Rosa Lapa, Demerval Cordeiro dos Santos, Maria Carlita, Dorvalina Machado Coelho e Maria Venânia —professores, jornalistas, poetas, compositores, músicos, oradores da geração de Antonieta—, costumeiramente desdenhados pela elite branca.

Antonieta era a exceção. Era aceita pelos brancos. Mas, vale ressaltar que, de 1929 a 1951, escreveu em oito jornais sem nunca ter falado de sua cor. O que não foi impeditivo para ouvir de um colega de bancada parlamentar, o médico Oswaldo Rodrigues Cabral, que ela escrevia “intriga barata de senzala”.

 

 

O Brasil é o país que registra mais infecções por coronavírus na América Latina, sendo o terceiro no ranking mundial em número de casos (depois dos Estados Unidos e Índia) e segundo no de mortes (atrás dos Estados Unidos). Em 12 de outubro, dados do Ministério da Saúde apontavam 150.689 óbitos pela Covid-19 e 5.103.408 contaminados no país.

Com 111.255 casos no dia 12 e 11.406 óbitos, o Rio de Janeiro lidera a letalidade (10,25%) de mortes por capital no Brasil (que tem 2,99%). A mortalidade (calculada a cada 100 mil habitantes), que no Brasil chega a 71,7, está mais alta no estado (111,9). Enquanto isso, governantes apontam a abertura econômica.

Motivos

Há muitos meses, o Rio de Janeiro segue com letalidade acima até da média. Segundo indicadores do Grupo de Trabalho Multidisciplinar da UFRJ sobre a Covid-19, tomando como base o fim de setembro e início de outubro, a situação não melhorou: calcula-se uma letalidade para o estado de 6,96% e uma taxa R (risco de transmissão) de 1,13. Na Cidade do Rio de Janeiro, a letalidade é ainda maior: 11,12%, com taxa R de 1,14.

O sanitarista Christovam Barcellos, vice-diretor de Pesquisa, Ensino e Desenvolvimento Tecnológico do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fiocruz, apontou, em setembro, que o Rio, se fosse país, seria o primeiro no ranking em letalidade. Segundo ele, hoje o problema continua, e a situação é gravíssima, pois essa taxa demonstra também falha no sistema de saúde, desde a triagem e atenção primária até a falta de vagas em hospitais.

Barcellos reitera que existe falha na atenção primária, com o agente de saúde visitando as casas das pessoas e atendendo em postos de saúde. Segundo explica, as UPAs deveriam servir como triagem e tratar precocemente alguns casos, ou encaminhar para hospitais especializados, onde, por sua vez, faltam vagas. “Talvez (os casos) estejam chegando tarde demais”, pondera.

O indicador de letalidade é, a seu ver, gravíssimo; e no Brasil o índice de letalidade, de acordo com ele, está chegando a 3%, e baixando. O pesquisador indica alguns caminhos para alterar esse quadro, como capacitar profissionais, reforço nos hospitais, acentuar testagem, principalmente nas populações mais vulneráveis, das periferias, em quem tem doença crônica, idosos.

Flexibilização desordenada

Para o infectologista Alberto Chebabo, diretor da Divisão Médica do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), a flexibilização no Rio de Janeiro foi feita muito rápida e de forma desordenada, mantendo um patamar de transmissão elevado. Para ele, a letalidade tão alta no estado é bem grave, pois existe um misto de duas circunstâncias: baixa testagem, com detecção menor dos casos leves, e estrutura de atendimento ruim, com aumento de mortes evitáveis.

O virologista Amilcar Tanuri, chefe do Laboratório de Virologia Molecular da UFRJ, acredita que estão sendo feitos poucos testes no Rio, por isso a letalidade (número dos que morrem entre os infectados) fica alta. Ele considera que talvez deva-se levar em consideração a taxa de mortalidade (por 100.000 habitantes), o cálculo por mês, ou ainda os pacientes diagnosticados. Embora a mortalidade no estado esteja alta, “acho que este dado se deve à qualidade do serviço médico e também ao diagnóstico tardio”.

Desestruturação da rede

O médico infectologista Rafael Galliez, professor da UFRJ, diz que a grande crítica é ao cenário da rede de assistência, com um processo de desmonte do sistema de atenção primária nos últimos anos. Além disso, ele relaciona o problema com leitos de terapia intensiva que já sofriam déficit histórico e uma grande fila à espera, intensificado pela demanda.

“A questão é o processo de desestruturação da rede de alta complexidade, que se encontra bastante debilitada no momento da chegada da Covid-19”, observa Galliez. Lembrando que está se referindo à região metropolitana, ele aponta a desorganização entre os níveis de coordenação dos diferentes municípios. E pondera que, se é o Rio que tem maior infraestrutura, é o que as pessoas, mesmo de outros lugares, vão procurar.

O sistema mais bem organizado teria capacidade de interferir neste índice de letalidade. Para ele, portanto, a questão está diretamente associada à capacidade de organização e estruturação da rede, de identificar casos precocemente, de tudo acontecer de forma inter-relacionada e eficaz.

Atenção básica

O coordenador do GT Coronavírus da UFRJ, Roberto Medronho, aponta que o município tem a mais alta taxa de mortalidade, até mesmo que do próprio estado. Mas essa comparação pode ser mais eficaz, como, por exemplo, entre cidades ou países, se se utiliza a taxa de mortalidade (número de óbitos em relação à população).

Mesmo nesse caso, se o município fosse um país, ele seria aquele com a maior mortalidade do mundo, explica Medronho, mostrando o ranking de óbitos por 100 mil habitantes de 10 de setembro: em primeiro lugar, Rio de Janeiro (148,5), em segundo, San Marino (124,32), em terceiro, Peru (93,71).

A situação, segundo ele, um mês depois não se alterou muito, e relaciona alguns dos motivos que possam ter levado a esta situação: “Para além da questão de ordem estatística, as hipóteses que temos que avaliar é que o município passou esses últimos anos por um desmonte na atenção básica. Equipes da saúde da família foram fechadas. Médicos e profissionais da saúde demitidos. Esse desarranjo da atenção básica foi muito ruim para o atendimento da Covid-19”.

O modelo ideal seria o acompanhamento dos pacientes com covid na atenção básica, na clínica da família ou na UPA, com diagnóstico rápido e, em caso de piora, internação; com isso haveria mais possibilidade de recuperação. Além disso, a estratégia do estado de criar hospitais de campanha naufragou em meio a denúncias de corrupção.

Outro fator: a Prefeitura não ter sido dura com empresários de ônibus para que oferecessem transporte suficiente para evitar aglomeração. Por outro lado, a seu ver, houve uma flexibilização precoce no município para atender a interesses políticos e econômicos. “Isso faz com que a pandemia perdure no Rio de Janeiro mais do que seria necessário.”

Níveis ainda elevados

“Todo este conjunto de fatores fez com que infelizmente fôssemos campeões nos piores indicadores. (A média de casos) está caindo, é fato, mas ainda tem níveis muito elevados. É a isso que as pessoas não estão atentas. Em praias, bares, restaurantes, casamentos, clubes, como se nunca tivesse havido pandemia. É um risco muito grande. Essas pessoas são jovens, muitas não terão casos graves, mas irão para casa e contaminaram seus entes queridos, que podem ter casos graves e vir a falecer”, conclui o epidemiologista.