Tragédia dos trabalhadores das classes D e E é resultado do Teto de Gastos, que reduz investimentos, e da nefasta condução da economia, ou seja, é culpa de Temer e Bolsonaro

 Publicado: 07 Abril, 2022 – 08h30 | Última modificação: 07 Abril, 2022 – 08h38 | Escrito por: Rosely Rocha | Editado por: Marize Muniz

ROBERTO PARIZOTTI (SAPÃO)

 

Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC desafiou o presidente da companhia a conversar com os trabalhadores para buscar outra alternativa

Publicado: 07 Abril, 2022 – 12h00 | Última modificação: 07 Abril, 2022 – 12h14 | Escrito por: Redação CUT

 

ADONIS GUERRA/ SMABC

Em assembleia realizada na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC) os trabalhadores e as trabalhadoras da Toyota, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, aprovaram a entrega do aviso de greve e o estado permanente de mobilização contra o fechamento da fábrica, anunciado na terça-feira (5). Eles também autorizaram que a direção do sindicato protocole um pedido oficial de reunião com o presidente da montadora.

O presidente do sindicato, Moisés Selerges, desafiou o presidente da companhia a sentar para conversar com os trabalhadores e buscar outra alternativa que não seja o encerramento das atividades. “Espero que a Toyota tenha responsabilidade e venha para a mesa de negociação. Possibilidade tem, essa é uma empresa que dá resultado, não prejuízo”.

Essa luta pode ser uma corrida de 100 metros ou uma maratona, se for uma maratona, os trabalhadores terão fôlego para enfrentar, caso necessário, vamos trazer a solidariedade de toda a categoria. Faremos o que tiver que ser feito, porque cada um aqui merece respeito, não é assim que se trata os trabalhadores.

– Moisés Selerges.

O diretor administrativo do sindicato, Wellington Messias Damasceno, que acompanha as discussões na Toyota, ressaltou que a empresa tem total condição e capacidade de discutir e achar um caminho para a manutenção da planta em São Bernardo.

“O Sindicato nunca abriu mão dessa discussão. Ao contrário, estamos o tempo todo pautando a empresa sobre a disposição de fazer um acordo de longo prazo e que dê longevidade para esta planta”.

A planta de São Bernardo foi a primeira unidade da Toyota fora do Japão e possui conta com cerca de 580 trabalhadores.

Frente de negociação

Segundo o portal Repórter Diário, a Agência de Desenvolvimento Econômico ABC oficiou nessa quarta-feira (6), a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo para uma reunião urgente, com o intuito de discutir os impactos a saída da Toyota de São Bernardo.

A data do encontro será definida pelo Governo do Estado, e a Agência solicitará a participação do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e da fabricante de automóveis.

Segundo o presidente da Agência de Desenvolvimento, Aroaldo Oliveira da Silva, o anúncio da saída da montadora trará graves consequências para a região, impactando negativamente a retomada da economia e agravando as desigualdades sociais. “Apesar da indicação por parte da montadora de que irá realocar os funcionários, o que ainda precisa de maior entendimento, a saída da Toyota impacta boa parte da cadeia econômica. São autopeças, restaurantes, bares, escolas, lojas, supermercados, diretamente afetados, sem contar os impostos e investimentos futuros. Por isso, a Agência irá dialogar para evitar o fechamento”, disse Aroaldo Silva.

Desde fevereiro deste ano, a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico assinou protocolo de intenções com a Agência, com o objetivo de conjugar esforços voltados ao fortalecimento do desenvolvimento econômico nos sete municípios do ABC.

Com informações da assessoria do SMABC e da RBA

 

Apesar de Bolsonaro ganhar 5 pontos com a desistência de Moro, Lula venceria no primeiro turno com 45% dos votos (51% dos votos válidos); os candidatos somariam 43%

 Publicado: 07 Abril, 2022 – 08h42 | Última modificação: 07 Abril, 2022 – 09h11 | Escrito por: Redação CUT

 

 

A primeira pesquisa presencial Quaest, patrocinada pela Genial Investimentos, após a desistência do ex-juiz parcial Sergio Moro (União Brasil-SP) de disputar a Presidência da República, revela que o ex-presidente Lula venceria a disputa no primeiro turno com 45% dos votos (51% dos votos válidos) – Lula oscilou um ponto para cima. Os demais candidatos somariam 43%.

De acordo com a pesquisa, divulgada nesta quinta-feira (7), o presidente Jair Bolsonaro (PL) ganhou 5 pontos com a desistência de Moro, passou de 26% para 31%. O ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) perdeu um ponto com a saída de Moro e oscilou de 7% para 6%, dentro da margem de erro. O ex-governador de São Paulo, João Doria (PSDB) manteve os 2% da pesquisa anterior.

Metodologia da pesquisa

A pesquisa Quaest ouviu presencialmente 2.000 pessoas entre os dias 1º e 3 de abril.

O nível de confiança é de 95%.

A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

O levantamento está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o código BR-00372/2022.

Com informações do Brasil247.

 

Família Bolsonaro tem vizinhos, amigos e aliados políticos suspeitos de envolvimento com paramilitares; veja infográfico

Redação | Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Governo Bolsonaro teria oferecido cargos pela morte de Adriano da Nóbrega, afirma irmã do miliciano – Evaristo Sa / AFP

A escuta telefônica que liga Jair Bolsonaro (PL) à morte do miliciano e ex-policial militar Adriano da Nóbrega não é o primeiro sinal do envolvimento entre o presidente e a milícia carioca.

Embora Bolsonaro já tenha negado publicamente envolvimento com paramilitares, há outras ligações que mostram a proximidade da família do mandatário com vizinhos, policiais e políticos envolvidos com a milícia. Veja a lista completa abaixo.

Governo ofereceu cargos pela morte de miliciano, diz irmã 

Gravações divulgadas na quarta-feira (6) pelo jornal Folha de S.Paulo mostram a irmã de Adriano, Daniela da Nóbrega, afirmando a uma tia que o governo federal teria oferecido cargos comissionados no Palácio do Planalto pela morte do ex-capitão.

“Ele já sabia da ordem que saiu para que ele fosse um arquivo morto. Ele já era um arquivo morto. Já tinham dado cargos comissionados no Planalto pela vida dele, já. Fizeram uma reunião com o nome do Adriano no Planalto. Entendeu, tia? Ele já sabia disso, já. Foi um complô mesmo”, disse Daniela em gravação autorizada pela Justiça.

Ainda segundo a Folha, a menção ao Palácio do Planalto feita pela irmã de Adriano foi omitida do relatório sobre as escutas telefônicas. Embora seja classificada como prioridade alta, o documento descreve apenas um resumo do diálogo entre outra irmã de Adriano, Tatiana, e a tia, ocorrido na mesma ligação.


Infográfico mostra relação de Bolsonaro com pessoas envolvidas no caso Marielle Franco / Arte/Brasil de Fato

Um dos acusados do assassinato de Marielle é vizinho do presidente

No decorrer das investigações do assassinato de Marielle Franco ficou constatado que o policial reformado Ronnie Lessa, acusado de ser o autor dos disparos que mataram a vereadora do Psol, era vizinho de Bolsonaro. Ambos moravam no condomínio Vivendas da Barra, na mesma rua, no Rio de Janeiro. “Não lembro desse cara. Meu condomínio tem 150 casas”, disse o presidente segundo a Folha de S.Paulo, em café da manhã com alguns jornalistas.

Namoro de filha de acusado do assassinato com Jair Renan Bolsonaro

Em 2019, o delegado Giniton Lages, titular da Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro e um dos responsáveis pelas investigações da execução de Marielle Franco, confirmou que a filha de Ronie Lessa, preso sob acusação de ser um dos autores do homicídio, namorou um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, o caçula Jair Renan Bolsonaro.

Foto de Elcio Queiroz com o então candidato Jair Bolsonaro

Após a prisão, foi revelado que o cúmplice de Lessa na execução, o ex-PM Elcio de Vieira Queiroz, publicou uma imagem em que aparece lado a lado com Bolsonaro em 4 de outubro de 2018, às vésperas do primeiro turno da eleição presidencial. Dias antes, em 25 de setembro, o mesmo perfil postou uma gravação de um show de Paulo Ricardo com a legenda “Homenagem de Paulo Ricardo (RPM) ao Capitão Bolsonaro!”

Passaporte diplomático para família Brazão

João Vitor Moraes Brazão e Dalila Maria de Moraes Brazão, filho e esposa do deputado federal Chiquinho Brazão (Avante-RJ), receberam do Itamaraty o passaporte diplomático em 9 de julho deste ano. O parlamentar, que também possui o documento, é irmão de Domingos Inácio Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) acusado de obstruir as investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco, ocorrido em março de 2018, e suspeito de ser um dos mandantes do crime. Os integrantes da família Brazão estão em uma lista com os 1694 passaportes diplomáticos emitidos pelo governo Jair Bolsonaro (PSL), a qual o Brasil de Fato teve acesso por meio da Lei de Acesso à Informação.

Adriano da Nóbrega: morte suspeita

O miliciano Adriano da Nóbrega, ex-oficial do Bope, é apontado como chefe da organização criminosa Escritório do Crime. Assassinado no dia 9 de fevereiro de 2020, após uma operação policial que tentava capturá-lo na Bahia, depois de um ano foragido, ele é figura-chave para compreender diversos crimes, mas também para entender a relação do clã Bolsonaro com as milícias cariocas.

Flávio empregou mãe e esposa de miliciano

No mandato do então deputado estadual Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), trabalharam a ex-esposa e a mãe de Nóbrega, Danielle Mendonça da Costa e Raimunda Veras Magalhães, respectivamente. Elas receberam um total de R$ 1.029.042,48 em salários e repassaram R$ 203 mil para Fabrício Queiroz, respeitando o esquema estabelecido no gabinete para beneficiar o parlamentar, de acordo com a denúncia do MPE.

Homenagem de Flávio e amizade com Queiroz

A amizade também é a natureza da relação entre Adriano da Nóbrega e Queiroz, que se conhecem desde 2003, quando serviram juntos no 18º Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMRJ). Justamente neste ano, Nóbrega recebeu a primeira homenagem de Flávio Bolsonaro na Alerj. A segunda viria em 2005, ano em que o ex-agente do Bope foi julgado e condenado em um júri popular, por conta de um homicídio.

Apoio de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados

Durante o seu julgamento, Nóbrega recebeu um apoio importante, do então deputado federal Jair Bolsonaro. Após a audiência que culminou na condenação do miliciano, o atual presidente da República foi até a tribuna da Câmara dos Deputados e defendeu o militar. “Ele sempre foi um brilhante oficial”.

Citado também foi homenageado por Flávio Bolsonaro

Outro importante personagem do Escritório do Crime, o major Ronald Paulo Alves, apontado por uma testemunha como responsável por organizar o grupo de assassinos que executariam Marielle Franco e Anderson Gomes, também foi homenageado por Flávio Bolsonaro na Alerj.

Em 2004, o filho do presidente celebrou uma ação comandada por Alves que terminou com três mortes. Um ano antes, em 2003, o major teria participado da chacina de cinco jovens dentro da boate Via Show, em São João de Meriti. Quatro policiais já foram condenados pelo caso e somente o agente condecorado por Flávio Bolsonaro ainda não foi julgado.

Edição: Vivian Virissimo

Em audiência, lideranças alertaram que esses ataques têm sido sistemáticos e desencadeados com incentivo do governo

Cristina Ávila Amazônia Real | 07 de Abril de 2022 às 13:53
Denúncia foi realizada em audiência internacional no Acampamento Terra Livre em Brasília (DF) – Carl de Souza / AFP

O Brasil foi denunciado ao Parlamento Europeu e à Organização das Nações Unidas (ONU) por violações aos direitos humanos dos povos indígenas. Em audiência internacional online, lideranças alertaram que esses ataques têm sido sistemáticos e desencadeados com incentivo do governo Bolsonaro e do Congresso. A audiência ocorreu no terceiro dia do Acampamento Terra Livre (ATL), em Brasília, que foi marcado pela preocupação dos indígenas em tratar das questões judiciais que os atingem. Falar a representantes dessas duas instituições globais serviu também como um alerta mundial.

“Seus países financiam a compra de ouro, bois e galinhas que estão nos matando. Financiam mortes na minha terra, onde a Funai (Fundação Nacional do Índio), que deveria ser de proteção, entrega nossas terras para o agronegócio. Está acontecendo um ecocídio no Brasil”, resumiu o advogado Eliésio Marubo, representante da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja).

Diversas lideranças falaram na manhã desta quarta-feira (6), antes da marcha que mobilizou mais de 6 mil indígenas de 176 povos e seguiu para o Congresso. Megaron Txucarramãe, o grande líder nacional, hoje ancião, voltou a se manifestar em público, durante a audiência internacional. O momento foi carregado de simbologias. Os Kayapó cantavam ao longe e realizavam rituais sagrados, enquanto o experiente indígena primeiro falou em sua língua materna, depois em português, pintado com urucum e jenipapo.

“Precisamos do apoio de vocês que estão do outro lado da Terra. Mas os países de vocês têm embaixadas, que sabem o que está acontecendo. Lembram da campanha, quando Bolsonaro disse que não iria demarcar nenhum centímetro de terra? Ele quer usar o Projeto de Lei 191 e o marco temporal. Estamos ameaçados pelo presidente do Brasil. E ele joga a opinião pública contra nós. O projeto do governo Bolsonaro é muito perigoso. Estraga a terra, contamina os rios com veneno. Por que ele não faz esses projetos nas terras dos fazendeiros?”, questionou o cacique que é sobrinho de Raoni, o grande guerreiro conhecido internacionalmente por sua luta pela Amazônia.

O ATL, em seu segundo dia, apresentou a Carta Aberta contra o PL 191, e iniciou uma campanha para reunir 1 milhão de assinaturas para forçar o Congresso a derrubar a possibilidade de mineração e hidrelétricas em terras indígenas.

Houve uma reação imediata dos estrangeiros na audiência. A deputada italiana Eleonora Evi, do Grupo dos Verdes no Parlamento Europeu, foi uma das que se pronunciaram.  “É uma vergonha. Fico chocada com a tentativa de Bolsonaro de continuar com essa grilagem para dar a quem faz criação extensiva (gado) e extração de minérios. É um genocídio. É um massacre”, afirmou. Ela disse que recentemente interrogou no Legislativo de seu país sobre medidas que devem ser tomadas ou renovadas para proibir importações de produtos derivados de áreas de desmatamento no Brasil. “Essas medidas devem ser cada vez mais rígidas.”

O relator especial da ONU sobre os Direitos Humanos, Marcos Orellana, comentou que o Brasil está sendo envenenado por agrotóxicos e crimes são cometidos por grandes corporações, perpetrados com total impunidade. “Isso pode levar a uma catástrofe com consequências em nível mundial”, previu, referindo-se aos efeitos das mudanças climáticas.

Eloy Terena / Alass Derivas | @derivajornalismo | APIB

Defesa indígena

Quem pode ver a plenária deve ter notado a presença de um número expressivo de advogados indígenas. São eles que já estão fazendo a diferença no Judiciário brasileiro, defendendo as suas próprias causas. Mas ainda é preciso mais. O coordenador jurídico da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Eloy Terena, disse que conversou anteontem com a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia, que comentou sobre a importância de mais advogados indígenas nos tribunais para trazerem as mensagens de seus povos ao Judiciário. Nesta quarta-feira, a ministra votou para que o governo federal elabore, em 60 dias, um plano para tornar efetivo o combate ao desmatamento da Amazônia.

“Esse reconhecimento profissional que estamos conquistando faz parte de um processo de ruptura colonial. Por muito tempo deixamos de ser vistos como sujeitos plenos de direito. Éramos considerados relativamente incapazes pela legislação brasileira”, relata Eloy Terena. Ele considera que as sustentações orais no STF resultaram no reconhecimento do Supremo à representatividade da Apib. “É inédito no Brasil. Foram anos de trabalho para chegar a isso. Lógico que temos muito a avançar. O processo é lento”.

O episódio a que se refere o coordenador jurídico da Apib foi a sua participação e de mais três advogados indígenas, que fizeram sustentações orais contra a tese do marco temporal no STF. Ele estava acompanhado das advogadas Samara Pataxó, Ivo Macuxi e Cristiane Soares Baré.

Samara Pataxó no STF / Carlos Moura/SCO/STF

Depois de ouvir Samara Pataxó como amicus curiae, em setembro do ano passado, o ministro Edson Fachin que assumiu a Presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) convidou-a para ser assessora do Núcleo de Inclusão e Diversidade da Secretaria Geral da Presidência do TSE. Nascida na aldeia Coroa Vermelha, em Porto Seguro (BA), a jovem indígena de 32 anos quer aproveitar sua passagem pela Corte eleitoral para superar paradigmas, como o racismo estrutural e institucional, ou ao menos amenizá-los.

“Essas atribuições ganham espaço na medida em que são pautadas em diálogos transversais na própria Justiça Eleitoral, dentro do próprio TSE e nos Tribunais Regionais Eleitorais, e em instituições ou segmentos sociais, sobretudo com grupos minorizados e sub representados no processo eleitoral, dentre eles os povos indígenas”, disse Samara à Amazônia Real.

Plenária dos advogados indígenas no ATL Eloy Terena / Alass Derivas | @derivajornalismo | APIB

Rede de advogados indígenas

Eloy Terena informou que já há uma rede organizada de cerca de 15 advogados indígenas que atuam em organizações regionais. Ele explica que fazem reuniões e se comunicam com frequência. “Quando identificamos uma questão como foi o caso do marco temporal de repercussão geral, a partir da ação de reintegração de posse do povo Xokleng (de Santa Catarina), todos nos unimos com o mesmo propósito”, explicou o coordenador jurídico da Apib.

Presente em um segundo encontro na plenária com advogados indígenas, depois da audiência internacional online no ATL, o procurador do Ministério Público Federal Felício Pontes, que durante anos atuou no Pará e hoje está em Brasília, lembrou que a líder Alessandra Korep Munduruku em breve estará reforçando essa rede de advogados, já que cursa direito na Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), em Santarém. “Por melhor que tenhamos feito nossas petições, jamais haverá o mesmo efeito que a ação de um advogado indígena. É isso que penso quando te vejo no STF”, disse referindo-se a Eloy Terena, que mediou os debates.

Pouco antes do início das atividades plenárias, os organizadores do ATL receberam a visita da presidente da Comissão de Direitos dos Povos Indígenas da seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/DF), Carla Eugenia Nascimento. Ela estava acompanhada do secretário Welerson Pereira que comentou com a Amazônia Real que a instituição pode facilitar a interlocução dos povos com as instâncias federais.

Welerson Pereira ressaltou que a OAB deseja a aproximação com os advogados indígenas, e que considera a interlocução desses profissionais em Brasília capaz de repercutir em outras seccionais da Ordem no país. “O aumento de advogados indígenas é recente, intenso e positivo, oferece mais representatividade e legitimidade ao movimento indígena”, exclamou.

Mas os indígenas estão enxergando mais longe. Desde o primeiro dia, o ATL tem demonstrado uma preocupação crescente dos indígenas de participar mais ativamente da vida política. “Será de suma importância potencializar e buscar amplo apoio para as candidaturas indígenas, uma vez que muitos pré-candidatos e muitas pré-candidatas são reconhecidas lideranças indígenas que já trazem consigo um respeitoso histórico de atuações na defesa dos direitos indígenas, do meio ambiente e da democracia, e que agora investem na política partidária como uma potente estratégia coletiva de luta para prosseguir com este propósito”, explicou Samara Pataxó.

A agora assessora da Presidência do TSE afirmou que o momento atual é de grande importância para o alinhamento e o fortalecimento do diálogo entre os mais variados povos indígenas e suas agendas de lutas. “Muitas candidaturas indígenas só são lançadas depois de passar pelo diálogo e aval da comunidade ou organização indígena a qual o candidato ou a candidata pertencem”, disse Samara Pataxó. Ela cita o exemplo de seu Estado, a Bahia, onde as escolhas foram feitas por consulta das organizações indígenas.


Marcha Demarcação Já, a primeira do ATL22 foi até o Congresso Nacional / Rodrigo Duarte/Proteja/Cobertura Colaborativa Apib

Estudo da Fenaj mostra que o presidente “é o maior agressor” dos profissionais da categoria

Thayná Schuquel | Brasil de Fato | Cataguases (MG) |
Bolsonaro é o maior agressor de jornalistas em casos registrados pela Fenaj pelo terceiro ano consecutivo – Evaristo Sa / AFP

No dia 7 de abril é comemorado o Dia do Jornalista. A data, que foi estabelecida em 1931 pela Associação Brasileira de Imprensa para legitimar a atuação e assegurar direitos dos jornalistas, vem ganhando um propósito diferente nos últimos anos: denunciar ameaças, ataques e agressões contra a categoria, que não param de crescer.

De acordo com o mais recente levantamento realizado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), em 2021 foram contabilizados 430 casos de violência contra os profissionais da área. O Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa mostra que 2021 foi o segundo ano consecutivo com recorde de registros desde que a série histórica começou a ser feita, na década de 1990. Em 2020, foram 428 casos.

A pesquisa aponta que a censura é, atualmente, o tipo de violência mais comum sofrido pelos jornalistas. Foram registradas 140 ocorrências, representando 32,56% do total de casos, enquanto a descredibilização da imprensa – que chegou a liderar a lista em levantamentos anteriores respondeu por 30,46%  – foram 131 ocorrências no total.

Agressões físicas e verbais são disparadas de todas as partes, e o “campeão” nesse quesito é o próprio presidente da República.

A presidente da Fenaj, Maria José Braga, diz que os números são alarmantes, e a entidade acredita que haja ainda mais casos. “Nós acreditamos que há uma subnotificação. Muitos não denunciam, principalmente quando as agressões são feitas por meio virtual”, explicou.

Bolsonaro é o maior agressor

Segundo o relatório, o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi o principal agressor em 2021. Sozinho ele foi responsável por 147 casos (34,19% do total), sendo 129 episódios de descredibilização da imprensa (98,47% do total de registros desse tipo de violência) e 18 agressões verbais.

É o terceiro ano seguido que Bolsonaro é o maior agressor em casos registrados pela Fenaj. Durante uma coletiva de imprensa, em 2020, ele chegou a disparar a seguinte fala a um repórter: “Vontade de encher a tua boca com porrada”. No Palácio da Alvorada, ele também mandou os profissionais “calarem a boca”.

Para a presidente da Fenaj, a postura de Bolsonaro, além de ser violenta, “impulsiona que os seus apoiadores também agridam jornalistas e atuem para descredibilizar a imprensa. É um processo preocupante porque se trata de uma instituição da República, incentivando, sim, agressões contra jornalistas”, afirmou.

Nesta semana, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do presidente, recebeu inúmeras críticas ao debochar de tortura sofrida pela jornalista Miriam Leitão durante a ditadura. No Twitter, ele disse sentir “pena da cobra” que torturou a jornalista. Miriam passou horas trancada em uma sala com uma jiboia, além de ter sido agredida com tapas, chutes e golpes que causaram graves ferimentos na cabeça. Também teve de ficar nua em frente a dez soldados e três agentes de repressão.

As entidades que representam os jornalistas estão preocupadas com uma possível escalada de agressões no ano eleitoral. “Há um foco de ataque a jornalistas e imprensa por partidos e políticos da direita, que querem manter seus apoiadores na desinformação. Nós teremos uma guerra informacional e tememos pela segurança dos profissionais”, alerta Maria José Braga.

Violência de gênero

Em março, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou estudo sobre violência de gênero contra jornalistas, realizado com apoio do Global Media Defence Fund, da Unesco, em 2021. Segundo o levantamento, 127 mulheres jornalistas (cis e trans) e meios de comunicação foram alvos de 119 casos de violência de gênero.

O relatório da Abraji monitorou redes sociais como propagadoras de agressões a profissionais de imprensa. Quase 60% dos casos de discursos estigmatizantes foram iniciados por publicações de autoridades de Estado e outras figuras proeminentes no campo político brasileiro. A maioria das vítimas eram jornalistas que cobriam política.

Em 2020, Bolsonaro foi criticado por entidades e chegou a ser processado após preferir um comentário de cunho sexual a respeito da jornalista da Folha de S. Paulo Patrícia Campos Mello. Na ocasião, ele usou a palavra “furo” de forma pejorativa. “Ela [Patrícia] queria um furo. Ela queria dar um furo a qualquer preço contra mim”, disse aos risos. No jargão jornalístico, “furo” é a informação publicada em primeira mão por um veículo ou profissional de imprensa.

Em outro episódio, o presidente disse a um jornalista que ele tem “uma cara de homossexual terrível”. A declaração foi dada depois que Bolsonaro foi questionado sobre o que faria se o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), seu filho mais velho, estivesse envolvido em algum esquema de corrupção.

Violência física

A violência física também faz parte do cotidiano dos profissionais de imprensa. Recentemente, dois repórteres foram agredidos por um homem com uma corrente de metal e um cachorro, durante a gravação de uma reportagem em São Paulo.

Em janeiro, durante uma gravação de reportagem, uma repórter foi agredida por um homem. Ele arrancou o microfone das mãos da profissional e pisoteou o equipamento. O caso também ocorreu em São Paulo.

Já no final do ano passado, na Bahia, equipes de reportagem foram agredidas por seguranças e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Na ocasião, um dos profissionais levou um tapa no rosto. O chefe do Executivo chegou a pedir desculpas após o caso.

De acordo com a presidente da Fenaj, o combate à violência contra jornalistas exige medidas de diversos atores, como o poder público e a sociedade. “É preciso que as empregadoras assumam a responsabilidade pela segurança, pela integridade física e mental de seus profissionais. Obviamente o poder público tem uma parcela a cumprir. É preciso que as instituições da República funcionem para a proteção dos profissionais. Que as polícias, o Ministério Público e o Judiciário cumpram seus papeis”, destacou.

“Esperamos que haja, também, comportamento da sociedade rechaçando a violência e contribuindo para que os agressores não tenham nenhum tipo de respaldo em suas ações violentas”, finalizou.

Edição: Felipe Mendes

 

 

Em São Paulo, manifestação está prevista para ocorrer na Praça da República, no centro, com concentração a partir das 14h

Publicado: 06 Abril, 2022 – 15h02 | Última modificação: 06 Abril, 2022 – 15h08 | Escrito por: Walber Pinto | Editado por: Marize Muniz

REPRODUÇÃO

 

 

 

O Dia Mundial da Saúde é celebrado desde 1950 com o objetivo de chamar a atenção para as prioridades específicas da saúde global. A data homenageia a criação da Organização Mundial da Saúde (OMS) durante a primeira Assembleia Mundial da Saúde, em 1948

Fonte: Organização Mundial da Saúde

MST em defesa do SUS, pela vacinação universal, contra a fome e pela vida!

6/4/2021

I Encontro Nacional das Mulheres Sem Terra Setor de Saúde – MST em SP. Foto: Yasmin Clemente.

Desde o início da pandemia, frente a falta de um pacto federativo em combate ao Covid-19, o MST vem realizando diversas ações para que o povo se mantenha vivo. Principalmente contra o coronavírus, as violências promovidas pelo Estado genocida e a fome que se alastra pelo Brasil.

Entendendo que o alimento também é um remédio, essencialmente contra a pandemia da fome, já foram mais de 4 mil toneladas de alimentos da agricultura familiar camponesa doados para famílias carentes. E milhares de Agentes Populares de Saúde foram formados em todo o país, auxiliando comunidades nos cuidados de prevenção da saúde popular em tempos de pandemia.

Leka Rodrigues, que é coordenadora do Setor de Saúde do MST e foi uma das pioneiras na formação de Agentes Populares de Saúde, menciona a importância de visibilizar as bandeiras de luta pela vida e em defesa do SUS de forma permanente e especialmente neste Dia Mundial da Saúde, em luto e luta.

“Vemos o SUS como fundamental para combater a pandemia do Covid-19, e também é uma forma de estar garantindo a vacinação para todos e todas no Brasil. No qual, esse governo não enxerga a população como prioritária neste momento difícil que o país está passando”, analisa Leka.

*Editado por Fernanda Alcântara