Três pesquisadores da UFRJ — Guilherme Travassos da Coppe, Claudio Miceli do Instituto Tércio Pacitti de Aplicações e Pesquisas Computacionais (NCE) e Roberto Medronho da Faculdade de Medicina – criaram o Covidímetro para que a população possa acompanhar o quadro da pandemia da covid-19 no Estado do Rio de Janeiro. As informações lançadas são da Secretaria Estadual de Saúde. A novidade está disponível no site dadoscovid19.cos.ufrj.br/.

Quanto maior o valor no Covidímetro do indicador “R” (de reprodutibilidade, ou quantas pessoas alguém pode contaminar) maior é o risco de disseminação do vírus. No início de junho, este fator esteve acima de dois no estado e na cidade do Rio de Janeiro, quando a UFRJ orientou pela adoção de medidas rigorosas.

Como analisar o Covidímetro

No gráfico atual do Covidímetro, o ponteiro “R” mostra a taxa de contágio em 1,8 e uma curva decrescente, com base em análise feita até o dia 14 de junho. No dia 17, o “ponteiro” indicava um valor ainda menor: 1,03 na cidade do Rio de Janeiro. Esse dado, no entanto, não significa trégua no combate ao novo coronavírus.

O modelo tem apresentado resultados coerentes desde a primeira simulação. “A chance de uma segunda onda, ainda  não pode ser descartada”, diz o professor Guilherme Travassos — concordando que a flexibilização desordenada pode aumentar a chance disso acontecer.

De acordo com o pesquisador, próximo de 1 ainda está alto. O ideal, segundo ele, é que este indicador esteja abaixo de 0,5. “É claro, quanto maior o valor, maior o risco. E o fato de ter baixado na cidade do Rio de Janeiro, não resolve, porque no restante do estado continua problemático”, explica.

A última nota técnica divulgada pelos pesquisadores, no Estado do Rio o índice está em 1,35; na Região do Médio Paraíba, 1,53 e na Região Noroeste, em 2,07. “É muito alto”, chama atenção Travassos sobre o indicador que lida com os casos registrados. Ou seja, sem levar em conta a subnotificação.

Isolamento

A análise dos pesquisadores indica que o nível de mobilidade da população contribui para reduzir ou aumentar a velocidade da propagação do vírus. E, no estudo mais recente sobre a percepção da mobilidade social, com base na movimentação de celulares no Estado do Rio de Janeiro, fica evidente a queda do isolamento.

No dia 12 de junho, o isolamento atingiu um dos níveis mais baixos desde o início da pandemia no país, e o reflexo disso — do ponto de vista do contágio –, só será verificado daqui a alguns dias. De qualquer forma, Travassos pondera que, no Brasil, não houve isolamento social da mesma forma que ocorreu em outros países. Portanto, a redução da transmissão pode ter se dado também em razão de outros fatores, como o aumento dos esquemas de proteção e a preocupação com higiene e a limpeza.

Mas ele volta a repetir que a flexibilização está ocorrendo com um afrouxamento generalizado. Alguns serviços, diz,  podem retornar de forma prudente e outros poderiam aguardar mais. “A população não compreende a gravidade da situação”, lamenta, acrescentando que ainda há transmissão e que ela avança para o restante das regiões do Estado do Rio.

Segundo ele, se o controle existe, ele tem que seguir a curva descendente até chegar a um ponto abaixo de 1. “A mensagem é fique em casa. Se não precisa sair, não saia. Não temos o poder de decidir, mas temos o dever de avisar, de forma isenta e ética as autoridades”, conclui.

Com 31 leitos destinados a pacientes da Covid-19, O Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap), da Universidade Federal Fluminense (UFF), começou a receber no início de junho, 200 profissionais de saúde para auxiliar no combate à pandemia do novo coronavírus.

O reforço faz parte do Acordo de Cooperação Técnica entre o Huap, a UFF e a Secretaria Municipal de Saúde de Niterói. Também está previsto a abertura de novos leitos no Antônio Pedro, chegando a um total de 53 à disposição do município.

Contratações

Foram realizados dois processos seletivos para contratação dos profissionais para reforçar a linha de frente no combate à Covid-19:  um emergencial pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) e um simplificado pela Prefeitura de Niterói.

Pela Ebserh foram contratados 100 profissionais até agora: técnicos de enfermagem, enfermeiros e médicos intensivistas, médicos clínicos, fisioterapeutas e anestesiologistas. O Huap tem potencial para ser local de internação de pacientes em observação e ventilação com coronavírus. De acordo com o superintendente Tarcísio Rivello, o Huap tem potencial para ser local de internação para pacientes de observação e de ventilação.

A princípio, o Huap absorverá pacientes clínicos para desafogar a rede hospitalar do município voltada para o atendimento dos pacientes infectados pelo novo coronavírus. Num segundo momento, caso as unidades da Secretaria Municipal de Saúde estejam com suas estruturas preenchidas, o Huap também passará a receber doentes da Covid-19.

HOSPITAL ANTÔNIO PEDRO, DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE, reforça o atendimento de pacientes na pandemia

Hospital da Uerj recebeu reforço de pessoal

O Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), dispõe no momento de 121 leitos para pacientes em tratamento de Covid-19, incluindo enfermaria e CTI. Ao longo da pandemia, o Hupe adquiriu equipamentos e insumos para o tratamento da doença, e 104 servidores aprovados em concurso público foram efetivados.

A nova força de trabalho da Uerj é composta de médicos, enfermeiros, assistentes sociais, técnicos de enfermagem e de radiologia, entre outros profissionais da área de saúde e foram lotados no Pedro Ernesto e na Policlínica Piquet Carneiro (PPC).

As nomeações dos novos técnicos-administrativos só aconteceram depois de algum tempo. Desde o ano passado, a Uerj havia encaminhado à Casa Civil do governo do Estado vários pedidos de nomeações. Mas, a partir de 25 de março deste ano, os decretos 46.994/20 e 46.993/20 que determinam o contingenciamento de R$ 7,6 bilhões em caráter emergencial, suspenderam, por tempo indeterminado, que aprovados em concursos públicos fossem nomeados, entre outras despesas consideradas não emergenciais.

 

As vagas de técnicos de enfermagem são provenientes de concurso público finalizado em 2019 e garantido pelo Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) celebrado entre a Uerj e o Ministério Público do Rio de Janeiro, em 2015, para garantir a substituição de contratos temporários por concursados. Já o preenchimento das demais vagas decorre de vacâncias por exoneração, aposentadoria e falecimento.